Países em dificuldade estão cada vez mais mais atraídos pela moeda única
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Países em dificuldade estão cada vez mais mais atraídos pela moeda única
Países em dificuldade estão cada vez mais mais atraídos pela moeda única
Ao fim de dez anos, o euro é mais desejado do que nunca
02.01.2009 - 10h12
Por Sérgio Aníbal
Mal Langsdon/Reuters (arquivo)
O euro foi criado em 1999, mas só em 2002 circulou entre os europeus
Com a economia pela primeira vez em recessão e o desemprego em alta, os motivos para celebração não são muitos na Zona Euro quando a moeda única assinala os primeiros 10 anos de existência.
A verdade, no entanto, é que o euro, apesar das más notícias económicas, nunca teve, tanto dentro como fora do seu espaço, uma popularidade e credibilidade tão elevada.
Ontem, cumpriu-se uma década desde que, a 1 de Janeiro de 1999, o euro começou a ser a moeda oficial de 11 países, entre os quais Portugal. E foi quase esse o tempo que se teve de esperar para que a Zona Euro, já com 15 membros, entrasse em recessão técnica.
Isto não impede, contudo, que o euro esteja a conseguir um objectivo considerado por muitos como impossível em apenas uma década: conquistar a reputação de escudo seguro contra crises financeiras. A principal razão para este surto de popularidade está no que se tem passado fora da fronteira da Zona Euro. Vários países europeus, alguns até da União Europeia (UE), e que não fazem parte do grupo que já aderiu à moeda única, têm, com a actual crise, sentido grandes dificuldades em estabilizar as suas divisas e as suas economias. O caso mais dramático é o da Islândia. Esta pequena economia, onde as pessoas se habituaram a um nível de vida elevado, não resistiu à elevada dívida externa e aos excessos cometidos no seu sistema financeiro e entrou, na segunda metade de 2008, em colapso. A coroa islandesa caiu a pique e deixou de ter valor fora das fronteiras, colocando particulares, empresas e Estado em situação de quase bancarrota e a precisar de ajuda externa. Na Islândia, a ideia de adoptar o euro ou mesmo de entrar na UE sempre foi pouco popular. Agora, já parece prioritária.
A Hungria também teve de recorrer à ajuda do FMI para travar a queda da divisa e a ameaça de default da sua dívida pública. Letónia, Lituânia e Estónia, que nos últimos anos foram quem mais cresceu na UE, passam também pela ameaça de uma grave crise na balança de pagamentos. E mesmo na Dinamarca, que em referendo recusou o euro, o BCE teve de dar uma ajuda, ao mesmo tempo que o Governo tomava medidas para segurar a moeda. Na Polónia e na República Checa, a situação não foi tão grave, mas, ainda assim, zloty e coroa caíram 24 e 11 por cento, respectivamente.
Estar fora do euro, nesta fase em que os capitais fogem ao mínimo sinal de fragilidade, revelou-se, para países com contas externas e públicas débeis, uma grande desvantagem. Especialmente quando se faz a comparação com a relativa tranquilidade como países muito endividados como Portugal ou Grécia estão a passar pela crise. Não é por isso de estranhar que tenha surgido uma renovada vontade em participar no euro. Responsáveis políticos do Leste europeu pedem uma maior receptividade das instituições europeias à sua entrada e mesmo nos eurocépticos Reino Unido e Suécia, o tema voltou a ser debatido.
Este aumento da popularidade do euro também está a ter a sua influência na sua cotação face às outras divisas internacionais, embora as principais razões estejam nas expectativas de curto e médio prazo para o crescimento da economia e a evolução das taxas de juro. O euro bateu recentemente os máximos históricos face ao dólar e à libra e é a divisa que mais tendência está a revelar para apreciar-se. De igual modo, o euro tem vindo a reforçar, ano após ano, o seu peso nas divisas oficiais dos bancos centrais mundiais e, embora ainda esteja bastante longe do dólar, já se começa a falar na hipótese de conquista do lugar de principal divisa mundial.
