depois dizem que socrates nao esta em panico

José Sócrates pisca o olho à esquerda socialista
"CDS sofre de falta de pluralidade, tem de fazer renovação profunda"
José Sócrates pisca o olho à esquerda socialista


NUNO SARAIVA
Congresso. O líder do Partido Socialista está a ultimar a equipa que vai redigir a moção que levará ao próximo Congresso, marcado para Espinho, de 27 de Fevereiro a 1 de Março. José Sócrates juntou personalidades das várias sensibilidades da ala esquerda, procurando assim estancar o efeito Manuel Alegre

José Sócrates pisca o olho à esquerda socialista

José Sócrates telefonou pessoalmente a cada um dos membros do grupo que vai redigir a moção de estratégia global que vai levar ao Congresso para os convidar para a função.

Com Manuel Alegre a agitar o discurso da reorganização da esquerda, e com o fantasma da possibilidade de perda da maioria absoluta por via da erosão deste eleitorado, o secretário--geral do PS decidiu apostar numa lógica inclusiva, e agregar à sua volta personalidades das várias sensibilidades de esquerda que compõem o partido, procurando assim estancar eventuais tentações de dissidência provocadas pelas movimentações de Alegre.

A lista de nomes que poderá ser anunciada amanhã durante a entrevista que José Sócrates concede à SIC ainda não está fechada, mas os nomes já confirmados pelo DN traduzem uma "coligação" curiosa de sensibilidades.

Para além do seu braço-direito, o ministro de Estado e da Presidência Pedro Silva Pereira, estão três ex- -membros do Secretariado Nacional de Ferro Rodrigues - Vieira da Silva, Pedro Adão e Silva e António Costa -, e dois apoiantes de Manuel Alegre no Congresso de 2004, que consagrou pela primeira vez José Sócrates como líder do PS - Augusto Santos Silva e Vera Jardim.

O ex-ministro da Justiça de António Guterres e ex-porta-voz do partido para o caso Casa Pia ensaiou até há duas semanas, juntamente com personalidades como Paulo Pedroso, ou Ana Gomes, a elaboração de uma moção de estratégia alternativa à de José Sócrates. As movimentações acabariam por falhar porque o grupo considerou não existirem nesta altura condições para um debate aberto no PS.

Menos de um ano depois de chegar à liderança do partido em 2004, José Sócrates ganhou o País com maioria absoluta. Na formação do Governo tratou de fazer pontes com a chamada "ala esquerda" do partido, chamando o "ferrista" Vieira da Silva para ministro do Trabalho e Solidariedade Social, e o "alegrista" Augusto Santos Silva para a pasta dos Assuntos Parlamentares. Ambos passaram a integrar o núcleo duro do Governo, ren- dendo-se assim ao "socratismo".

Representantes da "ala esquerda" do PS vão agora redigir a moção que José Sócrates vai levar ao Congresso de Espinho.

Pedro Adão e Silva é outro dos elementos conotados com a esquerda do PS. Integrou o Secretariado Nacional de Ferro Rodrigues, mas desde a demissão do antigo secretário-geral que está afastado da vida partidária activa. Não se revê nos movimentos protagonizados por Manuel Alegre, e tal como Vieira da Silva optou por não apoiar ninguém no congresso de 2004.

Ao contrário, o actual presidente da Câmara de Lisboa e ex-número 2 do Governo foi apoiante de José Sócrates desde Guimarães. António Costa liderou o grupo parlamentar com Ferro Rodrigues e foi o coordenador do Programa Eleitoral com que este concorreu às legislativas de 2002.

Fora deste grupo está António Vitorino. Fonte socialista garantiu ao DN que esta ausência não tem qualquer significado. O ex-ministro está à frente da Fundação Respública e terá um papel fundamental na elaboração do Programa Eleitoral que o PS apresentará nas próximas eleições legislativas.|