Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
Relembrando a primeira mensagem :
Iniciamos aqui a publicaçao de um extenso relatorio de viagens feito pelo meu amiggo Poças que desde tenra idade palmilhou pelos 4 cantos do mundo reunindo preciosos documentos da nossa historia
Trata.se de uma documentaçao de muita valia cuja publicação aqui é possivel pela amizade pessoal
PRIMEIRA VIAGEM
AO
EXTREMO ORIENTE
NOTA
Este texto foi escrito durante a viagem, nos intervalos das deslocações, nas paragens de autocarros, nos aviões, nos barcos, à beira do mar, enfim, nas horas de descanso nos hotéis, em bancos de jardim, nas mesas de cafés...
As datas e dados históricos carecem de verificação pois foram obtidos das mais diversas fontes (jornais, livros/guias, museus, conversas, etc), sempre durante a viagem.
Foi escrito sem preocupações nem ambições literárias, nem com a intenflo de vir a ser publicado, mas tio-somente como auxiliar de memória e referência fuwra para mim próprio. Depois desta viagem já fiz mais duas com a mesma duraç&o ao Oriente e as recordações dos episódios, itinerários, nomes de pessoas e de lugares, começam a baralhar-se. A consulta dos “Diários” é essencial para reavivar a memória.
Alguns extractos do texto foram publicados na revista ‘Magazine — Grande Informação”.
AGRADECIMENTO
A Ethel pela sua paciência e persistência em dactilografar o texto até ao fim, n~o obstante as dificuldades em decifrar a minha caligrafia (muitas vezes escrita sobre ojoelho), agravadas pelo seu pouco conhecimento da língua portuguesa.
José Ezequiel Poças Gomes
Quinta de Rio Alcaide, 1 de Março de 2009
pagina um
VIAGEM AO ORIENTE Inicio 12-09-2003
Fim 15-03-2004
….A visita ao Taj-Mahal suscitou-me a curiosidade de conhecer melhor a história do seu erector, Shah-Jallan, e a dos seus aguerridos antepassados maometanos
A penetração do Islão na India não é diferente do que se passou com a expansão daquela religião no resto do Mundo. Desde aquela fatídica revelação em que Aflah instruiu o Profeta ~1aomé de que poderia, a partir daquele momento, usar a força das espadas como meio de persuasão para converter infieis, o Islão não mais parou de utilizar as maiores atrocidades para se instalar nas diversas partes do Globo Para quê missionários se o próprio Deus lhes ordenou que usassem as espadas
Unificadas pela força as diversas tribus da Peninsula Arábica, sucessivas bordas islâmicas submeteram a Sina, a Mesopotâmia, Palestina, Egipto, Norte de Africa, Marrocos, Península Ibérica atravessando os Pirinéus para subjugar a Europa, só parando às portas de Paris onde Carlos Martel os susteve. Para Oriente o avanço foi Idêntico chegando à China. Quanto à India a agressão islâmica começou no Sec. XI pela espada de Mahmud de Gahzni, pequena cidade afgã entre Kabul e Kandahar. Para Gahzni carreou Mahmud os tesouros saqueados no Norte de India transformando a pequena e obscura cidade em opulenta capital do seu reino
Das atrocidades perpetradas por Mahmud avulta a execução de 70.000 hindus que obstinadamente defenderam o seu templo á divindade Shiva, na cidade de Somnath.
Os Séculos seguintes viram sucessivas invasões islamicas porem a ferro e fogo o Morte da India atingindo o apogeu com a descida desde Samarcanda,.. em 1398, dos exércitos do sanguinário Tamerlão, que tinham ordens expressas do tirano para saquear, arrasar e queimar todas as povoações por onde passassem e de passar pelo fio da espada todos os hindus em quem pusessem a vista em cima... Após o saque, destruição e incêndio de Deli, 100000 hindus (segundo alguns autores a totalidade da população) Ibram degolados. Declarando-se a peste nas hostes muçulmanas, Tamerlão ordena o regresso a Samarcando. Formou-se então a maior caravana que a Mia jamais vira ... filas intermináveis de elefantes, cavalos e camelos, levaram da India os seus tesouros e as mais belas mulheres para abastecerem os harens de Samarcanda...
