Israel: tudo à direita A guerra na Faixa de Gaza provocou dias de incertezas e medo entre os israelenses. O resultado está nas urnas das eleições que aconteceram na semana passada.
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Israel: tudo à direita A guerra na Faixa de Gaza provocou dias de incertezas e medo entre os israelenses. O resultado está nas urnas das eleições que aconteceram na semana passada.
Israel: tudo à direita
A guerra na Faixa de Gaza provocou dias de incertezas e medo entre os israelenses. O resultado está nas urnas das eleições que aconteceram na semana passada. O país deu uma guinada para a direita que assustou o mundo todo
HERBERT MORAES é correpondente da TV Record em Israel.
É preciso paciência e disposição para entender as eleições legislativas de Israel. O sistema eleitoral do Estado Judeu é um dos mais complicados do mundo. A vitória no dia 10 de fevereiro ficou com o Kadima e sua líder, Tzipi Livni. Segundo os resultados não definitivos publicados na quarta-feira de manhã, o partido centro-direita parece efetivamente ter obtido o primeiro lugar, com uma cadeira a mais do que o Likud de Benjamin Netanyahu. O Kadima ganhou mas não levou. O partido da direita, segundo analistas, tem mais condições de formar uma coalizão com outros partidos. A virada para a direita-extremista de Israel preocupa o mundo. A comunidade internacional, os EUA, o mundo árabe. Todos esperam pela indicação que o presidente Shimon Peres deve fazer na semana que vem, apontando quem deve formar o novo governo.
Os números mostram que o Likud passou, entre 2006 e 2009, de 12 para 27 lugares; o partido de extrema-direita Israel, Nossa Casa, de Avigdor Lieberman, de 11 para 15; e a União Nacional de 9 para 4. Ou seja, no total, estas formações dão um salto de 32 para 46 deputados (em 120). É certo que muitos eleitores votaram em Lieberman. Praticamente toda comunidade russa, que defende um Estado laico. A questão do casamento civil em Israel vem sendo discutida há anos. Por aqui o casamento só e válido quando acontece sob as bênçãos dos rabinos. Quem não é judeu tem que sair do país para casar em outro lugar. Mas esta nuance não diminui verdadeiramente a importância da virada à direita.
Este avanço corresponde, é claro, a mais um recuo da esquerda — se é que esta palavra tem sentido quando se trata do Partido Trabalhista, falcão no exterior e neoliberal no interior. Se o ministro da Defesa, Ehud Barak, pensou que a ofensiva que desencadeou contra Gaza lhe permitiria reconquistar a popularidade, mais uma vez se enganou. O seu partido perdeu entre 19 e 13 lugares. Ao seu lado, o novo Meretz, que apoiou o lançamento da operação em Gaza, ficou apenas com três deputados (o antigo tinha cinco). Quanto aos chamados partidos árabes (a Frente Democrática Haddash é um movimento judaico-árabe), não foram atingidos pela palavra de ordem de boicote, obtendo até mais um deputado do que em 2006 (11 contra 10).
Israelense vai às urnas: direita se fortalece e preocupa o mundo
É evidentemente demasiado cedo para propor uma análise completa destas tendências, sem dúvida explicadas por várias razões:
- As eleições aconteceram sob a sombra da guerra em Gaza que havia terminado duas semanas antes. Num clima de manipulação da comunicação social, a preocupação com a capacidade de defesa de Israel — simbolicamente posta em xeque pelos foguetes do Hamas, depois dos do Hebollah — fez com que as inquietações sobre segurança passassem muito à frente das questões econômicas e sociais. A procura de um homem forte, de um líder, capaz de impor as condições de Israel aos árabes, fez sem dúvida com que os eleitores que se opõem à política neoliberal da direita, votassem, apesar de tudo, em Netanyahu ou Lieberman…
- Contudo, este consenso nacionalista ou até belicista, reforçado pelo ambiente de guerra, explica-se também por um elemento estrutural da política israelense que se observa por aqui há mais de uma década: não há qualquer força representativa que apresente uma política alternativa. A velha palavra de ordem "Ein brera" (não temos opção) foi facilmente recuperada por todos os partidos — com exceção dos partidos árabes e, por vezes, o Meretz —, que responderam sim, há outra opção. Só as vozes dos anticolonialistas, particularmente isoladas, defendem a perspectiva de um Estado Palestino independente, fundado sob resoluções das Nações Unidas.
- Último aspecto, que é sem dúvida o mais preocupante: a mobilização anti-árabe já não visa apenas os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, mas também, e mais abertamente do que nunca, os próprios árabes de Israel. Lieberman, quando pôs em causa o estatuto dos cidadãos palestinos, foi com efeito acompanhado, em diferentes graus, por Netanyahu e até por Livni. E este enorme atentado ao que habitualmente se chama a democracia israelense é acompanhado por uma ameaça em relação ao futuro: os árabes de Israel. Se a direita de Lieberman se fortalecer ainda mais talvez aconteça outras expulsões como as de 1948 e 1967
A guerra na Faixa de Gaza provocou dias de incertezas e medo entre os israelenses. O resultado está nas urnas das eleições que aconteceram na semana passada. O país deu uma guinada para a direita que assustou o mundo todo
HERBERT MORAES é correpondente da TV Record em Israel.
