CGTP está a precisar de arranjar novas bandeiras

CGTP está a precisar de arranjar novas bandeiras

Editorial DN

A fasquia estava muito elevada. A CGTP sofreu a concorrência desleal do calor, que fez apetecer praia, e os protestos de ontem foram descentralizados por todo o País. Mas, mesmo dando estes descontos, os 30 mil trabalhadores que desfilaram em Lisboa sabem a muito pouco, principalmente quando comparados com os 200 mil de há 15 dias, e obrigam Carvalho da Silva a reflectir muito seriamente sobre os caminhos a trilhar nos tempos mais próximos.

A CGTP esteve perfeita na escalada da contestação à revisão das leis do trabalho. Mas o abandono a meio da reunião da Concertação Social foi o inevitável ponto final numa luta que ficou encurralada num beco sem saída, como o demonstra a fraca mobilização de ontem. Já nem os membros mais optimistas da Comissão Executiva da central sindical acreditam que seja possível impedir a aprovação do novo Código Laboral.

Trata-se de uma luta perdida, e o secretário-geral percebeu isso perfeitamente. Ontem, no Rossio, quando os manifestantes dispersavam em busca de sombra e refrescos, Carvalho da Silva abriu uma janela sobre as cenas dos próximo capítulos. A CGTP vai tentar alargar a outras forças políticas e sociais a contestação ao Governo e arranjar novas bandeiras, como a luta contra a carestia de vida, que substituam a das leis do trabalho, que está gasta. Em Setembro, nas vésperas do ano de todas as eleições, Sócrates ver-se-á em sérios apuros se a CGTP conseguir fazer surf em cima da onda de descontentamento que grassa pelo País, alimentada pela crise gerada por uma economia que está a pique.