Carlamania ou a mulher do Presidente
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Carlamania ou a mulher do Presidente
Carlamania ou a mulher do Presidente
ISABEL LUCAS
Fenómeno. Como irá Carla Bruni conciliar a discrição que elegeu como marca no Eliseu com os compromissos de promoção do seu disco? Um desafio no momento em que França anda distraída com a sua primeira-dama
Carla, Carla, Carla... Com o sotaque a abrir as duas vogais e carregando o 'r'. Bruni, Bruni-Sarkozy, Sarkozy, dependendo se as aparições vão sendo menos ou mais oficiais. A "carlamania" está a tomar conta de França e vai contagiando o mundo. Multiplicam-se os artigos, há um atropelo de imagens, não há dia em que Carla não seja notícia. Cinco meses após ter casado com Nicolas Sarkozy, tudo o que é Carla vende. Carla e os vestidos, os amantes de Carla, o cabelo de Carla, os caprichos de Carla, o staff de Carla, as obrigações de Carla, a segurança de Carla, o que pensa Carla sobre a crise energética, sobre a fome, sobre os refugiados, sobre o papel que deve desempenhar; as viagens de Carla, as carteiras de Carla, Carla e a música... Depois da mediatização da sua visita oficial a Israel, a primeira-dama de França voltará a ser o foco de todas as câmaras naquela que será a sua primeira festa do 14 de Julho, que acontece três dias depois de ter lançado o seu terceiro álbum. Ela é um dos símbolos mais marcantes deste início de mandato de Sarkozy e, dizem as más línguas, o grande trunfo de que o presidente francês se serve para construir a sua imagem pública.
A conjugação destes dois momentos, o político e o artístico, vai ajudar a exponenciar o fenómeno Carla que Sarkozy já incorporou na sua estratégia de gestão mediática. Mas até que ponto Carla Bruni influi na política desenvolvida pelo palácio do Eliseu, sede das principais decisões de França? Na sua penúltima edição o magazine L'Express tentou dar resposta num artigo que fez capa e a que chamou "Sistema Carla", um sistema que segundo aquele órgão de informação "se inventa com o desenrolar dos episódios, que se desenvolve lentamente na República, como um motor que vai berrar alguns dias com o lançamento mundial do disco, depois ronronar durante as férias, antes de entrar em vigor. Carla Bruni-Sarkozy, artista, mulher política, não está senão no começo".
Tudo é cuidado ao pormenor neste "sistema". Cada viagem é preparada ao detalhe, cada aparição oficial gerida ao pormenor. O protocolo e a célula diplomática encarregam-se da gestão e os telefonemas sucedem-se. Há que marcar bem a diferença entre o que são as aparições ao lado do presidente dos momentos em que surge sozinha. Escreve o L'Express que todas as semanas uma pequena equipa se reúne para tomar todas as decisão. Estão lá o chefe do protocolo e da célula diplomática. E Bruni não descartou a liberdade de tomar algumas decisões nessa máquina que não a abandona nunca. Garantiu, inclusive, uma liberdade de se expressar até agora pouco comum às senhoras que "habitaram" o Eliseu e chama a si algumas decisões em matéria de protocolo. Esta é uma matéria que interessa à primeira-dama. No jantar que o presidente francês ofereceu durante a sua visita oficial a Israel, há cerca de duas semanas, Madame Sarkozy mandou baixar a intensidade das luzes depois dos discursos para amenizar o ambiente e a sua vontade foi feita.
Carla Bruni aparenta ser uma boa aluna nisto de ser mulher de um dos homens com maior visibilidade na política mundial. Estar ao lado de Sarkozy implica estar próximo de alguns dos dirigentes mais poderosos e influentes do mundo. Sabes-se, por exemplo, que não gostou particularmente do regresso ao poder, em Itália, de Silvio Berlusconi e sabe-se também de uma conversa sobre segurança que manteve com o presidente afegão, Hamid Karzaï. Ele terá confessado a Carla as fragilidades do seu sistema de segurança ao qual cabe zelar pela sua vida. Com George Bush conversou sobre alcoolismo e, ao marido, vai citando Nietzsche. "Porque não?", diz ela. A liberdade começa quando distinguimos aquilo que depende de nós daquilo que não depende de nós, um aforismo querido a Bruni que é servido pela mulher ao presidente em forma de conselho.
