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Processo Casa Pia andará mais três anos em tribunal

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Mensagem por Vitor mango Sex Set 03, 2010 1:08 am


Processo Casa Pia andará mais três anos em tribunal
Recursos podem fazer prolongar processo Casa Pia até à prescrição e evitam prisão efectiva
00h30m
CARLOS VARELA

foto Arquivo
Processo Casa Pia andará mais três anos em tribunal


Quando hoje, sexta-feira, a juíza Ana Peres começar a ler o acórdão do processo Casa Pia iniciará apenas o fim de uma fase do caso e abrirá a porta a mais uma catadupa de recursos. O processo poderá durar pelo menos mais três anos.

É uma questão incómoda, esta, que se coloca, e nem a "vergonha" das vítimas, nem todas implicações que o processo trouxe aos arguidos, nem os danos dificilmente reparáveis que o caso Casa Pia já causou à imagem da Justiça vão alterar a realidade de que hoje, oito anos depois do início, o processo está longe de concluído.

Rogério Alves, antigo bastonário da Ordem dos Advogados, reconhece, em declarações ao JN, esta realidade. "Sim, é verdade, em termos académicos, o processo pode durar, pelo menos, mais dois ou três anos. E é de esperar que haja recursos". É que ninguém acredita que entre tantos interessados directos no processo - arguidos, vítimas, Ministério Público - alguém possa deixar de interpor recursos, uma formalidade que pode levar o processo a ultrapassar os prazos de prescrição.

E mesmo que algum dos sete arguidos (ou a sua totalidade) seja condenado em tribunal a prisão efectiva, como pretende o Ministério Público - o procurador, João Aibéu, não admite sequer uma pena suspensa -, a entrada de recursos pode fazer suspender a aplicação da decisão do tribunal e deixar o arguido em liberdade.

Como explica Rogério Alves, o advogado "pode dar vários passos". O primeiro é o Tribunal da Relação, a que se segue o Supremo Tribunal de Justiça, depois o Tribunal Constitucional e, por fim, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, mas esta instância está dependente de haver uma queixa em Portugal contra o Estado, por exemplo, face à morosidade do processo. Isso não será difícil de encontrar neste caso, para vítimas e arguidos.

Apesar de o Tribunal Constitucional ser uma instância aparentemente distante dos crimes em causa no processo Casa Pia, "pode-se sempre levantar uma questão de inconstitucionalidade no primeiro recurso que permita, mais tarde, levar o caso até ao Constitucional", explicou ao JN uma jurista, sob anonimato.

Até ontem, o processo já tinha gerado cerca de 170 recursos e o Conselho Superior de Magistratura já mostrou preocupação com este facto. Tanto assim que, ainda em finais de Julho, dava garantias públicas de que os juízes dos tribunais superiores iriam ter condições para decidir rapidamente.

Outra opinião manifestou ontem o juiz-desembargador Vaz Neves, do Tribunal da Relação de Lisboa, ao garantir que os recursos do famigerado processo iriam "ter o mesmo tratamento que todos os outros". Ricardo Sá Fernandes, advogado de Carlos Cruz, admitia no início da semana ao JN que "iria esgotar todos os meios para defender a inocência" do antigo apresentador.
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Mensagem por Vitor mango Sex Set 03, 2010 1:10 am

Constitucional e, por fim, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, mas esta instância está dependente de haver uma queixa em Portugal contra o Estado, por exemplo, face à morosidade do processo. Isso não será difícil de encontrar neste caso, para vítimas e arguidos.

as aguas e o bacalhau vao ficar por aqui e depois beu rebebeu pardais ao ninho
Porque numa coisa os arguidos teem razao
Este processo foi longoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo demais para qualquer dos intereesaados
e a justiça tem que ser muitooooooooooooooooooooooooooo mais rapida
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Mensagem por ricardonunes Sex Set 03, 2010 9:46 am

A juíza Ana Peres anuncia que Carlos Silvino, conhecido como "Bibi", foi condenado a 18 anos de prisão. Já Manuel Abrantes foi condenado a 5 anos e 9 meses de prisão. Jorge Ritto foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão. A Carlos Cruz é condenado a 7 anos, tal como o médico Ferreira Diniz.


Carlos Silvino, "Bibi" - 18 anos de prisão
Carlos Cruz 7 anos de prisão
Manuel Abrantes - 5 anos e 9 meses de prisão
Jorge Ritto - 6 anos e 8 meses de prisão
Ferreira Diniz - 7 anos de prisão
Gertrudes Nunes - absolvida
Hugo Marçal - 6 anos e 2 meses de prisão


Manuel Abrantes foi condenado na prática a 4 anos e 9 meses já que havia cumprido 12 meses de prisão preventiva.

A sessão recomeçou às 15h35 numa altura em que já só faltavam o colectivo de três juízes marcar presença.

A longa leitura do acórdão prossegue esta tarde com a fundamentação dos factos dados como provados da parte da manhã e a revelação das penas a aplicar.

De acordo com a SIC Notícias, uma das vítimas vai sair do anonimato e fazer uma declaração no final da leitura do acórdão.

Foram dados como provados os quatro crimes de que estava acusado Carlos Cruz, tal como foram dados como provados quatro crimes para Ferreira Diniz e Manuel Abrantes.
O embaixador Jorge Ritto viu provados os três crimes de que estava acusado, sendo um de lenocínio. Ficaram também comprovados dois crimes de Gertrudes Nunes.

Carlos Silvino, o arguido com maior número de acusações, viu provados crimes contra 25 vítimas.

A tese, defendida sobretudo pela defesa de Carlos Cruz, de que todas as acusações resultavam da manipulação dos jovens foi desmentida pelos juízes na fundamentação do acórdão.

A presidente do colectivo, Ana Peres, afirmou que a tese de acerto de histórias entre as vítimas não é verdadeira porque são referidas "situações que se ramificaram por locais diferentes com abusadores e abusados diferentes", ao invés de uma história comum a todos.

