A Igreja Católica
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A Igreja Católica
E eles não viveram sós para sempre
por FERNANDA CÂNCIO
Hoje
A partir de hoje, o DN publica uma série de trabalhos sobre temas que causam polémica entre os católicos e na relação da sua igreja com o mundo.
A maioria desses temas relaciona-se com a sexualidade, como é o caso do que hoje tratamos: a castidade e o celibato exigidos pelo Direito Canónico aos sacerdotes. Certificadas como garantia "de maior liberdade ao serviço de Deus e dos homens", estas normas são questionadas - e desrespeitadas - desde a sua instituição. Em Portugal, os mais de cem padres casados agrupados na associação Fraternitas contestam-nas. E dão testemunho da relação atormentada e pouco transparente do catolicismo com a sexualidade
"Quando estava em formação como padre, nunca questionei o celibato. Eu e os meus colegas assumíamo-lo como um dado adquirido e uma opção. Era o caminho que iria percorrer na vida, nunca se me colocou como problema." Ordenado padre em 1991, Manoel Pombal, 44 anos, deixou de exercer a função em 1998 por ter percebido que afinal o celibato não era o seu caminho. "Foi difícil tomar essa decisão, mas o mais dramático foi perceber que tinha de deixar de fazer aquilo que era a minha vocação."
Em termos eclesiásticos, o processo levou anos. "Tive três reuniões com o bispo e ele, claro, tentou dissuadir-me. Foi instaurado o processo e responderam-me em 2000, a dizer que como era muito novo [tinha 33 anos] só me concederiam a dispensa aos 40. Só então pude casar eclesialmente, quando já estava a baptizar a minha filha mais nova." O casamento civil deu-se mais cedo, mas, ao contrário do que era costume no passado, não foi alvo de excomunhão automática. "Isso deixou de existir. Os bispos perceberam que era um disparate fazê-lo. Mas houve uma ou duas pessoas da hierarquia que me sugeriram que, se não conseguia deixar de ter aquela relação, mantivesse tudo na mesma. Perante o que me parecia ser uma atitude de autenticidade da minha parte, isso - e as situações que conhecia de imensos padres a coabitar com mulheres ou a ter relações mais ou menos estruturadas com a hierarquia a fechar os olhos - custou-me muito."
Si non caste saltem caute: a frase latina significa "se não podes viver castamente, ao menos sê cauteloso" e é citada pelo açoriano Artur da Cunha Oliveira, 85 anos, formado em teologia e estudos bíblicos em Roma, ordenado padre em 1948 e casado desde 1983. "Foi-me dita pelo bispo de Angra de Heroísmo quando surgiu a denúncia de um padre que andaria, segundo os denunciantes, 'a meter-se com as mulheres dos outros'. O bispo já conhecia o caso e disse que já o tinha avisado." O padre Artur (ser dispensado não implica deixar de ser padre: de acordo com a doutrina o sacramento confere "carácter", é perpétuo), que afirma ter decidido abandonar o exercício por considerar que a pregação a que assistia era "vazia, sem reflexão" e não por querer casar-se, faz uma pausa para o sorriso. "É o medo do escândalo..." Formado numa época em que o diálogo era ainda menos aberto, assegura que "não se falava de sexo no seminário". "A direcção espiritual recomendava-nos a sublimação. A outra recomendação era a de aceitar a polução nocturna como a coisa mais natural do mundo e, em caso de necessidade de alívio, a masturbação/provocação. Há quem pense que a masturbação é pecado, mas às tantas achei que era uma necessidade: fazia-o não pelo prazer, embora o aceitasse, mas para ficar sereno." Quanto ao desejo que assume ter sentido "de estar com uma mulher", reprimia-o. "Tinha uma defesa psicológica. Dizia a mim mesmo: 'Não há hipótese.' E pronto."
Presidente da assembleia geral da associação Fraternitas, fundada em 2002, Artur conta-se, como Manoel, entre os 102 padres casados que se uniram no movimento reconhecido pela Conferência Episcopal. Pugnam por uma alteração da regra e começam por questionar, para além do culto da aparência que negligencia - quando não disfarça activamente - a verdade, a "absolutamente incompreensível dualidade de critérios" que permite à hierarquia católica acolher padres anglicanos casados que se convertem e a quem é permitido exercer o sacerdócio, ou que permite que os sacerdotes do rito católico oriental possam ser casados (embora lhes seja impedido fazê-lo pós-ordenação e só os que mantêm o celibato possam ser bispos).