Citando exemplos, escreve ainda o L'Express que é em matéria de comunicação que a influência de Bruni se faz sentir de um modo mais contundente. Ouve os conselhos, mas a última palavra é sempre dela. Foi também ela quem elegeu as grandes matérias em que irá apostar depois dos compromissos associados ao lançamento do seu disco. Serão a luta contra a ignorância e contra a pobreza. Mas como irá ela, até lá, conjugar a discrição que elegeu para ser a sua imagem de marca no Eliseu com a promoção do seu disco? Ela promete estar vigilante, atenta ao impulso, muito seu, de mandar tiradas provocatórias nas entrevistas promocionais. Esse recuo não está previsto.
O marido, Nicolas Sarkozy, reconhece essa capacidade invulgar que a mulher tem para comunicar, mesmo sem dizer nada. Ele sabe tirar partido disso, como reconhece, aliás, a maioria dos franceses numa sondagem publicada precisamente pelo L'Express. À pergunta "Pensa que o Presidente da República, Nikolas Sarkozy, utiliza a sua mulher para a sua imagem pessoal?", trinta por cento das respostas foram um "claro que sim "e 25 porcento um "sim", claro. Não há dúvida. Carla Bruni-Sarkozy é um trunfo num momento político particularmente difícil, com a contestação social a tomar conta de muitos sectores em França. Carla pode funcionar como distracção e o presidente agradece que o povo ande distraído com Carla.
Os mesmos inquiridos tinham outra questão para responder. Será que Carla Bruni está a desempenhar bem o seu papel de primeira-dama de França? Mais de 50 por cento disse que sim. E se sim, tudo vai bem pelo Eliseu. Sarkozy ganha pontos com a popularidade da sua segunda mulher, uma mulher que não levou consigo o séquito que levaria Cecília, a mãe dos filhos de Sarkozy, politicamente mais ambiciosa que Carla, igual- mente popular em França, mas sem a mesma capacidade de encantar o mundo e eficaz a controlar os nervos do presidente quando este se exalta a falar em público. "Nós não falamos assim." Palavras de Carla Bruni dirigidas ao seu enervado marido. É esta Carla que vai ter de se refrear quando sair o seu disco. A prioridade não será a de contar as vendas. A prioridade será sempre o seu papel como primeira-dama. Ela não será primeiro uma cantora. Será uma primeira-dama que canta, que reinventa o seu papel. Disse ela: "Espero não chocar mais as pessoas com a minha vida profissional, uma vida independente e sem anonimato."|
ISABEL LUCAS
Fenómeno. Como irá Carla Bruni conciliar a discrição que elegeu como marca no Eliseu com os compromissos de promoção do seu disco? Um desafio no momento em que França anda distraída com a sua primeira-dama
Carla, Carla, Carla... Com o sotaque a abrir as duas vogais e carregando o 'r'. Bruni, Bruni-Sarkozy, Sarkozy, dependendo se as aparições vão sendo menos ou mais oficiais. A "carlamania" está a tomar conta de França e vai contagiando o mundo. Multiplicam-se os artigos, há um atropelo de imagens, não há dia em que Carla não seja notícia. Cinco meses após ter casado com Nicolas Sarkozy, tudo o que é Carla vende. Carla e os vestidos, os amantes de Carla, o cabelo de Carla, os caprichos de Carla, o staff de Carla, as obrigações de Carla, a segurança de Carla, o que pensa Carla sobre a crise energética, sobre a fome, sobre os refugiados, sobre o papel que deve desempenhar; as viagens de Carla, as carteiras de Carla, Carla e a música... Depois da mediatização da sua visita oficial a Israel, a primeira-dama de França voltará a ser o foco de todas as câmaras naquela que será a sua primeira festa do 14 de Julho, que acontece três dias depois de ter lançado o seu terceiro álbum. Ela é um dos símbolos mais marcantes deste início de mandato de Sarkozy e, dizem as más línguas, o grande trunfo de que o presidente francês se serve para construir a sua imagem pública.
A conjugação destes dois momentos, o político e o artístico, vai ajudar a exponenciar o fenómeno Carla que Sarkozy já incorporou na sua estratégia de gestão mediática. Mas até que ponto Carla Bruni influi na política desenvolvida pelo palácio do Eliseu, sede das principais decisões de França? Na sua penúltima edição o magazine L'Express tentou dar resposta num artigo que fez capa e a que chamou "Sistema Carla", um sistema que segundo aquele órgão de informação "se inventa com o desenrolar dos episódios, que se desenvolve lentamente na República, como um motor que vai berrar alguns dias com o lançamento mundial do disco, depois ronronar durante as férias, antes de entrar em vigor. Carla Bruni-Sarkozy, artista, mulher política, não está senão no começo".
