Primeira eleição direta para presidente na República Tcheca tem candidato tatuado dos pés à cabeça
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Primeira eleição direta para presidente na República Tcheca tem candidato tatuado dos pés à cabeça
Primeira eleição direta para presidente na República Tcheca tem candidato tatuado dos pés à cabeça
Vladimir Franz está em terceiro nas pesquisas; esquerdista e centrista devem chegar ao 2º turno
Reprodução/Wikicommons
Vladimir Franz, compositor de ópera e pintor, é o terceiro candidato
nas pesquisas para a eleição presidencial da República Tcheca
Tatuado dos pés à cabeça, cabelo azul e uma variedade de piercings.
Além de compositor, pintor, e professor de teatro, o dono dessa imagem é
mais do que uma figura curiosa: é um dos candidatos da primeira eleição
direta para a Presidência da República Tcheca.
Com um diploma de direito e uma ópera que estreia nesta quinta-feira
(10/01) no Teatro Nacional da cidade, Franz já foi chamado de “Avatar” e
comparado a “uma criatura exótica da Papua Nova Guiné”. Isso, porém não
atrapalha sua campanha: nesta sexta-feira e sábado (11 e 12/01), os
tchecos irão às urnas para escolher quem comandará o Castelo de Praga e,
segundo pesquisas de opinião, Franz é o favorito de 11,4% das
preferências de voto.
Leia mais
Apesar de não ter experiência política e confessar não ter muito
conhecido de economia, Franz apareceu na cena política no fim de 2012,
ao arrecadar 88 mil assinaturas para sua candidatura, bem mais do que os
50 mil exigidos pela lei. Inclusive, ele somente se aventurou na
política após um grupo de admiradores iniciar a campanha “Franz para
presidente” e implorar a ele entrar na corrida por meio de seu fator
surpresa.
E, de fato, ele encaminhou a campanha de um modo diferente. Animados
com sua boa vontade, grandes economistas ofereceram seus serviços de
graça e voluntários trabalharam na corrida eleitoral. A partir de suas
doações, gastou apenas US$ 25 mil e não criou pôsteres de propaganda.
Sem afiliação política, Franz baseou sua campanha na anti-corrupção, a
importância de educação e cultura, e a moral no país. “O sistema
político está tão encantado com si mesmo que perdeu a habilidade de
autorreflexão” e, ao constatar que “os tchecos estão fartos dessa
porcaria”, diz querer “mobilizar a sociedade civil para que as pessoas
reflitam e saibam ler nas entrelinhas".
De acordo com pesquisa de opinião da agência PPM, Franz conquista o
primeiro lugar entre votantes abaixo dos 30 anos, com um terço da
preferência. Jan Herzmann, coordenador da pesquisa, afirma que o
candidato “não tem a fome do poder, como os outros. Tudo que ele quer é
cultivar a cena política tcheca”.
Reprodução
“Eu quero devolver o Estado para seus cidadãos. Quero ser um embaixador
das pessoas na alta política . Quero lutar pelas pessoas”, diz durante
campanha.
Em uma simulação de eleições em 441 escolas de ensino médio ao redor do
país, realizada há um mês, Franz teria ganhado facilmente, com mais de
40% dos 60 mil votos. De acordo com Karel Strachota, organizadora do
evento, “jovens não mais se identificam com os partidos existentes”. Em
um país cujas pessoas estão cansadas de políticos que consideram
corruptos e incompetentes, “Franz é visto como o candidato não
contaminado pela política. Eles simpatizam com a sua não conformidade e o
modo como se apresenta”.
As tatuagens realmente não assustam tanto assim. O personagem já é bem
conhecido por causa dos anos como professor de teatro na Academia de
Performances de Praga. “As tatuagens não fazem a menor diferença, a
falta de experiência é um assunto mais delicado”, diz Jakub Fisera,
estudante.
Em suas mãos, Franz tem um retrato de Bohuslav Martinu, compositor
tcheco, e em seu peito, a imagem de Cristo crucificado. No total, 90% de
seu corpo é coberto de tinta, inclusive sua cabeça azul, verde e
vermelha. “A tatuagem é um sinal de livre arbítrio e não prejudica a
liberdade de ninguém”, diz. “Minhas tatuagens são meu pequeno jardim
privado. Elas não são uma desvantagem, mas valor agregado. Eleições não
são um concurso de beleza. É uma questão de tolerância”, conclui.
Candidatos e favoritos
A probabilidade, porém, é que Franz não chegue ao segundo turno. A não
ser que algum candidato obtenha a maioria absoluta, as apostas são de
que os tchecos retornem às urnas nos dias 25 e 26 de janeiro para
escolher entre o esquerdista Milos Zeman, premiê tcheco entre 1998 e
2002, e o centrista Jan Fischer, que dirigiu um gabinete provisório
entre 2009 e 2010.
