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História da sífilis

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Mensagem por Admin Dom Jun 22, 2008 9:57 am

História da sífilis
* Artigo original no idioma Português Brasileiro.

VOLUME 63 - Nº 1: Editorial
..
Autoria

Rubem David Azulay

Discute-se ainda hoje sobre a origem da sífilis. A maioria dos autores, entretanto, opta pela possibilidade de sua origem americana. Falam em favor dessa hipótese dois argumentos principais:

1 - a existência de alterações ósseas de natureza sifilítica em material americano de antes da descoberta da América por Colombo (1492).

2 - A constatação de uma epidemia de sífilis na Europa no final do século XV.

Há inúmeros trabalhos dessa época que mostram uma ligação entre a volta da expedição de Colombo à Europa e a instalação da doença nesse continente. São bem conhecidas as conseqüências da expedição militar do rei Carlos VIII da França para ocupar o trono de Nápoles: a soldadesca disseminou uma doença pelo contato sexual e que ficou conhecida com o nome de Mal Gálico ou Doença Francesa.

Por outro lado, não se vislumbra entre os escritos do grande médico grego Hipócrates a descrição de algo parecido à sífilis.

As descrições medievais, no entanto, dão conta de doença sexualmente transmitida, que falam mais em favor de gonorréia do que sífilis.

Para outros autores, entretanto, a sífilis seria originária da África Meridional. A teoria asiática também apresenta fundamentos como a descrição, em um tratado do médico chinês Hongty (2637 A.C.), de uma doença que só poderia ser a sífilis: "úlcera comunicável por contato das partes sexuais do homem e da mulher, que se manifesta 9 a 13 dias após o acidente, e que pode afetar a boca e a garganta". A ser verdade essa teoria o período de incubação da doença teria se alongado através dos séculos, o que é compreensível.

A sífilis asiática teria sido introduzida na Europa por Átila (450 A.C.) ou por Tarmelão I (1405 A.C.). Não deixa de ser interessante ressaltar, nesta oportunidade, que a cabeça de Átila esculpida por Michelangelo sugere muito a de um heredo-sifilítico.

Deve-se chamar a atenção para o fato de que sífilis e gonorréia eram confundidas até 1767 quando Balfour mostrou insofismavelmente que se tratava de duas entidades diferentes. Do mesmo modo os cancros duro e mole eram confundidos: deve-se a Hunter a descrição da dureza característica do cancro sifilítico (1786) e a Ricord, a demonstração da reinoculação do cancro mole no mesmo enfermo. Rollet, entretanto, em 1865, descreveu o cancro misto. Deve-se sobretudo a Fourmier, discípulo de Ricord, a descrição global da sífilis, inclusive a natureza sifilítica da tabes e da paralisia geral, muito antes da descoberta do agente etiológico da doença.

O período propriamente científico teve início com os trabalhos de Roux e Metchnikoff (1882) que obtiveram a reprodução experimental da doença em chimpanzés.

O marco histórico de maior transcendência foi a descoberta pelo biólogo Fritz Schaudinn (2 de março de 1905) do agente etiológico da sífilis. Hoffmam, em cujo serviço se dera a descoberta, associou-se a Schaudinn e os dois juntos continuaram as pesquisas descrevendo, então, o agente etiológico como Spirocheta pallida (pouca afinidade pelos corantes), mais tarde mudado pelo próprio Schaudinn, para Spironema e depois para Treponema.

Outro marco histórico relevante foi a descoberta do diagnóstico sorológico conduzido inicialmente pelos trabalhos de Augusto von Wassermann que ao demonstrar que o desvio do complemento descoberto por Bordet e Gengou, na França, poderia ser obtido por extratos de órgão doente e não apenas por bactérias como antígenos. Em 19 de maio de 1906, Wassermann, Neisser e Brück apresentaram os resultados de suas pesquisas realizadas com soro de macacos infectados; em 26 de maio do mesmo ano, Detre anunciou resultados positivos com soro humano utilizando-se de extrato aquoso de fígado e pâncreas sifilíticos. A reação de fixação de complemento de Wassermann, Neisser
e Brück recebeu a sua consagração no Congresso de Berlin (1907) após a comunicação de Citron que encontrou 80% de positividade em 94 casos estudados.

Um fato novo e do maior interesse prático foi descoberto, no mesmo ano (1907), por Levaditi e Marie, na França - resultados sorológicos positivos com extrato de fígado de pessoas normais, mostrando que a reação sorológica não era treponema-específica.

O ano de 1907 foi frutífero nas pesquisas sifilológicas. Ehrlich descobre nesse ano o primeiro quimioterápico para o tratamento da sífilis - um arsenical, a arsphenamina (Salwarsan) depois de uma série de 600 experiências em laboratório. Ehrlich concebeu a "teoria das cadeias laterais" pela qual as células teriam não só nutroceptores que captariam os elementos nutritivos mas também quimioceptores que se combinariam com corantes ou outros medicamentos: nascia assim a quimioterapia. Ainda em 1907 Michaelis descreve uma nova reação para o diagnóstico da sífilis baseada no fenômeno da floculação utilizando os mesmos antígenos que para a fixação do complemento. Uma série de reações adveio com essa descoberta: reações de Kahn, Kline, Meinicke e outras procurando cada qual dar a sua reação maiores especificidade e sensibilidade. Essa linha culminou com a descoberta da cardiolipina por Pongborn. Tratava-se de uma substância padronizada à qual se juntava lecitina e colesterol com proporções adequadas, objetivando melhorar a sensibilidade. Moore e Mohr (1952) introduziram a noção das reações falso-positivas biológicas, ou seja, que as reações com antígenos lipídicos poderiam dar resultados positivos em uma série de estados patológicos fora da sífilis. Contra essa designação se opôs Azulay (1972) que achava que a positividade de um soro ao antígeno lipídico (reação imuno-lípide de Azulay) era um fenômeno mais amplo dentro da patologia ral e que transbordava do simples diagnóstico da sífilis. É que uma reação imuno-lípide positiva fora da sífilis teria um significado mais transcendental que o do diagnóstico da sífilis, pois revelaria uma gama de doenças outras, algumas das quais (colagenose, hanseníase etc.) de maior gravidade que a própria sífilis.

Em 1912, Lange descobre a reação do ouro coloidal para o diagnóstico da neurossífilis.

Em 1917, Wagner-Jauregg introduziram um novo método terapêutico para o tratamento da paralisia geral: a hipertermia produzida pela malária experimental.

Dois anos depois, Sazerac e Levaditi (1919) enriqueceram o arsenal terapêutico com o bismuto.

Em 1928 Alexander Fleming descobre uma substância, a penicilina, produzida pelo Penicilum notatum e que era capaz de inibir o crescimento de outras bactérias. Nascia a era da Antibioticoterapia. Mahoney, Arnold e Harris (1943) verificaram, pela primeira vez, que a penicilina tinha uma ação eficaz no tratamento da sífilis sem a toxicidade dos arsenicais e do bismuto; os resultados com a penicilina foram tão notáveis que os arsenicais e bismuto foram totalmente eliminados da terapéutica anti-sifilítica.

Uma nova reação de diagnóstico da sífilis, de elevadíssima especificidade, surgiu com a descoberta por Nelson e Mayer (1949) do fenômeno da imobilização do Treponerna pallidum pelas imobilizinas presentes no soro de doentes de sífilis: é a reação de imobilização treponêmica ou simplesmente TPI(Treponema pallidum immobilization test). Este teste, entretanto, não entrou na prática devido a grandes dificuldades técnicas de sua execução. Em compensação em 1957, Deacon, baseado no princípio da imunofluorescência descreveu a reação FTA (Fluorescent treponemal antibody) que foi subseqüentemente melhorada pelo teste do FTA-200 (diluição do soro a 1/200 visando eliminar as reações de grupo) e, finalmente, em 1964, pelo teste FTA-abs (Fluorescent treponemal antibody-absorption) descrito por Humter, Deacon e Meyer. Uma nova concepção da evolução da sífilis surgiu com o trabalho de Brunsgaard (1929) na Noruega, secundado pelo "estudo de Tuskegee" feito no Alabama (1964) em pacientes não tratados e pelo estudo de Rosahn (1960) baseado em necropsias. Constatou-se, então, que a terrível sífilis poderia curar-se espontaneamente em mais da metade dos casos.

Estas são, em linhas gerais, os principais fatos da história da sífilis.
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Mensagem por Vitor mango Sáb Jun 02, 2012 9:15 am

amen aaaa


Última edição por Vitor mango em Dom Abr 21, 2013 12:15 pm, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Vitor mango Qua Jul 11, 2012 12:46 pm

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Mensagem por Vitor mango Ter Ago 14, 2012 1:45 am

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