Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Investigadores fotografam planetas fora do sistema solar 13.11.2008 -

Ir para baixo

Investigadores fotografam planetas fora do sistema solar  13.11.2008 - Empty Investigadores fotografam planetas fora do sistema solar 13.11.2008 -

Mensagem por Vitor mango Qui Nov 13, 2008 1:16 pm

Investigadores fotografam planetas fora do sistema solar
13.11.2008 - 19h00 Ana Gerschenfeld
Olhar para o planeta Saturno, mesmo através de um modesto telescópio, parece um acto banal, mas é na realidade uma experiência inesquecível. Essa bolinha branca e gélida, no meio do nada, com os seus anéis perfeitamente visíveis que reflectem na noite os raios de um Sol ausente, é tão familiar que quase parece que vamos conseguir tocar nela. Mas ao mesmo tempo, é uma visão tão estranha, a solidão do espaço é tão absoluta e a distância tão intransponível, que olhar para ele torna-se estonteante. Imagine agora o que sentiria se visse com os seus próprios olhos, pela primeira vez, planetas literalmente fora deste mundo (ou melhor, fora deste sistema solar).

Para alguns astrónomos, este é um cenário que já não precisam de imaginar. “Ia tendo um enfarte”, diz Paul Kalas, da Universidade da Califórnia, em comunicado. “É uma experiência profunda e avassaladora poisar os olhos num planeta nunca antes visto.” Com a sua equipa, Kalas fotografou, com a luz visível, um planeta que gira em torno da estrela Fomalhaut (que em árabe significa “boca da baleia”), situada a 25 anos-luz da Terra, na constelação de Piscis Austrinus I (Peixe Austral). Foi no fim de Maio quando, depois de anos de trabalho, os cientistas confirmaram que não se tratava de uma mera ilusão de óptica – e que o planeta Formalhaut b gira efectivamente em torno da estrela-mãe – que Kalas ia tendo um ataque, tal foi a emoção que sentiu ao ver algo de quase inimaginável até aí. A estrela que andava a observar há 15 anos, desde os seus dias de estudante universitário, tinha acabado de lhe dar a surpresa da sua vida.

A equipa de Kalas, que hoje revela a novidade num artigo na versão online da revista "Science", utilizou um dos mais potentes telescópios existentes: o telescópio espacial Hubble da NASA, e em particular um dos seus instrumentos, a Advanced Camera for Surveys, para estudar o disco de poeiras com 34.500 milhões de quilómetros de extensão que envolve a estrela. Desde 2005 que suspeitavam, dadas as características particulares dessa gigantesca estrutura, que ela escondesse um planeta. “A gravidade do [planeta] Fomalhaut b é a principal razão pela qual o disco de poeiras à volta de Fomalhaut tem a forma de um anel e está descentrado em relação à estrela”, salienta Kalas. Agora, temos a prova directa.”

Dos cerca de 300 exo-planetas descobertos até hoje, nenhum tinha sido assim apanhado pela objectiva. Os métodos habitualmente utilizados para detectar planetas em torno de outros sóis são indirectos, precisamente porque, como é fácil de perceber, os planetas são dificilmente visíveis. Em vez disso, os cientistas procuram por exemplo variações periódicas do brilho da estrela, que pode significar que algo está a passar entre ela e nós, fazendo “sombra” – talvez um planeta. Este método, dito dos trânsitos, é uma das maneiras de descobrir planetas extra-solares. Outro consiste em detectar pequenas oscilações na posição de uma estrela, devido à acção da gravidade de um possível planeta.

Só que o planeta Fomalhaut b teria sido impossível de detectar por estes métodos, porque é demasiado pequeno e está demasiado longe da sua estrela para lhe provocar tremores (a 17 mil milhões de quilómetros, dez vezes a distância de Saturno ao Sol). Para mais, demora 872 anos a completar uma órbita em torno de Fomalhaut e será preciso esperar muito tempo até ele passar entre nós e a estrela e perturbar a sua luminosidade. Foi por isso que os cientistas decidiram tentar ver o hipotético planeta à luz infra-vermelha. Qual não foi a sua surpresa quando Fomalhaut b surgiu nas imagens, não no inframervelho, onde se revelou invisível, mas em luz totalmente banal – no espectro óptico que os nossos olhos vêem naturalmente. “A descoberta em luz visível foi uma total surpresa”, diz ainda Kalas. Por extraordinário que pareça, o planeta encontra-se suficientemente longe da estrela e é suficientemente brilhante para surgir nas duas fotografias que os cientistas obtiveram, em 2004 e 2006.

Um dos problemas com as imagens de alegados planetas obtidas até agora, explica o cientista, é que esses planetas parecem ser todos tão maciços (mais de 13 vezes a massa de Júpiter) que ninguém sabe se não serão na realidade anãs castanhas (estrelas “falhadas”) em vez de planetas. Mas este não é o caso de Fomalhaut b, que, segundo um outro artigo que deverá ser publicado no "Astrophysical Journal" pela mesma equipa, tem uma massa compreendida em 0,3 e duas vezes a de Júpiter. “Se fosse mais maciço do que isso”, diz o astrónomo, “a sua gravidade destruiria o vasto anel de poeiras em torno da estrela”. Diga-se de passagem que os cálculos que levaram a esta conclusão demoraram vários meses.

Para os cientistas, uma das razões para o planeta ser visível em luz visível poderá ser a presença de “um sistema de anéis tão vasto que, em comparação, os de Saturno são uma miniatura”, diz ainda Kalas. Fomalhaut b seria assim uma versão “juvenil” de Saturno, na altura em que o Sistema Solar tinha apenas 100 milhões de anos.
Vitor mango
Vitor mango

Pontos : 117576

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos