A primeira transexual no governo dos Estados Unidos
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A primeira transexual no governo dos Estados Unidos
A primeira transexual no governo dos Estados Unidos
por HUGO COELHO
Hoje
Mulher que era um homem e pai de um filho foi nomeada por Barack Obama para escândalo da América conservadora. Esta engenheira de 59 anos, há trinta anos que trabalhava para uma empresa de mísseis
Até há dez anos, Amanda Simpson foi um homem. Mitchell, como lhe chamaram os pais, era divorciado e pai de um rapaz de cinco anos quando, à passagem do milénio, decidiu mudar de sexo em seis operações que custaram 50 mil euros. A ousadia deu que falar no conservador estado do Arizona, de onde é natural. Mas o tempo fez esquecer a história e foi com surpresa que a América viu esta semana Simpson nos jornais sob o título "a transexual que Barack Obama nomeou".
Terça-feira, Amanda, 49 anos, começou a trabalhar no Departamento de Comércio como consultora para as exportações de armamento. Não é certo que a engenheira, descendente de judeus, seja a primeira transexual escolhida por um Presidente americano para um cargo de relevo na Administração. Mas ela é, sem dúvida, a primeira assumida e a que tem um cargo mais proeminente.
Uma condição que - contra a sua vontade - fez dela um símbolo americano. "Ser a primeira é mau", disse à ABC News. "Eu preferia não ser a primeira, mas alguém tem de o ser."
"As pessoas vão perguntar: Isto não é um presente? Estás aqui a fazer um trabalho ou a preencher uma quota para calar algumas pessoas? Só por isso é tudo mais difícil. Tenho a certeza sobre o que devo fazer e quero ser melhor no meu trabalho do que qualquer outra pessoa. Mas sei que me vão olhar sempre com desconfiança", explicou Amanda Simpson.
À primeira vista, Amanda é a pessoa certa para fiscalizar a exportação da tecnologia de armamento americano. Formada pela Universidade do estado da Califórnia, com três licenciaturas - em Física, Engenharia e Gestão -, começou como piloto de testes de aviões antes de entrar para a indústria de armamento. Nos últimos trinta anos trabalhou para a Raytheon Missile Systems, em Tucson, no Arizona, onde subiu a pulso até chegar a directora adjunta da empresa.
O argumento da competência não convenceu a direita religiosa. A nomeação de uma transexual foi mesmo a gota de água para muitos conservadores. O grupo cristão Centrar na Família acusou Obama de fazer uma cedência ao lóbi homossexual. "A nomeação de Simpson foi proposta ao Presidente Obama por um grupo de activistas gay, o que nos faz acreditar que a escolha de uma transexual para o Departamento de Comércio foi o pagamento de um favor à sua base política de apoio de extrema-esquerda", disse a porta-voz Monica Schleicher.
Obama recebeu os votos de homossexuais e transexuais na eleição presidencial de 2008, mas desde que chegou à Casa Branca - vai fazer um ano dia 20 de Janeiro - tem seguido uma política cautelosa. Na tentativa de não afrontar a América conservadora, pondo em causa a noção tradicional de família, acabou por desiludir muitos dos seus apoiantes.
O Presidente prometeu rever a política do "não perguntes, não respondo", que fecha as portas do exército americano aos gays assumidos, mas pouco ou nada fez nesse sentido. Além disso, manteve a Lei de Defesa do Casamento - assinada pelo democrata Bill Clinton -, segundo a qual o Estado federal não reconhece os casamentos entre homossexuais.
Por esta razão, a nomeação de Simpson também não entusiasmou os grupos de defesa dos transexuais que se apressaram a recusar qualquer "favor". Mara Keisling, porta-voz do Centro Nacional para Igualdade dos Transexuais, afirmou: "Esta não foi uma nomeação para preencher a quota de transexuais. É uma escolha técnica e o currículo [de Amanda] é adequado ao cargo. O facto de ser transexual não foi importante para lhe darem o emprego." Keisling acusou ainda a Administração e o Congresso de não estarem a fazer o suficiente para proteger os direitos dos transexuais.
Amanda deixou claro que tem a experiência e a formação necessárias para o lugar. E acrescentou: "Ultrapassei obstáculos em muitos outros lugares e sempre convenci as pessoas com a minha maneira de ser e o meu trabalho. Como uma das primeiras transexuais nomeadas, tenho esperança que no futuro sejamos centenas [na Administração]."
A defesa dos direitos dos transexuais foi uma das suas prioridades na última década. Na empresa onde trabalhava, Amanda tratou de dar aos casais homossexuais os mesmos benefícios sociais que aos outros. Em 2004, foi eleita "mulher em movimento" pela centenária organização feminista YWCA. Um ano depois entrou na cena política para quebrar uma nova barreira: Venceu as primárias para o Congresso do Arizona. Candidata pelos democratas, acabaria derrotada na eleição pelo adversário republicano.
A nomeação de Obama fez de Amanda um motivo de riso no show televisivo de David Letterman. No monólogo a abrir o programa, o comediante deu a notícia da sua nomeação. Quando mostrou a fotografia, o voz off do programa, Alan Kalter, saiu a correr pelo palco a gritar "pânico", dando a entender que se tinha envolvido com Amanda no passado. A piada caiu muito mal entre os activistas que acusaram Letterman de alimentar o ódio contra os transexuais, que têm sido vítimas recorrentes de assassínios e agressões nos Estados Unidos.
