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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Vitor mango Qui Jun 11, 2009 3:10 am

Relembrando a primeira mensagem :

Iniciamos aqui a publicaçao de um extenso relatorio de viagens feito pelo meu amiggo Poças que desde tenra idade palmilhou pelos 4 cantos do mundo reunindo preciosos documentos da nossa historia
Trata.se de uma documentaçao de muita valia cuja publicação aqui é possivel pela amizade pessoal


PRIMEIRA VIAGEM

AO

EXTREMO ORIENTE

NOTA
Este texto foi escrito durante a viagem, nos intervalos das deslocações, nas paragens de autocarros, nos aviões, nos barcos, à beira do mar, enfim, nas horas de descanso nos hotéis, em bancos de jardim, nas mesas de cafés...
As datas e dados históricos carecem de verificação pois foram obtidos das mais diversas fontes (jornais, livros/guias, museus, conversas, etc), sempre durante a viagem.
Foi escrito sem preocupações nem ambições literárias, nem com a intenflo de vir a ser publicado, mas tio-somente como auxiliar de memória e referência fuwra para mim próprio. Depois desta viagem já fiz mais duas com a mesma duraç&o ao Oriente e as recordações dos episódios, itinerários, nomes de pessoas e de lugares, começam a baralhar-se. A consulta dos “Diários” é essencial para reavivar a memória.
Alguns extractos do texto foram publicados na revista ‘Magazine — Grande Informação”.

AGRADECIMENTO
A Ethel pela sua paciência e persistência em dactilografar o texto até ao fim, n~o obstante as dificuldades em decifrar a minha caligrafia (muitas vezes escrita sobre ojoelho), agravadas pelo seu pouco conhecimento da língua portuguesa.

José Ezequiel Poças Gomes
Quinta de Rio Alcaide, 1 de Março de 2009










pagina um


VIAGEM AO ORIENTE Inicio 12-09-2003
Fim 15-03-2004
….A visita ao Taj-Mahal suscitou-me a curiosidade de conhecer melhor a história do seu erector, Shah-Jallan, e a dos seus aguerridos antepassados maometanos
A penetração do Islão na India não é diferente do que se passou com a expansão daquela religião no resto do Mundo. Desde aquela fatídica revelação em que Aflah instruiu o Profeta ~1aomé de que poderia, a partir daquele momento, usar a força das espadas como meio de persuasão para converter infieis, o Islão não mais parou de utilizar as maiores atrocidades para se instalar nas diversas partes do Globo Para quê missionários se o próprio Deus lhes ordenou que usassem as espadas
Unificadas pela força as diversas tribus da Peninsula Arábica, sucessivas bordas islâmicas submeteram a Sina, a Mesopotâmia, Palestina, Egipto, Norte de Africa, Marrocos, Península Ibérica atravessando os Pirinéus para subjugar a Europa, só parando às portas de Paris onde Carlos Martel os susteve. Para Oriente o avanço foi Idêntico chegando à China. Quanto à India a agressão islâmica começou no Sec. XI pela espada de Mahmud de Gahzni, pequena cidade afgã entre Kabul e Kandahar. Para Gahzni carreou Mahmud os tesouros saqueados no Norte de India transformando a pequena e obscura cidade em opulenta capital do seu reino
Das atrocidades perpetradas por Mahmud avulta a execução de 70.000 hindus que obstinadamente defenderam o seu templo á divindade Shiva, na cidade de Somnath.
Os Séculos seguintes viram sucessivas invasões islamicas porem a ferro e fogo o Morte da India atingindo o apogeu com a descida desde Samarcanda,.. em 1398, dos exércitos do sanguinário Tamerlão, que tinham ordens expressas do tirano para saquear, arrasar e queimar todas as povoações por onde passassem e de passar pelo fio da espada todos os hindus em quem pusessem a vista em cima... Após o saque, destruição e incêndio de Deli, 100000 hindus (segundo alguns autores a totalidade da população) Ibram degolados. Declarando-se a peste nas hostes muçulmanas, Tamerlão ordena o regresso a Samarcando. Formou-se então a maior caravana que a Mia jamais vira ... filas intermináveis de elefantes, cavalos e camelos, levaram da India os seus tesouros e as mais belas mulheres para abastecerem os harens de Samarcanda...
Em 1527 já com os portugueses em Goa, é a vez de Babur ou Babar, ele próprio descendente de Tamerlão e de Gengis Cão. Fiel ás tradições familiares e aos ensinamentos de Maomé, comete as mais horrendas atrocidades, de entre as quais avulta a de mandar degolar, de uma só vez, 15.000 indianos,. .Babur não regressa aos desertos afgàos; prefere ocupar a terra alheia e ficando na India até o programa
Se Imperador.COfll ele começa a dinastia Mogol (Mogul. ou •Mugal) de qüe irâo sobressair o seu neto Akba (amigo dos português e casado com a portuguesa Maria, de Goa, aqui conhecida por Mariam e o neto de Akbar, Shah )ahan, Directorr do Taj-Mahal


Última edição por Vitor mango em Sáb Jun 02, 2012 10:36 am, editado 2 vez(es)
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Mensagem por Admin Dom Jul 26, 2009 6:45 am

p0agina 106 a 110

ordnariamente sahião às Religiosos p. essas missões, se acabou totalmente comunicação e tratos dos Portuguezes com muyins daquelles Reys...
Os padres que saíam de Malaca para Timor e Solor, eram pagos à razão de 150 cruzadas por ano "...e hum pipa de vinho p. missas ..." acabando-se este subsidio logo que se perdeu Ma laca.
Não era só o espirito de aventura, a fé religiosa, nem a miragem da riqueza que movia os Portugueses do séc. VXI. Em muitos deles havia a esperança de encontrarem algures um recanto do mundo onde tranquilamente aguardassem o fim dos seus dias, fugindo de uma vez para sempre não só ao fragor das batalhas mas também ao fragor das ondas. Por isso muitos se fixaram em zonas que lhes pareciam reunir boas condições para uma vida calma dedicada ao comércio e à agricultura. Tomavam mulheres locais e constituíam famitias de que viriam a descender a grande prole dos "Portugueses Pretos" (como os holandeses chamavam aos mestiços portugueses) formando núcleos espalhados por todo o Oriente e dos quais descendem muitas destas pessoas com nomes portugueses que tenho vindo encontrando ao longo da viagem.
Pelo livro de ordens régias de 1638 sabe-se que os holandeses se instalaram em Solor no mesmo sitio de onde expulsaram os portugueses, mas a sua permanência durou pouco tempo devido ao debilitante clima. No entanto, alguns portugueses ali continuaram e estabeleceram pouco a pouco relações com Timor "donde traziam sândalo para o dito Solar e aly o vinham buscar os navios de Macau para vender aos chinas.. " o qual... "he general melhor para os chinas pello muyto que que/mão é seus pagodes.,."
O NOME HORNAY - No cemitério de Larantuka, além de muitas referências a defuntos com nomes portugueses vi várias campas com o nomë Hornay e nos livros que tenho consultado aparece com frequência este apelido estrangeiro como estando ligado aos destinos de Timor desde o século XVII. Ainda há pessoas com este nome em i irnor e também em Kupang (antigo Cupão, principal cidade de Timor ocidental, onde houve uma pequena fortaleza portuguesa). Recentemente, o Correio da Manhã (27 de Agosto de 2006) publicou a seguinte noticia: "Por ordem do nosso ministro do interior fomos ao comando da ONU para uma reunião sobre a nossa actuação na nova missão das Nações unidas e os polícias australianos obngaram nos a despir as nossas fardas e a ficar em roupa interior no meio da rua, em frente de toda a gente, confirmou, indignado, o oficial tmorense Júlio Homay
Qual a origem deste nome? Os antigos cronistas chamam-lhe 7an d'dmey.
Segundo um autor em ".:.1613 passou de Solar a Timor um aventureiro que dizem ser hofandez, outros Italiano, e ali se casou com uma mulher da terra, da qual teve um filho a que deu o nome António Homay"'
Outro afirma "..e assim se verifica, sem sombra de dúvida que António Homay era filho de um desertor holandez e de uma portuguesa, conforme consta de uma carta remetida ao Rei de Portugal 'por António de Meio e Castro... datada de 1666'

Ainda outo…..(ilegivel na copia )……… Luiz.. [
Mendonça Furtado (1671-1677) refere que: !M' ho.. aviso r ,oë. r J Antunes embarcado na nau Nossa Senhora da Guia, lhe cobre vyo tempo e n se sabe dela, será Ocos servido de a ter a salvamento .e assy ficava i capitania (Timor) o mesmo António Hornay mela-Portuguez e meio-Qiant€ queira Deus que a sua incJlnação seja pella.~arte materna.." Por esta ultiir frase se Infere que era filho de uma portuguesa.
Um livro publicado em 1934, refere; "É esta, pois, a origem cie lia família, que ainda nos dias de hoje, conta descendentes na Ilha de ?tmor.
António Hornay, filho do renegado holandês e de uma portuguesa (c mestiça portuguesa) chegou a ter tanto poder em Timor, que se auto-intitule Capitão-Governador, à revelia das instruções de Goa, de onde a ilha depend administrativa, religiosa e militarmente. O poderio, riqueza: e influencia desi Hornay em. Timor era tal, que Lisboa e Goa nada podiam fazer para
controlar, havendo sempre  receio de que ele, juntamente com a ilha, bandeassem para os holandeses. Diplomaticamente, Lisboa acabou por aceít lu, confirmá-lo no cargo e atribuir-lhe títulos honoríficos ao que ele retribu enviando avultadas somas para Goa e Lisboa.
LARANTUCA, é a cidadezinha mais simpática da Ilha das Flores devic ao seu traçado urbanístico e à vista que dela se desfruta sobre as Ilhás Adonaa e Solor. A estrada por onde se chega vindo de Maumere bordeja  mi proporcionando belos panoramas. Tendo por base Larantuca, podem fazer-e belos passeios de barco ou de carro aos arredores, havendo praias e locais ç interesse histórico.
O património histórico é principalmente constituindo por igrejas e capee bem como por ruínas de antigas fortificações portuguesas. A população católica, tendo a maioria nomes portugueses (bem visíveis nas lápides n cemitério) e tem para com Portugal e os portugueses sentimentos de afecto estima.
Nesta cidade e em outras localidades das Flores foram recrutadS é 1642 os famosos soldados "Topázios" que sob o comando. de Fran. Fernandes ajudaram a consolidar o poder português em Timor. Posteriorm' revelar-se-iam um problema para a administração portuguesa tendo sido c principais responsáveis por Portugal ter perdido para os holandeses a pari ocidental de ilha de Timor, em cuja capital, Cupão, havia um fortim portuguê Estes "Topázios" ou "Larantuqueiros" como eram chamados, achando-se forte resolveram atacar os holandeses no seu fortim de Cupão na esperança de c derrotar e formarem um território autónomo sob seu governo. Os hoíandesc que até ai se tinham limitado a exercerem autoridade nos arredores do. Fort4 considerando o restante da ilha domínio português, ao derrotarem c 'Larantuqueiros" perseguiram-os para Oriente e não encontrando reststénc nem portuguesa nem dos topázios, acabaram por ocupar .a parte oriental d ilha ficando assim o Timor português reduzido a metade da ilha.
Das várias tradições e cerimónias religiosas herdadas dos portugueses mantidas até hoje em Larantuca e em outras terras de Flores, são de realçar c festejos da Semana Santa e em particular a procissão de 6a Feira Santa, d
rc
cujo programa e composiçao fiz um ….ilegivel ……..um panfleto escrito em p ortuguês muito adulterado):
"A grande Procissão de Sexta-Feira Santa em iarantuca cidade Santa da "Rainha Rosário"- Ilha de Flores.
Dominggu Ramu (Domingo de Ramos)
Quarta de trewa (quarta-feira de cinzas)
De tarde — Na Igreja, a "Confreria" e o Padre cantam em "estilo português"
É proibido na Quarta di Trewa-
1— Mostrar ategria e embebedar-se
2—Zangar-se, lutar e discutir
3 -- Subir árvores; acarretar água nos ombros; usar fogo de,artificio; remar e pescar
4- Ausentar-se para longe
"Ornamento" da procissão:
1. Bandera de Confreria (preta em sinal de luto)
2. Genda Dó (tambor de carpir mágoas)
3. Mataraka (matraca, instrumento de madeira para fazer barulho)
4. Gian de Morti (bandeira preta com caveira)
5. Mãos de D&abu (mãos de diabo que querem apanhar as pessoas mas Cristo vence-as)
6. Lanternas Chinesas (archotes utilizados pelos judeus para prender Jesus no Jardim Getsmani)
7. Karenti e Krona Spina (correntes e coroa de espinhos)
8. Pregos e Bastão de Tortura (instrumentos de tortura)
9. Bolsa e 30 Moedas de Prata (simbolizando a traição e ganância da humanidade)
10. Pau com Esponja Embebida em Vinagre (para humedecer os lábios de Cristo)
11. Lança (que trespassou o estômago de Jesus)
12. Bilha de Barro (contendo água para lavar as mãos de Jesus)
13. Um Galo (símbolo da negação de Pedro)
14. Frutos (frutos proibidos comidos por Adão no Paraíso e que trouxeram sofrimentos à humanidade)
15. Cruz (para suspender Jesus)
16. Escada (para tirar os restos mortais de Jesus)
Ordem da Procissão
1,3 Bandeira da Confreria (Serdati)
2a Cruz tapada com pano de luto, ladeada por 2 homens com lampiões 3a Genda Dó (tambores de luto com todos os.Ornamentos de sofrimento) 4a Membros da Confreria
Sa Cristo Elogia a Confraria (cânticos)
6a Frades e Freiras
Ta Funcionários Religiosos Católicos
' 1OB
cu o ro rasga e com ':
em português muito adulterado): '` '.elegivel ~....4`
„A grande Procissão de Sexta-Feira Santa em tarantuca cidade Santa da "Reinha Rosário"- Ilha de Flores.
Domlnggu Rarmu (Domingo de Ramos)
Quarta de trewa (quarta-feira de cinzas)
De tarde — Na Igreja, a "Confrería" e o Padre cantam em "estão português,
F proibido na Quarta di Trewa:
1— Mostrar a$egria e embebedar-se
2 — Zangar-se, lutar e discutir
3 Subir árvores; acarretar água nos ombros; usar fogo de. arti cio; remar e pescar
4 Ausentar-se para longe
„Ornamento" da procissão
1. Bandera de Confreria (preta em sinal de'uto)
2. Geada Dá (tambor de carpir mágoas)
3. Mataraka (matraca, instrumento de madeira para fazer barulho)
4. Gian de Morti (bandeira preta com caveira)
5. Mãos de Daiabu (mãos de diabo que querem apanhar as pessoas mas Cristo vence-as)
6. Lanternas Chinesas (archotes utilizados pekos judeus para prender Jesus no Jardim Getsmani)
7. Karenti e Krona Spina (correntes e coroa de espinhos)
8. Pregos e Bastão de Tortura (instrumentos de tortura)
9, Bolsa e 30 Moedas de Prata (simbolizando a traição e ganância da humanidade)
10. Pau com Esponja Embebida em Vinagre (para humedecer os # bios de Cristo)
11. Lança (que trespassou o estômago de Jesus)
12. Bilha de Barro (contendo água para lavar as mãos de Jesus)
13. Um Galo (símbolo da negação de Pedro)
14. Frutos (frutos proibidos comidos por Adão no Paraíso e que trouxeram sofrimentos à humanidade)
15_ Cruz (para suspender Jesus)
16. Escada (para tirar os restos mortais de Jesus)
Ordem da Procissão
1a Bandeira da Confrerla (Serdati)
2a Cruz tapada com pano de luto, ladeada por 2 homens com lampiões 3a Genda Dó (tambores de luto com todos os.ornamentos de sofrimento) 4a Membros da Confreria
Sa Cristo Elogia a Confraria (cânticos)
ba Frades e Freiras
7a Funcionários Religiosos Católicos