As últimas sondagens indicam intenção de voto de 25% e 20%,
respectivamente. Ambos candidatos adotam posições mais moderados em
relação à União Europeia do que o conservador Vaclav Klaus, atual
presidente - que foi contra a mudança aprovada pelo Senado em fevereiro
de 2012, que permite que o presidente seja eleito por meio do voto
direto – o novo sistema permite também que candidatos independentes como
Franz concorressem às eleições. Klaus chamou a medida de um “erro
fatal”.
Dos total de nove candidatos, três mulheres também estão na corrida:
Jana Bobosikova, presidente do movimento eurocético “Soberania”; Tatana
Fischerova, atriz e ex-deputada; e Zuzana Roithova, eurodeputada da
democracia cristã. Pelas pesquisas, elas têm poucas chances de serem
eleitas.
O próximo presidente da República Tcheca será o terceiro na história do
país, formado em 1993 após a cisão da Tchecoslováquia. O primeiro líder
do país foi o dissidente e dramaturgo Vaclav Havel, falecido em 2001.
Agora, o novo nome substituirá o eurocético – que se autodenomina
“eurorealista” - Klaus, que tem o fim do mandato dia 7 de março. Sua
reeleição em 2008 foi rodeada de questionamentos em relação à
transparência na disputa.
Crise
O atual governo do primeiro-ministro Petr Necas, de uma coalizão de
centro-direita, sofreu uma queda na popularidade por causa de medidas de
austeridade, como aumento nos impostos e cortes no bem-estar social, na
esperança de reduzir o déficit do orçamento.
As medidas, porém, não ajudaram a tirar a economia da recessão, estado
em que o país entrou em 2012. Disputas entre as três coalizões na
política do país no começo deste ano reduziram o apoio ao governo para
98 dos 200 assentos na Câmara dos Deputados.
O país aderiu à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em
1999 e à União Europeia em 2004, mas não pertence à zona do euro. Em
2011, registrou um crescimento de sua economia de 1,7%, após ter
crescido 2,7% em 2010.
O presidente tcheco, até então eleito pelo Parlamento, tem o poder de
nomear ou destituir o primeiro-ministro e outros membros do governo,
ratificar ou vetar leis aprovadas no Parlamento, escolher membros para
integrar o conselho de política monetária do Banco Central e nomear
juízes e generais do Exército.
* Com informações de Guardian, ABC News, France Presse e BBC
Vladimir Franz está em terceiro nas pesquisas; esquerdista e centrista devem chegar ao 2º turno
Reprodução/Wikicommons
Vladimir Franz, compositor de ópera e pintor, é o terceiro candidato
nas pesquisas para a eleição presidencial da República Tcheca
Tatuado dos pés à cabeça, cabelo azul e uma variedade de piercings.
Além de compositor, pintor, e professor de teatro, o dono dessa imagem é
mais do que uma figura curiosa: é um dos candidatos da primeira eleição
direta para a Presidência da República Tcheca.
Com um diploma de direito e uma ópera que estreia nesta quinta-feira
(10/01) no Teatro Nacional da cidade, Franz já foi chamado de “Avatar” e
comparado a “uma criatura exótica da Papua Nova Guiné”. Isso, porém não
atrapalha sua campanha: nesta sexta-feira e sábado (11 e 12/01), os
tchecos irão às urnas para escolher quem comandará o Castelo de Praga e,
segundo pesquisas de opinião, Franz é o favorito de 11,4% das
preferências de voto.
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Apesar de não ter experiência política e confessar não ter muito
conhecido de economia, Franz apareceu na cena política no fim de 2012,
ao arrecadar 88 mil assinaturas para sua candidatura, bem mais do que os
50 mil exigidos pela lei. Inclusive, ele somente se aventurou na
política após um grupo de admiradores iniciar a campanha “Franz para
presidente” e implorar a ele entrar na corrida por meio de seu fator
surpresa.
E, de fato, ele encaminhou a campanha de um modo diferente. Animados
com sua boa vontade, grandes economistas ofereceram seus serviços de
graça e voluntários trabalharam na corrida eleitoral. A partir de suas
doações, gastou apenas US$ 25 mil e não criou pôsteres de propaganda.
Sem afiliação política, Franz baseou sua campanha na anti-corrupção, a
importância de educação e cultura, e a moral no país. “O sistema
político está tão encantado com si mesmo que perdeu a habilidade de
autorreflexão” e, ao constatar que “os tchecos estão fartos dessa
porcaria”, diz querer “mobilizar a sociedade civil para que as pessoas
reflitam e saibam ler nas entrelinhas".