In DN
por HUGO COELHO
Hoje
Mulher que era um homem e pai de um filho foi nomeada por Barack Obama para escândalo da América conservadora. Esta engenheira de 59 anos, há trinta anos que trabalhava para uma empresa de mísseis
Até há dez anos, Amanda Simpson foi um homem. Mitchell, como lhe chamaram os pais, era divorciado e pai de um rapaz de cinco anos quando, à passagem do milénio, decidiu mudar de sexo em seis operações que custaram 50 mil euros. A ousadia deu que falar no conservador estado do Arizona, de onde é natural. Mas o tempo fez esquecer a história e foi com surpresa que a América viu esta semana Simpson nos jornais sob o título "a transexual que Barack Obama nomeou".
Terça-feira, Amanda, 49 anos, começou a trabalhar no Departamento de Comércio como consultora para as exportações de armamento. Não é certo que a engenheira, descendente de judeus, seja a primeira transexual escolhida por um Presidente americano para um cargo de relevo na Administração. Mas ela é, sem dúvida, a primeira assumida e a que tem um cargo mais proeminente.
Uma condição que - contra a sua vontade - fez dela um símbolo americano. "Ser a primeira é mau", disse à ABC News. "Eu preferia não ser a primeira, mas alguém tem de o ser."
"As pessoas vão perguntar: Isto não é um presente? Estás aqui a fazer um trabalho ou a preencher uma quota para calar algumas pessoas? Só por isso é tudo mais difícil. Tenho a certeza sobre o que devo fazer e quero ser melhor no meu trabalho do que qualquer outra pessoa. Mas sei que me vão olhar sempre com desconfiança", explicou Amanda Simpson.
À primeira vista, Amanda é a pessoa certa para fiscalizar a exportação da tecnologia de armamento americano. Formada pela Universidade do estado da Califórnia, com três licenciaturas - em Física, Engenharia e Gestão -, começou como piloto de testes de aviões antes de entrar para a indústria de armamento. Nos últimos trinta anos trabalhou para a Raytheon Missile Systems, em Tucson, no Arizona, onde subiu a pulso até chegar a directora adjunta da empresa.
O argumento da competência não convenceu a direita religiosa. A nomeação de uma transexual foi mesmo a gota de água para muitos conservadores. O grupo cristão Centrar na Família acusou Obama de fazer uma cedência ao lóbi homossexual. "A nomeação de Simpson foi proposta ao Presidente Obama por um grupo de activistas gay, o que nos faz acreditar que a escolha de uma transexual para o Departamento de Comércio foi o pagamento de um favor à sua base política de apoio de extrema-esquerda", disse a porta-voz Monica Schleicher.
Obama recebeu os votos de homossexuais e transexuais na eleição presidencial de 2008, mas desde que chegou à Casa Branca - vai fazer um ano dia 20 de Janeiro - tem seguido uma política cautelosa. Na tentativa de não afrontar a América conservadora, pondo em causa a noção tradicional de família, acabou por desiludir muitos dos seus apoiantes.
O Presidente prometeu rever a política do "não perguntes, não respondo", que fecha as portas do exército americano aos gays assumidos, mas pouco ou nada fez nesse sentido. Além disso, manteve a Lei de Defesa do Casamento - assinada pelo democrata Bill Clinton -, segundo a qual o Estado federal não reconhece os casamentos entre homossexuais.
Por esta razão, a nomeação de Simpson também não entusiasmou os grupos de defesa dos transexuais que se apressaram a recusar qualquer "favor". Mara Keisling, porta-voz do Centro Nacional para Igualdade dos Transexuais, afirmou: "Esta não foi uma nomeação para preencher a quota de transexuais. É uma escolha técnica e o currículo [de Amanda] é adequado ao cargo. O facto de ser transexual não foi importante para lhe darem o emprego." Keisling acusou ainda a Administração e o Congresso de não estarem a fazer o suficiente para proteger os direitos dos transexuais.
Amanda deixou claro que tem a experiência e a formação necessárias para o lugar. E acrescentou: "Ultrapassei obstáculos em muitos outros lugares e sempre convenci as pessoas com a minha maneira de ser e o meu trabalho. Como uma das primeiras transexuais nomeadas, tenho esperança que no futuro sejamos centenas [na Administração]."
A defesa dos direitos dos transexuais foi uma das suas prioridades na última década. Na empresa onde trabalhava, Amanda tratou de dar aos casais homossexuais os mesmos benefícios sociais que aos outros. Em 2004, foi eleita "mulher em movimento" pela centenária organização feminista YWCA. Um ano depois entrou na cena política para quebrar uma nova barreira: Venceu as primárias para o Congresso do Arizona. Candidata pelos democratas, acabaria derrotada na eleição pelo adversário republicano.
A nomeação de Obama fez de Amanda um motivo de riso no show televisivo de David Letterman. No monólogo a abrir o programa, o comediante deu a notícia da sua nomeação. Quando mostrou a fotografia, o voz off do programa, Alan Kalter, saiu a correr pelo palco a gritar "pânico", dando a entender que se tinha envolvido com Amanda no passado. A piada caiu muito mal entre os activistas que acusaram Letterman de alimentar o ódio contra os transexuais, que têm sido vítimas recorrentes de assassínios e agressões nos Estados Unidos.
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