Casa Pia "teve responsabilidade" no caso

Na fundamentação, Ana Peres frisou ainda ainda que "a Casa Pia teve responsabilidade no que se passou".

Para a juíza, a direcção da instituição ignorou e desvolarizou situações que podiam pôr em causa o bem-estar e educação dos educandos.

Em tribunal respondem os arguidos Carlos Silvino, ex-motorista da Casa Pia, o ex-provedor da instituição Manuel Abrantes, o médico João Ferreira Diniz, o advogado Hugo Marçal, o apresentador de televisão Carlos Cruz, o embaixador Jorge Ritto e Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais.
O ritmo da leitura, da parte da manhã, foi mais rápido do que se previa, o que, ao que tudo indica, significa que ainda hoje serão lidas as condenações. Os factos provados foram lidos em pouco mais de meia hora.

O colectivo de juízes do processo Casa Pia começou às 10:48 a leitura do acórdão, indicando que iria referir apenas os factos principais.

A juíza presidente do colectivo, Ana Peres, questionou os advogados dos arguidos sobre a necessidade de ler os factos, e, esclarecendo que não disponibilizará já hoje o acórdão, as partes concordaram em ouvir apenas os factos principais dados como provados.

O juíz Lopes Barata advertiu que, se a leitura do acórdão englobar os factos, pode não terminar hoje, mas Ana Peres assegurou que o colectivo será «rápido».

@SAPO com Lusa
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Mensagem por Vitor mango Sex Set 03, 2010 9:50 am

Boas boa Ricardo soube por si da sentença depois de ter saido de leiria ter almoçado no toucinho em almeirim lavar a pedra comido um melao de almeirim e acelerar ate ao Algarve
Acho que a justiça se vai agora limpar dos politicos

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Mensagem por Viriato Sex Set 03, 2010 9:57 am

Ana Peres teve, pelo menos, um mérito. Nunca pretendeu ser mediática, dar nas vistas ou politizar o processo. Creio que era muita areia para um só processo. Mas chegou com a tarefa ao fim sem andar a falar com a Guedes, Cerejos, Crespos e outras bestas da sua igualha. Tudo feito no silêncio dos gabinetes. Pode parecer pouco.Para mim foi obra!!!!
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Mensagem por Vitor mango Sex Set 03, 2010 9:59 am

Viriato escreveu:Ana Peres teve, pelo menos, um mérito. Nunca pretendeu ser mediática, dar nas vistas ou politizar o processo. Creio que era muita areia para um só processo. Mas chegou com a tarefa ao fim sem andar a falar com a Guedes, Cerejos, Crespos e outras bestas da sua igualha. Tudo feito no silêncio dos gabinetes. Pode parecer pouco.Para mim foi obra!!!!
subscrevo
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Mensagem por Viriato Sáb Set 04, 2010 3:41 am

Casa Pia

Depois de 8 anos de processo, julgamentos públicos, fugas ao segredo de justiça, nomes que se murmuravam em todos os cafés, decapitação de partidos políticos, é difícil dizer que foi feita justiça. No entanto chegou-se a algum lado. Houve julgamento, condenações e uma absolvição.


Ficará sempre a dúvida do que ficou por dizer ou fazer, se o que se disse e fez foi justo ou não. Mas isso não é novidade. Os processos eternizam-se e, no fim, fica sempre a pairar a dúvida. Mesmo assim, parece-me muito importante que tenha havido um desfecho. Apesar de tudo.


publicado por Sofia Loureiro dos Santos
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Mensagem por ricardonunes Sáb Set 04, 2010 3:41 am

Por falar em mediatismo..........


Carlos Cruz revela vídeos inéditos no seu site

Depois de conhecer a sentença de sete anos a que foi condenadopor abuso sexual de menores, Carlos Cruz divulga agora no seu site vídeos inéditos que estão presentes no processo e que foram gravados pelo tribunal.

"Na ausência em Portugal de um bom jornalismo jurídico e de investigação, as notícias que foram sendo divulgadas ao longo destes quase 8 anos nunca reflectiram nem a verdade do que se encontra no Processo nem o que se passou na fase de Instrução nem no Julgamento." É assim que Carlos Cruz justifica a divulgação, no seu site, de vídeos que estão, de acordo com o apresentador, no processo e que foram gravadas pelo próprio Tribunal.

"São provas que decorrem de diligências requisitadas ao Tribunal pelas defesas dos arguidos. Notas: Os "bips" que ouvir nos videos foram colocados por mim para omitir os nomes dos rapazes. Todos os quadros com legendas são de minha autoria e pretendem ajudar à leitura do que vão ver. Nestas imagens você viu dois jovens, de cara desfocada, que me acusam", explica Carlos Cruz.

No primeiro vídeo apresentado pode ver-se uma vítima identificada como JPL a fazer o reconhecimento de uma casa na presença da juíza Ana Peres , do procurador-geral João Aibéu, do advogado das vítimas Miguel Matias e ainda doo advogado de Carlos Cruz, Ricardo Sá Fernandes.

Ao longo do vídeo vão surgindo separadores, inseridos por Carlos Cruz, na imagem com informações que mostram as supostas contradições dos depoimentos desta vítima.

No texto que acompanha os vídeos, Carlos Cruz esclarece que as vítimas presentes nos vídeo são duas principais testemunhas do processo,cujas imagens "foram amplamente divulgadas pela TVI na altura da minha prisão".

Carlos Cruz acusa ainda a TVI de instrumentalizar uma das vítimas e lança suspeitas sobre a credibilidade da investigação do Ministério Público.

Ainda antes da leitura da sentença, Carlos Cruz já tinha prometido revelar novas provas no seu site. "Vou pôr o processo no site para que as pessoas possam consultá-lo e verem se tenho ou não razão", garantia o apresentador.

Ainda hoje, na conferência de imprensa que deu no Hotel Altis, Carlos Cruz prometeu ainad revelar nomes de polítcos de vários partidos que estavam referidos no processo e nunca foram ouvidos.


@SAPO
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Mensagem por Viriato Sáb Set 04, 2010 3:47 am

Um processo e os seus erros

por JOÃO MARCELINO

1. Em 1994 estava em Los Angeles quando OJ Simpson foi detido pela suposta autoria da morte da sua segunda mulher (Nicole Brown), violentamente assassinada à facada, tal como de um amigo dela (Ronald Goldman). Simpson era, e é, um famosíssimo ex-atleta do futebol norte-americano, uma espécie de Pelé daquela variante de capacete e bola oval só ao alcance de superatletas. Foi a primeira vez que acompanhei com interesse um processo criminal. Assisti, por isso, dias depois, à sua fuga pelas auto- -estradas da Califórnia, durante cerca de 100 km, transmitida pela televisão em directo a partir de helicópteros. Ele escrevera uma carta a amigos dizendo que ia matar-se, mas no final, depois de mais umas horas fechado no automóvel com uma pistola nas mãos, pensou melhor e entregou-se.

Os indícios contra Simpson eram tremendos. Encontrara-se no seu automóvel uma luva ensanguentada. A sua detenção, em Chicago ou em Detroit, já não me recordo, para onde viajara sem motivo na mesma noite do crime, também não era facilmente explicável. O caldo completava-se com um longo historial de violência doméstica.

O julgamento apaixonou os EUA, e muita gente à volta do mundo. Mediaram apenas três meses entre a sua detenção (12 de Junho) e o começo do julgamento (6 de Setembro). A sentença demorou pouco mais de um ano: foi pronunciada em Outubro de 1995, e seguida num programa televisivo que ainda hoje é recorde de audiência. Simpson, homem muito rico, gastou quase três milhões de dólares em advogados, dos mais famosos e caros do país. Estes, com mestria, deram ao caso a dimensão de uma perseguição racial, porque Simpson é negro e Nicole era branca. No fim, o júri, com nove negros em 12, proclamou: "inocente".

A justiça nos Estados Unidos, como em todo o mundo, é sempre mais amiga de quem pode pagá-la - mas, ao contrário do que acontece em muitos outros pontos, funciona rápido. Tem os seus tempos mas não pede a eternidade. Por aí é um bom exemplo.


2. Ilibado, Simpson não perdeu tempo a tentar recuperar o dinheiro perdido, porque apesar de inocente criminalmente ele fora condenado, em processo cível, a pagar cerca de 30 milhões de dólares às famílias das vítimas. Por isso, surgiu o livro If I Did it ("Se eu o tivesse feito"). E aí Simpson descrevia, com enorme frieza e despudor, o crime. "Se o tivesse feito, que não o fiz, tê-lo-ia feito assim." E toda a gente ficou a saber como tudo acontecera. Simpson é o caso extremo de um criminoso que não resiste a vangloriar-se depois de ter ganho segundo as regras.

O livro escandalizou os EUA. Perante a revolta geral, a editora retirou-o de circulação e pediu desculpas públicas. Se nos EUA, como em outros países, um cidadão não pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime, de uma coisa, no entanto, não ficaram dúvidas: Simpson matara a mulher e o amigo dela, por ciúmes, e era um ser humano suficientemente disforme para se gabar da monstruosidade de que nunca se arrependera.

Nesse momento, como em outros, ficava claro que também é possível a um tribunal enganar-se, ser manipulado, avaliar mal as provas. Não há nada de novo nisso.

E se hoje Simpson está finalmente preso (desde Dezembro de 2008, por 33 anos) isso deve-se a um outro crime (assalto à mão armada e roubo) consumado muitos anos depois em Las Vegas. Aí, sem sombra de dúvidas, foi apanhado.


Só escrevi esta crónica sobre um tema longínquo, no tempo e no espaço, porque depois de seguir as transmissões televisivas em directo da leitura da sentença do chamado caso Casa Pia não fui capaz de deixar de responder ao repto de um mediático advogado que vi berrar aos jornalistas sobre a falta de qualidade da justiça, dos juízes que a fazem, e do jornalismo que a não escrutina de forma devida. Espero que o senhor advogado admita que erros há muitos, vítimas sempre, criminosos assumidos é que quase nunca...
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Mensagem por ricardonunes Sáb Set 04, 2010 3:47 am

RESUMO DO ACORDÃO DO COLECTIVO DE JUÍZES
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Mensagem por ricardonunes Sáb Set 04, 2010 4:03 am

'Ritmo das decisões judiciais pode levar à prescrição do processo'

O Bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Marinho Pinto, considera que a manter-se o ritmo das decisões judiciais no processo da Casa Pia, cujo julgamento demorou seis anos, os crimes vão acabar por prescrever.

«Não se pode dizer que correu bem um processo em que uma das suas fases demora seis anos. Quando [o julgamento] demora seis anos, é terrível, a manter-se este ritmo, eu digo muito claramente que o processo vai acabar por prescrição», disse Marinho Pinto, na sexta feira à noite, numa tertúlia no Casino da Figueira da Foz.

Intervindo na tertúlia «125 minutos com…», Marinho Pinto lembrou que alguns dos crimes foram cometidos nos anos 90 e «começam já a prescrever em 2016, daqui por seis anos».

«Seis anos foi o que demorou só o julgamento, normalmente a fase dos recursos demora muito mais», argumentou.

Segundo o Bastonário da OA, há julgamentos que duram um dia e cujos recursos para os tribunais da Relação «demoram, às vezes, nove, dez meses, um ano, dois ou três anos».

«Eu estou à espera de um acórdão da Relação há três anos», exemplificou.

Instado pela jornalista Fátima Campos Ferreira, anfitriã da tertúlia, a comentar afirmações do presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Noronha do Nascimento, segundo as quais aquela instância superior decide recursos em três ou quatro meses, Marinho Pinto negou que assim seja.

«O Dr. Noronha do Nascimento tem umas estatísticas muito especiais que eu não quero comentar aqui. Quero só dizer que é uma grande mentira, resultante da soma de pequenas verdades», sublinhou.