8a Padres e homens de reserva para transportar a cruz e "Ajudas" ou meninos de altar.
9a Palanquim de Cristo seguido de homens "Promessas"
i0a Palanquim de Santa Maria acompanhado do "Presidenti Confreria" que leva a "Vara Presidenti"
lia "Promessas" também chamados Lakedemu
12a Publico "
A Confraria de Nossa Senhora do Rosário de Larantuca foi inscrita em 1622, pelo Papa Gregário XVI, na Congregação de Propaganda Fide, em Roma.
Outras manifestações religiosas na região, neminiscentes da presença portuguesa:
Em Wuret na costa ocidental da Ilha Adonara tem também procissão de 6a Feira Santa. Os cânticos durante a procissão são cantados em português arcaico.
Konga é uma pequena ilhota situada no Mar de Konga, junto à costa de Flores. Tem procissão de 6d Feira Santa utilizando ornamentos trazidos pelos Portugueses de Malaca. Tais ornamentos estão à guarda, desde há séculos, do Clã de Malaca. Em redor da ilha de Konga tem viveiros para produção de pérolas.
De Latem ler , na Ilha Lembata, vêm pequenos barcos (Sampans) trazendo o Menino Jesus para participar na procissão de 6a Feira Santa em Larantuca. Lamalera é uma minúscula aldeia, 100% católica, onde ainda hoje se caçam baleias utilizando métodos tradicionais por lançamento manual dás arpões e o grito de alerta quando se avistam baleias no mar, tem reminiscências portuguessas.Maleo, baleo, baleo....
Em 1613 foram executados em Lamalera dois religiosos portugueses, cujo sacrifício talvez explique a muita devoção religiosa dos aldeãos. Dois frades partiram da ilha de Ende (onde ainda hoje existem vestígios de uma fortaleza portuguesa), em um pequeno barco a caminho de Larantuca. Sobreveio-lhes temporal e foram arrastados até a ilha de Lomblen (actuai Lembata) onde naufragaram dando à costa precisamente na aldeia piscatória Lamalera. Foram bem recebidos pela população que os agasalhou e confortou. Sabendo do sucedido, os mouros de Lamaquera, situada na vizinha ilha de Solar, vieram nos seus barcos a Lamalera exigir a entrega dos padres católicos para os executarem por os considerarem inimigos da sua fé. Os habitantes de Lamalera recusaram entregar os missionários, pelo que os mouros ameaçaram incendiar a pequena aldeia e matar os seus habitantes. Para evitar a tragédia os padres católicos entregaram-se e foram degolados no local. Presenciou este acontecimento um holandês de nome. Hornay, renegado ao seu pais e à sua gente, que ali mesmo se converteu ao catolicismo renegando também a sua fé calvinista. Há várias versões sobre as razões que levaram este holandês a trair a sua gente e bandear-se para o lado português, uma delas é a de que ele terá tomado por esposa uma nativa ou mestiça portuguesa o que para a
109
mentalidade racista holandesa da época era inaceitável e por isso foi expulso da sua comunidade. Quaisquer que tenham sido as razões que levaram Hornay a fugir para o lado português a verdade é que o nome dos seus descendentes ficaria para sempre ligado à história de Timor.
Outro cronista que relata o sacrifício dos frades refere como esse crime veio a ter repercussão no evoluir dos acontecimentos em Oécussi (enclave de Timor Leste no Timor Ocidental). Informa o autor que dois holandeses que presenciaram a abnegação dos padres ao entregarem-se para salvar a aldeia, tão Impressionados ficaram com o que viram que se converteram ao catolicismo e se integraram nas forças militares portuguesas. Um deles, Jati d'Orney, casou com uma gentia de alta linhagem e fixou-se em Timor, na zona de Oécussi. Deíes descendem os Hornay cujos nomes se veein nas campas dos cemitérios de Larantuca, Kupang, Oécussi e Dili. Ainda segundo o mesmo autor, devido à coragem dos d'Orney, o enclave de Oécussi ficou nas mãos dos portugueses durante séculos e é hoje parte 'integrante do recém-criado Timor Leste, constituindo para os timorenses um loca( de muito simbolismo pois foi ali que desembarcaram os primeiros portugueses.
Quanto ao sacrifício dos zelosos frades parece que não foi em vão — a população de Lamalera é fervorosamente católica e espreitando para dentro das suas modestas habitações vêm-se as paredes literalmente forradas com estampas da Virgem, do Sagrado Coração de Jesus, de S. Pedro, Nossa Senhor de Fátima, Santo António, etc.
No próprio dia e hora em que cheguei a Lamaiera, um coro feminino de cerca de 20 figurantes, ensaiava cânticos religiosos debaixo de um a{penetre no único largo da aldeia, junto a uma enorme e secular árvore que talvez tenha sido testemunha muda do suplicio dos frades.
A HISTÓRIA DA CRISTANDADE DE SOLOR POR OUTRO AUTOR`- Porque Timor não tinha bons portos, os comerciantes portugueses que iam. ao sândalo estabeleceram-se em Solor e Flores e daqui comandavam o comércio da preciosa madeira,
Em Lohajong na ilha Solor um navio português foi retido no porto durante vários meses devido a tempestades que assolaram a região. Não havia padres a bordo mas o capitão, enquanto esperava por bom tempo, deu-se a evangelizar e converter o chefe local e a sua gente.
Antes de levantar ferro o capitão baptizou-os e prometeu enviar um padre. O chefe quis então que o seu filho fosse levado pelos portugueses para ser educado na religião católica e ser sacerdote. 0 capitão levou o rapaz para Malaca onde foi baptizado com o nome de Lourenço e ali começou os estudos. Infelizmente o rapaz morreu pouco depois mas o capitão manteve a sua palavra e em 1562 os primeiros frades Dominicanos chegaram a Lohajong, ilha Solar, onde construíram a primeira igreja. Deli irradiaram para as iïhas próximas. Primeiro para Ende e logo para o restotda Ilha de Solor e depois para Flores e Adonara.
Depressa os missionários compreenderam o perigo que para eles representavam os núcleos muçulmanos de Celebes, de lava e de outras zonas islamizadas da região e construíram um pequeno forte.

lia
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Vitor mango Seg Jul 27, 2009 12:42 pm

1 e112pg

-





0 primeiro mártir foi Frei Pestana morto por piratas muçulmanos em 21 de Janeiro de 1565. Em 15$1,também por
muçulmanos, foi morto na Ilh, Adorara o Frade Montanhas.



Refere ainda o autor que por contrato celebrado em
1642, Portugf
cedeu
a I1olánda as ilhas de
Bali e Lombok mas que
manteve Larantuca e Sikk Ambas nações ficavam com o direito de negociar com as
ilhas de Bima
(actue Sumbawa) e com Timor. Em.
1851, por acordo, Larantuka e Sika forar
entregues aos hoiandeses. ..
OÉCUSSI (20 de Dezembro 2003)


Oécussi também conhecido por Ambeno é um antigo enclave portuqu€ dentro do território de Timor indonésio. Hoje faz parte do recém-nascido
pai República
Democrática de Timor-Leste.



Tem o formato de meia-lua em que o diâmetro é a
costa, e a parte curo uma cadeia de altas montanhas que
formam um acidente geográfico natur~ que o separam de Timor Indonésio.



A pequena capital do enciave chama-se igualmente
Oécussi e foi a Sk
i de
distância, em Lifau, que oficialmente desembarcaram os
portugueses ei 1515 embora já por aqui
tenham andado desde 1509.



o sitio do primeïrá desembarque está devidamente assinalado com ui
pequeno monumento em alvenaria constituído por uma coluna encimada p( um escudo com as quinas. E um local muito
aprazível, arborizado e convidath ao descante. Ali dormi uma boa sesta
à sombra
de frondosas árvores. Fica monumento em cima
de uma pequena elevação de . areia, aparentemeni artificial. Chega-se ao cimo por alguns
degraus. 0 pequeno recinto é envolvk por um murete no qual estão apoiados dois
antigos canhões ..portuguese apontados ao mar.



Sou o único
inquilino de um hotelzInho inacabado- muito bem localizado beira do
mar, mas o quarto é tão quente que optei por levar o colchão para sala, pô-lo em cima
das mesas e é ali que
durmo.



• Salvo pouco excepções, os únicos carros que circulam em Oécussi das Nações Unidas.
que aqui têm forças de manutenção de paz e da Am
(A,ssc aço de Médicos sem
Fronteiras). Táxis ou motos para alugar també
não há e por isso
resolvi ir a pé até Lifau. Um carro com 3 polícias timorens+
levou-me até à pista de aterragem, a que chamam pomposamente aeroporto, dali prossegui a pé. Já próximo do monumento, uma
solitária carrini transportando na -caixa aberta dois timorenses e duas
cabras e na cabine u mestiço e o
seu filho, pararam e
levaram-me. 0 dono é o Sr. Manuel Pereira
Mota, agricultor,
descendente de portugueses (o
avô
era de Gaia), e toda vida viveu em Oécussi. Tem passaporte português mas nunca foi a Portuga Tem oito filhos. Manifestou o desejo de que este filho, que conduzia a carrinh vá passar alguns anos a Portugal, para que pelo menos haja alguém na
forni que conheça a mãe-pátria.








Chegados a Lifau e estacionada a carrinha subimos
alguns degraus na direcção do monumento. 0
Sr, Mota, visivelmente emocionado, afastou com a mão as folhas e pétalas amarelas caídas de frondosa árvore e, apareceu
no chão, escrita com seixos rolados do mar, a frase "Aqui é
Portugal"...



0 Sr. Mota lá seguiu á sua vida e eu fiquei por
ali a deambular, acabando por dormir uma
boa sesta à sombra das árvores que rodeiam o monumento. 0 regresso foi pe#a praia à procura de indícios de bancos de
coral, para
mergulhar e ver se confirma a opinião do Gula "Lonely Planei" de que,
nesta praia, o "Snorkling" é
espectacular. Os primeiros mergulhos não foram satisfatórios por os fundos serem de areia e as águas mexidas e turvas. Mais à frente
junto a urnas rochas havia grande abundância de corais quase à superfície da
água. Estava maré baixa e,
flutuando, quase se lhes pode tocar com a mão. Devido à minha condição isioa, ainda padecendo da garganta não pude explorar
outras zonas, mas pela amostra deu para ver que o_
bancos de coral são magníficos e intactos.
Como estão mesmo junto à costa, e no horizonte não se vê vivaima, quando o
turismo de massas chegar, cada um vai arrancar pedaços de coral e levar
para casa uma lembrança,..



Os corais da
praia de Oécussi são de multas cores: branco carrara, verde de várias tonalidades, azuis, vermelhos, castanhos e pardos, A debicar,
andam pelo meio dos corais peixes coloridos de
pequena dimensão,



Apenas quando cheguei à fronteira de Oécussi me
dei conta do muito tempo que me levou a
atravessar a Indonésia — um mês e meio! Como o visto que
obtive em Singapura era válïde para 30 dias fiquei à mercê dos oficiais da migração que queriam extorquir-me 20 dólares por
cada dia que estive no país alem do
prazo. Como o total dava a bonita soma de 220 dólares fiz também o meu
bluff ` pedindo a devolução do passaporte para voltar a Cupão tratar da
prorrogação do visto!,,,



Entre não "marrarem" nada e
"mamarem" pouco, decidiram-se pelo pouco e lá lhes dei 25 dólares acompanhados de uma bonita história de pretender
assistir à missa do galo em Dili, celebrada por Monsenhor Ximenes



Belo. Sendo todos católicos
apostólicos romanos ficaram muito sensibilizados e



convencidos de que eu era sacerdote,.. A solução encontrada foi andar
com o carimbo-calendário para trás e
carrnbar com a data de 5 de Dezembro, data em que o visto expirou. Uni funcionário indonésio acompanhou-me nos 200m
que nos separavam do posto timorense,
ajudando-me a levar um malote e, sem
que eu lho pedisse, defendeu ali a minha causa, justificando a discrepância da
data carimbada por querer ajudar-me
para ir a tempo de assistir
à missa de
Monsenhor Ximenes Belo..., sem nunca mencionar
os 25 dólares...



0 oficial; timorense carimbou o
passaporte com a data correcta de 16 de Dezembro.
Algum coca-bichinhos que venha a inspeccionar o passaporte vai pensar que demorei 11 dias a percorrer os 200 metros
que separam os dois postos fronteiriços... •



Na fronteira tive fogo provas da simpatia que
esta gente tem pelos portugueses. Um funcionário das
alfandegas, o franzino e delicado Sr. Eduardo Fernandes Maria (Alfândega de
Oécussi, Bobometo, Oesilo) Timor-Leste,



falando bom português, fez questão c-e me acompanhar e
ajudar a transportar
o
malote até sua casa, focalizada no primeiro povoado pouco além da fronteira.
Vitor mango
Vitor mango

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Mensagem por Admin Qua Jul 29, 2009 1:41 am

pagina 113

Solícito, preparou chá e chamou a mulher para me apresentar. É de Dili e está aqui em comissão de serviço há um ano. Casou com uma rapariguinha também catóflca, natural da Indonésia, do outro lado da fronteira. Têm uma filhinha de colo. Tiramos fotos que lhes enviarei.
A decrépita carrinha que me levou à capital do enclave, Qécussi, começou a descer as montanhas em direcçãõ ao mar e, apreciando lá de cima a paisagem, achei estranho muitas das casas terem telhados idênticos e novinhos, brilhando ao sol no meio da verdura. Sabendo da voragem destruidora das milícias pró-indonésias após o referendum, em que 80% da população timorense optou pela separação da Indonésia e pela independência total, fiquei logo a pensar que aqueles telhados novinhos e brilhantes, nada ccnd}zentes com os estilos das casas, seriam uma solução de emergência encontrada pela comunidade internacional, para dotar de um tecto as familias que perderam os seus lares devido à vingança incendiária dos que foram derrotados nas eleiçOes.
N~o foi preciso perguntar a ninguém para ter a confirmação das minhas desconfianças: Mais a baixo começaram a aparecer casas sem paredes, só com os pilares e os tectos, dentro das quais estavam as mobilias que se viam da rua. Ao longo das duas dezenas de quilómetros, até chegar à mmi cidade de Cécussi, todas as casas, sem excepção, tinham sido queimadas! Algumas já com os telhados novos da tal chapa zincada, ntas muitas outras em ruínas à espera de serem restauradas. Vê-se de tudo; casas de alvenaria com as paredes em pé em que telhado, janelas e portas foram consumidos pelas chamas, outras que terian sido de consfruç~o tradicional em como entrançado
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Admin Qua Jul 29, 2009 1:43 am

pagina 113 (')