Em 1527 já com os portugueses em Goa, é a vez de Babur ou Babar, ele próprio descendente de Tamerlão e de Gengis Cão. Fiel ás tradições familiares e aos ensinamentos de Maomé, comete as mais horrendas atrocidades, de entre as quais avulta a de mandar degolar, de uma só vez, 15.000 indianos,. .Babur não regressa aos desertos afgàos; prefere ocupar a terra alheia e ficando na India até o programa
Se Imperador.COfll ele começa a dinastia Mogol (Mogul. ou •Mugal) de qüe irâo sobressair o seu neto Akba (amigo dos português e casado com a portuguesa Maria, de Goa, aqui conhecida por Mariam e o neto de Akbar, Shah )ahan, Directorr do Taj-Mahal
Iniciamos aqui a publicaçao de um extenso relatorio de viagens feito pelo meu amiggo Poças que desde tenra idade palmilhou pelos 4 cantos do mundo reunindo preciosos documentos da nossa historia
Trata.se de uma documentaçao de muita valia cuja publicação aqui é possivel pela amizade pessoal
PRIMEIRA VIAGEM
AO
EXTREMO ORIENTE
NOTA
Este texto foi escrito durante a viagem, nos intervalos das deslocações, nas paragens de autocarros, nos aviões, nos barcos, à beira do mar, enfim, nas horas de descanso nos hotéis, em bancos de jardim, nas mesas de cafés...
As datas e dados históricos carecem de verificação pois foram obtidos das mais diversas fontes (jornais, livros/guias, museus, conversas, etc), sempre durante a viagem.
Foi escrito sem preocupações nem ambições literárias, nem com a intenflo de vir a ser publicado, mas tio-somente como auxiliar de memória e referência fuwra para mim próprio. Depois desta viagem já fiz mais duas com a mesma duraç&o ao Oriente e as recordações dos episódios, itinerários, nomes de pessoas e de lugares, começam a baralhar-se. A consulta dos “Diários” é essencial para reavivar a memória.
Alguns extractos do texto foram publicados na revista ‘Magazine — Grande Informação”.
AGRADECIMENTO
A Ethel pela sua paciência e persistência em dactilografar o texto até ao fim, n~o obstante as dificuldades em decifrar a minha caligrafia (muitas vezes escrita sobre ojoelho), agravadas pelo seu pouco conhecimento da língua portuguesa.
José Ezequiel Poças Gomes
Quinta de Rio Alcaide, 1 de Março de 2009
pagina um
VIAGEM AO ORIENTE Inicio 12-09-2003
Fim 15-03-2004
….A visita ao Taj-Mahal suscitou-me a curiosidade de conhecer melhor a história do seu erector, Shah-Jallan, e a dos seus aguerridos antepassados maometanos
A penetração do Islão na India não é diferente do que se passou com a expansão daquela religião no resto do Mundo. Desde aquela fatídica revelação em que Aflah instruiu o Profeta ~1aomé de que poderia, a partir daquele momento, usar a força das espadas como meio de persuasão para converter infieis, o Islão não mais parou de utilizar as maiores atrocidades para se instalar nas diversas partes do Globo Para quê missionários se o próprio Deus lhes ordenou que usassem as espadas
Unificadas pela força as diversas tribus da Peninsula Arábica, sucessivas bordas islâmicas submeteram a Sina, a Mesopotâmia, Palestina, Egipto, Norte de Africa, Marrocos, Península Ibérica atravessando os Pirinéus para subjugar a Europa, só parando às portas de Paris onde Carlos Martel os susteve. Para Oriente o avanço foi Idêntico chegando à China. Quanto à India a agressão islâmica começou no Sec. XI pela espada de Mahmud de Gahzni, pequena cidade afgã entre Kabul e Kandahar. Para Gahzni carreou Mahmud os tesouros saqueados no Norte de India transformando a pequena e obscura cidade em opulenta capital do seu reino
Das atrocidades perpetradas por Mahmud avulta a execução de 70.000 hindus que obstinadamente defenderam o seu templo á divindade Shiva, na cidade de Somnath.
Os Séculos seguintes viram sucessivas invasões islamicas porem a ferro e fogo o Morte da India atingindo o apogeu com a descida desde Samarcanda,.. em 1398, dos exércitos do sanguinário Tamerlão, que tinham ordens expressas do tirano para saquear, arrasar e queimar todas as povoações por onde passassem e de passar pelo fio da espada todos os hindus em quem pusessem a vista em cima... Após o saque, destruição e incêndio de Deli, 100000 hindus (segundo alguns autores a totalidade da população) Ibram degolados. Declarando-se a peste nas hostes muçulmanas, Tamerlão ordena o regresso a Samarcando. Formou-se então a maior caravana que a Mia jamais vira ... filas intermináveis de elefantes, cavalos e camelos, levaram da India os seus tesouros e as mais belas mulheres para abastecerem os harens de Samarcanda...
