UE "abre as portas" à internacionalização do conflito na Síria
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UE "abre as portas" à internacionalização do conflito na Síria
UE "abre as portas" à internacionalização do conflito na Síria
Forças leais a Bashar al-Assad treinam em local incerto, 22 de Maio de 2013/Foto: Reuters
A decisão
do último Conselho Europeu dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da
União Europeia, reunido durante 12 horas, abriu formalmente as portas à
internacionalização e à escalada do conflito na Síria, ao deixar, na
prática, a cada Estado-membro o critério de enviar armas para os
rebeldes sírios.
Apesar dos 27 se terem comprometido a não enviar qualquer material
bélico para aquele país até ao dia 1 de Agosto, altura em que será
revista esta posição, este gesto não é mais do que uma declaração de
princípios, já que formalmente o embargo de exportação de armas que
tinha sido imposto pela UE à Síria não foi renovado.
Mais do que internamente -- porque é bastante provável que nenhum dos
27 vá enviar armas para a Síria até Agosto --, esta decisão do Conselho
Europeu tem implicações na percepção que algumas potências terceiras
com interesses na Síria possam ter. O caso mais imediato é o da Rússia
que já reagiu com desagrado à posição da UE.
Para o Kremlin, a diplomacia europeia está a enviar sinais claros de
que pretende, a curto prazo, começar a fornecer armamento à oposição
síria. Uma interpretação que o autor destas linhas considera ser
pertinente, atendendo à deterioração que se vai sentido no terreno, com
mais de 80 mil mortos e 1,5 milhões de refugiados.
Na verdade, a situação está a tornar-se insustentável para as
chancelarias ocidentais mais poderosas, que começam a ter muitas
dificuldades para explicar a passividade em relação ao que se passa na
Síria, ao mesmo tempo que prestam apoio militar noutros cenários de
guerra, provavelmente nesta altura bem menos dramáticos e sangrentos.
Neste sentido, o chefe da diplomacia britânica, William Hague, fez
questão de sublinhar que o dia 1 de Agosto não representa qualquer
"deadline", porque o Reino Unido poderá começar a partir de agora a
armar os rebeldes sírios, no entanto, não existem planos para tal. Pelo
menos até à ronda de negociações de Genebra agendada para meados de
Junho.
Quem não vai esperar pela próxima ronda de negociações é a Rússia,
que reagiu de imediato à decisão do Conselho Europeu com o anúncio do
envio do poderoso sistema de míssil terra-ar S-300 comparável ao famoso
sistema americano Patriot.
A decisão do Kremlin veio dar uma nova dimensão ao conflito sírio,
uma vez que Israel já avisou, através do seu ministro da Defesa, Moshe
Yaloon, que não tolerará a instalação dos S-300 na Síria. Para já, o
Governo hebraico informa que os sistemas S-300 ainda não saíram da
Rússia. Por outro lado, surgem notícias de que o Kremlin poderá
aproveitar esta situação para negociar com Israel. Ou seja, recua na
questão dos S-300 em troca do compromisso israelita de não efectuar
raides aéreos sobre território sírio.
Por esta altura em Israel as forças armadas hebraicas (IDF) devem
estar em alerta máximo, perante a volatilidade na Síria e o crescente
envolvimento de mais actores. Como escrevia o Haaretz, Israel
está entre os guerrilheiros do Hezbollah e os mísseis russos, jogando
cada vez mais os seus interesses em território sírio.
Neste momento, existe a ideia em Israel que uma derrota massiva do
Hezbollah na Síria poderia representar um golpe fatal para aquela
organização terrorista no Irão e no Líbano. E nesta lógica, Telavive
pretendia aproveitar o apoio europeu aos rebeldes sírios para ajudar a
combater os homens do Hezbollah, porém, a movimentação mais recente da
Rússia veio alterar esse cenário.
Em Washington, bem longe, a administração do Presidente Barack Obama
critica a atitude da Rússia ao mesmo tempo que se congratula com a
decisão do Conselho Europeu. Mas para já, a Casa Branca não parece muito
disposta a enviar armamento para os rebeldes, apesar das pressões de
muitos republicanos nesse sentido.
Caso esta escalada se acentue, a Síria poderá tornar-se no palco de
um potencial conflito regional. As perspectivas não são animadoras, até
porque não se esperam grandes resultados da conferência de Genebra.