Fiquei a pensar que talvez a “cidade” tivesse sIdo poupada e que esta tragédia tivesse sido levada a cabo apenas nos sftios mais ermos, mas à aproximação da cidade verifiquei que tudo estava igualmente ardida.. Ruas inteiras só com paredes escurecidas pelo fumo, sem telhados e onde a natureza pródiga começa a estender o seu manto verde com as p’antas a cobrirem as ruínas... O livro/guia Lonely Planet fala em 95% de destrulçào mas eu afirmo que a percentagem é 100%, pois em 3 dias de deambulaç~o ainda não vi nenhum edifício intacto. O que têm feito é pôr telhadõs de zinco em cIma das paredes que oferecem alguma segurança para alojar tempqrariamente pessoas e serviços. E no mínimo caricato ver casas de bela traça colonial que se imagina teriam belos telhados verrnelhos de telha lusa, com aqueles apêndices de zinco a encimá-las, descaracterizando-as.
Na ~cidade” apenas contei dois telhados de t&ha portuguesa intactos embora as divisões por debaixo deles estejam igua’mente ardidas. Provavelmente estes dois telhados estão assentes em placas de cimento e o fógo n~o se propagou ao vigamento e ripas.
Fui visitar os dois cemitérios de OéCUSSi, como é meu costume, pois petas lápides se pode aprender muito sobre o passado da cidade. O cemitério chinês fica a meia encosta, no caminho para o antigo forte português de Pata Suba, sobranceiro à cidade e apenas a 1,4 krn da praia. As lápides são bilingues (chinês e português) e os nomes são igualmente mistos do género ‘Fátima Chang Li de Sousa”. O cemitério católico é na pequena planície enta’ada entre o mar e os belíssimos montes que lhe ficam por trás, por onde se estende a aldeia-cidade. Ali encontr& duas famíHas em grande azáfama a construírem dois mausoléus~ O chefe de uma dessas familias de apelido Rosa, fala muito bem português e contou-me que durante os 25 anos de ocupação indonésia não era permitido falar português e exerciam represálias a quem o fizesse. Diz que sempre falou português com os filhos mas que devido à falta de prátíca estes n~o falam muito bem.
Multas das casas qu&madas, aparentam ter sido pertença de gente abastada pois têm logradouros para empregados, garagens, vestígios de bons jardins e outros Indídos de ali ter morado gente bem Instalada na vida. Perguntei ao Sr. Rosa onde é que estão os donos dessas belas moradias. Respondeu-me que a maioria estão por aqui, Instalados provisoriamente nestas casas com telhados de zinco ou em outras com telhados de coimo construídas para habitação temporária, até terem ccndiç~es de reconstruir as moradias p~1ndpais.
O Sr. Rosa é aposentado da Caixa Geral de Pensôes e recebe a sua pensão todos os meses, de Portugal. Pediu-me para levar urna carta para Portugal para a C, G. de Pens6es, para tratar da aposentação de um seu cO’ega.
Um outro grupo que enconirel no cemitério era mais popular, gente do povo. Os de mais idade falam português e um deles para me mostrar o seu amor por Portugat citou de cor os nomes dos principais rios portugueses, os nomes de várias serras como Estrela, Marào e Caldeirão, enumerando também as antigas Províncias ultramar~nas Portuguesas sem falhar uma, acrescentado à
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Mensagem por Admin Qui Jul 30, 2009 12:57 am

paginas 113.114.115

Solícito, preparou chá e chamou a mulher para me apresentar. É de Dili e está aqui em comissão de serviço h~ um ano. Casou com uma rapariguinha também católica, natural da Indonésia, do outro lado da fronteJra. Têm uma filhinha de colo. Tiramos fotos que lhes enviarei.
A decrépita carriylha que me levou à capital do enclave, Gécussi, começou a descer as montanhas em dtrecç~õ ao mar e, apreciando lá de cima a paisagem, acuei estranho muitas das casas terem telhados idênticos e novinhos, brilhando ao sol no meio da verdura. Sabendo da voragem destruidora das mili’cias pró-indonésias após o referendum, em que 80% da população timorense optou pela separação da Indonésia e pela independência total, fiquei logo a pensar que aqueles telhados novinhos e brilhantes, nada condizentes com os estilos das casas, seriam uma solução de emergência encontrada pela comunidade internacional, para dotar de um tecto as fam~ias que perderam os seus lares devido à vingança incendiária dos que foram derrotados nas eleiç~es.
Casa queimada em Cécussi
N~o foi preciso perguntar a ninguém para ter a confirmação das minhas desconfianças; Mais a baixo co?Tleçaram a apareder casas sem paredes, só com os pilarés e os tectos, dentro das quais estavam as mobilias que se viam da rua. Ao longo das duas dezenas de quilómetros, até chegar à mmi cidade de Qécussi, todas as cases, sem excepção, tinham sido queimadas! Algumas já com os telhados novos da tal chapa zincada, mas muiLa~ outras em ruínas à espera de serem restauradas. Vê-se de tudo; casas de alvenaria com as paredes em pé em que telhado, janelas e portas foram consumidos pelas chamas, outras que terian sido de consfrução tradtional em como entrançado


de bambu, das quais nada resta, apenas vestígios cio local onde estavam

~mpIantadas. — Uma desolação confrangedora.
Fiquei a pensar que talvez a “cidade” tivesse sido poupada e que esta tragédia tivesse sido levada a cabo apenas nos sftios mais ermos, mas à aproximação da cidade verifiquei que tudo estava igualmente ardido... Ruas inteiras só com paredes escurecidas pelo fumo, sem telhados e onde a natureza pródiga começa a estender o seu manto verde com as plantas a cobrirem as rulnaa.. O livro/guia Lonely Planet fala em 95% de destruição mas eu afirmo que a percentagem é 100%, pois em 3 dias de deambulação ainda não vi nenhum edificio intacto. O que têm feito é pôr telhados de zinco em dma das paredes que oferecem alguma segurança para alojar tempqrariamente pessoas e seMços. E no mínimo caricato ver casas de beÇa traça colonial que se imagina teriam belos telhados verínelhos de telha lusa, com aqueles apêndica de zinco a encimá-tas, descaracterizando-as.
Na ~cidade” apenas mnte~ dois telhados de telha portuguesa intactos embora as divisões por debaixo deles estejam igua’mente ardidas. Provavelmente estes dois telhados estão assentes em placas de cimento e o fógo não se propagou ao vigamento e ripas.
Fui visitar os dois cemitérios de Qécussi, como é meu COstUme, pois pelas lápides se pode aprender muito sobre o passado da cidade. O cemitério chinês fica a meia encosta, no caminho para o antigo forte português de Pata Suba, sobranceiro à cidade e apenas a 1,4 km da praia. As lápides são bilingues (chinês e português) e as nomes são igualmente mistos do género “Fátima Chang Li de Sousa”d O cemitério católico é na pequena planície entalada entre o mar e os belíssimos montes que lhe ficam por trás, por onde se estende a aldeia-cidade. Ali encontrei duas famílias em grande azáfama a construírem dois mausoléus. O chefe de uma dessas famílias de apelido Rosa, faia muito bem português e contou-me que durante os 25 anos de ocupação indonésia. não era permitido falar português e exerciam represálias a quem o fizesse. Diz que sempre falou português com os filhos mas que devido à falta de prática estes não falam muito bem.
Muitas das casas queimadas, aparentam ter sido pertença de gente abastada pois têm logradouros para empregados, garagens, vestígios de bons jardins e outros Indídos de ali ter morado gente bem instalada na vida. Perguntei ao Sr. Rosa onde é que estão os donos dessas belas moradias. Respondeu-me que a maioria estão por aqui, Instalados provisoriamente nestas casas com telhados de zinco ou em outras coçn telhados de como construídas para habitação temporária, até terem condiçôes de reconstruir as moradias principais.
O Sr. Rosa é aposentado da Caixa Geral de Pensões e recebe a sua pensão todos os meses, de Portugal. PedIu~me para levar uma carta para Portugal para a CL G. de Pensôes, para tratar da aposentação de um seu co~e9a.
Um outro grupo que enconirel no cemitério era mais popular, gente do povo. Os de mais idade fa’am português e um deles para me mostrar o seu amor por Portugal citou de cor os nomes dos principais rios portugueses~ os nomes de várias serras como Estrela, Marào e Caldeirão, enumerando também as antigas Províncias Ukramarinas Portuguesas sem falhar uma, acrescentado à
Usta a Madeira e os Açores. Ainda se lembrava” da revolução de 1640 em que corremos com os espanhóis “... e do nome do primeiro rei de Portugal...
Finalizou declarando orgulhoso — “ sabe, eu fiz o exame da 40 classe portuguesa e tínhamos de saber isso tudo...”
Para que ele soubesse que essas obrigações de aprendizagem eram recíprocas e que nós em Portugal também aprendíamos a geografia e a história das Provindas Ultramarinas, disse-lhe os nomes dos montes mais altos de limar — O Ramelau e o Tatamailau...
Este grupo com quem falei, sentados numa pedra tumular, era muito terra a terra e não tinha papas na língua: Sobre o que aconteceu em Timor durante os 25 anos de ocupação disseram que os indonésios menosprezavam tudo o que era português. Exemplos: Nas esquinas das ruas da cidade a palavra Rua foi substituída por Jalan; os escudos das quinas nos vários edifícios públicos foram caiados por cima (mas que agora, quando tudo for reconstruído que irão tirar a cal e as quinas vão ficar à vista outra vez...); que Os comerciantes muçuFrnanos de Makassar (capital do sul de Celebes e centro de irradiação islâmica) e de Java, quando vinham nos barcos a Oécussi vender os seus produtos3 aliciavam as pessoas mais necessitadas com presentes e dádivas para se converterem à fé islâmica. Tomavam nota dos nomes dessas pessoas para no futuro fiscalizarem se praticavam a religião e exerciam represálias caso não. Que davàm dinheiro e roupas com o mesmo fim, e que muítos maometanos se flxaram aqui. Todos fugiram coni medo de retaliaçtbes depois do Enclave ter sido incendiado. Hoje, Oécussi, disseram, é um dos 3 distritos de Timor-Leste onde se não encontra um único muçulmano...


ha duas fotos nao incluidas
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Mensagem por Admin Sex Jul 31, 2009 2:09 am

pag 116,117,118

Os comentários que teci antes neste Diário sobre as virtudes de alguns aspectos da colonização portuguesa quando comparada com a acção de outras potências colorilais (nomeadamente a holandesa e a inglesa),. n~o podia ter vindo mais a propósito. Citei na altura algumas preciosidades urbanísticas deixadas p&os lusitanos M5 4 cantos do Mundo (e nem sequer mendonei Ouro Preto, S. Luís do Maranh3o, flha de Moçambique ou a colónia de Sacramento no Uruguai) e poderia ter acrescentando à lista esta aldeia-cidade de Oécussi. Quando escrevi aqueles comentários estava em Cupão, capital do Ttrnor indonésio.. .e ainda não Unha visto esta pequena jÕ~a urbanística que é Oécussi.
Durante 45 dias percorri a maior parte da Indonésia, onde os holandeses pontificaram durante 3 séculos e meio. Não vi cidades, vilas ou aldeias com plano urbanístico que se compare com Oécussi. Vi, sim, a orla marítima obstruída e estragada com mamarrachos, casinhotos e ruas tortuosas, sem condições para os habitantes usufruírem da frente do mar. Quem não acreditar e ache que exagerã, aconselho que visite em Cupão a Avenida Marginal. (?) em frente ao Hotel Sus! ou a orla marítima em frente do Museu do Mar (do meu amigo frade Gabriel Goran) em Ende; ou a zona ribeirinha junto ao porto de Maumere, nas Flõres, ou ainda as várias pequenas cidades portúárlas de Sumbawa, Sarnatra e Java onde as frentes do mar s~o autenticas lixeiras, sem
monumentos nem edificações de vulto... -

Aos nossos pseudoJinte~ectuais t&o ávidos em louvaminhar os inteligentes e desenvolvidos nórdicos europeus, aconselho a que venham ver o que os ~atrazadinhos’7 portugueses fizeram em Oécussi, e que na realidade Mo é mais do que fizeram em muitas terras de Angola, Guiné1 Moçambique ou
Brasil. -
A propósito dos nossos intelectuais canhobs, permanentemente dispostos a denegrir a imagem de PortlJgalf o nosso passada e nossa história~
• sem falar nos arrebiques de linguagem que agora usam, metendo à força n
m&o das frases1 vocábuks ingleses (tlmfngs fe&tac*,~ kwN*~y&.) ~m
aspas nem itálicos, como se~ de palavras portuguesas se tratasse, vale a pena ~citar o autor/historiador fihipino Gregório Zalde, no seu llvro-~’The Philipinës — A tUnique Nadon~’, pãg. 85~ ‘~ felizmente, Pcvtk~’aI nunca ,ahnvu Ou
•c?/onizou as fll4oinas. Se nós tivéssemos ficado sob o jugo dos Pbftugueses, os :Ho/andeses mais tarde teriam tomado conta do paí~~ assim como tomaram ~.. conta &s ilhas das E~c~t%ziS em 1607 Os Hoh9ncleses &am cOlon&za491V5 ~rn ais cruéis do que Portugueses ou Espanhóis. Nem tão~ pouco estavam os ;~:flbmMt95es interessados em evangelizar os nativvs,i~ que considera vatii praticamente sub-hu/zypnos. Os Holanttes não se niiscenlzavam nem .,educavam as gentes:: das suas vián ias. Comparados çom as experiências ;1rolonh~is dos Ko/ande5es, Ingleses ou Franceses, os Bpailióis (e Portugueses) ~:4rani mais benignos e liberais nas suas colónias”

• O&ussi tem, ~o longo de toda a frente do mar, uma larga Avenida larginal arborizada,—~ue permite, a pé, de bicicleta ou de carro passear à beira
:~ar sem que nada estorve a vista do oceano. Entre esta avenida e o mar hà 3 ~tu 4 monumentQs cóm jardins a assinalar os vários períodos da vida da secular ~idade~a~deia q~ejífoi capita’ de Tirrior.


Percorrendo a Avenida, vêem-se do lada aposto ao mar, implantados em desafogados lotes de terreno bem arborizados, os edifícios públicos de bela traça colonial (agora queimados mas ainda dando ideia da anterior imponência), salientando-se a Casa da Administração com a sua bela e abundante colunata e escadarias com balaústres de pedra.. Sucedem-se ao longo da avenida, todos de frente para o mar, o quartel dos bombeiros, da polícia, o almoxarifado, o liceu, seguindo-se casas particulares. Perpendicularmente à praia e à Avenida Marginal, que venho mencionando, estão as ruas largas, de traçado rectilíneo, que acabam em outra avenida na base dos montes altaneiros que delimitam e cidade do lado Sul. Uma das ruas perpendiculares à praia dá ideia de ter sido destinada a espinha dorsal da cidade pois tem 2 faixas de rodagem, com separador central ajardinado e um monumento caiado dé branco num cruzamento central.
Nem o Marquês de Pombal ou Oscar Niemeyer teriam feito melhor... A Av. Marginal prolonga-se até Lifau (5km) onde está o monumento ao primeiro desembarque dos portugueses, tendo sempre casas espalhadas ao longo do~
•trajecto, mas todas do lado da terra; o lado do mar está livre para usufruto da% gerações futuras...
A aldeia-cidade tem condições para se desenvolver e expandir pois o seu plano foi feito com cabeça... A beleza natural envolvente também ajuda. De um lado o mar, do outro, muito próximos, os montes aguçados e cobertos de verdura que emolduram a cidade do lado indonésio. -
Foi com satisfação que vi um garfo e uma faca, ao porem a mesa para o almoço no único restaurante de Cécussi. Nos restaurantes da Indonésia nunca ‘pÕem facas nas mesas e durante os 45 dias que por lá andei sempre çomi com garfo e colher, quer se tratasse de pratos de peixe ou de carne. Várias vezes pedi uma faca e raramente o meu pedido foi satisfeito, pura e simplesmente põrque não têm facas! Só de cozinha!

Outras curiosidades — Das Flores para cá, talvez por predominar .a cMlização cristã, vi com alguma frequência rapazes com guitarras cíebaixo do biago ou tocando-as nos jardins-e nos barcos durante as travessias entre ilhas. NaTzona muçulmana da Indonésia não me lembro de ter visto~uma única güitàrra.
~t Tal como Flores e Timor-Leste, o Timor Indonésio é predoninantemente trJstão. Nas zonas rurais de Flores fazem as sepulturas junto às casas. Em ~1~mas zonas vêm-se autênticos mini-cemitérios de 3 ou mais campas nas liôrtas e nos quintais. Por vezês fazem alpendres em dma das campas e talvez ~rserem frescas, são utilizadas para a~ pessoas descansarem, s~itando-se ou :‘~ljjrmindo a sesta em cima delas...

t~~: A parte indonésia da Ilha de Timor tem mais influência portuguesa do quê o resto da Indonésia (com exclusão de Flores). Há mais palavras ~:~pottuguesas no vocabulário e segundo me dizem, também muita influência na ccfltrrària e nos costumesz~ Corno o Natal está à porta, por todo o lado há letj’dros desejando Boas-Festas comos dizéres ‘~Setamat Natal’Y


Outra curiosidade que notei foi o uso e abuso nas Flores e em limor Oeste de ‘1naperons”, toalhas e toalhetes bordados em ponto cruz, exactamente como era uso nas casas de província portuguesas de há poucas décadas.

No século XVI Timor era visitada periodicamente por comerciantes portugueses que iam em busca da madeira bem cheirosa — o sândalo. N~o havia estabetecimentos portugueses permanentes, nem aglomerados populacionais sob a sua autoridades Os comerciantes frequentavam os portos de Lifau, Cupão, Bahào, Diii, nas monções convenientes. Armavam as suas barracas de pau e folhas de palmeira e ali ficavam semanas ou meses até carregarem os seus barcos corri troncos da odorífica madeira, após o que regressavam a Solor, Lárantuca (Flores), Macau, Macassar (Celebes) ou Malaca. Em 1640, Timor estava ainda sem autoridade portuguesa. Haveria sim, como por todo o lado, aventureiros portugueses espalhados pela ilhaf mas disso n~o há registos A história da presença lusitana em Tinwr começou em Oécussl pois foí.aqu$ o primeiro estabelecimento pernianerite e sede admh’iistrauva. A capital. só mUdou para Dili no séc. XVIII devido aos frequentes ataques dos ~Topázios” (larantuquelros), inicialmente recrutados pelos portugueses nas Flores para os ájudarem a pacificar a ilha de Timor, mas que mais tarde se constituíram em força autónoma, guerreando ora os holandeses que se haviam fixaçio em Cupão, ora os portugueses de Oécussi.

