Que Guiné-Bissau depois de Nino? 02/03 17:17 CET

Que Guiné-Bissau depois de Nino? 02/03 17:17 CET
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Depois do assassinato do Presidente guineense os militares comprometeram-se a respeitar a Constituição Nacional. O homicídio de Nino Vieira é atribuído por fontes locais a militares descontentes, ligados a Ansumane Mané e Veríssimo Seabra, dois chefes de Estado Maior General das Forças Armadas, também eles assassinados em circunstâncias diferentes.

A casa do Presidente guineense foi atacada na madrugada desta segunda-feira por militares das Forças Armadas, poucas horas após o Chefe de Estado-Maior, Tagmé Na Waié, ter morrido num atentado à bomba, em Bissau. Sete dias de luto nacional foram decretados.

Um porta voz do exército garante que a situação está sob controlo. No entanto, ainda nada foi dito sobre a concretização da via constitucional para resolver o vazio de poder instaurado. Segundo a Carta Magna a ocupação interina da chefia do Estado, por um período de 60 dias, deverá ser assegurada pelo actual presidente da Assembleia Naccional Popular, Raimundo Pereira.

A Guiné-Bissau tornou-se um importante ponto de passagem da droga da América Latina para a Europa. Os interesses em torno do tráfico podem ter exacerbado tensões que certamente irão influenciar o futuro do país.

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Infelizmente, depois de Nino, a Guiné Bissau vai continuar a autodestruir-se porque as principais forças em presença estão infiltradas pelos carteis da droga.
E porque é que isso acontece? Por uma razão muito simples: Enquanto os portugueses lá estiveram, geraram-se situações de conflito entre as etnias que ficaram ao lado dos portugueses e as etnias que ficaram no lado oposto. Quando se atingiu a independência, aqueles que combatiam Portugal sentiram-se no direito de receber todas as mordomias, achincalhando e matando aqueles que com eles não tinham estado. As forças armadas da Guiné Bissau, foram basicamente constituídas por gente que andou de armas na mão e que agora queria receber a recompensa.
Mas a economia da Guiné Bissau, se já quando os portugueses lá estavam era pobre, empobreceu mais ainda com a euforia da independência. Os militares arrogaram-se o direito de ter ordenado certo, e garantias sociais imcompatíveis com a produção da Guiné. A partir de certa altura, os cofres do Estado ficaram vazios impedindo esses pagamentos, o que levou a várias rebeliões por parte de quem tinha o comando das forças armadas. Insere-se nessa luta a rebelião de Ansumane Mané que depôs Nino Vieira e que mais tarde, veio a ser assassinado por forças próximas deste.
Entretanto, a miséria e a fome foram fazendo o seu caminho e, como é normal nestas coisas, as máfias da droga estão sempre à espreita, acenando com milhões, que neste país nem precisavam de ser muitos. Bastariam algumas centenas porque a fome é má conselheira.
É neste ambiente que se desenvolve a cultura do facilitismo que a droga oferece e da infiltração dos carteis nas várias instituições, aonde as forças armadas têm maior preponderância.
Chegados aqui, mais parece estarmos em presença de lutas de máfias do que em lutas políticas. Quem tiver dinheiro para pagar aos militares, terá o poder nas mãos e a cada momento, quem tiver mais dinheiro, será quem exercerá o poder ainda que para isso tenha que destruir, assassinar, boicotar as instituições, etc..
Já em tempos a Guiné se declarou incapaz de conter os carteis da droga.
A União Europeia e Portugal em especial, propuzeram-se ajudar a resolver esse problema enviando forças de controlo marítimas e aéreas.
Todavia, embora me pareça que o problema possa ser resolvido com alguma facilidade, tendo em conta a costa da Guiné bem como o seu espaço aéreo e instalações aeroportuárias, esse problema não se resolve, exactamente porque quem deveria resolvê-lo está atascado nele até ao pescoço.
A Guiné Bissau transformou-se num Estado falhado. Para que deixasse de o ser, seria necessário que a comunidade internacional estabelecesse uma espécie de quarentena sobre a Guiné, evitando o acesso dos carteis da droga ao território e limpando as instituíções de todos aqueles que comem destes interesses.
Nino Vieira, morreu. Morreu no seu posto. Pena foi que não tivesse morrido há mais tempo. Talvez quando no mato combateu os portugueses.
Morreu da mesma forma que viveu, matando.
Que esteja lá muito tempo sem nós.

A Guiné Bissau transformou-se num Estado falhado. Para que deixasse de o ser, seria necessário que a comunidade internacional estabelecesse uma espécie de quarentena sobre a Guiné, evitando o acesso dos carteis da droga ao território e limpando as instituíções de todos aqueles que comem destes interesses

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