Texto publicado originalmente no Forte Apache.
tags: barack obama, conselho europeu, eua, hezbollah, israel, líbano, patriot, rússia, s-300, síria, william hague
Publicado por Alexandre Guerra às 00:05link do post | comentarpartilhar
Forças leais a Bashar al-Assad treinam em local incerto, 22 de Maio de 2013/Foto: Reuters
A decisão
do último Conselho Europeu dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da
União Europeia, reunido durante 12 horas, abriu formalmente as portas à
internacionalização e à escalada do conflito na Síria, ao deixar, na
prática, a cada Estado-membro o critério de enviar armas para os
rebeldes sírios.
Apesar dos 27 se terem comprometido a não enviar qualquer material
bélico para aquele país até ao dia 1 de Agosto, altura em que será
revista esta posição, este gesto não é mais do que uma declaração de
princípios, já que formalmente o embargo de exportação de armas que
tinha sido imposto pela UE à Síria não foi renovado.
Mais do que internamente -- porque é bastante provável que nenhum dos
27 vá enviar armas para a Síria até Agosto --, esta decisão do Conselho
Europeu tem implicações na percepção que algumas potências terceiras
com interesses na Síria possam ter. O caso mais imediato é o da Rússia
que já reagiu com desagrado à posição da UE.
Para o Kremlin, a diplomacia europeia está a enviar sinais claros de
que pretende, a curto prazo, começar a fornecer armamento à oposição
síria. Uma interpretação que o autor destas linhas considera ser
pertinente, atendendo à deterioração que se vai sentido no terreno, com
mais de 80 mil mortos e 1,5 milhões de refugiados.
Na verdade, a situação está a tornar-se insustentável para as
chancelarias ocidentais mais poderosas, que começam a ter muitas
dificuldades para explicar a passividade em relação ao que se passa na
Síria, ao mesmo tempo que prestam apoio militar noutros cenários de
guerra, provavelmente nesta altura bem menos dramáticos e sangrentos.
Neste sentido, o chefe da diplomacia britânica, William Hague, fez
questão de sublinhar que o dia 1 de Agosto não representa qualquer
"deadline", porque o Reino Unido poderá começar a partir de agora a
armar os rebeldes sírios, no entanto, não existem planos para tal. Pelo
menos até à ronda de negociações de Genebra agendada para meados de
Junho.
Quem não vai esperar pela próxima ronda de negociações é a Rússia,
que reagiu de imediato à decisão do Conselho Europeu com o anúncio do
envio do poderoso sistema de míssil terra-ar S-300 comparável ao famoso
sistema americano Patriot.
A decisão do Kremlin veio dar uma nova dimensão ao conflito sírio,
uma vez que Israel já avisou, através do seu ministro da Defesa, Moshe
Yaloon, que não tolerará a instalação dos S-300 na Síria. Para já, o
Governo hebraico informa que os sistemas S-300 ainda não saíram da
Rússia. Por outro lado, surgem notícias de que o Kremlin poderá
aproveitar esta situação para negociar com Israel. Ou seja, recua na
questão dos S-300 em troca do compromisso israelita de não efectuar
raides aéreos sobre território sírio.
Por esta altura em Israel as forças armadas hebraicas (IDF) devem
estar em alerta máximo, perante a volatilidade na Síria e o crescente
envolvimento de mais actores. Como escrevia o Haaretz, Israel
está entre os guerrilheiros do Hezbollah e os mísseis russos, jogando
cada vez mais os seus interesses em território sírio.
Neste momento, existe a ideia em Israel que uma derrota massiva do
Hezbollah na Síria poderia representar um golpe fatal para aquela
organização terrorista no Irão e no Líbano. E nesta lógica, Telavive
pretendia aproveitar o apoio europeu aos rebeldes sírios para ajudar a
combater os homens do Hezbollah, porém, a movimentação mais recente da
Rússia veio alterar esse cenário.
Em Washington, bem longe, a administração do Presidente Barack Obama
critica a atitude da Rússia ao mesmo tempo que se congratula com a
decisão do Conselho Europeu. Mas para já, a Casa Branca não parece muito
disposta a enviar armamento para os rebeldes, apesar das pressões de
muitos republicanos nesse sentido.
Caso esta escalada se acentue, a Síria poderá tornar-se no palco de
um potencial conflito regional. As perspectivas não são animadoras, até
porque não se esperam grandes resultados da conferência de Genebra.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118178
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sistema americano Patriot.
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