Uma incongruência que não choca Manuel Morujão, o secretário da Conferência Episcopal: "São circunstâncias diferentes. Uma coisa é alguém que aceitou ser sacerdote celibatário e deixa de ser celibatário, portanto deixa de exercer o seu ministério; outra é alguém de um rito cristão em que se permite casar, e que se converte. A pessoa não vai deixar a mulher e os filhos, não acha?" Quanto à motivação daquilo que frisa ser "uma disciplina" e não "um dogma", e que portanto se pode "pensar e discutir", considera que tem a ver com "uma maior liberdade" (é aliás o que diz o cânone 277, que obriga ao celibato) e com "uma maior identificação com Cristo".
A possibilidade de este ter sido casado não se lhe coloca. "Se tivesse sido assim, saberíamos. É um dado tão fundamental que não poderia ter ficado de lado, uma ideia original que nunca encontrei em biblistas sérios." Manoel discorda. "Tenta-se encontrar fundamentos para uma coisa que está resolvida em vez do contrário. As vocações do celibato e do sacerdócio são diferentes e não sabemos se Jesus era ou não celibatário. Mas teria certamente a sua sexualidade resolvida. A Igreja Católica tem de aceitar a sexualidade como o bem fantástico que é em vez de a tratar como algo sujo. Resolver essa questão é muito importante para termos uma hierarquia com uma estrutura diferente. Não é, como muitos dizem, por causa do número dos padres: isso é uma falsa questão. Não é um problema de quantidade, mas de qualidade."
In DN
por FERNANDA CÂNCIO
Hoje
A partir de hoje, o DN publica uma série de trabalhos sobre temas que causam polémica entre os católicos e na relação da sua igreja com o mundo.
A maioria desses temas relaciona-se com a sexualidade, como é o caso do que hoje tratamos: a castidade e o celibato exigidos pelo Direito Canónico aos sacerdotes. Certificadas como garantia "de maior liberdade ao serviço de Deus e dos homens", estas normas são questionadas - e desrespeitadas - desde a sua instituição. Em Portugal, os mais de cem padres casados agrupados na associação Fraternitas contestam-nas. E dão testemunho da relação atormentada e pouco transparente do catolicismo com a sexualidade
"Quando estava em formação como padre, nunca questionei o celibato. Eu e os meus colegas assumíamo-lo como um dado adquirido e uma opção. Era o caminho que iria percorrer na vida, nunca se me colocou como problema." Ordenado padre em 1991, Manoel Pombal, 44 anos, deixou de exercer a função em 1998 por ter percebido que afinal o celibato não era o seu caminho. "Foi difícil tomar essa decisão, mas o mais dramático foi perceber que tinha de deixar de fazer aquilo que era a minha vocação."
Em termos eclesiásticos, o processo levou anos. "Tive três reuniões com o bispo e ele, claro, tentou dissuadir-me. Foi instaurado o processo e responderam-me em 2000, a dizer que como era muito novo [tinha 33 anos] só me concederiam a dispensa aos 40. Só então pude casar eclesialmente, quando já estava a baptizar a minha filha mais nova." O casamento civil deu-se mais cedo, mas, ao contrário do que era costume no passado, não foi alvo de excomunhão automática. "Isso deixou de existir. Os bispos perceberam que era um disparate fazê-lo. Mas houve uma ou duas pessoas da hierarquia que me sugeriram que, se não conseguia deixar de ter aquela relação, mantivesse tudo na mesma. Perante o que me parecia ser uma atitude de autenticidade da minha parte, isso - e as situações que conhecia de imensos padres a coabitar com mulheres ou a ter relações mais ou menos estruturadas com a hierarquia a fechar os olhos - custou-me muito."