Para Marinho Pinto as «estatísticas» de Noronha do Nascimento têm de ser interpretadas «com muita prudência e muita cautela».

«Ele acaba de dizer que o Supremo Tribunal de Justiça decide em três meses ou quatro. Isso não é verdade, há lá processos que estão há bastante mais meses», argumentou o Bastonário.

Por outro lado, Marinho Pinto disse ser necessário levar em conta que, nos dias de hoje, «praticamente não há um recurso para o Supremo Tribunal de Justiça em matéria cível».

«Mesmo em matéria criminal, aqueles que a lei permite que vão para o Supremo, o Supremo manda para as Relações», disse.

O julgamento do processo de abusos sexuais na Casa Pia chegou sexta feira ao fim com a leitura do acórdão final, quase seis anos depois de ter começado.

A pena maior foi atribuída a Carlos Silvino, com o ex-funcionário da Casa Pia a ser condenado a 18 anos de prisão efectiva.

O apresentador de televisão Carlos Cruz foi condenado a sete anos de prisão efectiva, o diplomata aposentado Jorge Ritto a seis anos e oito meses e o ex-provedor-adjunto da Casa Pia Manuel Abrantes a cinco anos e nove meses.

O tribunal aplicou ainda ao médico Ferreira Diniz a pena de sete anos de prisão efectiva e ao advogado Hugo Marçal a de seis anos e meio. Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais, foi absolvida.

Lusa / SOL

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Mensagem por Viriato Sáb Set 04, 2010 4:05 am

Casa Pia

Porque carga d'água está Carlos Cruz a fazer uma comunicação aos portugueses? (e aos espanhóis, pelos vistos, que acabou agora de responder em espanhol)

O único comentário que tenho a fazer, de resto o único que eu me autorizaria a fazer publicamente, tem a ver com as malditas caixas de comentários das edições online dos jornais. É manifestamente vergonhoso que se continue a permitir tamanho fartar vilanagem. Algum do povo que por ali esgravata é o mesmo que acorria sedento aos autos-de-fé de antanho. Sobre a bondade da sentença, obviamente não me pronuncio, desde logo porque não conheço o processo. Porém, para que aqui não leiam o que aqui não escrevi, esclareço que, nas ditas caixas de comentários, o vilipêndio vai a eito, de forma cega, sem olhar a quem. Como leão de zoo que se apanha solto. Ataca arguidos, queixosos, advogados, juízes, terceiros que nada têm a ver com o processo. Come tudo, a besta. Ataca a liberdade, que a liberdade não é isto.

Rogério da Costa Pereira
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Mensagem por Viriato Sáb Set 04, 2010 4:08 am

JULGAMENTO DO CASO CASA PIA


Quando um arguido é acusado de 100 crimes, pronunciado por 50 e condenado por 2 fico com dúvidas, fico com a sensação de que os arguidos não foram condenados em primeira instância, neste processo a primeira instância foi na rua e nas redacções dos jornais.

Por tudo o que vi estou convicto de que se tivesse sido escolhido um cidadão anónimo de forma aleatória e a este fossem feitas centenas de acusações dificilmente conseguiria provar a sua inocência em todas. Ainda que o ónus da prova caiba à justiça a verdade é que neste processo foram os arguidos a terem que provar a sua inocência, tendo mesmo que enfrentar alterações na acusação já no final do julgamento. Isto foi assim porque partido do princípio de que uns falam sempre verdade só resta aos outros provar que falam mentira e isso sucedeu em relação a centenas de acusações.

Alguém acredita que as vítimas, mesmo no pressuposto de que falaram verdade, sabiam de todas as datas em que ocorreram os abusos? Eu não acredito, pelo que a multiplicação de acusações em datas aleatórias só poderá ter servido para levar a um julgamento tão longo que arruinasse os arguidos, impossibilitando-os de fazer a defesa. Se em cima disso e na fase final do julgamento a acusação altera essas datas dificilmente um arguido, por mais inocente que fosse conseguiria escapar a uma acusação.

Ou estou muito enganado ou um dia destes este processo será reaberto.


O Jumento
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Mensagem por Viriato Sáb Set 04, 2010 11:40 am

A justiça espectáculo

O processo Casa Pia acabou como começou, com um imenso espectáculo onde os artistas principais foram mudando ao longo dos anos e com os juízes a parecer seguir o modelo daquelas séries em que são os telespectadores a telefonar por uma linha de valor acrescentado para escolher o final que desejam. O que se passou na sala do tribunal pouco importa, o julgamento decorreu na comunicação social e o tribunal de primeira instância foram os jornais e as televisões. Pouco importa se os arguidos eram ou não inocentes ou se a decisão foi não justa, tudo foi inquinado por esta justiça espectáculo a que a juíza presidente do colectivo não escapou no momento em que simulou a leitura do acórdão, o importante não era os arguidos saberem porque estavam a ser condenados, era passar a informação aos jornalistas, eles sim os principais "espectadores" deste espectáculo.

Até a leitura da sentença obedeceu mais a preocupações jornalísticas do que de justiça, em vez de um acórdão vimos um comunicado de imprensa, não será de admirar que um dia destes um juiz recorra ao PowerPoint para dizer da sua justiça, recorrendo a música e animações para dramatizar o acórdão. Há algo de estranho quando um colectivo lê uma síntese do acórdão que supostamente está elaborado e devidamente assinado e informa que esse mesmo acórdão será distribuído apenas na próxima quarta-feira. É compreensível a opção por ler um resumo, é duvidoso que o acórdão não tenha sido distribuído pelos advogados e Ministério Público. Quem nos garante que estava mesmo concluído ou que não vai ser corrigido em função das posições dos diversos intervenientes? Dir-me-ão que isso é impossível, que os juízes estão a cima de qualquer suspeita, mas nesse caso eu recomendarei que a vacina tomada pelos magistrados seja ministrada a todos os portugueses, com prioridade para os jornalistas já que nos últimos tempos têm assumido o papel de magistrados.