DILI - É um espectáculo confrangedor passear pela cidade e observar a cada passo os estragos feitos pelo fogo. A capital de Timor tinha belos edifícios públicos e mansões privadas, tendo tudo sido alvo do archote das milícias indonésias. Desapontados com o resultado do referendum pelo qual os Urribrenses decidiram tornar-se um país independente e abandonar a união com a Indonésia, as tropas de ocupação, antes de abandonarem o país, resoLveram vingár-se e queimar tudo e que foi possível queimar. Tiveram nessa sinistra tarefa a ajuda de uma minoriaS de cidadãos timorenses partidkios da
•cõntiuação de limar integrado-na República cIa Indonésia, como- sua 29 próvíhcia. A percentagem dos qu~ votaram contra a independência foi-de cerca de2f1% e foi desse grupo de pessoas que saíram os incendiários que ájudaram os &dlitares indonésios, pela calada da noite, a queimar o país. Para bão serem ;C~)kéCidos e detectados deslocavam-se de umas terras para outras Wido lançar :osfoios longe dos seus lugares de origem. -~
Um dos sistemas utilizadas para Queimar as casas era regar o interior
• com1’~asolina e depois atirar urna granada pela janela...
O belo paládo do governador, edifícios públicos, bancos, a l~iblioteca, o ho~$tal, casas particulares, armazéns, oficinas, escolas, lojas, •;.. nada foi ~pouØado, nem mesmo as mài~ humildes palhotas. Passear pela cidade é muito depr4mente. Embora alguns prédios já tenham sido reconstruídos para
•às~urar os serviços essenciais, o que já foi feito não passa de uma gota de »~águ~’rto oceano!
T’d~ão sei se por estar traumatizada ou sé sempre foi assim, â população é poucotcomunicativa, tristonha, diria mesmo apática~ De muito menos agradável con*io do que na Indpné~a.. Dizem-me que sempre foram assim e que nada

$em aver com a tragédia qToe viveram recentemente
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Mensagem por Admin Sáb Ago 01, 2009 2:43 am

pagina 119

Consignado na actual constituço da Republica de Timor-Leste e uso dã Iinigua portuguesa como língua oficial, juntamente com a principal li local o Tétum. Mas após 25 anos de ‘indonéslaçap, em toda a juver aprendeu a falar baasã-indonéslo é uma tarefa multe difícil e de resul tados ‘imprevisveis, voltarem a falar português. Há aqui 200 professores portugues espalhados pelos 4 cantos da ilha. lnidalmente leccionavam português escolas mas agora passaram a formar professores timorenses que por sua. irão posteriormente vão ensinar português.
As pessoas mais velhas e alfabetizadas antes da indonésios ainda falam porürguês razoavelmente. Outros grupos de pessoas que português,’independentemente da idade, são a classe polica os Intelectuais da classe média e’ ainda a comunidade religiosa.
No futuro próxino, se ao saírem da escola com conhecimentos básicos de português , os alunos não os uflizarem no dia a dia, vai ser esforço inglório Uma hoa maneira de fazer singrar a língua é haver empresas portuguesas cujos empregados tenham de falar português; cito o exemplo restaurantes e hotéis que estiverem nas mãos dos portugueses e cujos empregados falam,’ fluentemente a nossa língua. Se as farmácias as lojas, oficinas tiverem i€ nas màos de empresários portugueses. aí sim, os resultados deste esforço que está a ser feito pelo Estado Português, seria garantido. . -:
Os funcionários da Cooperacão PoItugusa residem num ,,especialmente construído para o efeito. Fui até. lá com o Or. Branco, ele … cooperante, que conheci num restaurante. As casas sâo multo confortáveis foram construídas em terrenos da Igreja. Quando terminar, a cooperas bairro reverte para a Igreja Católica.

O Que Diziam os Antigos sobre Timor ?
Todas estas vantagens da Natureza faz de pouco interesse carácter dos habitantes destas ilhas que são uns homens indolentes e q cultivam o ócio e os vícios com maior paixao, as mulheres são as que fazem quase todo o serviço domestico e campestre não se reservando os homens .mais que fazer pisar pelos gados as terras em q as mesmas mulheres hão de Irlançar a semente. . , , -
‘~‘~ ‘São portem os timorenses rijos e inclinados á guerra ainda que sumariamente tímidos e solares…são os melhores soldados
Estão muitas vezes 8 , 15 ..comer e a beber continuadamente mas passam tão bem igual tempo a alimentarem manjando somente as folhas betle com noz de areca.
Não treem nenhuma educação, os portueses lhes ensinaram o uso do fogo ainda ignoram o da serra e da verruma desbastam um pau para uma tábua e a furam com pregos em braza Sabem contudo o segredo de reduzirem a aro finíssimo o ferro mais ordinário
O maior obsequi q se lhes faz em bebida … Não há nestas ilhas direito de propriedade , os frutos são de quem os apmhar as plantas reproduzem pela natureza e poucas produçoesdos campos são de quem cultiva

O Restaurante Knimanbo (obrigado em moçambicano) an propriedade e de portugueses é dirigido por um moçambicano muito escuro
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Mensagem por Admin Dom Ago 02, 2009 3:52 am

pagina 120

descendência indiana e açoriana - o Sr. vila. É um verdadeiro mestre de relações públicas e quando se apercebe que alguns clientes têm algo em comum procura aproxirmá los. Foi o que aconteceu comigo e .com o Dr. Rui Branco, que trabalha na secção de cooperação da nossa Embaixada, e também com um casal de açodands, igualmente turistas de visita a limor. 0 casal esta em viagem nostálgica, pois o marido, Sr. Rocha (da ilha Terceira), cumpriu aqui o serviço militar como alferes, em 1973, e a esposa veio nessa altura ter com ele para casarem e ficou cá durante um ano. 0 Or. Branco proporcionou-nos um passeio muito interessante a Alleu, visitar os professores portugueses e brasileiros que ali estão colocados e ainda o quartel onde está urna companhia portuguesa. Fornos muito bera recebidos pelos militares. Bebemos cerveja no bar e o Sr. Rocha contou como era a vida no quartel há 30 aros, as diferenças que encontrou de então para agora e peripécias que se passaram durante a sua estadia. Manifestamente comovido, o casal procurou e achou a casa onde habitaram, durante um ano, três décadas ãtrás...
Aileu fica no interior, a 50krr de Dili. A estrada, sempre a subir, tem 650 curvas que o Sr. Rocha conhecia de cor e salteado, por a ter percorrido muitas vezes nesses tempos longínquos. As maiores mudanças que encontrou foi a -estrada ter sido asfaltada pelos indonésios e antigamente ser um autêntico túnel através de floresta virgem e agora... não ter árvores nenhumas...
O povo timorense é mu o fechado, tímido e pouco comunicativo.
- Perguntei se estas características seriam consequência do traumatismo que a destruição do pais lhes causou e todos (Roda, Branco e Ãvila) foram de opinião de que foram sempre assim.
• Devo confessar que gostei mais do povo indonésio e do tailandês do que dos tlmorenses. Muita gente na rua cumprimenta com um "bom dia senhor"` ou um "boa tarde senhor' mas sem o calor e o sorriso dos Indonésios e muito menos que taiiandeses ou balineses.
Bem sei que poderei estar a ser Influenciado pelo estado calamitoso de destruição em que o país se encontra mas a verdade é que Timor é de todo o Sueste asiático o país que visitei que menos me agrada. Salva se o portuguesismo da gente e o traçado airoso e inteligente das cidades que visitei — Oécussi, Manatuto e Dill. Em todas foi valorizada a frente do mar que tem belos passeios, jardins e edificios. Não tem qualquer comparação com o que os holandeses deixaram feito na Indonésia onde na realidade nem se nota que por ali passaram..,
cuPÃo era o ,nome português desta cidade que agora se chama Kupang e que é a capital do Timor Indonésio. Os holandeses fixaram-se aqui em 1653 quando tomaram um pequeno forte português aqui existente. A influência holandesa nunca foi muito além da zona abrangida pelos tiros dos canhões do forte, até que os "topázios' ou larantuqueiros" trazidos pelos portugueses das Rores e de Soaor para ajudarem na pacificado do interior da ilha, se constituíram em força autónoma e contêstaram a poder português, atacando Oécussi com frequência, não poupando igualmente os holandeses. Tendo marchado sobre Cupão e pretendendo capturar a cidade e expulsar os

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Mensagem por Admin Dom Ago 02, 2009 7:23 am

pagina 121

holandeses, foram derrotados. Aproveitando a maré vencedora, os holandeses perseguiram-os, alargando a sua zona de influência a áreas tradicionalmente reivindicadas por Portugal. Ai se mantiveram durante séculos, até passarem o poder à Republica da Indonésia, já no Século XX.
. Lendo, falando e observando o que se passou nestas ilhas, a partir do Século XVI, e em outras de que o mar está cheio nesta zona do Mundo (a Indonésia engloba 20.000 ilhas e as Filipinas 7.000), sou levado a concluir que a influência linguística e religiosa dos portugueses deve ter sido enorme para ter chegado até aos nossos dias, não obstante termos . sido substituídos, por holandeses e ingleses. A diminuta base territorial e escassez de recursos humanos na Metrópole, para tão gigantesca empresa pelos 4 cantos do Mundo, foi compensada com o aparecimento de núcleos de portugueses mestiços, nossos naturais aliados. Falavam a mesma língua, tinham o mesmo credo e os mesmos inimigos. Eram gente que não estava estacionária; comerciavam de um lado para o outro, conheciam todos os cantos e recantos destes mares e a sua língua, o português, era a língua franca de todos os portos.
Se pensarmos que Malaca só caiu em mãos holandesas em 1641, vemos que desde 1500 os portugueses e os seus descendentes mestiços constituíam uma prodigiosa força que se ia multiplicando geração após geração. Tivemos mais de um século de avanço sobre as outras nações europeias e apenas éramos contestados pelos muçulmanos já que os habitantes professando outras religiões (inimistas, budistas e hinduístas) eram mais favoráveis ao trato com Portugal graças à acção dos missionários que os iam convertendo, construindo igrejas e transformando-os em nossos aliados. Tenho notado uma particular estima pelos portugueses da parte das populações cristãs que vou encontrando ao longo do trajecto.
Estou em Cupão, é sábado e as agências de viagem estão fechadas. Tive de me deslocar ao aeroporto para comprar o bilhete de avião para regressar a Bali . Fui de autocarro até ao cruzamento de acesso ao aeroporto e os 5 km restantes foram percorridos numa motocicleta com um polícia indonésio, que se prontificou a levar-me logo que soube que eu era português e católico. Comprado o bilhete, almocei no aeroporto e um outro polícia veio, de propósito, na sua moto, levar-me ao cruzamento, amabilidade_ igualmente dispensada por me ter identificado como católico e português. Também no cruzamento, enquanto esperava por transporte público de regresso à cidade, comi umas fatias de ananás em uma banca de fruta de beira de estrada. 0 irmão da dona da banca, de nome Benni-Dju, que tal como eu, regressava à cidade de autocarro, deu mostras de muito contentamento quando soube que eu era português... e quando me perguntaram qual a minha religião e disse ser católico, a dona da banca saiu detrás da sua tosca barraquinha tropical e veio, efusivamente, apertar-me a mão... Regressei com Benni-Dju a Cupão de autocarro e, apesar do calor, não pude esquivar-me a ir à sua modesta casa beber um refresco cor-de-rosa adocicado e conhecer a sua velha mãe, mais uma irmã e a esposa...
Tenho a certeza de que todas estas manifestações de simpatia não teriam lugar se eu fosse holandês ou inglês...
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Mensagem por Admin Ter Ago 04, 2009 9:32 am

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Ha qualquer coisa no nosso trato com as gentes de outras nações que nos torna bem-vindos, mesmo quando há razões para se esperar que seríamos mal-amados.
0 sociólogo brasileiro Gilberto Freire chamou-lhe lusotropicalismol
Uma historieta/anedota, dos tempos da escola, talvez seja mais eloquente em explicar este fenómeno luso - tropical: "Era uma vez, ... em África, um inglês e um português. Cada um tinha o seu criado preto a quem tinham encarregado de fazer determinada tarefa.
0 inglês passou pelo campo, pelo local do trabalho e verificou que o preto pouco tinha feito e estava deitado à sombra da bananeira a curtir uma bela sesta... e disse-lhe: - olha rapaz, você não está a cumprir a sua obrigação, o trabalho não está feito e eu vou ter de pensar no castigo que lhe vou dar... "I am ver' shocked! ..'. E agora a vez do português chegar ao local de trabalho do seu empregado e apanhá-lo a ressonar debaixo da bananeira, com o trabalho por fazer. A boa maneira portuguesa dá-lhe uma surra acompanhada dos habituais palavrões...
A história continua porque todos têm de regressar a casa atravessando de almadia um rio infestado de crocodilos. 0 inglês vai sentado à proa chupando o seu cachimbo e o preto que empurra a embarcação com uma vara, desequilibra-se e cai à água... 0 inglês impávido e sereno dá mais uma chupadela, pega na vara e empurra a canoa para a margem, de onde lança, de soslaio, uma mirada à tona das águas para se certificar se o criado ainda bóia ou se já está no papo dos crocodilos... Aborrecido com o contratempo, olha ainda para o relógio, não vá chegar atrasado para o wh/sky que combinara beber com o vizinho...
0 portuga quando vê o seu criado cair é água nem sequer pensa nos crocodilos: mergulha e ajuda o criado a salvar-se. Ambos regressam a casa e com uma boa jantarada, regada com gostosa "pinga de Lisboa", festejam estarem vivos e uma amizade se cimenta para... todo o sempre! Será isto o lusotropicalismo de Gilberto Freire?...
Bali é uma espécie de cordão umbilical de Timor-Leste, no que respeita a ligações aéreas. É por Bali que passa quase toda a gente que de avião ou barco se dirige a Timor. Darwin, no Norte da Austrália ,também é utilizada, mas encarece as viagens porque são muitos quilómetros a mais para sul.
Ontem ao comprar um bolo numa pastelaria de Kupang descobri mais uma palavra portuguesa no vocabulário de Timor Ocidental: Queijo, que eles pronunciam Kêjú.
De tudo o que vi, neste Oriente da Indonésia, dá-me a ideia de que a nossa influencia nesta zona do Mundo poderia ter ido muito alem de Timor Leste, que foi o que restou da nossa expansão do4séc. XVI. A existência de "portugueses pretos" por todo o lado, formando núcleos católicos de fala portuguesa, sentimentalmente ligados a Portugal (Solor, Flores, Malucas, Timor, Celebes, Adoriara, Lembata etc.) são disso prova. Ainda hoje esses laços se mantêm e eu tenho disso provas a cada passo: 0 rapaz que conheci em Nusa Dua (Bali), originário de Manado, Norte de Celebes, que quando soube que eu era português me levou a sua casa tomar chá e pnasenteou-me com um
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Mensagem por Admin Ter Ago 04, 2009 9:33 am

pagina 123

dicionário português-baasa; A freira em Ledalero, Flores, que quando soube o meu apelido exclamou — Aleluia, eu também sou Da Gomes; O guia turístico Juventus Fernandes, que em Labuan Bajo (ilha Sumbawa) me convidou para a sua modesta casa para conhecer a sua família cristã/portuguesa! Etc., etc.
Por outro fado o fulgor e pujança -com que os holandeses se atiraram às possessões portuguesas de África, Brasil e Oriente depressa se desvaneceu. Enfraquecida pelas lutas contra Inglaterra, Espanha e Portugal e contra os régulos dos territórios que controlava, a Holanda breve entrou em decadência, ao ponto de, a determinada altura, a sua guarnição em Cupão constava apenas "de 2 soldados andrajosas que há muito não recebiam vencimento".
Por acordos mal negociados na Europa entregamos aos holandeses VerBali e Solor. A ilha das Flores foi-lhes vendida por 80.000 xerafins, por um negociador português... ( que meteu o dinheiro ao bolso e ... desapareceu).
Fiz a viagem de avião (2 horas) de Cupão (Timor Oeste) para Bali e, lá •de cima, entretive-me a apreciar a linha de costa das ilhas Sumbawa e Lombok que há poucas semanas atravessara, por terra, no sentido oposto. Depois de aterrar em. Dempasar (capital de Bali) e de vencer a muralha humana de taxistas, motociclistas e outros prestadores de serviços que sempre assediam os .turistas à chegada, tomei transportes públicos para Ubud, o que não foi fácil, pois, apesar da curta distância tive de mudar de veículo 3 vezes.
Ao .apear-me no centro de Ubud fogo um homem ofereceu alojamento próximo do centro da pequena cidade. Fui ver, sem compromisso, e não podia ficar instalado mais a meu gosto. E um pequeno chalé independente, dentro de uma área cercada por alto muro onde há mais casinhas particulares, templos e altares tudo pertencente à mesma família. A vegetação é exuberante e há dezenas de gaiolas com rolas e outros pássaros que conjuntamente com outras aves que andam em liberdade executam sinfonias ininterruptas. Os balineses são muito silenciosos, incluindo as crianças, e como as casotas têm aspecto de templos dá a ideia de que estou num convento. Num templo aqui em frente, do outro lado da rua, onde ensaiavam músicas para um próximo festival, procurei informar-me sobre os princípios básicos da religião hindu-balinesa e parece que a reincarnação é a chave de toda a crença: - Se o indivíduo se porta bem nesta vida, na próxima reincarna num ser superior e privilegiado; se pelo contrário se porta mal e faz coisas que não deve, na próxima vida pode reincarnar num bicharoco qualquer, repelente ou rastejante, numa lombriga ou oxiúro e ter uma vida desgraçada... Passar a próxima vida metido no corpo de uma ténia, não deve ser melhor do que arder no fogo do inferno católico...
No preciso momento em que escrevo estes apontamentos na varandinha do pequeno chalé, uma . mulher balinesa, trajando o tradicional "sarong" percorre o jardim depositando entre os canteiros de flores, nos degraus ou nos enormes vasos talhados em pedra vulcânica, pequenos rectângulos de folha de bananeira contendo oferendas para os Deuses.. Num tabuleiro redondo feito de folhas de coqueiro entrelaçadas, traz duas dúzias de quadradinhos de folha de bananeira que vai depositando aqui e alem. Quando a mulher sai do quintal levanto-me e vou inspeccionar o quadradinho que ela depositou, no chão, entre os lírios que bordejam a varandinha do meu chalé. O pedaço de folha tem em cima uma pitada de arroz branco cozido, polvilhado com um pó amarelo
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Mensagem por Admin Qua Ago 05, 2009 9:54 am