De acordo com pesquisa de opinião da agência PPM, Franz conquista o
primeiro lugar entre votantes abaixo dos 30 anos, com um terço da
preferência. Jan Herzmann, coordenador da pesquisa, afirma que o
candidato “não tem a fome do poder, como os outros. Tudo que ele quer é
cultivar a cena política tcheca”.
Reprodução
“Eu quero devolver o Estado para seus cidadãos. Quero ser um embaixador
das pessoas na alta política . Quero lutar pelas pessoas”, diz durante
campanha.
Em uma simulação de eleições em 441 escolas de ensino médio ao redor do
país, realizada há um mês, Franz teria ganhado facilmente, com mais de
40% dos 60 mil votos. De acordo com Karel Strachota, organizadora do
evento, “jovens não mais se identificam com os partidos existentes”. Em
um país cujas pessoas estão cansadas de políticos que consideram
corruptos e incompetentes, “Franz é visto como o candidato não
contaminado pela política. Eles simpatizam com a sua não conformidade e o
modo como se apresenta”.
As tatuagens realmente não assustam tanto assim. O personagem já é bem
conhecido por causa dos anos como professor de teatro na Academia de
Performances de Praga. “As tatuagens não fazem a menor diferença, a
falta de experiência é um assunto mais delicado”, diz Jakub Fisera,
estudante.
Em suas mãos, Franz tem um retrato de Bohuslav Martinu, compositor
tcheco, e em seu peito, a imagem de Cristo crucificado. No total, 90% de
seu corpo é coberto de tinta, inclusive sua cabeça azul, verde e
vermelha. “A tatuagem é um sinal de livre arbítrio e não prejudica a
liberdade de ninguém”, diz. “Minhas tatuagens são meu pequeno jardim
privado. Elas não são uma desvantagem, mas valor agregado. Eleições não
são um concurso de beleza. É uma questão de tolerância”, conclui.
Candidatos e favoritos
A probabilidade, porém, é que Franz não chegue ao segundo turno. A não
ser que algum candidato obtenha a maioria absoluta, as apostas são de
que os tchecos retornem às urnas nos dias 25 e 26 de janeiro para
escolher entre o esquerdista Milos Zeman, premiê tcheco entre 1998 e
2002, e o centrista Jan Fischer, que dirigiu um gabinete provisório
entre 2009 e 2010.
As últimas sondagens indicam intenção de voto de 25% e 20%,
respectivamente. Ambos candidatos adotam posições mais moderados em
relação à União Europeia do que o conservador Vaclav Klaus, atual
presidente - que foi contra a mudança aprovada pelo Senado em fevereiro
de 2012, que permite que o presidente seja eleito por meio do voto
direto – o novo sistema permite também que candidatos independentes como
Franz concorressem às eleições. Klaus chamou a medida de um “erro
fatal”.
Dos total de nove candidatos, três mulheres também estão na corrida:
Jana Bobosikova, presidente do movimento eurocético “Soberania”; Tatana
Fischerova, atriz e ex-deputada; e Zuzana Roithova, eurodeputada da
democracia cristã. Pelas pesquisas, elas têm poucas chances de serem
eleitas.
O próximo presidente da República Tcheca será o terceiro na história do
país, formado em 1993 após a cisão da Tchecoslováquia. O primeiro líder
do país foi o dissidente e dramaturgo Vaclav Havel, falecido em 2001.
Agora, o novo nome substituirá o eurocético – que se autodenomina
“eurorealista” - Klaus, que tem o fim do mandato dia 7 de março. Sua
reeleição em 2008 foi rodeada de questionamentos em relação à
transparência na disputa.
Crise
O atual governo do primeiro-ministro Petr Necas, de uma coalizão de
centro-direita, sofreu uma queda na popularidade por causa de medidas de
austeridade, como aumento nos impostos e cortes no bem-estar social, na
esperança de reduzir o déficit do orçamento.
As medidas, porém, não ajudaram a tirar a economia da recessão, estado
em que o país entrou em 2012. Disputas entre as três coalizões na
política do país no começo deste ano reduziram o apoio ao governo para
98 dos 200 assentos na Câmara dos Deputados.
O país aderiu à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em
1999 e à União Europeia em 2004, mas não pertence à zona do euro. Em
2011, registrou um crescimento de sua economia de 1,7%, após ter
crescido 2,7% em 2010.
O presidente tcheco, até então eleito pelo Parlamento, tem o poder de
nomear ou destituir o primeiro-ministro e outros membros do governo,
ratificar ou vetar leis aprovadas no Parlamento, escolher membros para
integrar o conselho de política monetária do Banco Central e nomear
juízes e generais do Exército.
* Com informações de Guardian, ABC News, France Presse e BBC
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118184
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