Curiosa foi a posição dos representantes oficiais das corporações da justiça. Depois de anos em que o processo foi inquinado por múltiplas manobras de pressão sobre os juízes, depois de linchamentos na praça pública e de tentativa de provocar uma vaga justiceira que destruísse algumas personalidades políticas, o representante sindical dos juízes vêem pedir aquilo que nunca foi pedido, pediu reserva por parte de magistrados e advogados. Isto é, enquanto o julgamento podia ser condicionado, enquanto a opinião pública podia ser manipulada, enquanto qualquer cidadão podia ser difamado não se pediu reserva, foi um regabofe, agora que é hora de balanço e de questionar e avaliar a justiça pedem aos que sabem da matéria para ficarem calados. Quando estava em causa o linchamento de cidadãos não havia probleema, a reserva dica "reservada" para a hora de avaliação dos magistrados, esses estão acima de qualquer condenação.

Como era de esperar, o sindicalista do Ministério Público veio sugerir que o processo fosse um case study invocando o tempo que demorou a ser julgado. A sugestão do sindicalista procurador-político deixa no ar a sugestão de que a causa da duração do julgamento terá resultado dos requerimentos e recursos da defesa, isto é, do suposto excesso de direitos de defesa previstos no nosso direito penal, argumento muita vezes usado para encobrir a incompetência de procuradores que, por exemplo, não conseguem levar uma escuta válida a um julgamento. Só que o conhecido sindicalista deve acrescentar um segundo case study que é a estratégia de multiplicação por centenas o número de acusações para dificultar a defesa, para levar os arguidos à falência muito antes de terminar o julgamento. Até poderia acrescentar a alteração da acusação quando as supostas provas caíram, como se num par de hora fosse possível aos arguidos saber onde estavam a tal hora naquele dia, há cinco anos atrás.

Não me cabe julgar ou condenar os arguidos isso é tarefa dos tribunais, o problema existe quando deixamos de confiar nos tribunais. Aqueles que defenderam a condenação a partir das primeiras violaçõesm manhosas do segredo de justiça poderão estar satisfeitos pois o colectivo confirmou a sua decisão. Eu fiquei com dúvidas quanto à forma como a justiça (polícia, magistrados do MP, juízes e mesmo alguns advogados) actuou em todo este processo. Isto não foi justiça, foi um espectáculo medíocre.

Publicada por Jumento
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Mensagem por Viriato Dom Set 05, 2010 3:39 am

Justiça

Falar do caso Casa Pia? Não faço parte de quantos têm certezas na matéria. As ondas de notícias, ao longo dos anos, não criaram em mim qualquer convicção profunda, embora, como a qualquer pessoa, tenham provocado alguns efeitos impressionistas. Mas, com a vida, aprendi que, por regra, só devemos falar de forma imperativa daquilo que realmente sabemos. E que sabemos nós deste caso, mais do que a própria Justiça? O que lemos nos jornais ou o que as televisões nos trouxeram?


Para mim, apenas duas coisas são certas. A primeira é que houve jovens abusados, acolhidos pela Casa Pia, uma instituição estatal que tinha como obrigação protegê-los e que acabou por se transformar num "supermercado" de sexo infantil e juvenil. A segunda é que um processo conduzido por vários profissionais judiciais, sobre cuja independência global não parece haver razões para alimentar dúvidas, chegou à conclusão que certas pessoas foram culpadas por parte dos abusos cometidos sobre esses jovens e, por essa razão, condenou-os.


Haverá inocentes entre os agora considerado culpados? Se assim for, estamos perante uma tragédia irreparável, embora o sistema judicial português faculte meios que permitem que haja uma revisão do processo. Porém, mesmo que venha a confirmar-se, em derradeira instância, que algum ou alguns dos agora condenados estava inocente, já nada poderá apagar a mancha pública criada sobre a sua imagem, bem como os efeitos sobre as suas famílias e a sua vida futura. A assim ser, a imagem da justiça portuguesa vai sair fortemente ferida, aos olhos da opinião pública. Se, ao invés, estas sentenças vierem a ser basicamente confirmadas por outros juízes, também independentes, só deveremos concluir que, não obstante um condicionamento mediático quase sem paralelo, a justiça portuguesa acabou por fazer o trabalho que lhe competia.


Resta uma questão - essa também da maior gravidade - que ficou (para sempre?) sem resposta: quem e porquê tentou arrastar para este processo suspeitas sobre cidadãos, muitos dos quais nem sequer são conhecidos da opinião pública, que a justiça - a mesma que agora condenou este réus - considerou não terem qualquer fundamento? Essa será, para sempre, uma irrecuperável nódoa na nossa democracia.


Pena é que, por razões múltiplas, todas estas coisas demorem um tempo imenso a ser resolvidas. Fazer justiça é também tomar decisões, de condenação ou de inocentação, num prazo razoável. A justiça fora do tempo acaba por ser um arremedo de justiça.

Postado por Francisco Seixas da Costa

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Mensagem por Vitor mango Dom Set 05, 2010 4:15 am

Pena é que, por razões múltiplas, todas estas coisas demorem um tempo imenso a ser resolvidas. Fazer justiça é também tomar decisões, de condenação ou de inocentação, num prazo razoável. A justiça fora do tempo acaba por ser um arremedo de justiça.
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Mensagem por Viriato Seg Set 06, 2010 5:13 am

A frieza da dúvida

Do que pudemos saber, as sentenças no caso Casa Pia baseiam-se na palavra das vítimas. Não foram conseguidas provas circunstanciais. A emoção manda escolher um lado. E é aí que precisamos da dúvida fria e racional.

Daniel Oliveira (www.arrastao.org)


Por princípio duvido. Sempre. Não é cinismo, é apenas uma forma de me obrigar a pensar. A dúvida não pode paralisar. Tem de corresponder a um método que nos leve a algum lado. Mas precisamos sempre dela. E quando se trata de tirar a liberdade a alguém a colar-lhe para sempre a rótulo de pedófilo a dúvida é a única atitude aceitável.