PAGINA 124 E 125

parecido com pólen... Próximo estão idênticas oferendas postas nos dias anteriores. Entretanto aparece o meu senhorio que explica que sempre que na cozinha se faz qualquer comida se deve pôr um pouco dessa comida de lado para distribuir pelo quintal, para alimentar os espíritos (que afinal são atados, pois a passarada desce das árvores e debica nos grãos de arroz). Por isso há tanta passarada nos quintais...
Sempre que as panelas fumegam as aves já sabem que vão ter o seu quinhão. Quanto ao pó amarelo com que o arroz é polvilhado, trata-se de coco ralado muito fino, colorido artificialmente...
Aqui em Ubud passou-se algo que considero extraordinário e que demonstra bem a importância das comunidades ditas „portuguesas" na Indonésia. Antes de falar do que se passou e que me deixou boquiaberto, quero referir a existência de um tipo de restaurantes muito populares em todo o país a que chamam restaurantes "Padang"
• Um restaurante "Padang" é um sítio onde se come comida típica de Samatra, apresentada na vitrina em grandes bacias de esmalte. Cada bacia tem um tipo de comida já cozinhada e o cliente indica aquilo que lhe apetece. Uma bacia tem peixe, outra galinha, outra vaca, vegetais, vários tipos de molhos, legumes e assim por diante. Padang é o nome de uma cidade na costa sul da Ilha de Samatra, a grande "Ilha da Abundância", que deu o nome a este tipo de restaurantes. São estabelecimentos populares, económicos e neles não se corre o risco de comer comida retardada porque têm muito movimento.
Saí para jantar procurando pelas ruas de Ubud um restaurante "Padang". Como é zona de muitos turistas só havia restaurantes para turistas "Bulés". Pedi ajuda a dois homens de meia-idade sentados nos degraus de uma loja. Depois de me explicarem o caminho para o restaurante "Padang" mais próximo, lá veio a pergunta sacramental:
-Where are you from?
- I am from Portugal, respondi.
Notei incredibilidade no meu interlocutor, que sorriu e ripostou:
- You are not Portuguese! You are a white man, you are from Europe. - Yes, I am white, I am from Europe and also 1 am from Portugal.
0 homem parecia meio baralhado e confuso, mas o amigo, mais esclarecido, lá o socorreu explicando que havia dois tipos de portugueses — ©️s portugueses mestiços da Insulindia e os portugueses brancos da Europa... Que os da Insulindia eram descendentes dos antigos navegadores que vieram de Portugal...
Para o amigo eu fui o primeiro português branco que ele viu, pertencente a uma nação que ele nem suspeitava que existisse. Para ele, até ao momento da nossa conversa, portugueses eram homens de raça malaia como ele, com as únicas diferenças de que eram cristãos e tinham nomes esquisitos como Silva, Fernandes, Rosário, Ferreira, Gomes...

Para o que eu estava guardado! Andar pelos Mares do Sul a servir de amostra da tribo que habita a... Ocidental Praia. Lusitana...
Continuo a constatar que os maometanos não dão tréguas às comunidades de outras religiões que vivem no seu seio. Seja pela transferência de populações islâmicas para as zonas onde há cristãos, budistas ou induistas, seja pela via administrativa causando dificuldades ao regular funcionamento das instituições dos "infiéis".
Em um templo hindu-balinês localizado próximo do meu alojamento, em cujo adro havia grande azáfama a preparar o recinto para uma festa ao ar livre, fui informado por um rapaz, que os mouros tinham querido erigir uma mesquita em Ubud, mesmo não havendo aqui residentes de credo maometano, mas que a população se opôs.
SURABAYA (2-1-2004) - Entrou o Novo Ano e aqui estou de regresso a Java para apanhar o barco que me há-de levar à Ilha Celebes (Sulawesi). Poderia ter apanhado barco em Bali directo para Celebes pois parte um amanhã, mas vai tocando em muitas ilhas, algumas já minhas conhecidas e seria muito moroso.
Pela experiência que tive na última travessia. de Larantuca (nas Flores), tocando em Kalabahi (Alor) e depois em Cupão (Timor Ocidental), aprendi .que não se deve pôr o pé no barco sem primeiro comprar um bom farnel e abundância de água. Assim, saí para jantar e fazer compras para a viagem de barco e confirmei mais uma vez que na Indonésia não vale a penas poupar. Comprei 1kg de tangerinas de Israel; uma embalagem de tâmaras de Marrocos; uvas e maçãs da Austrália e ainda um pacote de bolachas e uma dúzia de pãezinhos de leite, tudo por apenas 3 euros... e, já me esquecia, do litro e meio de água mineral! ...
Tenho andando adoentado (desta vez é a bexiga) e por isso a passagem de ano foi calma, sentado na areia da praia de Kuta-Bali, no meio da multidão a ver o fogo de artificio lançado sobre o mar e a ouvir tocar as cornetas de papel que é o grande entretém desta gente nas ocasiões festivas. Nem me encontrei com a minha amiga Astiti ni Ketut, que estou certo ficaria muito feliz por me ver. Acho que a bexiga se ressentiu por ter ingerido pouca água durante a tomada dos antibióticos para curar a garganta e o pescoço. Tomei agora uns comprimidos dos que trago na minha caixa de medicamentos e tenho bebido 2 litros de água por dia e parece que estou a arribar. Pensei mesmo em interromper a viagem e regressar a Portugal mais cedo. Seria uma pena, estando aqui tão perto, não ir visitar Celebes, Molucas, Papua e Filipinas. Vamos ver se a saúde me deixa prosseguir a peregrinação.
. . Mesmo a bordo do Kirana, um dos muitos navios que faz ligação entre Java e Celebes, a religião muçulmana não dá tréguas. As cinco da manhã, com toda a gente a dormir nos cadeirões reclináveis ou em colchões portáteis de aluguer que cada um coloca no chão onde lhe aprouver, a aparelhagem sonora quebrou o silêncio e o sono dos passageiros e as ondas do som da voz gutural do ímã encheram todos os recantos do navio!
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Mensagem por Admin Qui Ago 06, 2009 12:13 pm

[size=18]pagina 126...127...128

Ë uma prepotência da religião impor-se desta maneira no dia a dia e no bem-estar das pessoas. Soergui-me do meu colchão alugado, para ver a reacção dos crentes e fiquei admirado por ninguém se mexer. Tudo ficou na mesma; ninguém se levantou ou fez menção de rezar. O imã lá ficou durante meia hora a gritar estridentemente Allah Akbar, a que se seguiram rezas e um sermão... Quanto aos passageiros ninguém se mexeu e continuaram todos a dormir ou a fingir que dormiam.... Aqueles com quem falei na véspera todos professam a religião de Mafbma o que não admira pois o barco faz a ligação entre dois bastiões tradicionais do Islão: Surabaia e Makassar. A primeira é o maior porto da Indonésia. Makassar é a capital do sul da Ilha Celebes, e desde o séc. XV tem sido um centro de exportação da fé islâmica para as ilhas em redor cujos habitantes ainda praticavam as religiões tradicionais.
Esses gentios, uma vez convertidos a uma das duas grandes religiões monoteístas, já eram difíceis de reconverter... Os missionários cristãos tentaram converter "gentios" que já tinham tido primeiros contactos com o Islão e acharam a tarefa muito difícil.
Isto é confirmado pelo extracto do texto de uma Mercê concedida por Filipe I de Portugal a António de Andria: "O capitão de .So or (que era então António Viegas), desejoso de tomar vingança dos levantados desta ilha (por terem morto o padre cristão e seu ajudante), logo se fez prestes e passou a ela com todas' os soldados que havia na terra, e deu na dita aldeia, onde matou quantos foram achados, e queimou e anasou toda a povoação, e tomou para Solar. Isto feito acabou o seu tempo de capitão e sucedeu-lhe no cargo António de Andria, o qual sabendo depois que havia ainda naquela ilha (de Ende) muitos culpados na morte do padre que escaparam do primeiro encontro, teve tal ardil que por manha prendeu e enforcou a todas, assim por seu castigo como para exemplo dos mais gentios, e também por estes serem de má casta e procederem de mouros, que facilmente se levantam e deixam a fê, o que não têm outras mais castas de gentios que há por estas ilhas já convertidos, porque os mais deles são muito bons fiéis cristãos p(18 Março 1593).
Voltando ao barco Kirana em que faço a travessia deste Mar Austral (como lhe chamavam os navegadores quinhentistas), depois daquele impiedoso choque da estridente voz do imã as 5h da manhã, voltou o silêncio e tudo continuou na mesma — dormindo e ressonando — pelo que se vê que aquela violentação não faz qualquer sentido. Ainda por cima vim a saber que afinal não é o imã que faz o chamamento e as rezas, pessoalmente, mas que se trata de uma fita gravada.., e o mesmo se passa com os altifalantes das mesquitas às três e meia da madrugada... E eu, ingénuo, a pensar que era a devoção e fé dos sacerdotes islâmicos que os fazia levantar a essas horas matutinas e dirigirem-se às mesquitas para o tal chamamento. Afinal não passa de cassete com as orações gravadas e, quiçá, os cavalheiros ficam no quentinho da cama, enquanto acordam toda a cidade com seus gritos...
Aqui no navio, a dose de Allah Akbar foi repetida ao meio-dia e outra vez às 16,00 horas. O barco chega a Macassar à meia-noite. Vamos ver quantas mais Vezes vão ser desligadas as televisões dos salões e a música mundana, para ouvir os chamamentos para as rezas...

MAKASSAR - é o porto mais importante da ilha Celebes (Sulawesi em indonésio) e era muito frequentado por navegadores portugueses no séc. XVI e XVII. Vinham aqui comprar arroz e ouro.
Após a perda de Malaca para os holandeses em 1641, uma numerosa comunidade portuguesa transferiu-se daquela cidade para Makassar. Quando em 1660, os holandeses ocuparam também esta região, o número de portugueses residentes na cidade ascendia a dois mil (provavelmente muitos deles seriam mestiços).
O nome Sulawesi, no singular, dado pelos indonésios a esta ilha, porque apenas de uma grande ilha se trata, fez-me cogitar se o nome europeu que se lhe dá — Celebes — não estará incorrecto, tal como a Ilha Maurício, no Indico, a que agora chamam Ilhas Maurícias.
As Ilhas Celebes como são chamadas na Europa, são apenas uma ilha com um formato esquisito de um polvo com 4 pernas muito compridas, cada uma se estendendo pelo mar fora muitas centenas de quilómetros. Na ponta de uma das pernas que se estica na direcção de Java fica a cidade de Makassar, centro de irradiação islâmica e grande entreposto do comércio de especiarias muito disputado pela Europa no séc. XVII. Na extremidade oposta, que aponta na direcção das Filipinas, está Manado, capital do Norte de Celebes e centro da cultura cristã.
A razão principal porque os visitantes estrangeiros vêm actualmente a Celebes é para visitar a zona montanhosa de Tana Toraja cujos habitantes apesar de terem abraçado o cristianismo conservam certas tradições religiosas antigas que praticam a par dos rituais cristãos. 0 seu muito amor à carne de porco fez com que nunca se tivessem convertido ao islamismo apesar das muitas tentativas dos mouros de Makassar. A paisagem de Tana Toraja é lindíssima. Tem altas montanhas cujos flancos estão ocupados por socalcos de arroz à mistura com cafezais, floresta e muitos maciços de bambus, que aqui atingem tamanhos gigantes. Outro atractivo são os silos para guardar o arroz, autênticas obras de arte que estão presentes em todo o horizonte, para onde quer que se olhe. 0 formato dos telhados é inspirado na cabeça e nos cornos dos búfalos d'água, que é o animal aqui mais venerado pois dele obtêm o leite, a carne, o trabalho e as peles para curtir. As extremidades dos telhados dos silos elevam-se para o céu, em curva, adelgaçando-se nas pontas e as paredes testeiras são integralmente feitas de madeira talhada em baixos relevos, a maioria com desenhos geométricos mas também com representações de animais domésticos, sobretudo galos e búfalos d'água. Os baixos-relevos são pintados com cores vivas, meticulosamente, seguindo os desenhos talhados na madeira. Conforme a prosperidade do agregado familiar e a quantidade de arroz que produz, assim varia o número de silos. Alguns lavradores têm 6 e 7 silos enormes, lindíssimos, alinhados tais sentinelas, no terreno próximo da habitação, com seus telhados altaneiros recurvados, apontando para o céu.
Alguns silos são ainda decorados com cabeças de búfalos embalsamadas ou suas reproduções em madeira; outros exibem dezenas de cornaduras dos búfalos abatidos ao longo dos anos, empilhadas umas sobre as outras e amarradas a uma coluna trabalhada e pintada que suporta a frente do telhado.
Por norma procuro tirar poucas fotos durante a viagem porque cada rolo revelado, acrescenta alguns gramas de peso à minha bagagem, mas não resisti

à paisagem de Tana Toraja. Tendo ido com uma guia turística feminina — Kris - em transporte público até ao alto da montanha, fizemos a pé o trajecto do regresso à vilória de Rantepao, na parte baixa do vale, que é onde estão localizadas as pensões, hotéis e demais infra-estruturas. Um passeio de 15km, sempre a descer, no qual gastei um rolo inteiro de 36 fotos.

Silos de arroz de fazendeiro rico
Na descida visitamos sepulturas cavadas na rocha, em locais de difítií acesso, por causa dos salteadores de túmulos. Tal como os faraós do Egipto, os Tana Toraja acreditam que os mortos levam consigo "na grande viagem" os utens1ios, dinheiro e outros bens que sejam colocados junto dos corpos dos defuntos, no local da sua sepultura. Como os ladrões roubavam esses bens, começaram a procurar locais de difícil acesso como escarpas e rochedos monolíticos arredondados, que por aqui existem em abundância, neles abrindo buracos, autênticas câmaras funerárias, onde são colocados os cadáveres e os bens que os acompanham.
Q quadrado ou rectângulo de entrada para as sepulturas é fechado com um postigo de madeira trabalhada em baixos relevos pintados, sobre o qual é colocada (algumas vezes) uma fotografia ampliada do sepultado ou uma escultura de madeira reproduzindo as feições do defunto, em tamanho natural. A estas esculturas fúnebres chamam "Tao-Tao". Estes "Tao-Tao" são muito procurados pelos negociantes de antiguidades, por isso encontram-se mais facilmente nos antiquários do que junto das sepulturas... A meio da descida, na aldeia de Pana, visitamos ainda "as sepulturas suspensas das crianças" cavadas Igualmente em uma escarpa inacessível (nem sei como é que os cabouqueiros conseguiram chegar a certos locais da escarpa para abrir as cavidades na rocha!..)[/size]
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Mensagem por Admin Dom Ago 09, 2009 3:29 am

pagina 129..130 ...no original ha tres fotos

Hoje em dia há um tipo de turismo ecológico muito em voga que consiste em ir para determinada zona onde haja caminhos e carreiros para passear a pé no meio da natureza. 0 Nepal por exemplo e a Ilha da Madeira (com os trilhos ao longo das levadas) têm neste tipo de turismo um dos seus principais trunfos promocionais. Tana Toraja é dos sítios mais interessantes para "trekking" não só pelas belas paisagens, pela incrível beleza e exotismo dos silos de arroz, mas ainda e sobretudo por um espectáculo único a que os turistas têm acesso com a maior das naturalidades, embora se trate de rituais religiosos íntimos: São as cerimónias fúnebres, que duram vários dias, mas que nem sempre o visitante tem a sorte de presenciar pois os cerimoniais das pessoas ricas e importantes não acontecem todos os dias. Eu tive essa sorte e embora o festival dure vários dias, apenas presenciei o segundo dia pois o tempo começa a escassear e tenho de acelerar o passo para regressar a Portugal antes de Março, a tempo de .apanhar as pinhas do pinhal (pinheiros mansos que produzem o pinhão) que eu próprio plantei há 35 anos (!...)