Si non caste saltem caute: a frase latina significa "se não podes viver castamente, ao menos sê cauteloso" e é citada pelo açoriano Artur da Cunha Oliveira, 85 anos, formado em teologia e estudos bíblicos em Roma, ordenado padre em 1948 e casado desde 1983. "Foi-me dita pelo bispo de Angra de Heroísmo quando surgiu a denúncia de um padre que andaria, segundo os denunciantes, 'a meter-se com as mulheres dos outros'. O bispo já conhecia o caso e disse que já o tinha avisado." O padre Artur (ser dispensado não implica deixar de ser padre: de acordo com a doutrina o sacramento confere "carácter", é perpétuo), que afirma ter decidido abandonar o exercício por considerar que a pregação a que assistia era "vazia, sem reflexão" e não por querer casar-se, faz uma pausa para o sorriso. "É o medo do escândalo..." Formado numa época em que o diálogo era ainda menos aberto, assegura que "não se falava de sexo no seminário". "A direcção espiritual recomendava-nos a sublimação. A outra recomendação era a de aceitar a polução nocturna como a coisa mais natural do mundo e, em caso de necessidade de alívio, a masturbação/provocação. Há quem pense que a masturbação é pecado, mas às tantas achei que era uma necessidade: fazia-o não pelo prazer, embora o aceitasse, mas para ficar sereno." Quanto ao desejo que assume ter sentido "de estar com uma mulher", reprimia-o. "Tinha uma defesa psicológica. Dizia a mim mesmo: 'Não há hipótese.' E pronto."
Presidente da assembleia geral da associação Fraternitas, fundada em 2002, Artur conta-se, como Manoel, entre os 102 padres casados que se uniram no movimento reconhecido pela Conferência Episcopal. Pugnam por uma alteração da regra e começam por questionar, para além do culto da aparência que negligencia - quando não disfarça activamente - a verdade, a "absolutamente incompreensível dualidade de critérios" que permite à hierarquia católica acolher padres anglicanos casados que se convertem e a quem é permitido exercer o sacerdócio, ou que permite que os sacerdotes do rito católico oriental possam ser casados (embora lhes seja impedido fazê-lo pós-ordenação e só os que mantêm o celibato possam ser bispos).
Uma incongruência que não choca Manuel Morujão, o secretário da Conferência Episcopal: "São circunstâncias diferentes. Uma coisa é alguém que aceitou ser sacerdote celibatário e deixa de ser celibatário, portanto deixa de exercer o seu ministério; outra é alguém de um rito cristão em que se permite casar, e que se converte. A pessoa não vai deixar a mulher e os filhos, não acha?" Quanto à motivação daquilo que frisa ser "uma disciplina" e não "um dogma", e que portanto se pode "pensar e discutir", considera que tem a ver com "uma maior liberdade" (é aliás o que diz o cânone 277, que obriga ao celibato) e com "uma maior identificação com Cristo".
A possibilidade de este ter sido casado não se lhe coloca. "Se tivesse sido assim, saberíamos. É um dado tão fundamental que não poderia ter ficado de lado, uma ideia original que nunca encontrei em biblistas sérios." Manoel discorda. "Tenta-se encontrar fundamentos para uma coisa que está resolvida em vez do contrário. As vocações do celibato e do sacerdócio são diferentes e não sabemos se Jesus era ou não celibatário. Mas teria certamente a sua sexualidade resolvida. A Igreja Católica tem de aceitar a sexualidade como o bem fantástico que é em vez de a tratar como algo sujo. Resolver essa questão é muito importante para termos uma hierarquia com uma estrutura diferente. Não é, como muitos dizem, por causa do número dos padres: isso é uma falsa questão. Não é um problema de quantidade, mas de qualidade."
In DN
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Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
384 locais de culto
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384 locais de culto
Diocese lidera registo do património religioso
A Diocese de Bragança-Miranda é a que mais património tem inventariado no país, com mais de 11 mil peças registadas e equivalentes a um quarto dos objetivos de um projeto que apresentará resultados e perspetivas, sábado, em Macedo de Cavaleiros.
Desde 2008 que a associação elabora o inventário e já catalogou, em 384 locais de culto de sete concelhos, 11275 peças de ourivesaria, pintura, têxteis, escultura, documentário gráfico, paramentaria e mobiliário, segundo disse hoje à Agência Lusa o presidente da «Terras Quentes», Carlos Mendes.
Lusa, 2011-01-20
384 locais de culto
Diocese lidera registo do património religioso
A Diocese de Bragança-Miranda é a que mais património tem inventariado no país, com mais de 11 mil peças registadas e equivalentes a um quarto dos objetivos de um projeto que apresentará resultados e perspetivas, sábado, em Macedo de Cavaleiros.
