Miguel Portas
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Miguel Portas
Diário de um dia de anos
Mai 2, 2009 | publicado por Miguel Portas
Começo pelo fim. Uma semana atrás, tinha ido à apresentação de um excelente documentário sobre Aldina Duarte, realizado por Manuel Mozos, no IndieLisboa’09. Excelente porque sóbrio e seguro e excelente porque ela, a Aldina é, em si mesma, uma representação da Liberdade. A Maria da Fé estava presente e nessa noite lhe disse que iria jantar ao senhor Vinho, a sua casa de fados, no 1º de Maio. Assim foi. Em família. Para ouvir aquilo de que se faz o fado - de Fé (a Maria) e de Liberdade (a Aldina).
Antes… antes foi o 1º de Maio e o episódio que o manchou.
Só podia criticar - e fi-lo sem ambiguidades - o comportamento dos que usaram da força física. Infelizmente não foi a primeira vez nem será a última. Ainda há não muitos anos, os activistas do bloco só conseguiam entrar nos desfiles ao “empurrão”. Há uma semana artistas precários tiveram que fazer o mesmo na manifestação do 25 de Abril porque os serviços de segurança se consideravam “proprietários” da marcha. Sei como é e é triste e intolerável que tais episódios sejam reincidentes. Mas isto não é tudo o que há para dizer sobre o assunto.
Vital Moreira é o candidato do partido do governo. Ao ir a uma manifestação contra as políticas do governo sabia que dificilmente seria bem acolhido pelos presentes. Se houvesse problemas - e há sempre uma matilha de sectários apostados em provar que o são - eles ocupariam a cena e usurpariam o próprio propósito das celebrações.
Não julgo intenções. Mas sei que um responsável político deve decidir, em face das oportunidades e riscos, cada um dos seus passos. Se eu estivesse na pele de Vital Moreira (é difícil, reconheço), teria equacionado o exercício de um direito legítimo e inquestionável - o de estar presente numa manifestação - à luz de uma pergunta muito simples: se for e se houver problemas, o que é mais do que provável, isso beneficia ou prejudica a própria celebração do dia? Não sei se ele colocou a si próprio tal questão. Mas, se o fez, duvido que lhe tenha dado a melhor resposta.
Sondagens
Já depois deste episódio e da manifestação terminada, telefonam-me da antena 1 para comentar a mais recente sondagem da Universidade Católica. Apenas quatro breves notas:
1. Quase metade dos eleitores declaram a sua vontade de ir votar, o que praticamente dobra as projecções anteriores. É um bom sinal, mas não deve ser sobrestimado. As sondagens nunca conseguem medir a abstenção, mesmo quando perguntam por ela. A decisão de ir ou não votar depende de mil factores de última hora e há sempre quem declare mais facilmente que irá votar do que quem o faça na altura.
2. A diferença de 3 pontos entre PS e PSD (39 - 36) deve ser cotejada com os resultados expectáveis para legislativas - espero que a Universidade Católica tenha aproveitado a ocasião para perguntar ao mesmo universo sobre as intenções de voto para o parlamento nacional. Só então se verá o que pode ser uma das tendências desta eleição - a de que parte do eleitorado conquistado por José Sócrates ao centro e à direita aproveite as europeias para lhe dar um cartão amarelo.
3. Os resultados do CDS e da CDU (2 e 7 por cento) estão, muito provavelmente, subestimados.
4. O valor atribuído ao BE (12 por cento, o que daria 3 eurodeputados) é mais realista do que o de anterior sondagem (17,8 e 4 eurodeputados) e é animador. Desde qiue as pessoas tenham sempre presente que as sondagens não votam.
Para mais informação, melhor será consultar o excelente blogue de Pedro Magalhães, margens de erro.
E já agora, de manhã, a propósito de touradas
Comecei o dia lendo jornais e deparo-me com um editorial de José Manuel Fernandes, crispado com o bloco por ser contra as touradas em Sintra e a favor em Salvaterra de Magos. Verdade? Falso. No Bloco, é verdade, muitas pessoas, provavelmente a grande maioria, critica as touradas. No mais, foi pela proibição dos touros de morte, apesar de existirem no partido vozes dissonantes sobre a matéria (eu sou uma delas e não é porque aprecie o espectáculo). Mas o que foi aprovado na Assembleia Municipal de Sintra (de que sou membro) não tem nada a ver com a proibição de touradas, mas se estas, a ocorrerem num concelho sem tradição na matéria, devem ou não ser apoiadas pela câmara. E já agora em Salvaterra de Magos - onde a tradição existe - o município também não organiza touradas. São uma actividade privada. Que o pó ao bloco não tolde o rigor no livre direito de opinião é o que se pode esperar de um director de jornal.
