Eleições regionais são teste para 'revolução' de Chávez Claudia Jardim De Caracas para a BBC Brasil O presidente venezuelano, Hugo Chávez (AFP)
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Eleições regionais são teste para 'revolução' de Chávez Claudia Jardim De Caracas para a BBC Brasil O presidente venezuelano, Hugo Chávez (AFP)
Eleições regionais são teste para 'revolução' de Chávez
Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil
O presidente venezuelano, Hugo Chávez (AFP)
Presidente venezuelano transformou disputa em 'plebiscito'.
As eleições regionais do próximo domingo na Venezuela estão sendo consideradas como um termômetro que medirá os resultados da "revolução bolivariana", em curso há quase uma década sob a liderança do presidente Hugo Chávez.
O tom da disputa foi colocado pelo próprio presidente venezuelano. No lugar de discutir problemas locais, como a criminalidade crescente, saneamento, saúde e educação, Chávez converteu a campanha em um plebiscito, cujo resultado colocaria em risco o "futuro da revolução".
"Nós estamos jogando o futuro da revolução, o futuro do socialismo, o futuro da Venezuela, o futuro do governo revolucionário e também o futuro de Hugo Chávez", afirmou o presidente venezuelano em um comício de campanha.
Para o governo, o que está em jogo é o poder político e a capacidade de avançar ou não com o projeto socialista, na avaliação do cientista político Javier Biardeau, da Universidade Central da Venezuela (UCV).
"As eleições são um termômetro que avaliará o andamento da revolução e a capacidade de recuperação do governo da derrota sofrida no referendo do ano passado", afirmou Biardeau à BBC Brasil.
"Dependendo do número de Estados e de votos favoráveis ao chavismo, o governo avaliará até onde pode avançar e quais devem ser suas prioridades", acrescentou.
O desafio do governo será reconquistar cerca de 3 milhões de eleitores que não votaram no referendo da reforma constitucional do ano passado, fator determinante para a primeira derrota do governo em quase 10 anos de gestão.
'Plebiscito'
Para alcançar este objetivo, Chávez teria optado por utilizar sua popularidade, que supera 50% de aprovação, para transformar o pleito – que contou com o uso explícito da máquina do governo – em uma espécie de plebiscito.
"Se é chavista, está com Chávez, se não, está contra Chávez", disse o presidente em um comício.
De acordo com a consultoria Datanalisis, a estratégia do presidente venezuelano pode influenciar os eleitores na hora do voto.
No início da campanha, pesquisas apontavam uma provável vitória da oposição em entre seis e oito Estados dos 23 em disputa. Agora, às vésperas das eleições, o panorama mudou.
Os opositores mantêm vantagem nos Estados de Zulia, Nova Esparta – já governados por opositores – e Carabobo, onde o candidato do governo é o animador de um programa na TV estatal.
Nos Estados de Miranda (onde está a capital Caracas), Táchira, Barinas e Guárico, houve recuperação dos candidatos do governo e a disputa se acirrou nos últimos dias.
"O governo ganhará na maioria dos Estados, mas para a oposição o triunfo é mais simbólico que numérico", afirma o analista Vicente León, da Datanalisis
Disputa no Parlamento
Para o cientista político Javier Biardeau, o balanço final das eleições determinará a curto prazo a correlação de forças para as eleições à Assembléia Nacional, atualmente de maioria chavista, que serão realizadas em 2010.
"Se a oposição alcançar uma vitória significativa, começará imediatamente a campanha para conquistar maioria no parlamento. Se alcançarem esse objetivo, o projeto de Chávez enfrentará sérias dificuldades", afirma.
A oposição, por sua vez, acredita que depois das eleições o governo vai tentar aprovar a emenda constitucional que permitiria a reeleição presidencial indefinida.
Para Julio Borges, coordenador nacional do partido opositor Primeiro Justiça, uma vitória significativa da oposição poderia barrar o projeto.
"Isso é uma maratona rumo à liberdade. Quem parar, perde. São eleições regionais, mas são eleições nacionais (...) porque o contrapeso que surgir do 23 de novembro (dia das eleições) será essencial para frear a reeleição presidencial", afirma Borges.
Biardeau acredita que apenas uma vitória "arrebatadora", com mais de 60% do total de votos, permitiria ao governo apresentar, já no próximo ano, o projeto de reeleição.
Apesar de ter evitado o tema durante a campanha, Chávez não descartou a possibilidade de reeleição.
"Quatro anos é o que me falta (de governo) Não discutamos isso agora, conversamos depois de novembro (...) Deus é quem sabe", afirmou Chávez em um ato público de campanha.
Polarização
À frente da campanha, o presidente radicalizou o tom de seus discursos e ameaçou colocar seus adversários na cadeia, acusando-os de corrupção à frente dos governos regionais.
Manuel Rosales, atual governador de Zulia e candidato à prefeitura de Maracaibo, foi convertido no principal adversário da "revolução" durante a campanha.
Se as pesquisas se confirmarem, Rosales será eleito no domingo e manterá o reduto da oposição neste Estado.
Chávez também advertiu os meios de comunicação e ameaçou "retirar do ar e cancelar a concessão" daqueles canais que divulgarem resultados antes do boletim oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
De acordo com o CNE, 134 observadores internacionais acompanharão o pleito.