Silo de agricultor pobre
0 ritual fúnebre que presenciei desenrola-se num terreiro no alto de uma colina, enfeitada com frondosas árvores, na base da qual tem muitos terraços de arroz repletos de água, quais espelhos a brilharem ao sol.


Bailarinos lêem com curiosidade o meu guia "Lonely Planet"
Eram dois os defuntos: Um abastado agricultor e o seu genro cujos falecimentos tiveram lugar há mais de um ano, Os funerais não se fizeram há mais tempo porque a família teve de juntar o dinheiro necessário para os festejos. Algumas famílias com menos recursos chegam a guardar os corpos em casa durante uma dezena de anos (impregnados em formol) até conseguirem juntar a suficiente fidúcia. Eu acredito bem na necessidade dessa espera porque o arraial que vi montado no terreiro, no alto da colina, não se faz com cascas de alhos... mas com muitos milhões de rupias! Consta de extenso telheiro em forma de U, cujo piso de madeira, elevado 50 centímetros acima do solo, foi forrado com esteiras e dividido em salas com capacidade para 30 pessoas. Cada sala tem em seu redor uma, bonita balaustrada de bambus, forrada com faixas de tecido típicas da região, tecidas em teares manuais. Os balaústres são baixos de modo a permitirem que as pessoas sentadas nas esteiras possam ver as funções que se desenrolam no terreiro. As salas estão numeradas de 1 a 45 (...) para os convidados puderem encontrar facilmente o seu lugar de repouso e observação. No pátio interior, envolvido pela longa
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Mensagem por Admin Dom Ago 09, 2009 11:03 am

pag 131 e 132
Bailarinos lêem com curiosidade o meu guia "Lonely Planet"
Eram dois os defuntos: Um abastado agricultor e o seu genro cujos falecimentos tiveram lugar há mais de um ano. Os funerais não se fizeram há mais tempo porque a família teve de juntar o dinheiro necessário para os festejos. Algumas famílias com menos recursos chegam a guardar os corpos em casa durante uma dezena de anos (impregnados em formol) até conseguirem juntar a suficiente fidúcia. Eu acredito bem na necessidade dessa espera porque o arraial que vi montado no terreiro, no alto da colina, não se faz com cascas de alhos... mas com muitos milhões de rupias! Consta de extenso telheiro em forma de U, cujo piso de madeira, elevado 50 centímetros acima do solo, foi forrado com esteiras e dividido em salas com capacidade para 30 pessoas. Cada sala tem em seu redor uma bonita balaustrada de bambus, forrada com faixas de tecido típicas da região, tecidas em teares manuais. Os balaústres são baixos de modo a permitirem que as pessoas sentadas nas esteiras possam ver as funções que se desenrolam no terreiro. As salas estão numeradas de 1 a 45 (...) para os convidados puderem encontrar facilmente o seu lugar de repouso e observação. No pátio interior, envolvido pela longa



construção de bambu em forma de U, tem apenas 2 construções: Uma tem seis salas, idênticas às 45 que referi para os convidados, onde se instala e repousa a numerosa família dos defuntos e os parentes mais chegados. A outra, um alto ia andar, também de bambu, tem no piso superior os caixões com os corpos dos dois falecidos, envolvidos em vistosos panos coloridos. Não há escadas ou qualquer outro meio para lá se chegar, significado isto que os mortos já estão fora do alcance dos vivos.
Cerca de 60% do terreiro está ocupado com porcos pretos de vários tamanhos, estrebuchando no chão, cada um deles amarrado a dois grossos paus de bambu, um ao longo do dorso e outro por debaixo da barriga, ambos colocados longitudinalmente. O bambu inferior tem o comprimento do corpo do suíno, mas o de cima tem mais um metro para cada lado, para o bicho poder ser transportado aos ombros de dois homens. Os porcos são muito gordos, como aliás são todos os bichos que se vêem nesta região, talvez devido à fertilidade dos solos e à prodigalidade da natureza nestas latitudes.
Além dos porcos, as oferendas dos convidados consistem de búfalos gordíssimos que ficaram amarrados a árvores na base da colina, prendas de açúcar, tabaco, roupa etc. De todos as prendas foi tomada nota minuciosa para a família dos defuntos saber o valor a oferecer em retribuição, quando no futuro alguém da família ofertante falecer.

Não há uma ponta de tristeza em nenhum dos presentes e toda a gente se comporta como se de uma festa alegre se tratasse. Fui o único europeu ou turista presente e tive acesso a todos os recantos das instalações, tendo sido convidado para me acoitar da chuva nas instalações dos familiares dos mortos, no centro do terreiro.
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Vitor mango Qua Ago 12, 2009 8:55 am

paginas 133 a 137 (tem varias fotos nao incluidas )

Todos os presentes são cristãos e trajam as suas pirás - c e turbante, os homens; apenas sarong, as mulheres. Animam a festa bailados e cantares duas dezenas de jovens bailarinas trajando belo: vestidos muito cingidos ao corpo, de tecido dourado, muito pintadas ao balinês e com muita joalharia no. pescoço, orelhas e mãos. Algumas e belos diademas coloridos. Mulheres de meia-idade, elegantemente vestida túnicas pretas de tecido muito leve e transparente, desfilam de vez em q juntamente com as bailarinas e bailarinos, transportando potes de amarelo.
Muitas coisas que ali se passaram eu não entendi o significado G encontrei um homem que falava um pouco inglês, apenas o suficiente pz dizer os nomes dos melhores jogadores portugueses de futebol que joge equipas europeias e que, tal como a maioria dos jovens indonésios ter verdadeira idolatria pelo Luis Figo, ao ponto de ter baptizado o seu filhot tem dois anos, com o nome daquele seu herói futebolístico. Pedi-lhE escrever o nome e endereço do rapazinho. Talvez o Luis Figo português um dia tempo para visitar o seu homônimo ern Tana Toraja:
Luis Figo Mantong
JI. Nusantara nQ 137
Makaie - Tana Toraja Sulawesi Selatan Indonf
Tanto quanto entendi, as cerimónias fúnebres duraram 5 dia primeiro dia, para diversão dos convidados, houve luta de búfalos d'água campo de arroz próximo da colina, o segundo dia, a que assisti, consí procissão com as oferendas, subindo a colina até ao terreiro com mais porcos às costas dos homens, dependurados em varas de bambu; os' oferecidos ficaram atados a árvores no sopé de colina. Vários., suínos sacrificados e de tempos a tempos homens atravessavam o 1 transportando pedaços dos porcos esquartejados. A meio da tarde so. uma forte .bátega de água e no terreiro só ficaram os porcos. Veios, deita chão, amarrados aos bambus. Fugindo da chuva os convidados recolhe ás 45 salas a eles destinadas em redor do terreiro e os familiares dos d' recolheram-se às seis salas situadas no meio do terreiro. Eu fui convi acoitar-me nas cabanas da família dos defuntos. Contei o número de E sentadas nas esteiras em duas ou três salas e deu em média 30 pess, sala o que multiplicado por 45 dá a bonita soma de 1.350 convidados. 1! contar com as 6 salas reservadas aos familiares! Por isso são necessário! porcos e tantos búfalos para ailmentartanta gente durante 5 dias!.:.
No terceiro dia são cozinhados os porcos sacrificados e passam comer carne de porco. Nos outros dias são sacrificados os búfalos e só 5 carne de búfalo. Consoante a importância do falecido assim varia o núr búfalos a abater, que vai desde• 1 animal nas famílias pobres, até 24 pa topo da escala social. Aó quinto dia termina o festival como ente defuntos.


Tana Toraja - um dos 5[} Porcos ooerecIoo peiv3 Uu rvivauv~
Foi um dia inesquecível este passado no seio desta família Tana Toraja que com tanta pompa e despesa enterrou os seus mortos na companhia de 1.350 convidados, que comeram e dançaram durante cinco dias. 0 defunto de mais idade falecera dois anos antes. Enquanto prepararam a logística, teceram as muitas centenas de metros de "ikat" para forrar as 45 tendas e juntaram  dinheiro para as cerimónias deste seu ente querido, faleceu o genro do defunto que foi igualmente conservado em formol para que se efectuassem os funerais conjuntamente. Só as fotografias podem dar uma imagem da beleza. coreográfica dos bailarinos e sobretudo das bailarinas com os seus vestidos cingidos ao corpo, de tecidos lindíssimos em que predominam o amarelo, o vermelho e os dourados e sobretudo a beleza das maquilhagens...


Da aldeia Sa'dan, onde decorreu  festival fúnebre, desci a pé com a minha guia Krís para Rantepao (pequena aldeia/capital da região Tana Toraja) onde almoçamos. Tratou-se de uma situação "sui-generis" pois ela não faia uma palavra de inglês e apenas nos entendíamos por meio de mímica... Ao cair da tarde visitei a ostensiva mesquita em construção no centro da vila. Mesma inacabada, já tem os altifalantes no cimo do minarete e às 4,30 da manhã Já vem a gritaria infernal do Aliah Akbar que, quanto a mim, se destina mais a chatear cristão do que a chamar maometanos para a reza, já que em Tana Toraja os cristãos são 95% da população enquanto que os fiéis de Mafoma apenas5°l..........


Notei que o chamamento para as preces a Alá adiantou uma hora. Em vez de ser às 3,30 da manhã passou a ser às 4,30... Estou à espera que alguém me explique o porquê deste xinfrim, já que nunca me dei conta de os crentes se levantarem para ir à mesquita aquela hora. ..acho que continua toda a gente



PENDOLO - Esta pequena cidade fica na zona central de Celebes, onde o Norte cristão se encontra com o Sul maometano. Só me aventurei a vir aqui porque fui perguntando, ao longo do percurso, sobre as condições de segurança desta zona atribulada pelo terrorismo e pelas lutas religiosas. A pouco e pouco fui-me convencendo de que poderia fazer a travessia para a zona católica. Depois de visitar Toraja, que fica na parte Sul da ilha, era minha intenção voltar para trás e ir a Makassar tomar o avião para o outro extremo da ilha, para Manado, capital do Norte cristão, a 2.000 km de distancia. Todavia as informações que fui colhendo, inclusive da polícia e dos militares, tranquilizaram-me quanto à relativa acalmia que agora se vive nesta zona e aqui estou em Pendolo, onde há pouco menos de um ano dois jovens turistas dinamarqueses foram degolados por um comando terrorista e as suas cabeças atiradas ao Lago Poso. Pelo sim e pelo não encostei as cadeiras e a mesa à porta do quarto de hotel para se os terroristas arrombarem a porta ter ao menos tempo de acender a luz... Por precaução também escolhi o melhor hotel da cidade por estarem aqui hospedados os oficiais do exército que o governo central para aqui destacou para manter na ordem as facções rivais: muçulmana e cristã.
Pendolo fica à beira de um lago, no fundo de uma bacia orográfica rodeada de altas montanhas. Amanhã irei atravessá-lo de barco, para Tentena, pequena cidade na margem oposta, a 2 horas de canoa a motor.
Ao descer as montanhas na direcção do lago, vindos da parte pacífica da ilha, começamos a encontrar fortes dispositivos militares que inspeccionam documentos e bagagens. A 20km de Pendolo entrou para o autocarro um sargento da policia armado de pistola e metralhadora. Apesar de ter procurado a minha companhia, pois pretendia praticar inglês, estava sempre atento aos movimentos dos passageiros, às entradas, saídas e às bagagens... Queria à viva força que eu o acompanhasse até Poso a principal cidade desta zona e..onde tem havido mais mortandade. Que eu ficava no hotel requisitado pela polícia, que dormiria em total segurança e que arranjava maneira de eu ficar de graça. ..Custou-me recusar, pela simpatia do homem, mas seriam mais 4 horas de viagem nocturna e eu quero apreciar a beleza do Lago Poso, que amanhã vou atravessar e que dizem ser muito bonito. Esta gente da Indonésia é de facto de uma simpatia incrível; todos dias tenho provas disso e só não tomo nota dos muitos casos que me sucedem por falta de pachorra.
Como já referi atrás, a Ilha Celebes é cristã ao Norte e islâmica no Sul e a zona de Poso é onde o crescente e a cruz se encontram e se enfrentam. Em 1965 houve lutas entre os dois grupos religiosos que se repetiram em 1999. Em Maio de 2000 confrontos generalizados na cidade provocaram centenas de vitimas mortais e muitos edifícios incendiados.
Dizem-me que o Rio Poso corria vermelho de sangue e no belo Lago Dunau Poso foram encontradas cabeças degoladas a flutuar... Veio a tropa e a polícia em força e pareci que agora tudo está pais calmo.
Por ter chegado de noite ao hotel só na manhã seguinte me dei conta da beleza do local onde está situado, com o restaurante sobre estacas em cima da água cristalina. 0 lago Dunau Poso tem cerca de 40km de comprido e atravessámo-lo em uma lancha de madeira, com flutuadores laterais, para dar estabilidade, idênticos aos das pequenas canoas dos pescadores da costa
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Mensagem por Vitor mango Sex Ago 14, 2009 9:21 am

paginas 138 1 139

oriental da África. Parámos em pequenas aldeias da margem para deixar e recolher passageiros, a maioria deles dirigia-se, tal como eu, a Tentena, no outro extremo do lago. Tal como em Rantepao a população desta bonita vilária é maioritariamente cristã; Todavia uma importante mesquita está em construção mesmo no centra, ostensivamente marcando a presença do Islão, sem que a sua grandiosidade corresponda à fraca implantação da religião na zona. Onde há Islão há provocação;
A travessia da cidade de Poso, que nos últimos anos tem aparecido com frequência nos ecrãs de televisão de todo o mundo por causa dos sangrentos conflitos que ali têm lugar, deu-me a sensação de ter regressado a Timor Leste. Dos lados da estrada e das ruas, muitas casas, lojas é instalações agrícolas queimadas, vendo-se apenas as paredes em pé. Atravessei Poso o mais rápido que pude pois embora me afirmem que as forças de segurança contraiam a situação, os actos terroristas são difíceis de controlar. Com as convulsões em Timor-Leste ainda tão recentes e sendo Portugal e a Austrália os bodes expiatórios de tudo o que de mau ali aconteceu, nada mais apetecível aos desígnios do terrorismo islâmico do que uma noticia a circular pelas teievisóes, de um infiel português abatido ou raptado pelos vingadores de Alã.
A destruição estende-se muito para além de Poso e continuam a ver-se edifícios queimados nas aldeias por onde vamos passando. Mesquitas e Igrejas vão-se sucedendo dos lados da estrada com as casinhas aninhadas ao seu redor, mas no meio desses pequenos aglomerados vêem-se aqui e ali casas ou grupos de casas queimadas que vão sendo cada vez em menor número à medida que nos afastamos de Poso.
Grande e agradável surpresa foi ver aparecerem aldeias inteiras professando a religião hindu-balinesa, no meio dos coqueirais, a seguir aos aglomerando anteriores onde igrejas e mesquitas se sucediam no horizonte. Parecia que estava a entrar de novo em Bati ao ver os pequenos templos característicos daquela cultura, bem coma os pátios típicos e os belos jardins envolvendo as casas. Sá que aqui a arquitectura religiosa e civil balinesa é mais atraente pois usam cores claras, com predominância do branco. Nos templos, altares, nichos e casas de Bali as cores predominantes são o cinzento-escuro e o amarelo também escuro o que dá um ar sombrio e pesado a todas as construções. Com o uso de cores mais suaves e claras a arquitectura balinesa resulta aqui muito valorizada, resplandecendo no meio da vegetação tropical, onde predominam as culturas do cacau, bananeiras e coqueiros. Estas aldeias balinesas na estrada que liga Poso a Palu são mesmo um regalo para a vista.
Deste que sal de Bali, tanto nos autocarros como no barco em que passei a lava, em Surabaía e depois na travessia do mar para a Ilha Celebes e ainda a travessia em diversos meios de transporte desta comprida ilha (2.000 km) não vislumbrei um único turista. A excepção é Tana Toraja onde os estrangeiros se deslocam expressamente de avião para verem os festivais fúnebres e fazer caminhadas. Não há dúvida de que os terroristas conseguem afugentar os visitantes...
MANADO - (12 de Janeiro) Faz hoje 4 meses que saí de Portugal e ainda não comecei a rota de regresso, corkinuando a rumar para Oriente.