Tudo no processo Casa Pia nos manda estar do lado certo. Trata-se de um crime que fere de forma profunda a sensibilidade de todos. Nem é preciso ser especialmente sensível ou sequer bem formado para sentir a revolta. E ainda por cima com crianças institucionalizadas. As mais desprotegidas. E sabendo-se que foram de facto repetidamente abusadas.

A trama não deixa espaço para meias-tintas. De um lado adultos, do outro crianças e adolescentes. De um lado ricos, do outro pobres. De um lado poderosos, do outro os mais desprotegidos dos desprotegidos. E isto num pais onde a impunidade se compra. Como duvidar?

Pelo contrário, é quando a emoção exige certezas que temos de nos impor a dúvida no nosso espírito.

Todas as investigações de abuso sexual são difíceis. Sobretudo quando acontecem, como a maior parte das vezes acontecem, em contexto familiar. É a palavra da criança, confusa, vulnerável, traumatizada e assustada, contra a do abusador, adulto, maduro, dominador e racional. E quando tudo aconteceu longe dos olhos de todos.

Não é bem o caso deste processo. São várias vítimas e vários abusadores. Gente que se tinha de contactar e de se deslocar. Neste tipo de crime, trata-se, apesar de tudo, de uma investigação mais fácil porque os abusadores estiveram mais expostos. Sobretudo os que são figuras publicas facilmente reconhecidas.

Infelizmente, sabemos quais foram as penas mas não temos ainda acesso à sentença (o que é absurdo, num caso com este grau de mediatização, depois de seis anos de julgamento e quando as últimas alegações foram ouvidas em Fevereiro de 2009) nem conhecemos a fundamentação para cada uma delas (coisa inaceitável num caso com este melindre público). Tudo só pode ser dito e escrito com uma reserva que não era suposto existir depois da condenação.

Sabemos que as provas contra os condenados, com a excepção de Carlos Silvino, se baseiam nos testemunhos das vítimas. Não há, pelo que percebi, provas circunstanciais.

Sempre com a reserva que a informação incompleta obriga, sabe-se que , com excepção de Manuel Abrantes e Carlos Silvino (um era motorista do outro) e de um telefonema do consultório de Ferreira Diniz para Rito, que terá tido outra origem, não há um registo de telefonema para Carlos Silvino, outro abusador ou vítimas de nenhum dos acusados. Isto apesar de milhões de registos de um período de dez anos investigados. Nada. Em dez anos, com tantos encontros e tanta gente nesta rede, nunca ninguém falou com ninguém. E sabemos que estes registos só foram incluidos no processo a pedido dos arguídos. O Ministério Público considerva uma não prova.

Apesar de serem seis abusadores e sete abusados (os outros 25 referem-se apenas a Silvino), nunca ninguém, a não ser os assistentes neste processo, viu os condenados próximo de nenhum dos doze lugares que tantas vezes terão visitado. A não ser a empregada de Ferreira Diniz que disse que terá visto Carlos Cruz sentado na sala de espera da sua clínica, coisa que não ficou muito clara em julgamento e que desconheço se estará sequer na fundamentação da sentença. Isto apesar de Carlos Cruz ser, à época, uma das figuras mais conhecidas deste País e de dificilmente escapar à atenção de qualquer pessoa. E não foi por não se procurar: foram ouvidas 900 testemunhas, cem só em Elvas. E nunca ninguém viu nada em nenhum dos doze locais.

Três dos doze locais chegaram a ser identificados com morada certa e deixaram de o ser quando se mostrou impossível que ali tivessem acontecido os crimes. Passaram então a ser identificados como um prédio nos números impares da Alameda Afonso Henriques, outro na Avenida da República perto da Feira Popular e uma moradia algures no Restelo, para lá de um outro que já era identificado como um lugar não determinado da Buraca. Como puderam, nestes casos, os arguidos defender-se quando nem é possível encontrar testemunhas?

A descrição da casa de Elvas feita pelas vítimas estava toda errada, sendo certo que não houve obras na casa até à prisão do acusado. Mais: uma das vítimas fora lá ainda antes, na companhia de uma jornalista da TVI. A jornalista depôs em tribunal e explicou que o queixoso estava à nora. E à casa de Elvas, descrita como centro de orgias, afinal só foi, segundo a sentença, Carlos Cruz.

Como se pôde ouvir na leitura da sentença, grande parte das datas é de uma enorme imprecisão. Há mesmo dois casos envolvendo Carlos Cruz em que se situa um crime algures num trimestre. Como é possível provar a inocência num espaço tão dilatado de tempo?

Sem provas circunstanciais, pequenas que sejam, restou a palavra das vítimas. Imprecisa, difusa e, neste processo, muitas vezes contraditória. Coisa natural, dado a distância temporal e o trauma, dirão e eu concordo. Mas como se podem defender os acusados quando a única coisa que sobra é essa imprecisão? Sem contar que algumas das vítimas acusaram pessoas de crimes que se vieram a provar sem fundamento.

Não conheço Carlos Cruz ou qualquer outro dos condenados. Não tenho por eles nem simpatia nem antipatia. Não tenho qualquer convicção em relação à sua culpa ou inocência. Sei que duvidar da palavra de vítimas de abuso sexual pode ser de uma enorme crueldade. Mas sei que noutros países já aconteceram processos destes que se vieram a provar infundados. Que sem nada que sustente a culpa a não ser a palavra das vítimas estaremos num terreno pantanoso.

Se acho que as vítimas mentiram? Nem sim, nem não. Não tenho como saber de uma forma rigorosa e racional. A emoção diz-me que não, mas a razão não me diz nada. Se acho que, não mentido, têm obrigação de se recordar com precisão de datas e de casas? Claro que não. Só têm obrigação de dizer a verdade com o rigor que lhes é possível.

Repito: não tenho qualquer convicção nesta matéria. Mas tenho muitas dúvidas, baseadas em factos e não em emoções (essas levar-me-iam para a condenação certa), sobre esta investigação e este julgamento, nos quais abundaram episódios caricatos. Por isso, não me junto ao coro de festejos populares. Porque ele resulta quase exclusivamente de julgamentos emocionais pouco informados (os poderosos tinham de ser culpados) e porque estas dúvidas não me deixam descansado. E se algum destes condenados for inocente? E se não tiveram, perante tanta imprecisão, forma de se defender? E se as vítimas não estivessem a dizer a verdade quando mais nada existe a não ser a sua palavra? Imaginam a monstruosidade?

Seria excelente estar do lado da certeza reconfortante: o poder mediático e económico não conseguiu calar a justiça e por uma vez as vítimas viram as suas vidas destruídas vingadas. Mas se não for assim? Se algum dos condenados não for abusador? A frieza sinistra da dúvida é lixada. Mas é a única coisa que nos salva da injustiça das verdades feitas. E os factos que conheço sobre esta investigação não me dão as certezas de que precisava.

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Mensagem por Joao Ruiz Seg Set 06, 2010 6:40 am

Sempre defendi a racionalidade contra a emotividade, principalmente se empolada, como no caso vertente, que levou, inclusivamente, à condenação imediata, em praça púbica, a meu ver prejudicando e comprometendo seriamente a investigação e, logicamente, as conclusões do processo (sentenças).

Por isso, aplaudo e subscrevo a análise do Daniel Oliveira.


cheers

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Mensagem por Vitor mango Seg Set 06, 2010 7:35 am

e se algum destes condenados estiver inocente ?
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Mensagem por Joao Ruiz Seg Set 06, 2010 8:04 am

Vitor mango escreveu:e se algum destes condenados estiver inocente ?

Isso é, precisamente, o que o Daniel Oliveira põe em destaque!

Twisted Evil

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Mensagem por Viriato Ter Set 07, 2010 3:01 am

HÁ COISAS QUE NÃO ENTENDO

Enquanto o processo Casa Pia esteve em investigação foi um regabofe de violações ao segredo de justiça sem que isso tenha incomodado muito as nossas magistraturas. Agora que terminou o julgamento em primeira instância falam de crime de desobediência porque Carlos Cruz divulgou três vídeos. O que receava a juíza ao proibir a divulgação dos vídeos?

ESTRANHO

Quando o médico Ferreira Dinis foi condenado no processo Casa Pia a Ordem dos Médicos apressou-se a vir informar que poderia suspender o médico. Agora que está em causa o médico que cegou várias pessoas a mesma Ordem dos Médicos entre em debate com a ministra da Saúde dizendo que não tem competências para suspender o médico.


O Jumento
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Mensagem por ricardonunes Ter Set 07, 2010 3:02 am

Carlos Cruz vai divulgar mais de 200 nomes que constam do processo Casa Pia

Carlos Cruz vai divulgar, no seu site, no final do mês, mais de 200 nomes que constam do processo Casa Pia e que não foram constituídos arguidos. O antigo apresentador, condenado a pena de prisão, garante em entrevista ao jornal "i" que não teme ser acusado de desobediência.

Carlos Cruz revela que entre os nomes referidos, como alegados abusadores na fase de inquérito, estão um antigo Presidente da República, vários líderes e antigos líderes partidários, assim como alguns actores e jogadores de futebol.

"Carlos Cruz vai divulgar no seu site todos os autos do interrogatório onde se podem ler as descrições feitas pelos rapazes alegadamente abusados e a forma como eles acusam todas estas personalidades", escreve o "i".

Carlos Cruz estranha que estas pessoas não tenham sido inetrrogadas e constituídas arguidas: "Então os testemunhos são válidos só para algumas pessoas?", interroga o apresentador no jornal.

No site já estão disponíveis vídeos das visitas de reconhecimento aos locais onde se praticaram os abusos. O antigo apresentador diz que não teme ser acusado de crimes de desobediência porque não tem nada a esconder.

"As pessoas têm o direito de saber a monstruosidade que me fizeram. Nesta fase não há segredo que justifique o claro interesse público que é a divulgação de tudo o que foi feito para me incriminar a mim e aos outros arguidos. (...) Eu não tenho nada a esconder. Se o Ministério Público tem, esse é um problema que não é meu", disse ao "i".

SIC
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Mensagem por ricardonunes Ter Set 07, 2010 3:11 am

Querem ver que foram os miúdos a abusar do Carlos Cruz e Cª?

  Processo Casa Pia andará mais três anos em tribunal Gd-66aa

Com a quantidade de dúvidas levantadas começa a pairar a ideia de que tudo foi inventado e que ninguém na realidade abusou dos miúdos da Casa Pia. Ou será que o objectivo é mesmo esse? Criar a suspeita e lançar a confusão.

Para uma criança ser violada normalmente é preciso existir um violador. É de La Palisse. As marcas do corpo e no interior não brotam por geração espontânea. Neste caso não estamos a falar de uma mas de várias crianças abusadas. Outras houve que não deram a cara. Sofreram em silêncio. Fechadas na vergonha. E é com desconfiança que vejo alguns levantarem suspeitas sobre a veracidade dos factos relatados por quem teve a coragem de falar. E mais, desdenhar decisões do tribunal tentando feri-las, descredibiliza-las, sem nada saberem do processo.

Se os abusados fossem os próprios filhos teriam estas pessoas a mesma atitude? Utilizariam os mesmos argumentos? Não acreditariam na sua palavra? Se sim já cá não está quem falou. Ou será que a dúvida só existe porque os miúdos são alunos da casa Pia e não dos Salesianos? É que os casapianos não têm culpa de ser órfãos na sua maioria e por isso mais susceptíveis a que algo do género lhes aconteça. Estiveram entregues a uma instituição que foi incapaz de os defender ao longo de décadas. Isso torná-los-á, só por si, em mentirosos? Se fossem oito meninos de um colégio "bem" de Lisboa a denunciar os actos as dúvidas manter-se-iam?