Tudo é cuidado ao pormenor neste "sistema". Cada viagem é preparada ao detalhe, cada aparição oficial gerida ao pormenor. O protocolo e a célula diplomática encarregam-se da gestão e os telefonemas sucedem-se. Há que marcar bem a diferença entre o que são as aparições ao lado do presidente dos momentos em que surge sozinha. Escreve o L'Express que todas as semanas uma pequena equipa se reúne para tomar todas as decisão. Estão lá o chefe do protocolo e da célula diplomática. E Bruni não descartou a liberdade de tomar algumas decisões nessa máquina que não a abandona nunca. Garantiu, inclusive, uma liberdade de se expressar até agora pouco comum às senhoras que "habitaram" o Eliseu e chama a si algumas decisões em matéria de protocolo. Esta é uma matéria que interessa à primeira-dama. No jantar que o presidente francês ofereceu durante a sua visita oficial a Israel, há cerca de duas semanas, Madame Sarkozy mandou baixar a intensidade das luzes depois dos discursos para amenizar o ambiente e a sua vontade foi feita.
Carla Bruni aparenta ser uma boa aluna nisto de ser mulher de um dos homens com maior visibilidade na política mundial. Estar ao lado de Sarkozy implica estar próximo de alguns dos dirigentes mais poderosos e influentes do mundo. Sabes-se, por exemplo, que não gostou particularmente do regresso ao poder, em Itália, de Silvio Berlusconi e sabe-se também de uma conversa sobre segurança que manteve com o presidente afegão, Hamid Karzaï. Ele terá confessado a Carla as fragilidades do seu sistema de segurança ao qual cabe zelar pela sua vida. Com George Bush conversou sobre alcoolismo e, ao marido, vai citando Nietzsche. "Porque não?", diz ela. A liberdade começa quando distinguimos aquilo que depende de nós daquilo que não depende de nós, um aforismo querido a Bruni que é servido pela mulher ao presidente em forma de conselho.
Citando exemplos, escreve ainda o L'Express que é em matéria de comunicação que a influência de Bruni se faz sentir de um modo mais contundente. Ouve os conselhos, mas a última palavra é sempre dela. Foi também ela quem elegeu as grandes matérias em que irá apostar depois dos compromissos associados ao lançamento do seu disco. Serão a luta contra a ignorância e contra a pobreza. Mas como irá ela, até lá, conjugar a discrição que elegeu para ser a sua imagem de marca no Eliseu com a promoção do seu disco? Ela promete estar vigilante, atenta ao impulso, muito seu, de mandar tiradas provocatórias nas entrevistas promocionais. Esse recuo não está previsto.
O marido, Nicolas Sarkozy, reconhece essa capacidade invulgar que a mulher tem para comunicar, mesmo sem dizer nada. Ele sabe tirar partido disso, como reconhece, aliás, a maioria dos franceses numa sondagem publicada precisamente pelo L'Express. À pergunta "Pensa que o Presidente da República, Nikolas Sarkozy, utiliza a sua mulher para a sua imagem pessoal?", trinta por cento das respostas foram um "claro que sim "e 25 porcento um "sim", claro. Não há dúvida. Carla Bruni-Sarkozy é um trunfo num momento político particularmente difícil, com a contestação social a tomar conta de muitos sectores em França. Carla pode funcionar como distracção e o presidente agradece que o povo ande distraído com Carla.
Os mesmos inquiridos tinham outra questão para responder. Será que Carla Bruni está a desempenhar bem o seu papel de primeira-dama de França? Mais de 50 por cento disse que sim. E se sim, tudo vai bem pelo Eliseu. Sarkozy ganha pontos com a popularidade da sua segunda mulher, uma mulher que não levou consigo o séquito que levaria Cecília, a mãe dos filhos de Sarkozy, politicamente mais ambiciosa que Carla, igual- mente popular em França, mas sem a mesma capacidade de encantar o mundo e eficaz a controlar os nervos do presidente quando este se exalta a falar em público. "Nós não falamos assim." Palavras de Carla Bruni dirigidas ao seu enervado marido. É esta Carla que vai ter de se refrear quando sair o seu disco. A prioridade não será a de contar as vendas. A prioridade será sempre o seu papel como primeira-dama. Ela não será primeiro uma cantora. Será uma primeira-dama que canta, que reinventa o seu papel. Disse ela: "Espero não chocar mais as pessoas com a minha vida profissional, uma vida independente e sem anonimato."|
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