Em 1527 já com os portugueses em Goa, é a vez de Babur ou Babar, ele próprio descendente de Tamerlão e de Gengis Cão. Fiel ás tradições familiares e aos ensinamentos de Maomé, comete as mais horrendas atrocidades, de entre as quais avulta a de mandar degolar, de uma só vez, 15.000 indianos,. .Babur não regressa aos desertos afgàos; prefere ocupar a terra alheia e ficando na India até o programa
Se Imperador.COfll ele começa a dinastia Mogol (Mogul. ou •Mugal) de qüe irâo sobressair o seu neto Akba (amigo dos português e casado com a portuguesa Maria, de Goa, aqui conhecida por Mariam e o neto de Akbar, Shah )ahan, Directorr do Taj-Mahal
Última edição por Vitor mango em Sáb Jun 02, 2012 10:36 am, editado 2 vez(es)
Vitor mango- Pontos : 118184
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
CUSTOU MAIS DE 1 000 000 000. hoje NAO CUSTARIA MENOS DE 3 000 000 000!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
Na escala de Mohs o senhor Ronaldo risca o diamante....
Se o senhor Ronaldo quizer saber que escala é essa consulte o Google.
Se o senhor Ronaldo quizer saber que escala é essa consulte o Google.
Viriato- Pontos : 16657
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
Amigo Ronaldo
eu nem sei como terei que lhe explicar que
Cultura e Povos nada tem a ver o que os americanos fizeram com copias ricas briolhantes e luxuosas no pais do tio SAM
Cultura é nós compreendemos o mundo que nos rodeia
Quando tentamos emitir a historia de..e de ...apenas e só macaqueamos ....
Eu um dia perguntei ao Poças
Pah porque viajar com um saco de fruta ficar em maus sitios e ...
Bal bla
e ele disse-me
Conhecer pessoas mango !
Olhando para os luxuosos montros fabricados na americana apenas e só podemos dizer
Acudam tirem-me deste filme !!!!
eu nem sei como terei que lhe explicar que
Cultura e Povos nada tem a ver o que os americanos fizeram com copias ricas briolhantes e luxuosas no pais do tio SAM
Cultura é nós compreendemos o mundo que nos rodeia
Quando tentamos emitir a historia de..e de ...apenas e só macaqueamos ....
Eu um dia perguntei ao Poças
Pah porque viajar com um saco de fruta ficar em maus sitios e ...
Bal bla
e ele disse-me
Conhecer pessoas mango !
Olhando para os luxuosos montros fabricados na americana apenas e só podemos dizer
Acudam tirem-me deste filme !!!!
Vitor mango- Pontos : 118184
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
Cultura e Povos nada tem a ver o que os americanos fizeram com copias ricas briolhantes e luxuosas no pais do tio SAM
Vitor mango- Pontos : 118184
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
Vitor mango escreveu:Cultura e Povos nada tem a ver o que os americanos fizeram com copias ricas briolhantes e luxuosas no pais do tio SAM
No meu tempo de escola chamavam-se macaquinhos de imitação. O ridículo é tal que nem comento....
Viriato- Pontos : 16657
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
Viriato escreveu:Vitor mango escreveu:Cultura e Povos nada tem a ver o que os americanos fizeram com copias ricas briolhantes e luxuosas no pais do tio SAM
No meu tempo de escola chamavam-se macaquinhos de imitação. O ridículo é tal que nem comento....
Os srs\. FALAMA ASSIM porque nunca foram ver o TAJ MAHAL em ATLANTIC CITY!!!! UM ESPECTACULO!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
RONALDO ALMEIDA escreveu:
Os srs\. FALAMA ASSIM porque nunca foram ver o TAJ MAHAL em ATLANTIC CITY!!!! UM ESPECTACULO!
Pode ter a certeza absoluta que nunca perderia um segundo da minha vida para ver tal mamarracho. E se fosse ver o original?? Sempre aprendia alguma coisa....
Viriato- Pontos : 16657
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
RONALDO ALMEIDA escreveu:Viriato escreveu:Vitor mango escreveu:Cultura e Povos nada tem a ver o que os americanos fizeram com copias ricas briolhantes e luxuosas no pais do tio SAM
No meu tempo de escola chamavam-se macaquinhos de imitação. O ridículo é tal que nem comento....