Desde 2008 que a associação elabora o inventário e já catalogou, em 384 locais de culto de sete concelhos, 11275 peças de ourivesaria, pintura, têxteis, escultura, documentário gráfico, paramentaria e mobiliário, segundo disse hoje à Agência Lusa o presidente da «Terras Quentes», Carlos Mendes.
Lusa, 2011-01-20
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Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: A Igreja Católica
Estando esta posta postada em Internacionais pergunto se a referida zona já passou para o estado do Vaticano....
Viriato- Pontos : 16657
Chaves: Município homenageia novo bispo de Vila Real
.
Medalha de Honra
Chaves
Chaves: Município homenageia novo bispo de Vila Real
A Câmara Municipal de Chaves homenageia hoje o novo bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, concedendo-lhe a Medalha de Honra do Município «por ter alcançado tão alto e honroso cargo na hierarquia» católica.
A distinção, a atribuir no Dia da Cidade, pretende “manifestar publicamente o apreço e a consideração” da edilidade, que deseja ao prelado “os maiores sucessos no desempenho desta sua nova missão”, refere uma nota de imprensa enviada à Agência ECCLESIA.
A autarquia flaviense, 450 km a nordeste de Lisboa, recebeu a nomeação com “enorme orgulho e satisfação” e expressa o seu “reconhecimento pelas qualidades humanas, académicas e teológicas de D. Amândio, numa vida dedicada às atividades pastorais ao serviço da Igreja”.
D. Amândio Tomás nasceu em 1943 em Cimo de Vila da Castanheira, Chaves, diocese de Vila Real, tendo sido ordenado padre em 1967.
O seu percurso académico levou-o à Universidade Gregoriana e ao Instituto Bíblico, ambos em Roma, onde se licenciou em Teologia e Ciências Bíblicas, respetivamente.
O prelado foi vice-reitor do Colégio Pontifício Português em Roma no ano de 1976 e seu reitor a partir de 1982, permanecendo na capital italiana até 2001, quando o Papa João Paulo II o nomeou bispo auxiliar da arquidiocese de Évora.
Em 2008 foi nomeado para coadjutor de Vila Real, diocese de que é bispo desde 17 de maio de 2011, após indicação de Bento XVI, cargo que acumula com o de delegado da Conferência Episcopal Portuguesa na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE).
Agência Ecclesia, 2011-07-08
In DTM
Medalha de Honra
Chaves
Chaves: Município homenageia novo bispo de Vila Real
A Câmara Municipal de Chaves homenageia hoje o novo bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, concedendo-lhe a Medalha de Honra do Município «por ter alcançado tão alto e honroso cargo na hierarquia» católica.
A distinção, a atribuir no Dia da Cidade, pretende “manifestar publicamente o apreço e a consideração” da edilidade, que deseja ao prelado “os maiores sucessos no desempenho desta sua nova missão”, refere uma nota de imprensa enviada à Agência ECCLESIA.
A autarquia flaviense, 450 km a nordeste de Lisboa, recebeu a nomeação com “enorme orgulho e satisfação” e expressa o seu “reconhecimento pelas qualidades humanas, académicas e teológicas de D. Amândio, numa vida dedicada às atividades pastorais ao serviço da Igreja”.
D. Amândio Tomás nasceu em 1943 em Cimo de Vila da Castanheira, Chaves, diocese de Vila Real, tendo sido ordenado padre em 1967.
O seu percurso académico levou-o à Universidade Gregoriana e ao Instituto Bíblico, ambos em Roma, onde se licenciou em Teologia e Ciências Bíblicas, respetivamente.
O prelado foi vice-reitor do Colégio Pontifício Português em Roma no ano de 1976 e seu reitor a partir de 1982, permanecendo na capital italiana até 2001, quando o Papa João Paulo II o nomeou bispo auxiliar da arquidiocese de Évora.
Em 2008 foi nomeado para coadjutor de Vila Real, diocese de que é bispo desde 17 de maio de 2011, após indicação de Bento XVI, cargo que acumula com o de delegado da Conferência Episcopal Portuguesa na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE).
Agência Ecclesia, 2011-07-08
In DTM
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
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