Manado é a capital culinária de Celebes e não estava nas minhas intenções experimentar os pratos exóticos que aqui confeccionam, mas por mero acaso é que não comi hoje uma sanduíche de rã...
Fui merendar a uma pastelaria muito chique, no centro da cidade (Pastelaria Singapura) e como os letreiros dos bolos e sanduíches estão escritos em Baasa Indonésio, o remédio é escolher pelo aspecto das iguarias expostas. 7á me tinha decidido por uma sanduíche muito bem apresentada, com rodelas de pepino e de tomate a almofadar o que me parecia ser um panadinho de frango...
Junta a mim estavam três empregadas activas a servir os clientes, ostentando belos uniformes estilo hospedeiras do ar e resolvi perguntar se alguma delas falava inglês. Que sim, uma falava bem o inglês e tendo-lhe eu perguntado de que era á sanduíche que eu estava prestes a trincar informou-me que...era de rã!
Outras deliciosas iguarias regionais que se podem comer nos restaurantes mais sofisticados de Manado incluem o Kawaok (rato da floresta frito); o Rintek Wuuk. com molho picante (carne de cão com sabor a caça); Lawang Pangang (morcego estufado)... Isto quanto a carnes porquanto do cardápio dos peixes pode-se encomendar Ikan Mas (peixe dourado) e ainda para os vegetarianos o Tinutuan (porridge de verduras) ... .
Não surpreende pois que venham aqui muitas turistas chineses e coreanos atraídos pela culinária local...
É no mínimo estranho que o nome desta ilha, que em todo o Oriente é conhecida por Sufawesi, tenha dado Celebes na geografia do Ocidente. Como os portugueses foram os primeiros ocidentais a andar por aqui e conhecendo a tendência do portuguesinho para deturpar as palavras que tem dificuldade em pronunciar, inventei uma historieta para explicar como apareceu o nome Celebes. Lembrei-me de utilizar o esquema de Garcia de Orta no Diálogo dos Simples e pôr Ruano a fazer perguntas singelas:
Pergunta Ruano: — Sendo Sulawesi o nome gentílico desta ilha, corno é que se lhe deu a o nome Celebes?
G. de Orta: — Para se chegar ás Malucas vindo de Malaca é preciso contornar esta ilha. Quando Albuquerque enviou •o seu amigo e valente navegador António de Abreu fazer o reconhecimento das Malucas o capitão português passou com a sua nau por esta ilha e mandou a terra um marinheiro colher frutos, buscar água e saber do nome da terra. Acontece que o marinheiro era de uma província de Portugal onde trocam os Vês pelos Bês e os 555 por Xis, onde tem uma cidade a que chamam Bijeu mas que na realidade se chama Viseu.
O dito marinheiro quando regressou à nau informou o capitão de que a ilha se chamava Chulabexi (Sulawesi) o qual nome, repetido pelos outros marinheiros deu Celebes...
Como dizem os italianos "Si non é vero, é ben trovato"...
Em Portugal, quando foi introduzido o caminho-de-ferro, as travessas para assentar os carris que se deveriam chamar dormentes, da inglesíssima palavra "sleepers", passaram a chamar-se "chulipas" nome que ainda perdura
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Mensagem por Vitor mango Dom Ago 16, 2009 9:18 am

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E o meu ex- empregado Manuel Escogita, agora que os filhos cresceram, não está nada satisfeito porque os filhos não param em casa e passam as noites dos sábados nas..."bispotecas"... E no Alqueidão da Serra, capital da calçada portuguesa, o melhor calceteiro da terra, a quem o pai teve a infeliz ideia de dar o nome Agripino, toda a gente o conhece por.Grupinho... (se perguntarem por Agripino, ninguém sabe quem é!), ou o Joaquim Paulo, dos Telhados Grandes, emigrante clandestino no Canadá, que embora não fale urna palavra de inglês, " não tem problemas em comprar roupas no Canadá, porque já sabe que o seu tamanho é.,. "Sumol"...e que nas "escutecas" (discotecas) canadianas não se pode beber whisky porque o "xicote" (scotch) é muito caro... e que os seus vizinhos por não terem filhos "adaptaram" uma criança! E aquela outra jovem, emigrante nos Estados Unidos, de férias em Porto de Mós, ao querer exibir os seus conhecimentos de inglês, pediu para lhe aviarem meio quilo de "pinotes" (pea nuts) ... e o Luís Beato, do Livramento, queixando-se de que os impostos em Nova largue são multo elevados e que o seu "income-Texas" tinha subido muito...
Com estes exemplos nada custa crer que o nosso navegador de Bijeu tenha de Sulawesi feito Chulebes....
TERNATE (Malucas, 15-01-2004) - Ternate e Tidore são duas minúsculas ilhas próximas de outra cem vezes maior, Halmahera. Em conjunto com outras pequenas ilhas formam o arquipélago das Molucas do Norte. As ilhas que constituem a Província de Molucas do Sul, ficam longe daqui, também têm o nome de Ambom e. os daqui não as consideram verdadeiras Molucas e acham que se apropriaram do nome para fins administrativos.
Hoje praticamente ignoradas e esquecidas, Ternate e Tidore, eram todavia famosas desde o século XII], pois nelas se produziam as especiarias mais disputadas - o cravinho e a noz-moscada - que, conjuntamente com a pimenta de Java, constituíam a nata do comércio do Oriente.
Havia plantas de cravinho e de noz-moscada em outras ilhas da Insuiindla, mas como a clua#Idade não se comparava com o que se produzia em Ternate e Tidore, as especiarias produzidas nestas ilhas eram as mais cobiçadas. Desde o século XII e XIII que mercadores chineses, . árabes, indianos, macassares, javaneses, etc., aqui vinham carregar os seus barcos para abastecer os mercados asiático e europeu, este servido pelo cordão umbilical das caravanas de camelos que atravessavam o Oriente Médio, descarregando os seus fardos nas embarcações genovesas e venezianas que as vinhas recolher nas costas do Mediterrãneo Oriental.
Eram pois "Ilhas de fábula" muito conhecidas na Europa e na Ásia, muito antes da descoberta do caminho marítimo para a índia e quando as naus portuguesas e de outros países europeus aqui chegaram, iniciou-se um tilo de lutas pela sua posse entre as várias potencias europeias.
0 Islão chegou antes dos navegadores lusitanos e instalou-se na orla marítima, continuando pagãs as populações do interior, que posteriormente foram cristianizadas pelos europeus recém-chegados (não sem forte oposição dos muçulmanos que entretanto tinham tomado conta do poder local sob a forma de Sultanatos).

Antes e depois da chegada dos portugueses, Ternate e Tidore eram figadais inimigas, tendo cada uma o seu Sultão. Embora : aparentados familiarmente, esse parentesco não impediu guerras cruéis entre ambos, durante séculos, que continuaram durante o domínio europeu, aliando-se cada sultão a uma nação europeia que mais vantagens lhe desse na luta contra a outra ilha.
0 primeiro relato de um europeu sobre as duas ilhas é do aventureiro italiano Ludovico Vartema que terá vindo em barcos portugueses para a Ásia e embarcado em um junco de mercadores que visitou esta região na sua rota de transacções comerciais. Ludovico, ao regressar a Goa, falou do que tinha visto, tendo esses relatos chegado aos ouvidos de Afonso de Albuquerque que não perdeu tempo e enviou de imediato o seu fiel e valente amigo Antônio de Abreu com três pequenas embarcações e 120 homens, em missão de reconhecimento. 0 seu intento seria passar a ter acesso directo à fonte das tão almejadas especiarias. Parece que o segundo comandante da expedição seria Fernão de Magalhães.
Uma das três embarcações foi ao fundo nos corais de Ambom tendo sido salva a tripulação. As duas que sobraram prosseguiram viagem com os argonautas lusitanos à procura do "fruto dourado", nome porque era conhecida nessa moca a noz-moscada.
Carregaram os barcos de especiarias em Ambom e para substituir a nau afundada, o capitão Abreu comprou um junco a mercadores locais o qual também carregou de especiarias para levar para Goa e mostrar a Albuquerque que a viagem não fora em vão. Deu o comando do junco a Francisco Serrão, o mesmo capitão que capitaneava a nau afundada, o qual continuou com pouca sorte e deu com o junco nos baixos da Ilha das Tartarugas, afundando-o. Refugiados em uma ilha próxima conseguiram atrair a urna cilada um Parau de piratas que cruzava os mares em procura de prezas. Escondendo-se alguhs marinheiros armados até aos dentes, os restantes pretenderam ser náufragos desprotegidos mas possuindo avultados tesouros, pelo que os piratas desembarcaram à vontade sem desconfiarem do perigo que os rondava. Foram subjugados e feitos cativos sendo obrigados a remarem para a ilha de Hitu (ao Norte da Península de Ambom) onde os portugueses foram bem recebidos pelo chefe local que viu neles formidáveis aliados na sua luta com as tribos vizinhas.
Os azares de Francisco Serrão converteram-se em boa sorte, porque a fama destes estrangeiros brancos e dos seus talentos bélicos, astronómicos, mágicos e outros que os boatos propalam, já se espalhara pelas ilhas em redor e os sultões de Ternate e Tidore (a algumas centenas de quilómetros de distância) enviaram cada um a sua embaixada a Hitu a convidar os portugueses para visitarem as suas ilhas.
0 enviado do Sultão Bolief de Ternate chegou primeiro. Tratava-se do próprio irmão do sultão, o príncipe Juliba, que capitaneava uma "armada" de nove soberbos Kora-Kora (grande parau a remos, de dez toneladas, tendo cada embarcação 100 remadores-guerreiros).
Com grande tristeza e frustração do enviado do Sultão Almazor de Tidore, Francisco Serrão decidiu-se pela companhia do Príncipe Juliba e as duas frotas navegaram para Norte com grandes manifestações de regozijo por parte[/size]
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Mensagem por Vitor mango Seg Ago 24, 2009 4:44 am

paginas 142 143 144

dos ternatenses que tocavam os seus tamboretes e engalanaram os Kora-Kora com bandeirolas...
Foram recebidos em Ternate com grande pompa pela população e pelo Sultão Bolief que nomeou Serrão seu principal conselheiro...
0 edilio Serrão-Bolief durou alguns anos mas não resistiu às intrigas da corte. Serrão morreu em 1520 e o sultão em 1521, provavelmente ambos envenenados...
Assim começou a história da presença portuguesa nas ilhas de Ternate e Tidore, ilhas de fábula naquela época e hoje totalmente esquecidas.
Devido aos lucros fabulosos que dava a comércio do cravinho e da noz-moscada, que se vendiam na Europa por 24 vezes o custo inicial em Ternate, estava nos planos dos portugueses fazer de Temate a última estação da linha de navegação comercial que partindo de Lisboa, passava pela Ilha de Moçambique, Goa, Malaca e finalmente Ternate.
Devido à incompetência e aos erros dos governadores portugueses de Ternate, a nossa presença seria efémera.
Durante seis décadas os portugueses iriam dominar nesta região com altos e baixos (mais baixos que altos) sendo de notar que as coisas corriam bem ou mal consoante a qualidade dos capitães que para aqui eram nomeados pelos Vice-Reis de Goa. De realçar a época áurea da nossa permanência que corresponde ao tempo de governo de Dom António Galvão que ficou conhecido na história de Ternate por "O Bom Governador Galvão". Mais bons governadores como Galvão e a história destas ilhas teria levado outro rumo.
Ficaram, como testemunhas da passagem dos portugueses, como não podia deixar de ser, várias fortalezas de pedra. Numa frente de mar de 10km, visitei ontem três, a saber:
Benteng Toluko. Mini castelo recentemente reconstruído, localizado a 3km do centro da cidade, tem um belo jardim a rodeá-lo, muito bem cuidado por uma famíia que ali reside.
Benteng Orange. No centro da cidade, é mais um exemplo de como o cronista tem razão em afirmar que os holandeses são como certas aves que põem os ovos nos ninhos feitos por outras. De Forte Malaio como se chamava no tempo dos portugueses (que o construíram), por nele estar aquartelada a guarnição de auxiliares oriundos da Malásia, os holandeses passaram a chamar-lhe Forte Orange, tal e qual como fizeram com o Forte de Itamaracá, no Nordeste Brasileiro, que ainda hoje conserva aquele nome, posto em honra da casa reinante da Holanda.
Benteng Kalamata. Afastado do centro da cidade e tal como as outras duas fortalezas mencionadas, também localizada junto ao mar, fica o Forte (Benteng) Kalamataa recentemente reconstruído mas votado ao abandono.
Quanto à Ilha de Tidore está juncada de ruínas de fortins, fortes e fortalezas, umas construídas pelos Sultões de Tidore para se defenderem dos Sultões de Ternate, outras pelos conquistadores europeus. Há fortificações para todos os gostos — portuguesas, espanholas, holandeses, inglesas...

aparentados, que se roubavam ou seduziam mutuamente as esposas e concubinas, e que para se digladiarem mais eficazmente se aliavam às potências rivais na Europa.
Visitei em Ternate o palácio do Sultão que por não ter visitantes está fechado a sete chaves. Entrei pela cozinha acompanhado pelo guarda e durante todo o tempo tive a sensação de estar a fazer uma visita clandestina à mansão de um grande senhor ausente, com a conivência do criado... Posteriormente vim a saber que o criado que me introduziu no Palácio dos Sultões de Ternate é um descendente próximo do último sultão, que há falta de melhor emprego serve de guarda/jardineiro/criado/guia do Palácio.. .a troco de umas gorjetas... Os salões estão repletos de objectos históricos, sobretudo ofertas de reis, sultões e mercadores ricos. Do tempo de D João III de Portugal tem vários objectos entre eles dois lindíssimos canhões de bronze de pequena dimensão. Em cima dos seus "charriots" de madeira mais parecem brinquedos ou peças decorativas para ter num salão, do que armas de guerra...
Além da grande ilha Halmahera, de Tidore e de Ternate, há neste arquipélago muitas outras ilhas e ilhotas cuja principal característica orográfica é serem dominadas por altos montes vulcânicos que descem abruptamente para o mar, quase não tendo planícies costeiras.
0 domínio português de Ternate iniciou-se em 1512 e terminou ignominiosamente em 1575 ao ter sido nomeado capitão de Ternate, Diogo Lopes Mesquita, um militar com muitas provas de bravura nos campos de batalha mas de pouca ciência nos campos político — diplomático. Entrou em colisão permanente com o Sultão Hairum, vassalo do rei de Portugal e senhor de Ternate. Não lhe ocorrendo melhor maneira de se livrar do Sultão, convocou-o para um encontro no castelo, onde Hairum foi apunhalado à traição sendo de seguida degolado e a cabeça espetada num pau e devidamente exposta nas ameias do castelo para que os Ternatenses vissem o que lhes poderia acontecer se não se portassem bem. 0 corpo do Sultão foi esquartejado e os pedaços atirados em várias direcções.
Este crime irritou de tal modo a população islâmica que esquecendo as suas querelas regionais, todos se mobilizaram para num cerco apertado ao castelo, cujos ocupantes acabaram por se render e refugiar-se em Ambom, nas Molucas do Sul, onde entretanto os portugueses tinham construído uma fortaleza em torno da qual nasceu e se desenvolveu a actual capital daquele arquipélago.
Se a presença portuguesa em Ternate e Tidore se saldou por uma sucessão de despotismos e vilanias sobre a população por parte dos governadores, com excepção dos anos do "Bom Governador Galvão" (assim chamado pelos próprios locais), os senhores que vieram a seguir — os holandeses e a sua VOC (Companhia Holandesa das Índias) — concitaram contra si ainda maior ódio pois a sua administração do monopólio do comércio do cravinho e da noz-moscada foi ao ponto de arrancarem todas as árvores destas duas culturas, em todas as ilhas excepto Ambom, onde concentraram a produção, para melhor poderem controlar a sua comercialização. Anualmente

