Bush anuncia sanções ao Zimbábue enquanto Mugabe se prepara para assumir novo mandato

Vitor mango escreveu:Bush anuncia sanções ao Zimbábue enquanto Mugabe se prepara para assumir novo mandato

Publicada em 28/06/2008 às 14h32m
O Globo OnlineAgências internacionais

O líder da oposição no Zimbábue, Morgan Tsvangirai, em entrevista coletiva em sua casa, na quinta-feira - Reuters

HARARE e WASHINGTON - Enquanto o Zimbábue aguarda o resultado da eleição em que o atual presidente, Robert Mugabe, foi o único candidato, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciou sanções contra o "ilegítimo" governo do país africana. Juntando-se neste sábado ao coro dos líderes mundiais que pressionaram Mugabe a adiar a eleição, Bush chamou de "farsa" o segundo turno do pleito, realizado na sexta-feira. Vencedor do primeiro turno, o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, retirou sua candidatura esta semana devido à violência contra seus aliados, e convocou um boicote à votação. Há 28 anos no poder, Mugabe já estaria se preparando para assumir um novo mandato no domingo , quando o resultado oficial da eleição já deverá ter sido divulgado.

" Estou instruindo os secretários de Estado e do Tesouro a criarem sanções contra este governo ilegítimo "

"Dada a grosseira indiferença do regime de Mugabe pelo povo do Zimbábue e pelos direitos humanos, estou instruindo os secretários de Estado e do Tesouro a criarem sanções contra este governo ilegítimo do país e aqueles que o apóiam", afirmou Bush, em comunicado.

O presidente afirmou ainda que irá pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) a tomar alguma atitude, incluindo embargo de armas. O Conselho de Segurança da ONU lamentou a realização das eleições no Zimbábue, afirmando que não havia condição para a realização de um pleito livre e democrático.

O líder da oposição denunciou a morte de cinco aliados durante a votação de sexta-feira. Segundo a rede de TV americana CNN, quatro integrantes do Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês) e a mulher de um deles foram assassinados. Tsvangirai, que denuncia a morte de mais de 90 partidários seus desde o primeiro turno das eleições, acusou o Estado de envolvimento nas mortes desta sexta.
Participação recorde é 'bofetada' para líderes internacionais, diz jornal

A imprensa oficial do país afirmou que Mugabe será reeleito com grande participação popular no pleito em que foi o único concorrente. O governo rejeitou a decisão de Tsvangirai de se retirar da disputa e manteve seu nome nas cédulas da votação. O líder da oposição havia pedido que os zimbabuanos não fossem às urnas e classificou a eleição de sexta-feira como um "exercício de intimidação massiva".

O jornal estatal "Herald" disse neste sábado que a participação nas eleições de sexta seria um recorde, o que classificou como uma "bofetada" para os líderes mundiais que haviam criticado o presidente Mugabe. Embora observadores africanos tenham afirmado que a participação dos eleitores foi baixa, a imprensa oficial negou que tenha havido um boicote.
Oposição vai pressionar União Africana contra o governo

O partido de Tsvangirai disse que vai cobrar um posicionamento dos líderes da União Africana, que vão se reunir na segunda-feira, no Egito. O MDC argumenta que a crise política e econômica que assola o Zimbábue ameaça a segurança da região.

" Não devemos esperar por rios de sangue "

- A reunião tem que tomar uma posição firme sobre a transição que buscamos. Agora é uma questão de paz e segurança. Esperamos que a situação receba a atenção urgente que merece. Não devemos esperar por rios de sangue e uma crise total - disse o porta-voz do MDC, Nelson Chamisa.

Ex-colônia britânica, o Zimbábue já foi considerado uma das nações mais promissoras da África, mas hoje, além da tensão política, enfrenta uma grave crise econômica, com inflação de mais de 100.00% ao ano. Para líderes e analistas, o país vive um clima de pré-guerra civil.