Que os culpados o façam, entendo. Nenhum pedófilo admite que o é, muito menos quem negou sê-lo desde o inicio, nem arguido era à altura. Até o Bibi "coitado" não é pedófilo. É um pobre diabo que foi abusado em criança. Como tal achou que deveria fazer o mesmo às gerações que se seguiram. Estes senhores, sem vergonha, fazem conferências de imprensa, mentem, manipulam e utilizam a sedenta comunicação social, criam sites da carochinha, advogados histéricos. Tudo vale para lançar a confusão. E no fim vêm os do contra manifestar a dúvida. Os mesmos que gritariam o "rei vai nu e é um grande pedófilo" caso o processo tivesse resultado em absolvições.

Nunca tinha visto uma pessoa condenada a vários anos de prisão efectiva dar-se ao luxo de vir enxovalhar juízes minutos após finalizada a audiência que o condenou, numa conferência de imprensa previamente preparada. Seguiu-se o jornal da noite, o telejornal, as rádios, em Inglês, Francês, Espanhol, nos jornais, programas de debate e na internet. Uma autêntica palhaçada. Só faltou traduzirem em mandarim. O Sr. Televisão de volta. Malabarismos. Valem o que valem.

Agora assistir a pessoas com responsabilidade lançarem a suspeição, criar nebulosidade sob decisões que não aceitam ou crêem ser não acertadas, baseados nos mesmos argumentos que os pedófilos usam, o de que as crianças mentem, para tentar mascarar o óbvio é que me parece podre. Sórdido mesmo.

Estes senhores foram considerados culpados por actos pedófilos, não assaltaram o café da esquina. E se para algumas pessoas é fácil dizer que as crianças mentem, que os juízes acreditam na mentira, que as decisões traduzem imprecisões ou baseadas em provas circunstanciais, então será justo dizer, em nome da igualdade que muitos adoram apregoar quando lhes convém, que os pedófilos também podem mentir, ou não?
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Mensagem por Joao Ruiz Ter Set 07, 2010 4:37 am

.
Não sei quem é Tiago Mesquita, nem o que o move, ao escrever um texto tão emotivo, que o faz perder a razão, na maioria das suas afirmações. É só comparar com um outro, escrito por Daniel Oliveira, perfeitamente equilibrado, dando conta das dúvidas que o assaltam, sem esconder a sua inclinação para o lado da vítimas. É a grande diferença entre o racional e o emotivo, o certo e o errado.

O processo Casa Pia começou, inquinado pela imediata condenação na praça pública, pela busca de protagonismo à sua sombra, pelo mediatismo exagerado, etc. etc., que fatalmente o levariam ao descrédito total. A juntar a tudo isto, apresentar como dogma que as crianças não mentem. Olá se mentem e como! Por vezes arranjam cada sarilho...

Não tenho dúvida que houve abusos e muitos, mas não acredito que muitas das acusações sejam verdadeiras, porque um crime desses, atento todo o sofrimento físico e moral que provoca, tem de ficar tão vincado nas vítimas, que é impossível não haver precisão ao recordá-lo (salvo os imponderáveis de situações de saúde inesperadas).

Considero que qualquer pessoa que cometa este tipo de crime, para mim até mais hediondo que matar, tem de ser severamente punida, mas e só depois de devidamente provados e comprovados os factos imputados. Se assim não for, tudo não passará de palhaçada monstruosa, ou o mesmo que justificar um crime com outro crime.

Assim e, concordando em que a justiça deve ser cega, não "olhando" a outra coisa, que não seja a verdade, acho que assiste todo o direito aos ora condenados de provarem que foram vítimas de erro de julgamento e, consequentemente, injustiçados.

E antes que venham com mais emotividade para cima de mim, aviso desde já, que não costumo "encarneirar" nas ondas do momento, nem pautar as minhas opiniões, apenas pelo politicamente correcto, com medo de que me apontem o dedo.

No


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Mensagem por ricardonunes Ter Set 07, 2010 5:45 am

João Ruiz escreveu:.
Assim e, concordando em que a justiça deve ser cega, não "olhando" a outra coisa, que não seja a verdade, acho que assiste todo o direito aos ora condenados de provarem que foram vítimas de erro de julgamento e, consequentemente, injustiçados.


Durante os 5 ou 6 anos de julgamento não o conseguiram provar, é agora, com o aproveitamento das alterações ao código penal, que o vão fazer!



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Mensagem por Joao Ruiz Ter Set 07, 2010 6:21 am

ricardonunes escreveu:
João Ruiz escreveu:.
Assim e, concordando em que a justiça deve ser cega, não "olhando" a outra coisa, que não seja a verdade, acho que assiste todo o direito aos ora condenados de provarem que foram vítimas de erro de julgamento e, consequentemente, injustiçados.


Durante os 5 ou 6 anos de julgamento não o conseguiram provar, é agora, com o aproveitamento das alterações ao código penal, que o vão fazer!




Terão sido mesmo 5 ou 6 anos de julgamento, ou 5 ou 6 anos de mediatismo imperdoável?!?!

De qualquer modo, lembro os muitos erros judiciários que se cometem e que só
se descobrem tarde demais, pelo que o melhor será esperar pelo desfecho, antes de se arriscarem conclusões precipitadas...

Idea

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Mensagem por Vitor mango Ter Set 07, 2010 6:35 am

nisto de condenarem a vitima em publico lembro-me logo de Jesus Cristo quando apedrejavam a madame ( seria a Maria madalena ...ai beu beu nao sei
Normalmente a Coragem é ir contra quem esta danado a apedrejar algo ou alguma coisa
Numa alcateia de lobos um lobo ferido é de imediato comido pela matilha
Ser a que no nosso intimo ha uma morbidez atavica para destruir o próximo ?
E veem-me de novo á memoria os Incas que arrancavam o coração da malta so para acalmar os Deuses
Na minha a motivação era sempre a mesma
MEDO ...e o despertar do chip para a violência


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