Quando há dois anos a Eslováquia conseguiu a aprovação para adoptar o euro, eram poucos os que previam a ocorrência de uma crise financeira internacional como a actual, mas a verdade é que este país não poderia ter tomado este passo em melhor altura. Desde ontem, a Eslováquia, país de 5,5 milhões de habitantes, passou a ser o 16.º membro da Zona Euro e , durante os últimos meses, conseguiu, ao contrário de outros países do alargamento, passar com relativa facilidade pela crise, crescendo, de acordo com a OCDE, a uma taxa de 7,3 por cento em 2008 e caminhando para uma variação do PIB de 4 por cento em 2009. Por isso não é de espantar o entusiasmo de Jan Pociatek, ministro eslovaco das Finanças: "Olhamos para os nossos vizinhos (...) e torna-se claro que estamos a fazer esta mudança na altura certa". Para os próximos candidatos ao euro, como a Polónia ou a Hungria, a adopção dificilmente será feita antes de 2011.
Prova da credibilidade foi superada
Com o euro, nasceu o Banco Central Europeu (BCE) e, com ele, as dúvidas, em especial dos alemães, sobre a sua capacidade para controlar a inflação. Passados 10 anos, o BCE parece ter passado o teste. É verdade que, durante largos períodos, a inflação da Zona Euro esteve acima do objectivo de dois por cento, mas a crítica feita aos responsáveis do banco central foi a de darem prioridadade ao controlo da inflação, em detrimento do crescimento e do emprego.
Agora, os desafios são outros. O BCE enfrenta um mercado de crédito em que os bancos comerciais se recusam a emprestar dinheiro entre si. Foi por isso forçado, nos últimos meses, a emprestar dinheiro à banca de forma praticamente ilimitada. Em 2009, terá de continuar a fazer o mesmo, já que o clima de desconfiança se mantém. Outro desafio é a recente apreciação do euro, na medida em que corre o risco de retirar competitividade a um sector exportador que já sofre com a quebra da procura mundial. Ao mesmo tempo, tem de olhar para a ameaça de deflação. Ainda em Julho, o BCE subiu os juros por estar preocupado com a inflação alta, mas, desde esse momento, a economia contraiu-se a grande velocidade e a taxa de inflação começou a cair a pique. O BCE cortou taxas até aos 2,5 por cento, mas deverá ser obrigado a cortar mais, para evitar uma recessão mais profunda e fugir à armadilha da deflação.
Por agora, os responsáveis do BCE dizem que não querem colocar as taxas demasiado baixas e avisam contra a possibilidade de estarem, dessa forma, a plantar as sementes para futuras crises. Mas a verdade é que, também na Zona Euro, a autoridade monetária corre o risco de, em 2009, se ver encurralada numa situação em que já colocou as taxas o mais baixo possível e os agentes económicos não respondem com mais consumo e investimento. A confirmar-se o cenário, o BCE terá um desafio muito mais difícil do que o que tinha no momento da sua criação. Em vez de ter de provar que consegue evitar a subida da inflação, terá de mostrar ao mercado que consegue animar a actividade económica e fazer subir os preços.
É uma área a que não se tem dado o devido destaque. A imposição do Euro como moeda de referência tem sido um verdadeiro sucesso. Portugal que o diga.... Até constou que, uma das razões da invasão do Iraque, foi o desejo manifestado por esse país da adopção do Euro nas suas transacções, substituino o dólar. E começa-se a ter o receio sobre o futuro do dólar. É que a dívida externa americana (ai se Cavaco sabe...) é enorme e está quase toda nas mãos de mercados emergentes, sobretudo na China. E é uma arma poderosa...
