Fait Divers de Campanha (Eleitoral)

O Jornal de Angola, no editorial de hoje, assinado pelo director, José Ribeiro, afirma que há quem esteja interessado em envolver Angola na actual campanha eleitoral, "fazendo declarações a roçar o insulto".
Sem referir nomes ou partidos políticos, José Ribeiro escreve que "há quem esteja interessado em envolver o nosso país [Angola] na disputa eleitoral em Lisboa, fazendo declarações a roçar o insulto".

"Registamos que em Portugal há políticos que não conseguem dormir descansados enquanto existirem empresas e empresários angolanos a fazerem o seu trabalho", lê-se no texto de José Ribeiro.

Foi a maior arruada da campanha do PS, mas também a primeira em que José Sócrates foi insultado e ficou de mão estendida por mais que uma vez na distribuição de cumprimentos. Sinais contraditórios no centro histórico de Guimarães, um bastião socialista assumido.

“Corrupto”, “filho da p.”, “ladrão, assassino”, gritava um indivíduo na casa dos 30 anos, desempregado, ao início da caminhada rosa. Imediatamente a comitiva cercou o ‘invasor’ com gritos “PS, PS”, uma estratégia que já tinha sido usada no Seixal durante o incidente com os actores do “Vai tudo abaixo”.

Um militante socialista mais exaltado virou-se para o manifestante e deu-lhe um soco, respondendo-lhe com os mesmos palavrões. Um segurança privado tentou afastar o manifestante, o que conseguiu sem grande resistência.

Durante a arruada a caminho da praça do Toural, ainda se ouviram outras vozes descontentes com o actual primeiro-ministro. “Vai trabalhar, malandro”, ouviu-se entre a multidão, onde pelo menos duas pessoas recusaram o aperto de mão de José Sócrates. “Dispenso”, disse uma jovem a quem o candidato perguntava se a podia cumprimentar.

Mas eram muito mais aqueles que o queriam cumprimentar e beijar. “Foi o melhor primeiro-ministro desde o 25 de Abril”, afirmava um idoso, exortando-o a “não desistir rumo à vitória”.

Pouco depois em Vizela, a boa receptividade repetiu-se sem incidentes. Mas desta vez numa arruada-relâmpago onde o cordão de segurança em torno de Sócrates foi reforçado.

O advogado José Miguel Júdice, ex-militante e dirigente do PSD, anunciou ontem que, pela primeira vez, irá votar PS. "Não acredito nas capacidades de Manuela Ferreira Leite para governar Portugal e enfrentar os desafios que estão à nossa frente", escreveu, no Público. Assim, explicou, o seu voto irá para o PS. Mas "será um voto em Sócrates, que fique claro". E que não voltará a "dar no futuro" se o "ímpeto reformista" que espera "não se vier a concretizar". "Digamos que é um voto receoso mas com esperança."

O presidente do PSD-M, Alberto João Jardim, disse hoje não aceitar um governo PS-BE em Portugal e lembrou que no próximo domingo os madeirenses vão votar entre ‘o carrasco da Madeira’ [Sócrates] e Manuela Ferreira Leite

«Está neste momento gizar-se – e o sr. Sócrates não está a negá-lo – a possibilidade de haver um governo dele com a organização comunista BE», disse Jardim numa acção de campanha do PSD-M na freguesia dos Canhas, no concelho da Ponta do Sol.

«Esse cavalheiro, o sr. Sócrates, diz que não quer no Continente uma democracia como a da Madeira, mau para ele, mas nós também aqui não queremos um governo em Lisboa, nem aceitamos, onde está uma organização comunista como o BE», disse.

Jardim continuou: «uma organização comunista é uma organização anti-democrática, não aceitamos que 35 anos depois do 25 de Abril venham outra vez forças antidemocráticas sentar-se pela mão do sr. Sócrates - se o sr. Sócrates quer ser o Hugo Chavez ou o Khadafi da Europa que o seja – mas virem forças comunistas antidemocráticas para o governo de Portugal, isso é inaceitável».

