Madrid suspende juiz. "Garzón, tranquilo, el pueblo está contigo

Madrid suspende juiz. "Garzón, tranquilo, el pueblo está
contigo"


por Mariana de Araújo Barbosa, Publicado em 15 de
Maio de 2010 | Actualizado há 19 horas


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Poder judicial
suspende Garzón por investigar os crimes do franquismo. José Saramago
condena decisão

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as lágrimas do juiz Garzón são as minhas lágrimas", escreveu ontem
José Saramago no blogue, depois da decisão da Audiência Nacional
espanhola.
O juiz Baltasar Garzón Real foi suspenso por unanimidade e
afastado dos tribunais espanhóis, por alegada "prevaricação" em
investigações ligadas a crimes que envolviam o regime de Franco. A
decisão levantou o tumulto nas ruas da capital espanhola e a população
manifestou-se ao fim da tarde contra o que considera ser uma acção de
"invejosos e miseráveis".
Garzón desceu a escadaria principal da
Audiência Nacional - com poder de decisão em todo o país - 40 minutos
depois de conhecida a decisão unânime do Conselho Geral do Poder
Judicial (CGPJ) espanhol, reunido em assembleia extraordinária.
"Encaro
o processo com a tranquilidade de saber que sou inocente", disse o juiz
suspenso. Minutos antes, a porta-voz do CGPJ, Gabriela Bravo,
comunicava a resolução aos jornalistas, ao mesmo tempo que na rua, se
ouvia em coro: "Garzón, traquilo, el pueblo está contigo"(Calma Garzón, o
povo está contigo).
Bravo disse ontem que a decisão foi comunicada
por telefone por Carlos Dívar, presidente do órgão máximo de soberania
da Justiça, e está a ser preparada por escrito pelo Conselho.
As
reacções à decisão não se fizeram esperar: primeiro, o governo, pela voz
da vice-presidente Maria Teresa Fernández de la Vega, que assegurou
numa conferência de imprensa logo depois do Conselho de Ministros
respeitar a decisão dos juízes, mas ressalvando que o processo "não está
concluído, insistindo na possibilidade de "presunção de inocência de
Garzón. E depois altas personalidades como o Nobel da Literatura
português. "Este meio-dia recebi outra notícia, das mais tristes e
desesperançadas: quem se atreveu com os ditadores foi afastado da
magistratura pelos seus pares." Saramago não foi o único: Emilio Silva,
presidente da Associação para a Recuperação da Memória Histórica falou
num "regresso da Inquisição" e José Antonio Martín, juiz do Supremo
Tribunal, lamentou a decisão. "Estou muito triste e preocupado com a
credibilidade democrática de Espanha no mundo", disse.
Despedida
emocionada Vinte e dois anos depois de ter entrado no tribunal
de Madrid pela primeira vez, Baltasar Garzón saiu de lágrimas nos olhos
e com aplausos daqueles que trabalhavam com ele. O juiz dedicou
sorrisos de agradecimento enquanto era aplaudido, numa despedida
emocionada, pouco faltava para as 14 horas (hora espanhola). Antes da
reunião de juízes, o advogado de Garzón apresentou um recurso de
anulação contra o processo - um pedido ao juiz do Supremo Tribunal de
Justiça, Luciano Varela, para que declarasse nula a decisão e arquivasse
a acusação. O pedido foi recusado. Garzón aguarda, agora, pela decisão
dos mesmos juízes sobre a sua ida para o Tribunal Penal Internacional.
Nenhuma decisão foi tomada, alegadamente por haver necessidade de novas
informações sobre o processo de transferência.
O nome de
quem se fala Baltasar Garzón foi uma das dez palavras mais
escritas no Twitter ao longo do dia de ontem, em todo o mundo. O nome
"Baltasar Garzón" - com acento, para evitar confusões - tornou-se
rapidamente um dos mais citados e comentados, convertendo-se em
"trending topic" - tema da moda - na rede que permite enviar mensagens
até 140 caracteres. O Twitter conta com mais de 75 milhões de
utilizadores em todo o mundo.