É preciso paciência e disposição para entender as eleições legislativas de Israel. O sistema eleitoral do Estado Judeu é um dos mais complicados do mundo. A vitória no dia 10 de fevereiro ficou com o Kadima e sua líder, Tzipi Livni. Segundo os resultados não definitivos publicados na quarta-feira de manhã, o partido centro-direita parece efetivamente ter obtido o primeiro lugar, com uma cadeira a mais do que o Likud de Benjamin Netanyahu. O Kadima ganhou mas não levou. O partido da direita, segundo analistas, tem mais condições de formar uma coalizão com outros partidos. A virada para a direita-extremista de Israel preocupa o mundo. A comunidade internacional, os EUA, o mundo árabe. Todos esperam pela indicação que o presidente Shimon Peres deve fazer na semana que vem, apontando quem deve formar o novo governo.
Os números mostram que o Likud passou, entre 2006 e 2009, de 12 para 27 lugares; o partido de extrema-direita Israel, Nossa Casa, de Avigdor Lieberman, de 11 para 15; e a União Nacional de 9 para 4. Ou seja, no total, estas formações dão um salto de 32 para 46 deputados (em 120). É certo que muitos eleitores votaram em Lieberman. Praticamente toda comunidade russa, que defende um Estado laico. A questão do casamento civil em Israel vem sendo discutida há anos. Por aqui o casamento só e válido quando acontece sob as bênçãos dos rabinos. Quem não é judeu tem que sair do país para casar em outro lugar. Mas esta nuance não diminui verdadeiramente a importância da virada à direita.
Este avanço corresponde, é claro, a mais um recuo da esquerda — se é que esta palavra tem sentido quando se trata do Partido Trabalhista, falcão no exterior e neoliberal no interior. Se o ministro da Defesa, Ehud Barak, pensou que a ofensiva que desencadeou contra Gaza lhe permitiria reconquistar a popularidade, mais uma vez se enganou. O seu partido perdeu entre 19 e 13 lugares. Ao seu lado, o novo Meretz, que apoiou o lançamento da operação em Gaza, ficou apenas com três deputados (o antigo tinha cinco). Quanto aos chamados partidos árabes (a Frente Democrática Haddash é um movimento judaico-árabe), não foram atingidos pela palavra de ordem de boicote, obtendo até mais um deputado do que em 2006 (11 contra 10).
Israelense vai às urnas: direita se fortalece e preocupa o mundo
É evidentemente demasiado cedo para propor uma análise completa destas tendências, sem dúvida explicadas por várias razões:
- As eleições aconteceram sob a sombra da guerra em Gaza que havia terminado duas semanas antes. Num clima de manipulação da comunicação social, a preocupação com a capacidade de defesa de Israel — simbolicamente posta em xeque pelos foguetes do Hamas, depois dos do Hebollah — fez com que as inquietações sobre segurança passassem muito à frente das questões econômicas e sociais. A procura de um homem forte, de um líder, capaz de impor as condições de Israel aos árabes, fez sem dúvida com que os eleitores que se opõem à política neoliberal da direita, votassem, apesar de tudo, em Netanyahu ou Lieberman…
- Contudo, este consenso nacionalista ou até belicista, reforçado pelo ambiente de guerra, explica-se também por um elemento estrutural da política israelense que se observa por aqui há mais de uma década: não há qualquer força representativa que apresente uma política alternativa. A velha palavra de ordem "Ein brera" (não temos opção) foi facilmente recuperada por todos os partidos — com exceção dos partidos árabes e, por vezes, o Meretz —, que responderam sim, há outra opção. Só as vozes dos anticolonialistas, particularmente isoladas, defendem a perspectiva de um Estado Palestino independente, fundado sob resoluções das Nações Unidas.
- Último aspecto, que é sem dúvida o mais preocupante: a mobilização anti-árabe já não visa apenas os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, mas também, e mais abertamente do que nunca, os próprios árabes de Israel. Lieberman, quando pôs em causa o estatuto dos cidadãos palestinos, foi com efeito acompanhado, em diferentes graus, por Netanyahu e até por Livni. E este enorme atentado ao que habitualmente se chama a democracia israelense é acompanhado por uma ameaça em relação ao futuro: os árabes de Israel. Se a direita de Lieberman se fortalecer ainda mais talvez aconteça outras expulsões como as de 1948 e 1967
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Re: Israel: tudo à direita A guerra na Faixa de Gaza provocou dias de incertezas e medo entre os israelenses. O resultado está nas urnas das eleições que aconteceram na semana passada.
- Último aspecto, que é sem dúvida o mais preocupante: a mobilização anti-árabe já não visa apenas os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, mas também, e mais abertamente do que nunca, os próprios árabes de Israel. Lieberman, quando pôs em causa o estatuto dos cidadãos palestinos, foi com efeito acompanhado, em diferentes graus, por Netanyahu e até por Livni. E este enorme atentado ao que habitualmente se chama a democracia israelense é acompanhado por uma ameaça em relação ao futuro: os árabes de Israel. Se a direita de Lieberman se fortalecer ainda mais talvez aconteça outras expulsões como as de 1948 e 1967
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Re: Israel: tudo à direita A guerra na Faixa de Gaza provocou dias de incertezas e medo entre os israelenses. O resultado está nas urnas das eleições que aconteceram na semana passada.
É certo que muitos eleitores votaram em Lieberman. Praticamente toda comunidade russa, que defende um Estado laico. A questão do casamento civil em Israel vem sendo discutida há anos. Por aqui o casamento só e válido quando acontece sob as bênçãos dos rabinos. Quem não é judeu tem que sair do país para casar em outro lugar. Mas esta nuance não diminui verdadeiramente a importância da virada à direita.
Isto é o absurdo dos absurdos
Vitor mango- Pontos : 118271
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