CHINA

ent.write('


China. Começou em Pequim a sessão anual do Parlamento chinês, marcada por um discurso do chefe do Governo, Wen Jiabao. Este reconheceu o impacto da recessão na economia do país, mas disse estar confiante em que o país irá superar os seus efeitos num ano marcado por datas políticas importantes para o regime

Governo mobilizou 465 mil milhões de euros para estimular a economia

A crise económica mundial criou uma série de "desafios inéditos" para a China, a que Pequim irá responder com medidas para manter o crescimento económico, combater o desemprego e impedir o alastramento de focos de tensão social, declarou ontem o primeiro-ministro Wen Jiabao na sessão inaugural da Assembleia Nacional Popular (ANP).

"Enfrentamos desafios inéditos. A crise financeira mundial continua a agravar-se", por isso, o Governo chinês mobilizou o equivalente a 465 mil milhões de euros para medidas de estímulo da sua economia num ano em que as estimativas oficiais colocam a taxa de crescimento nos 8%. As medidas vão incidir em obras públicas, da criação ao melhoramento de infra-estruturas, à reconstrução na província de Sichuan, atingido por um terramoto em 2008.

A reacção dos mercados internacionais foi negativa, com as bolsas em queda num sinal de que as palavras de Wen não foram suficientes para dissipar os receios sobre o curto e médio prazo da terceira economia mundial; até porque boa parte das medidas referidas ontem eram conhecidas desde o anúncio do programa de estímulo à economia chinesa em finais do ano transacto.

Números não oficiais traçam um cenário mais sombrio, com um taxa de crescimento de 5% - este valor significaria o aumento do desemprego a níveis propícios à agitação social, referiam ontem alguns observadores. O desemprego entre os trabalhadores migrantes ultrapassa hoje os 20 milhões. Este valor representa 10% do número total de trabalhadores migrantes estimado em 200 milhões.

Wen reconheceu a necessidade de "organizar o regresso dos migrantes para a sua região natal para que participem em trabalhos públicos" para a absorver o desemprego nas províncias costeiras.

O número total de desempregados é substancialmente mais elevado, variando - consoante se aceite o valor oficial de 4% ou outras estimativas, algumas na ordem dos 9% - entre 50 a 80 milhões numa população activa de mais de 800 milhões.

Na intervenção perante os três mil elementos da ANP, que vão permanecer em sessão nove dias, Wen assegurou que serão criados nove milhões de novos empregos para garantir "o rendimento das pessoas e a estabilidade social".

Wen falou durante duas horas, explicando que o custo dos investimentos públicos "não ultrapassará os 3% do PNB", valor suportável "pela capacidade global do nosso país".

Num ano marcado por efemérides sensíveis para o regime - do 20.º aniversário da repressão em Tiananmen ao 60.º aniversário da fundação do regime -, a dimensão e características da crise estão a transformar-se no teste mais importante à liderança chinesa.

O desenvolvimento e nas cidades. Saindo delas, estamos no terceiro mundo!!