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A boa e a má moeda no ensino

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A boa e a má moeda no ensino Empty A boa e a má moeda no ensino

Mensagem por O dedo na ferida Sex Nov 14, 2008 8:04 am

A boa e a má moeda no ensino

leonel.moura@mail.telepac.pt


Com estes professores e os seus sindicatos o País não vai a lado nenhum. Num momento em que precisamos de ânimo, atitudes positivas e energia, esta gente não pára de ocupar o País com o seu negativismo e reaccionarismo. Já basta de tanta demagogia, falta de seriedade, oportunismo.


A contestação destes professores não visa melhorar o sistema de ensino, mas andar para trás, impedir qualquer avanço positivo, manter velhas rotinas e privilégios. Os argumentos são sempre os mesmos, a falta de diálogo, as coisas mal feitas, as reformas que não são perfeitas. Mas na verdade trata-se de meras palavras usadas e abusadas para esconder a evidência. Esta gente não quer mudança, é contra tudo, tornou-se numa classe conservadora e rabugenta. E já agora falta-lhes o estilo.

Um amigo meu, professor de arte, recomendava logo na primeira aula aos aspirantes a artistas que, se o queriam realmente ser, não deviam ser vistos na rua com um saco de plástico na mão. O estilo conta muito na vida. Há certas coisas que não se fazem e certas companhias que se evitam. Esquecendo este princípio básico da dignidade comportamental, os professores foram-se tornando ao longo dos anos numa verdadeira tropa fandanga, mal encarada, histérica e ridícula, que o País conhece dos pulos na 5 de Outubro, dos cartazes torpes, das ofensas sistemáticas e das viagens de autocarro em direcção às grandes manifestações de Lisboa, animadas pelo caminho com canções de revoluções perdidas e sandes de chouriço.

Objectivamente estes professores não têm sabido dar-se ao respeito. Nas décadas que levamos de democracia a classe perdeu todo o seu prestígio reduzindo-se a um bando ululante, invariavelmente à luta por uma má causa. Transformaram-se numa arma de arremesso das oposições, quaisquer que sejam, entregaram-se nas mãos de sindicatos conservadores, do "antigamente é que era bom" e do travar é que está a dar, que tanto servem a extrema-esquerda como a extrema-direita tal a sanha belicosa, o ódio destilado, a demagogia e a falta de escrúpulos.

São maioritariamente do Partido Comunista mas todos por junto seguem a máxima libertária do "se hay gobierno soy contra". A lista das suas "reivindicações" é longa e fastidiosa: das aulas de substituição à recente avaliação. Mas bem vistas as coisas só têm um e único objectivo: a de querer travar a todo o custo a evolução da sociedade portuguesa. É aliás revelador que esta gente que é suposto educar os mais novos desconheça qualquer verbo positivo e só saiba conjugar o adiar, o revogar, o interromper, o atrasar. Nunca se ouviu uma palavra de apreço pela introdução de computadores nas aulas ou por qualquer outra boa iniciativa dos sucessivos ministros. Pelo contrário, em cada nova ideia vê-se logo um problema, uma chatice. Esta gente é do contra quando devia ser a favor. Agarram-se ao passado quando deviam virar-se para o futuro.

E afinal para quê? Felizmente os professores têm sido sistematicamente derrotados. As reformas vão-se fazendo, o ensino vai-se adaptando às novas condições, muito por firmeza dos governos, mas sobretudo porque há mais professores do que aqueles que se prestam às tristes figuras que vemos nas televisões. Como em tudo, nesta classe também existe a boa moeda ainda que seja a má que domine. É essa que tem feito progredir o ensino em Portugal já que a outra passa os dias em reuniões para tomar as posições mais diversas desde que nenhuma seja vertical. É uma minoria de bons professores que tem aguentado este instável barco. Conheço alguns. Não são bem vistos pelos contestatários porque gostam do que fazem, se dedicam ao ensino e aos alunos e não têm paciência para as jornadas de luta.

Do ponto de vista do interesse do ensino e do País é pois preciso valorizar os bons professores. Ora a questão é mesmo essa. A contestação ao sistema de avaliação não tem nada a ver com os processos, com a papelada que é preciso preencher ou com algumas incongruências que devem ser corrigidas. Esta contestação é simplesmente contra qualquer forma de avaliação, porque muitos destes professores, sempre dispostos a sair para a rua em grande algazarra, mas invariavelmente cansados quando se trata de fazer alguma coisa na escola, sabem que a sua avaliação só pode ser má. A má moeda sabe que o é.
O dedo na ferida
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