Referiu ainda não ter nada contra as opções sexuais de cada um mas salientou não concordar com um governo que chama casamento «a uma coisa que não é casamento», referindo-se à união entre duas pessoas do mesmo sexo.

«A questão que vos ponho é simples: vamos votar no carrasco da Madeira ou vamos votar na dra. Manuela Ferreira Leite para podermos ter um primeiro-ministro que respeite os compromissos do Estado para com a Madeira e permita que continuemos com o nosso trabalho», disse ainda Jardim, dirigindo-se às pessoas à saída da missa.

José Sócrates continua a revelar pormenores da sua vida privada. Agora é a namorada que lhe escolhe a roupa. Estratégia ou acaso?

Na biografia de Sócrates, Edite estrela fala de Câncio como namorada do primeiro-ministro.

Depois dos filhos, a namorada. Em entrevista ao "Diário de Notícias", José Sócrates falou ontem, pela primeira vez, na sua namorada, revelando que esta o aconselha na compra de roupa. Habitualmente bastante reservado, nas últimas semanas, o primeiro-ministro tem levantado o véu em relação a alguns aspectos da sua vida privada.

"Sócrates não faz nada por acaso. Depois das referências premeditadas aos filhos no programa do 'Gato Fedorento', surge isto", explica Rodrigo Moita de Deus, consultor da LPM Comunicação. "Tornar Sócrates mais humano ajuda-o, porque as pessoas tendem a perdoar quem lhes esteja mais próximo."

Estas declarações de José Sócrates são mais significativas tendo em conta que se está perante um dos primeiros-ministros mais reservados de sempre, que evita ser fotografado com os filhos ou outras pessoas próximas. Para Pedro Adão e Silva, Sócrates nunca usou a vida pessoal para fazer política. "Com a polémica que enfrentou na campanha de 2005, ter-lhe-ia sido vantajoso ser fotografado com os filhos ou com a namorada. Não o fez e isso é positivo", defende o politólogo.

A referência à companheira do primeiro-ministro está longe de ser novidade. Na biografia "Sócrates: O Menino de Ouro do PS", Edite Estrela, uma das poucas amigas próximas de José Sócrates dentro do partido, refere-se a Fernanda Câncio como namorada de Sócrates. Uma designação que, quando feita por outros, já valeu queixas de Câncio à Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas. "Sócrates sempre separou o plano político do pessoal e acho que esse comportamento se tem mantido", diz Edite Estrela ao i. "Ele não esconde, mas também não exibe."

Conhecida como uma jornalista de causas, Fernanda Câncio é grande repórter do "Diário de Notícias", depois de já ter passado pelo "Expresso" e "Grande Reportagem". Um episódio curioso aconteceu numa altura em que Fernando Lima, actual assessor de Cavaco Silva, era director do DN e terá impedido a publicação de uma crónica negativa de Câncio sobre Manuela Ferreira Leite. O que não deixa de ser irónico face ao actual contexto de guerra silenciosa vivida nos jornais entre Belém e São Bento.

No entanto, apesar das análises que possam ser feitas a estas revelações de Sócrates, o primeiro partido a usar Fernanda Câncio como argumento político foi o PSD e não o PS. Em Março de 2008, os sociais-democratas foram bastante criticados por terem dito que era inaceitável o convite que a RTP fez à jornalista para assinar uma série de dez programas. Convite esse que o vice-presidente do PSD, Rui Gomes da Silva disse, na altura, ter sido feito devido a um "relacionamento com o primeiro-ministro".

Contactada pelo i, Fernanda Câncio limitou-se a confirmar ter apresentado queixa contra mais que um jornal. E explica: "Não admito que me tratem com essa categoria [de namorada do primeiro-ministro]." Apesar de já terem sido vistos juntos em várias ocasiões, Sócrates e Câncio nunca admitiram a relação.

Em Janeiro de 2008, a jornalista escrevia assim sobre a relação entre Sarkozy e Carla Bruni: "Tristes tempos estes em que não aparecer de mão dada na capa das Paris Matchs e Lux é 'ser hipócrita' e em que, parece, que só há duas hipóteses: políticos sonsos ou exibicionistas, intimidades secretas ou completamente expostas."