Ao fim de dez anos, o euro é mais desejado do que nunca
02.01.2009 - 10h12
Por Sérgio Aníbal
Mal Langsdon/Reuters (arquivo)
O euro foi criado em 1999, mas só em 2002 circulou entre os europeus
Com a economia pela primeira vez em recessão e o desemprego em alta, os motivos para celebração não são muitos na Zona Euro quando a moeda única assinala os primeiros 10 anos de existência.
A verdade, no entanto, é que o euro, apesar das más notícias económicas, nunca teve, tanto dentro como fora do seu espaço, uma popularidade e credibilidade tão elevada.
Ontem, cumpriu-se uma década desde que, a 1 de Janeiro de 1999, o euro começou a ser a moeda oficial de 11 países, entre os quais Portugal. E foi quase esse o tempo que se teve de esperar para que a Zona Euro, já com 15 membros, entrasse em recessão técnica.
Isto não impede, contudo, que o euro esteja a conseguir um objectivo considerado por muitos como impossível em apenas uma década: conquistar a reputação de escudo seguro contra crises financeiras. A principal razão para este surto de popularidade está no que se tem passado fora da fronteira da Zona Euro. Vários países europeus, alguns até da União Europeia (UE), e que não fazem parte do grupo que já aderiu à moeda única, têm, com a actual crise, sentido grandes dificuldades em estabilizar as suas divisas e as suas economias. O caso mais dramático é o da Islândia. Esta pequena economia, onde as pessoas se habituaram a um nível de vida elevado, não resistiu à elevada dívida externa e aos excessos cometidos no seu sistema financeiro e entrou, na segunda metade de 2008, em colapso. A coroa islandesa caiu a pique e deixou de ter valor fora das fronteiras, colocando particulares, empresas e Estado em situação de quase bancarrota e a precisar de ajuda externa. Na Islândia, a ideia de adoptar o euro ou mesmo de entrar na UE sempre foi pouco popular. Agora, já parece prioritária.
A Hungria também teve de recorrer à ajuda do FMI para travar a queda da divisa e a ameaça de default da sua dívida pública. Letónia, Lituânia e Estónia, que nos últimos anos foram quem mais cresceu na UE, passam também pela ameaça de uma grave crise na balança de pagamentos. E mesmo na Dinamarca, que em referendo recusou o euro, o BCE teve de dar uma ajuda, ao mesmo tempo que o Governo tomava medidas para segurar a moeda. Na Polónia e na República Checa, a situação não foi tão grave, mas, ainda assim, zloty e coroa caíram 24 e 11 por cento, respectivamente.
Estar fora do euro, nesta fase em que os capitais fogem ao mínimo sinal de fragilidade, revelou-se, para países com contas externas e públicas débeis, uma grande desvantagem. Especialmente quando se faz a comparação com a relativa tranquilidade como países muito endividados como Portugal ou Grécia estão a passar pela crise. Não é por isso de estranhar que tenha surgido uma renovada vontade em participar no euro. Responsáveis políticos do Leste europeu pedem uma maior receptividade das instituições europeias à sua entrada e mesmo nos eurocépticos Reino Unido e Suécia, o tema voltou a ser debatido.
Este aumento da popularidade do euro também está a ter a sua influência na sua cotação face às outras divisas internacionais, embora as principais razões estejam nas expectativas de curto e médio prazo para o crescimento da economia e a evolução das taxas de juro. O euro bateu recentemente os máximos históricos face ao dólar e à libra e é a divisa que mais tendência está a revelar para apreciar-se. De igual modo, o euro tem vindo a reforçar, ano após ano, o seu peso nas divisas oficiais dos bancos centrais mundiais e, embora ainda esteja bastante longe do dólar, já se começa a falar na hipótese de conquista do lugar de principal divisa mundial.