Os srs\. FALAMA ASSIM porque nunca foram ver o TAJ MAHAL em ATLANTIC CITY!!!! UM ESPECTACULO!
amigo Ronaldo
A diferença é como kekar uma boneca de borracha e por cuidados especiais utilizar preservativo
Sei que +e dificil a um americano compreender isto
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
Viriato escreveu:RONALDO ALMEIDA escreveu:
Os srs\. FALAMA ASSIM porque nunca foram ver o TAJ MAHAL em ATLANTIC CITY!!!! UM ESPECTACULO!
Pode ter a certeza absoluta que nunca perderia um segundo da minha vida para ver tal mamarracho. E se fosse ver o original?? Sempre aprendia alguma coisa....
mamarracho? 10 X MAIS impoonente, rico, BELO que o ORIGINAL!!! E ainda tem a vantagem de se poder ficar numa das SUITES de 15000 dollar,s noite, a apreciar o ATLANTICO!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
RONALDO ALMEIDA escreveu:Viriato escreveu:RONALDO ALMEIDA escreveu:
Os srs\. FALAMA ASSIM porque nunca foram ver o TAJ MAHAL em ATLANTIC CITY!!!! UM ESPECTACULO!
Pode ter a certeza absoluta que nunca perderia um segundo da minha vida para ver tal mamarracho. E se fosse ver o original?? Sempre aprendia alguma coisa....
mamarracho? 10 X MAIS impoonente, rico, BELO que o ORIGINAL!!! E ainda tem a vantagem de se poder ficar numa das SUITES de 15000 dollar,s noite, a apreciar o ATLANTICO!!
O quadro Gioconda do Leonardo tem um valor incalculável
mas... em qualquer livraria pode comprar o mesmo quadro com as cores e tutti kuanti por 2 euros
Um monumento representa algo mais que uma manifestaçao de novoriquismo
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
Admin escreveu:
Um monumento representa algo mais que uma manifestaçao de novoriquismo [/b]
Novoriquismo muito foleiro. Dasseeeeee.....
Viriato- Pontos : 16657
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
OLHEM SO PARA ESSA MARAVILHA!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
paginas 87 e 88
que burros, mas cheios de genica. São ás centenas esses carrinhos e faze táxis transportando passageiros e sacos com produtos agrícolas de um para outro. Nas aldeias voltaram a aparecer os peditórios para con mesquitas, tal como vi em Samatra. Para assinalar o local onde e: "comissão de angariação de fundos" põem um bidon ou um pneu e bandeira no meio da estrada. A maioria da população é muçulmana e pc rural tem mais fervor religioso. Todas as aldeias têm à entrada faixas de com os desejos de Boas Festas do Idul Fitri (que já acabou mas as faie continuam) e com a data 1.424 H. Creio que o H significa Hégira, a data do calendário islâmico que marca a fuga de Maomé de Meca para Medina.
Na parte ocidental da ilha ainda se vêem aqui e além casas de balínês com os pequenos altares e os típicos muros e portas decoradas. P medida que progredimos para Leste deixam de se ver.
Em Lombok e Sumbaua os preços dos transportes públicos têm d regateados. Normalmente pedem o dobro ou o triplo do verdadeiro custo os indonésios pagam. É necessário saber de antemão quanto custa a pass para poder regatear até conseguir o preço de indonésio. Nos autocar música está sempre no volume máximo o que levou um colega de vi americano a referir-se-lhes como "disco bus", ou seja autocarros/disa Toda a gente masculina fuma desalmadamente dentro e fora dos transi públicos.
Acabou o Idul Fitri mas os passageiros continuam ensonados e n trajecto nenhum que eu não tenha de aguentar com a cabeça de algr meu ombro ou alguma criança com os braços e cabeça em cima das n pernas... Suporto tudo isso em retribuição da amabilidade deles. São pacientes e acomodam-se ás vezes com sacrifício para eu levar os meu. malotes junto a mim. Por razões de segurança nunca me separo deles.