Cerca de 17 milhões de venezuelanos deverão comparecer às urnas neste domingo para escolher 23 governadores e 328 prefeitos, além de 233 legisladores regionais. O voto na Venezuela é facultativo.
Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil
O presidente venezuelano, Hugo Chávez (AFP)
Presidente venezuelano transformou disputa em 'plebiscito'.
As eleições regionais do próximo domingo na Venezuela estão sendo consideradas como um termômetro que medirá os resultados da "revolução bolivariana", em curso há quase uma década sob a liderança do presidente Hugo Chávez.
O tom da disputa foi colocado pelo próprio presidente venezuelano. No lugar de discutir problemas locais, como a criminalidade crescente, saneamento, saúde e educação, Chávez converteu a campanha em um plebiscito, cujo resultado colocaria em risco o "futuro da revolução".
"Nós estamos jogando o futuro da revolução, o futuro do socialismo, o futuro da Venezuela, o futuro do governo revolucionário e também o futuro de Hugo Chávez", afirmou o presidente venezuelano em um comício de campanha.
Para o governo, o que está em jogo é o poder político e a capacidade de avançar ou não com o projeto socialista, na avaliação do cientista político Javier Biardeau, da Universidade Central da Venezuela (UCV).
"As eleições são um termômetro que avaliará o andamento da revolução e a capacidade de recuperação do governo da derrota sofrida no referendo do ano passado", afirmou Biardeau à BBC Brasil.
"Dependendo do número de Estados e de votos favoráveis ao chavismo, o governo avaliará até onde pode avançar e quais devem ser suas prioridades", acrescentou.
O desafio do governo será reconquistar cerca de 3 milhões de eleitores que não votaram no referendo da reforma constitucional do ano passado, fator determinante para a primeira derrota do governo em quase 10 anos de gestão.
'Plebiscito'
Para alcançar este objetivo, Chávez teria optado por utilizar sua popularidade, que supera 50% de aprovação, para transformar o pleito – que contou com o uso explícito da máquina do governo – em uma espécie de plebiscito.
"Se é chavista, está com Chávez, se não, está contra Chávez", disse o presidente em um comício.
De acordo com a consultoria Datanalisis, a estratégia do presidente venezuelano pode influenciar os eleitores na hora do voto.
No início da campanha, pesquisas apontavam uma provável vitória da oposição em entre seis e oito Estados dos 23 em disputa. Agora, às vésperas das eleições, o panorama mudou.
Os opositores mantêm vantagem nos Estados de Zulia, Nova Esparta – já governados por opositores – e Carabobo, onde o candidato do governo é o animador de um programa na TV estatal.
Nos Estados de Miranda (onde está a capital Caracas), Táchira, Barinas e Guárico, houve recuperação dos candidatos do governo e a disputa se acirrou nos últimos dias.
"O governo ganhará na maioria dos Estados, mas para a oposição o triunfo é mais simbólico que numérico", afirma o analista Vicente León, da Datanalisis
Disputa no Parlamento
Para o cientista político Javier Biardeau, o balanço final das eleições determinará a curto prazo a correlação de forças para as eleições à Assembléia Nacional, atualmente de maioria chavista, que serão realizadas em 2010.
"Se a oposição alcançar uma vitória significativa, começará imediatamente a campanha para conquistar maioria no parlamento. Se alcançarem esse objetivo, o projeto de Chávez enfrentará sérias dificuldades", afirma.
A oposição, por sua vez, acredita que depois das eleições o governo vai tentar aprovar a emenda constitucional que permitiria a reeleição presidencial indefinida.
Para Julio Borges, coordenador nacional do partido opositor Primeiro Justiça, uma vitória significativa da oposição poderia barrar o projeto.
"Isso é uma maratona rumo à liberdade. Quem parar, perde. São eleições regionais, mas são eleições nacionais (...) porque o contrapeso que surgir do 23 de novembro (dia das eleições) será essencial para frear a reeleição presidencial", afirma Borges.
Biardeau acredita que apenas uma vitória "arrebatadora", com mais de 60% do total de votos, permitiria ao governo apresentar, já no próximo ano, o projeto de reeleição.
Apesar de ter evitado o tema durante a campanha, Chávez não descartou a possibilidade de reeleição.
"Quatro anos é o que me falta (de governo) Não discutamos isso agora, conversamos depois de novembro (...) Deus é quem sabe", afirmou Chávez em um ato público de campanha.
Polarização
À frente da campanha, o presidente radicalizou o tom de seus discursos e ameaçou colocar seus adversários na cadeia, acusando-os de corrupção à frente dos governos regionais.
Manuel Rosales, atual governador de Zulia e candidato à prefeitura de Maracaibo, foi convertido no principal adversário da "revolução" durante a campanha.
Se as pesquisas se confirmarem, Rosales será eleito no domingo e manterá o reduto da oposição neste Estado.
Chávez também advertiu os meios de comunicação e ameaçou "retirar do ar e cancelar a concessão" daqueles canais que divulgarem resultados antes do boletim oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
De acordo com o CNE, 134 observadores internacionais acompanharão o pleito.
Cerca de 17 milhões de venezuelanos deverão comparecer às urnas neste domingo para escolher 23 governadores e 328 prefeitos, além de 233 legisladores regionais. O voto na Venezuela é facultativo.
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