Quando há dois anos a Eslováquia conseguiu a aprovação para adoptar o euro, eram poucos os que previam a ocorrência de uma crise financeira internacional como a actual, mas a verdade é que este país não poderia ter tomado este passo em melhor altura. Desde ontem, a Eslováquia, país de 5,5 milhões de habitantes, passou a ser o 16.º membro da Zona Euro e , durante os últimos meses, conseguiu, ao contrário de outros países do alargamento, passar com relativa facilidade pela crise, crescendo, de acordo com a OCDE, a uma taxa de 7,3 por cento em 2008 e caminhando para uma variação do PIB de 4 por cento em 2009. Por isso não é de espantar o entusiasmo de Jan Pociatek, ministro eslovaco das Finanças: "Olhamos para os nossos vizinhos (...) e torna-se claro que estamos a fazer esta mudança na altura certa". Para os próximos candidatos ao euro, como a Polónia ou a Hungria, a adopção dificilmente será feita antes de 2011.
Prova da credibilidade foi superada
Com o euro, nasceu o Banco Central Europeu (BCE) e, com ele, as dúvidas, em especial dos alemães, sobre a sua capacidade para controlar a inflação. Passados 10 anos, o BCE parece ter passado o teste. É verdade que, durante largos períodos, a inflação da Zona Euro esteve acima do objectivo de dois por cento, mas a crítica feita aos responsáveis do banco central foi a de darem prioridadade ao controlo da inflação, em detrimento do crescimento e do emprego.
Agora, os desafios são outros. O BCE enfrenta um mercado de crédito em que os bancos comerciais se recusam a emprestar dinheiro entre si. Foi por isso forçado, nos últimos meses, a emprestar dinheiro à banca de forma praticamente ilimitada. Em 2009, terá de continuar a fazer o mesmo, já que o clima de desconfiança se mantém. Outro desafio é a recente apreciação do euro, na medida em que corre o risco de retirar competitividade a um sector exportador que já sofre com a quebra da procura mundial. Ao mesmo tempo, tem de olhar para a ameaça de deflação. Ainda em Julho, o BCE subiu os juros por estar preocupado com a inflação alta, mas, desde esse momento, a economia contraiu-se a grande velocidade e a taxa de inflação começou a cair a pique. O BCE cortou taxas até aos 2,5 por cento, mas deverá ser obrigado a cortar mais, para evitar uma recessão mais profunda e fugir à armadilha da deflação.
Por agora, os responsáveis do BCE dizem que não querem colocar as taxas demasiado baixas e avisam contra a possibilidade de estarem, dessa forma, a plantar as sementes para futuras crises. Mas a verdade é que, também na Zona Euro, a autoridade monetária corre o risco de, em 2009, se ver encurralada numa situação em que já colocou as taxas o mais baixo possível e os agentes económicos não respondem com mais consumo e investimento. A confirmar-se o cenário, o BCE terá um desafio muito mais difícil do que o que tinha no momento da sua criação. Em vez de ter de provar que consegue evitar a subida da inflação, terá de mostrar ao mercado que consegue animar a actividade económica e fazer subir os preços.
É uma área a que não se tem dado o devido destaque. A imposição do Euro como moeda de referência tem sido um verdadeiro sucesso. Portugal que o diga.... Até constou que, uma das razões da invasão do Iraque, foi o desejo manifestado por esse país da adopção do Euro nas suas transacções, substituino o dólar. E começa-se a ter o receio sobre o futuro do dólar. É que a dívida externa americana (ai se Cavaco sabe...) é enorme e está quase toda nas mãos de mercados emergentes, sobretudo na China. E é uma arma poderosa...
O dedo na ferida- Pontos : 0
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Países em dificuldade estão cada vez mais mais atraídos pela moeda única
. A imposição do Euro como moeda de referência tem sido um verdadeiro sucesso. Portugal que o diga....
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Países em dificuldade estão cada vez mais mais atraídos pela moeda única
Até constou que, uma das razões da invasão do Iraque, foi o desejo manifestado por esse país da adopção do Euro nas suas transacções, substituino o dólar.
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
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