os holandeses faziam inspecções às outras ilhas, arrancando as árvores, que em sítios julgados inacessíveis aos europeus, os nativos iam plantando à socapa. Os autores dos plantios eram severamente castigados ou executados, o que provocou a ruína e a fome e um ódio mortal aos holandeses.
Ao visitar o Forte Malaio (actualmente Forte Orange) encontrei-me, junto ao poço/cisterna dentro das muralhas, com um homem que tirava água com um balde de zinco suspenso de uma corda para a mulher lavar a roupa num casebre próximo. O interior da cidadela está completamente ocupado com casas e palhotas. 0 homem de feições mais papuas que indonésias ou malaias, fez-me a pergunta sacramental que todos os indonésios fazem, passados 30 segundos de encontro: — Derimana? (De onde é que vem; qual é o seu país?). Tendo-lhe respondido que era "portuguis" o homem fez um sorriso largo mostrando os dentes brancos e, com a mão direita fechada e o polegar apontando para cima, disse:"- Portuguis very good!" e apontou para a cisterna e para a muralha dizendo " portuguis — portuguis ", como quem diz, foram os portugueses que fizeram isto...
0 meu guia "Lonely Planet" é muito bom mas de vez em quando tem informações incorrectas. Quanto ao Forte Orange, diz que os holandeses o fizeram sobre as ruínas de uma "fortaleza malaia sem data"... Ao ler esta informação na viagem de avião de Celebes para Ternate fiquei logo desconfiado porque a Malásia nunca teve qualquer expansão nas Molucas e mal entrei na fortaleza e vi o seu tipo de construção notei de imediato que a construção não era nada malaia mas sim portuguesa e no dia seguinte num panfleto turístico a que tive acesso lá vem bem explicito que a construção inicial é portuguesa e que um dos bastiões era conhecido por Forte Malaio por nele viverem os militares malaios ao serviço nas fileiras portuguesas. Tirei uma fotocópia da informação contida no panfleto turístico indonésio e enviei-a ao "Lonely Planet" para a devida correcção...
0 lucro no negócio das especiarias era tal que os mercadores corriam os maiores riscos para se abastecerem, furando os monopólios, primeiro português e depois holandês. Estes últimos acabaram por destruir todas as árvores de cravinho e noz-moscada na Insulindia (Ternate e Tidore incluídas) e concentrar a produção em apenas algumas ilhas de fácil controlo. Isto deu origem a uma intensa actividade de "espionagem agrícola" em que se procuravam levar pequenas plantas e sementes para aclimatar em outras paragens. Apesar de os holandeses decretarem a pena de morte para quem fosse apanhado com plantas vivas destinadas à transplantação, acabaram por ser instaladas grandes plantações de cravinho e noz-moscada na ilha Maurício, Samatra, Penang, na Guiana Francesa e mesmo em Granada (Andaluzia) ... 0 grande disseminador das especiarias foi o cientista/politico/filósofo francês Pierre Poivre cuja biografia é um extraordinário livro de aventuras...
Visitei a Ilha de Tidore, secular e figadal inimiga de Ternate. A travessia demora apenas um quarto de hora em barcos rápidos propulsionados por dois e até três motores fora de borda, todos ao trabalhar ao mesmo tempo, o que dá à embarcação uma velocidade incrível. Além de Ternate e Tidore que exibem os
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Mensagem por Vitor mango Sex Ago 28, 2009 9:50 am

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seus vulcões imponentes, outras ilhas e ilhotas se perfilam no horizonte com seus montes vulcânicos projectados contra o firmamento.
Chegado a Tidore aluguei uma pequena moto e nela dei um passeio pela ilha e vi, junto ao porto, uma lápide comemorativa da passagem por aqui de Sebastião Dei Cano, o continuador da expedição de Fernão de Magalhães. A lápide foi ali colocada por iniciativa da Embaixada de Espanha em Jacarta, há meia dúzia de anos, para assinalar a efeméride, mas o nome de Fernão de Magalhães nem sequer aparece..! Presumo que seja por não existirem em espanhol os ditongos' ao" e "ães"...
Já que me encontro por estas paragens ocorre-me recordar o que se esquece com frequência quanto aos motivos que levaram Fernão de Magalhães a fazer a famosa viagem e porque o rei de Espanha a financiou!
Insatisfeito com o pouco reconhecimento dado pelo rei de Portugal aos seus feitos na Ásia, Magalhães ofereceu os seus serviços a Espanha. Como resultado da divisão do mundo em 2 partes pelo Tratado de Tordesilhas, uma para Portugal outra para Espanha, o Papa Axeandre VI, supremo árbitro, decidiu que as Molucas se situavam dentro da parte portuguesa. Sendo o Oceano Pacifico e as suas dimensões ainda mal conhecidos, esta decisão do Papa era contestada pelos castelhanos que argumentavam não ser possível determinar exactamente a localização da linha divisória (o anti-meridiano de Tordesilhas). Além disso houve sempre dúvidas pois no Tratado não se especificava qual a ilha ou ilhas de Cabo Verde que serviam como ponto de partida para as medições e tão pouco foi definida a extensão das milhas, pois havia milhas de vários comprimentos.
A proposta de Magalhães consistia em atingir Ternate e Tidore, navegando para ocidente e chegar à fonte das especiarias por ocidente, não sulcando águas de domínio português. Assim poderia "furar" a decisão do Papa, dar um rude golpe no monopólio português de especiarias, enriquecendo a coroa espanhola. Em Tidore os barcos seriam carregados de cravinho e de noz-moscada e regressariam à Europa seguindo a mesma rota da ida, ou seja, atravessariam de novo o Pacifico Sul até à Terra do Fogo e sulcando o Atlântico chegaria a Sevilha. Para melhor convencer o monarca espanhol, Fernão mostrou cartas do seu amigo Francisco Serrão, capitão português de Ternate, cuja vida tinha salvo por duas• vezes em refregas no Oriente, e primeiro português a instalar-se em Ternate. Nessas cartas, Serrão dava informações preciosas sobre o comércio das especiarias naquelas ilhas.
O rei espanhol e os seus banqueiros financiaram a expedição de 5 pequenos barcos, entre os quais o Vitoria, capitaneado por Magalhães. Após as vicissitudes sobejamente conhecidas, inclusive a da morte do grande capitão às mãos de Lapu-Lapu, chefe tribal da pequena ilha de Mactan, nas Filipinas, chegaram ao seu destino (que não era circunavegar a terra como muita gente erradamente pensa), em 6 de Novembro de 1521, vinte e sete meses depois da partida de Espanha.
Por causa das lutas religiosas entre cristãos e maometanos, os turistas andam arredados das Molucas e durante a minha estadia em Ternate, apenas me cruzei com um branco, um australiano que há 5 meses aqui está a investigar, para a sua tese de doutoramento, as causas do conflito que

recentemente causou centenas de mortos e a fuga de muitos cristãos para Manado, a capital cristã do norte de Celebes. Encontrámo-nos num restaurante e durante a conversa disse-lhe que não era preciso vir arriscar a vida durante tanto tempo neste foco de instabilidade, pois as causas desta luta de séculos podem ser estudadas em qualquer boa biblioteca, em Meca, em Medina, ou em uma madrassa... Como ele não parecia entender onde é que eu queria chegar relembrei-lhe aquela fatídica revelação a Maomé em que o Todo Poderoso autorizou o Profeta a utilizar a espada como meio de persuasão para converter as populações mais renitentes... Relembrei-lhe ainda um dos Mandamentos da lei corânica que intima os maometanos a "Fazer a Guerra aos Infiéis"... Que mais há a investigar?
Ainda sobre a presença portuguesa em Ternate recolhi as seguintes interessantes notas sobre o desempenho do "Bom Governador Galvão", contidas em um excelente livro da autoria de-dois autores naturais das Molucas, W. A. Hanna e Des Alwi:
"... Mão é exagero dizer que Galvão encontrou Ternate construída de bambu, folhas de palma e tectos de colmo e a deixou construída robustamente em pedra, tijolos, telhas e reboco. Encontrou os Portugueses isolados dentro do castelo e deixou-os instalados num novo bairro residencial, desafogado, que partilhavam com a população local. Construiu uma muralha de pedra envolvendo a cidade, rasgou novas ruas empedradas que se cruzavam perpendicularmente ladeaaas de casas de estilo europeu, cada uma com seu jardim; abriu um poço e fez novos armazéns.
0 embelezamento que Galvão introduziu em Ternate foi copiado por outras ilhas em redor e granjeou-lhe grande admiração e até afecto, por parte da população e dos príncipes. Julga-se que os chefes locais terão enviado uma delegação ou pelo menos uma mensagem a Lisboa solicitando que Galvão ficasse governador por toda a vida. Outros sugeriam que ele assumisse o trono em vez do Sultão. Nada disso ele quis e tomou a seu encargo educar Hairum, um dos 3 jovens pretendentes ao trono do sultanato..."
PULAU BUNAKEN (Celebes) - Pulau, em baasa-indonéso significa ilha, por isso muitas ilhas e ilhotas deste imenso país têm a palavra Pulau antes do nome. Na longa, morosa, perigosa e difícil travessia da Ilha Celebes, desde Makassar, em frente de lava, até ao outro extremo, Manado, em frente do Sul das Filipinas, sempre que em conversa com indonésios dizia que o meu destino era Manado, toda a gente me recomendava visitar a ilha Bunaken, a uma hora de lancha desta última cidade. O meu próprio guia "Lonely Planet" refere os seus bancos de coral, ravinas e grutas subaquáticas como espectaculares.
No pequeno restaurante Makan-Padang, no rés-do-chão do hotel Bersahati, em Manado, de que é concessionária a minha amiga Yolanda e onde eu comia as refeições durante a permanência naquela cidade, a Yolanda mais me entusiasmou para visitar Bunaken, indo ao ponto de sugerir que eu levasse como guia uma das suas empregadas... - Agnes, cristã de 23 anos ou Fati, muçulmana de 22... Comprei um dicionário para melhor poder dialogar com Fati

e aqui estamos nos chalés Panorama, na praia Liang, há 3 dias, sem vontade nenhuma de daqui sair...
A ilha tem 6 km de comprimento, 1 de largura, é levemente ondulada e não tem vulcões, o que é raro por estas bandas, embora olhando o horizonte se vejam vários, sendo o mais proeminente o da ilhota Manado Tua, aqui mesmo ao lado, o qual tem sempre, de dia e de noite, a qualquer hora, um capacete de nuvens a enfeitar o topo.
Vista do mar Bunaken parece plana, densamente florestada, predominando os coqueiros. Na orla marítima pequenas praias alternam com mangai. 0 que faz a ilha ter tanta nomeada são os bancos de coral que a envolvem, os quais estão muito próximos da praia, a escassos 100 metros. Os bancos de coral encontram-se a pouca profundidade, o que é ideal para que a luz do sol propicie variedades incríveis de formatos e cores e abundância de peixes tropicais coloridos. Bunaken está entre os 10 locais mais bonitos do Mundo para fazer mergulho e apneia.
A seguir à plataforma de corais, o fundo do mar precipita-se numa ravina íngreme, na parede da qual crescem os alimentos de que se alimentam os peixes, de cada vez maior tamanho à medida que a profundidade aumenta. Na parede da ravina ou alcantilado (como os mergulhadores espanhóis lhe chamam) há buracos que dão acesso a grutas onde se acoitam peixes, lagostas e tartarugas.
Além de eu próprio e da minha "guia" Fati, há na praia Liang apenas três turistas — 2 alemães de Frankfurt que aqui estão há um mês fazendo mergulho com botijas, e uma jovem e escultural chinesa de Singapura, que também é mergulhadora.
Hoje fui com os três, nuri barco próprio para a prática de mergulho. Enquanto eles mergulharam até os 20 e 30 metros, tendo um chegado aos 45, eu mantive-me à superfície com os meus óculos e respirador a apreciar o belo banco coralífero e miríades de peixes. Uma vez de regresso ao barco, após o mergulho, cada um fez o relato do que viu. Numa gruta 3 tartarugas, sendo uma gigante, foram vistas pela chinesa. Um dos alemães viu 2 atuns, um peixe-leão, lagostas e um tubarão bebé...
Toda a zona envolvente da ilha constitui o Parque Natural de Bunaken; os pescadores só podem pescar à linha e as patrulhas policiais são constantes, vigilando de dia e de noite.
Para rematar, um último argumento que faz desta ilha um paraíso: Os preços... Aqui nos chalés Panorama o preço da diária, incluindo 3 refeições, alojamento em um chalé de madeira, com mosquiteiro, ventoinha e casa de banho privada (Nandí), pago por dia, por duas pessoas, ... 9 euros!
De notar que, à excepção do pequeno-almoço, as refeições são óptimas, sempre com peixe fresco em abundância.
Hoje, 23 pescadores que pescavam à linha, sentados dentro dos seus barquitos, flutuando na água cristalina e transparentíssima sobre os corais que envolvem a ilha, foram levados para Manado pela patrulha que fiscaliza as águas do Parque Natural. A ilha está em alvoroço pois até aqui as autoridades têm "fechado os olhos" à pesca à linha é por isso se via tanta gente nessa faina sentados na canoa com a linha na mão ou então com cana, metidos na água

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Mensagem por Vitor mango Sáb Dez 05, 2009 6:56 am

faltam as paginas fionais que serao publicadas oportunamente
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Mensagem por Vitor mango Ter Mar 23, 2010 2:23 am

logo que possa ( e nao Poças ) vou reanimar esta viagem
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Mensagem por Vitor mango Dom Ago 22, 2010 11:14 am

meti esta mesa na gaveta e reabri a mesma para ver se ela anima

hoje sao 22 de Agosto de 2010
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Mensagem por Vitor mango Dom Ago 22, 2010 11:18 am

Um avatar e peras
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Mensagem por Vitor mango Dom Ago 22, 2010 11:27 am

manos a discussao esta aberta podem meter as partes mais interessantes ou ....

assim

No meu livro de recordes, as povoações marroquinas de Larache e Duar¬Suakin (esta ultima no sitio mesmo onde teve lugar a batalha de Alcácer-Quibir) detinham até há pouco o nada invejável título de locais mais imundos e sujos que alguma vez v!. Pois bem, foram ambas substituidas não por uma ou outra terra Indiana das muitas que vi ao longo do trajecto, mas pelo país inteiro ou pelo menos pela parte que atravessamos. E como se fosse uma gigantesca latrina onde chafurdam pessoas e animais, riquexós e motoretas; onde se cozinha, se come e se dorme rodeado de porcaria. As chLivas intensas transformam ruas em rios de lama onde lixo e escrementos flutuam e onde os condutores dos riquexós têm de meter os pés e as pernas para prosseguirem viagem e levar os clientes ao destino, O ‘comércio” é de um primitivismo incrível:
Lojinhas do tamanho de uma cama sucedem-se ás centenas ao longo de estradas, ruas e caminhos; têm um aspecto imundo, com as paredes pretas da côr do alcatrão; no chão de terra batida amontoam-se os produtos para venda e sentam-se os donos, a filharada, amigos e vizinhos, que como é óbvio, não cabendo todos dentro do tugúrio sentam-se fora, na berma da estrada ou em cima do asfalto (se o há). Mesmo sem contar com as pessoas que circulam nas vias públicas, estas já estão cheias de gente suja e esquelética que vive, come, dorme e faz as suas necessidades, em cima do asfalto... Como viajamos sozinhos sem ser em grupos organizados por agencias de viagem, somos constantemente a’vo da abordagem por mendigos, rufias e proxenetas que. querem á nossa custa facturar algumas rupias. O engenho desta gente para conseguir esse objectivo e a sua desfaçatez não tem limites.
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Mensagem por Vitor mango Dom Ago 22, 2010 11:29 am

a escrita em papel foi scaneada pelo sistema e essa a razao de letras fora da ordem
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Mensagem por Vitor mango Dom Jun 17, 2012 1:47 am

Anarca escreveu:Mano Mango,

Isto sem meter umas miúdas, não dá pica...

amen

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Mensagem por Vitor mango Dom Jun 17, 2012 5:26 am

e vou escolher á solta e desordenado

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Mensagem por Vitor mango Seg Ago 27, 2012 12:34 am

AMEN

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Mensagem por Vitor mango Sáb Jul 18, 2015 12:45 am

amen

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