NUNO Rogeiro comenta o mundo
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NUNO Rogeiro comenta o mundo
O canalizador
O canalizador
Foi o último frente-a-frente Obama-McCain, sobre fundo de crise universal. No fim da história, um daqueles homens será o líder do "Mundo pós-americano". Talvez um imperador a tomar chá nas ruínas, mas um poder a ter sempre em conta.
Para a maioria dos seis observadores imediatos da CNN, experientes e representativos de "sensibilidades" diversas, McCain ganhou a peleja. Dois pronunciaram-se pela vitória Obama. Um achou que se tratava de um empate. Mas, logo a seguir, e no dia imediato, as sondagens sugeriam uma coisa diferente: Obama tinha triunfado à vontade, e fechava-se assim a última hipótese oratória da campanha McCain.
Como foi observado pelos blogues mais bem-humorados, o grande vencedor do debate foi "Joe, o canalizador". Um analista de Harvard, finamente irónico, pergunta mesmo: "Será amostra sociológica? Afinal, quantos americanos são canalizadores?"
A introdução de "Joe" foi uma boa manobra táctica de John McCain, e deu-se logo no abrir das hostilidades.
A personagem era real, tinha sido citada um dia por Obama, vinha do campo adversário, e tornava-se assim numa espécie de Cavalo de Tróia republicano. Tratava-se de um apoiante democrata, que colocava perguntas embaraçosas a Obama. Entre as quais: "por que é que, sendo eu de classe média, e em risco, vou passar a ser considerado como rico?".
A partir daí, "Joe" esteve presente, como uma testemunha de acusação da América profunda, do país real, no resto da discussão.
A ideia de que os candidatos precisam de se preocupar com o "homem da rua", "the little guy", tem uma grande tradição nas franjas populistas dos dois partidos. No fundo, o "capitalismo" americano vive também desta base.
São os milhões de "Joes" que, fazendo compras nas épocas festivas, mantêm vivos 2/3 da economia dos EUA.
São os milhões que, de Tempe a Fresno, de New Bedford a Miami, olham restaurantes a fechar, parques de campismo abandonados, negócios cancelados, famílias penhoradas.
É este vento pessimista, apocalíptico, que varre a campanha de McCain, e impede que revele a sua verdade. O homem que ousou, em alturas difíceis, lutar contra a máquina do Partido Republicano, que se atreveu a desafiar a dinastia Bush, como candidato, acaba agora por se ver colado a uma presidência que não construiu.
Mas é essa a penalidade pela falta de clareza inicial.
Quanto a Obama, bastou-lhe manter o rumo. Fugiu à tentação professoral, deixando a McCain o ar de discutível superioridade intelectual. Manteve sempre um tom cordato, elevado, quase aristocrático, como se fosse não um senador do norte industrial, mas do Império Romano.
Claro que, como já foi observado por muitos, os debates presidenciais, podendo ser momentos de verdade, são em geral oportunidades para promessas indemonstráveis. McCain voltou ao tema das energias alternativas e da exploração de petróleo nas águas costeiras, mas nunca explicou que quantidades se obteriam, e de que forma poderiam as mesmas manter o crescimento industrial e tecnológico.
Do mesmo modo, prometendo abater os impostos de 95% dos americanos, e tendo em conta o abissal défice federal, Obama não explicou onde iria buscar fundos para manter o superpoder restante.
Agora, faltam duas semanas. Talvez ainda mude algo, mas só se espera que não haja "factos externos" a descarrilar o que parece inevitável.
Nem tumultos raciais, nem terrorismo, nem guerra, nem manipulação de moeda barata.
O canalizador agradece.
O canalizador
Foi o último frente-a-frente Obama-McCain, sobre fundo de crise universal. No fim da história, um daqueles homens será o líder do "Mundo pós-americano". Talvez um imperador a tomar chá nas ruínas, mas um poder a ter sempre em conta.
Para a maioria dos seis observadores imediatos da CNN, experientes e representativos de "sensibilidades" diversas, McCain ganhou a peleja. Dois pronunciaram-se pela vitória Obama. Um achou que se tratava de um empate. Mas, logo a seguir, e no dia imediato, as sondagens sugeriam uma coisa diferente: Obama tinha triunfado à vontade, e fechava-se assim a última hipótese oratória da campanha McCain.
Como foi observado pelos blogues mais bem-humorados, o grande vencedor do debate foi "Joe, o canalizador". Um analista de Harvard, finamente irónico, pergunta mesmo: "Será amostra sociológica? Afinal, quantos americanos são canalizadores?"
A introdução de "Joe" foi uma boa manobra táctica de John McCain, e deu-se logo no abrir das hostilidades.
A personagem era real, tinha sido citada um dia por Obama, vinha do campo adversário, e tornava-se assim numa espécie de Cavalo de Tróia republicano. Tratava-se de um apoiante democrata, que colocava perguntas embaraçosas a Obama. Entre as quais: "por que é que, sendo eu de classe média, e em risco, vou passar a ser considerado como rico?".
A partir daí, "Joe" esteve presente, como uma testemunha de acusação da América profunda, do país real, no resto da discussão.
A ideia de que os candidatos precisam de se preocupar com o "homem da rua", "the little guy", tem uma grande tradição nas franjas populistas dos dois partidos. No fundo, o "capitalismo" americano vive também desta base.
São os milhões de "Joes" que, fazendo compras nas épocas festivas, mantêm vivos 2/3 da economia dos EUA.
São os milhões que, de Tempe a Fresno, de New Bedford a Miami, olham restaurantes a fechar, parques de campismo abandonados, negócios cancelados, famílias penhoradas.
É este vento pessimista, apocalíptico, que varre a campanha de McCain, e impede que revele a sua verdade. O homem que ousou, em alturas difíceis, lutar contra a máquina do Partido Republicano, que se atreveu a desafiar a dinastia Bush, como candidato, acaba agora por se ver colado a uma presidência que não construiu.
Mas é essa a penalidade pela falta de clareza inicial.
Quanto a Obama, bastou-lhe manter o rumo. Fugiu à tentação professoral, deixando a McCain o ar de discutível superioridade intelectual. Manteve sempre um tom cordato, elevado, quase aristocrático, como se fosse não um senador do norte industrial, mas do Império Romano.
Claro que, como já foi observado por muitos, os debates presidenciais, podendo ser momentos de verdade, são em geral oportunidades para promessas indemonstráveis. McCain voltou ao tema das energias alternativas e da exploração de petróleo nas águas costeiras, mas nunca explicou que quantidades se obteriam, e de que forma poderiam as mesmas manter o crescimento industrial e tecnológico.
Do mesmo modo, prometendo abater os impostos de 95% dos americanos, e tendo em conta o abissal défice federal, Obama não explicou onde iria buscar fundos para manter o superpoder restante.
Agora, faltam duas semanas. Talvez ainda mude algo, mas só se espera que não haja "factos externos" a descarrilar o que parece inevitável.
Nem tumultos raciais, nem terrorismo, nem guerra, nem manipulação de moeda barata.
O canalizador agradece.
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