6 comentáriosTemas: Europeias 2009 · Modos de ver
Mai 2, 2009 | publicado por Miguel Portas
Começo pelo fim. Uma semana atrás, tinha ido à apresentação de um excelente documentário sobre Aldina Duarte, realizado por Manuel Mozos, no IndieLisboa’09. Excelente porque sóbrio e seguro e excelente porque ela, a Aldina é, em si mesma, uma representação da Liberdade. A Maria da Fé estava presente e nessa noite lhe disse que iria jantar ao senhor Vinho, a sua casa de fados, no 1º de Maio. Assim foi. Em família. Para ouvir aquilo de que se faz o fado - de Fé (a Maria) e de Liberdade (a Aldina).
Antes… antes foi o 1º de Maio e o episódio que o manchou.
Só podia criticar - e fi-lo sem ambiguidades - o comportamento dos que usaram da força física. Infelizmente não foi a primeira vez nem será a última. Ainda há não muitos anos, os activistas do bloco só conseguiam entrar nos desfiles ao “empurrão”. Há uma semana artistas precários tiveram que fazer o mesmo na manifestação do 25 de Abril porque os serviços de segurança se consideravam “proprietários” da marcha. Sei como é e é triste e intolerável que tais episódios sejam reincidentes. Mas isto não é tudo o que há para dizer sobre o assunto.
Vital Moreira é o candidato do partido do governo. Ao ir a uma manifestação contra as políticas do governo sabia que dificilmente seria bem acolhido pelos presentes. Se houvesse problemas - e há sempre uma matilha de sectários apostados em provar que o são - eles ocupariam a cena e usurpariam o próprio propósito das celebrações.
Não julgo intenções. Mas sei que um responsável político deve decidir, em face das oportunidades e riscos, cada um dos seus passos. Se eu estivesse na pele de Vital Moreira (é difícil, reconheço), teria equacionado o exercício de um direito legítimo e inquestionável - o de estar presente numa manifestação - à luz de uma pergunta muito simples: se for e se houver problemas, o que é mais do que provável, isso beneficia ou prejudica a própria celebração do dia? Não sei se ele colocou a si próprio tal questão. Mas, se o fez, duvido que lhe tenha dado a melhor resposta.
Sondagens
Já depois deste episódio e da manifestação terminada, telefonam-me da antena 1 para comentar a mais recente sondagem da Universidade Católica. Apenas quatro breves notas:
1. Quase metade dos eleitores declaram a sua vontade de ir votar, o que praticamente dobra as projecções anteriores. É um bom sinal, mas não deve ser sobrestimado. As sondagens nunca conseguem medir a abstenção, mesmo quando perguntam por ela. A decisão de ir ou não votar depende de mil factores de última hora e há sempre quem declare mais facilmente que irá votar do que quem o faça na altura.
2. A diferença de 3 pontos entre PS e PSD (39 - 36) deve ser cotejada com os resultados expectáveis para legislativas - espero que a Universidade Católica tenha aproveitado a ocasião para perguntar ao mesmo universo sobre as intenções de voto para o parlamento nacional. Só então se verá o que pode ser uma das tendências desta eleição - a de que parte do eleitorado conquistado por José Sócrates ao centro e à direita aproveite as europeias para lhe dar um cartão amarelo.
3. Os resultados do CDS e da CDU (2 e 7 por cento) estão, muito provavelmente, subestimados.
4. O valor atribuído ao BE (12 por cento, o que daria 3 eurodeputados) é mais realista do que o de anterior sondagem (17,8 e 4 eurodeputados) e é animador. Desde qiue as pessoas tenham sempre presente que as sondagens não votam.
Para mais informação, melhor será consultar o excelente blogue de Pedro Magalhães, margens de erro.
E já agora, de manhã, a propósito de touradas
Comecei o dia lendo jornais e deparo-me com um editorial de José Manuel Fernandes, crispado com o bloco por ser contra as touradas em Sintra e a favor em Salvaterra de Magos. Verdade? Falso. No Bloco, é verdade, muitas pessoas, provavelmente a grande maioria, critica as touradas. No mais, foi pela proibição dos touros de morte, apesar de existirem no partido vozes dissonantes sobre a matéria (eu sou uma delas e não é porque aprecie o espectáculo). Mas o que foi aprovado na Assembleia Municipal de Sintra (de que sou membro) não tem nada a ver com a proibição de touradas, mas se estas, a ocorrerem num concelho sem tradição na matéria, devem ou não ser apoiadas pela câmara. E já agora em Salvaterra de Magos - onde a tradição existe - o município também não organiza touradas. São uma actividade privada. Que o pó ao bloco não tolde o rigor no livre direito de opinião é o que se pode esperar de um director de jornal.
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