Dormi uma noite em Sumbaua-Besar, capital da parte ocidental d no excelente Hotel Tambora. 0 martírio da berraria que sacode o silên noite, ás primeiras horas da madrugada, vindo em atrozes ondas de sai auto-falantes colocados no alto dos minaretes, continua a massacrar-m como a igreja católica usava antigamente o latim na sua liturgia, aqui é a a língua árabe para os chamamentos à oração e nas rezas. Algumas en de mesquitas são encimadas por frases escritas em caracteres árabes. O guturais da língua árabe em que são gritados os chamamentos e os louv Alá, só agravam o efeito nos nossos ouvidos. Ao meu quarto no Hotel Ta chegavam os gritos estridentes de 4 ou 5 mesquitas! Quando o silêncio pensei que o melhor era aproveitar a espertina e começar o dia cedo. Ac luz para ver as horas; eram 4:45 da manhã e o primeiro autocarro só 5 7,00... não havia nada a fazer senão procurar adormecer de novo.
Li nos jornais que há na Europa um surto de conversões ao islam que no velho continente se estão a fixar milhões de imigrantes muçuir Em Granada foi recentemente inaugurada uma mesquita e Lisboa parece tem várias. Deixo aqui um alerta para as pessoas que residam per mesquitas: - As noites de sono profundo nunca mais vão ser o que eram.
Espero amanhã já acordar em terras de Cristo ao som do sino de i capela ou igreja católica a chamar os fiéis para a missa... Estou ansic chegar à ilha das Flores, descoberta, baptizada e cristianizada por portu
no séc. XVI e que ainda hoje mantém tradições portuguesas, sendo 85% da população, cristã. Espero poder voltar a dormir descansado a noite toda.
Na altura própria não tomei nota de certas coisas e vou agora fazê-lo:
Além da profilaxia semanal com quinino, contra a malária, tomo todos os dias de manhã um dente de alho. Ao ser absorvido pelo sangue espalha-se pelo corpo. Os mosquitos não gostam de picar pele com sabor a alho. É uma mesinha africana, dos portugueses ali radicados. Para não ficar a cheirar a alho, corta-se este em fatiazinhas delgadas e engole-se sem mastigar. Em Ao Nang, na Tailândia, quando jantava em uma esplanada com duas raparigas coreanas de pele muito branca, notámos que os mosquitos só as mordiam a elas e, constantemente davam palmadas nas pernas e braços para matar os mosquitos. Ficaram muito admiradas com o resultado da "profilaxia do alho"... pois em mim nem um só mosquito pousou!
Em Malaca, cansado de andar, entrei na Igreja de São Francisco, para sentar-me e descansar as pernas. Oficiava a missa vespertina um padre italiano. Fiquei muito admirado com a heterogeneidade dos crentes: havia chineses, indianos, malaios, alguns turistas europeus e ainda pretos e mulatos!
Na Malásia há dois grandes grupos étnicos: os malaios, mais numerosos, que dominam a política, e os chineses, pouco numerosos que detêm o poder económico.
SAPE — Este porto situa-se na parte oriental da ilha de Sumbaua e é aqui que se toma o barco para atravessar o estreito e chegar à ilha das Flores. 0 "ferry" avariou e fiquei aqui retido mais um dia à espera que chegue outro barco. Não foi mau que tenha avariado porque o seu aspecto exterior não inspira confiança — a tinta há muito desapareceu e a ferrugem impera por todo o lado. Espero que o que vai chegar hoje de tarde tenha melhor aspecto...
A noite que passei aqui no Losmen Mutiara, foi constantemente interrompida pelo ruído de um animal que pernoitava paredes-meias comigo e cujo cantar, piar, ladrar ou berrar, não consegui identificar... Os primeiros sons que emite são parecidos com um cabrito a berrar; seguem-se sons parecidos com os de uma galinha a chamar os pintos, começando em tom alto e acabando o último "piar" quase imperceptível...
Logo que o empregado (católico das Flores) me trouxe o pequeno-almoço pergunte!-lhe sobre o tal cacarejar. Mostrou-me do outro lado do corredor um vão de escada tapado com platex dentro do qual está escondido uma espécie de sardão ou lagarto, a que chamam Kéko, e que tem como função limpar o hotel de moscas, mosquitos, osgas, baratas, centopeias etc. Estando o bicho inacessível, pois o platex e as tábuas estão bem pregados, perguntei por onde é que metem a comida para o bicharoco? Que não é preciso dar comida pois o bicho vive exclusivamente da bicharada que lá vai ter com ele, atraída não sei porque artes mágicas... A Bayer aqui não se governa e eu estive a matutar que seria muito conveniente acrescentar à minha bagagem uma gaiola com um Kéko para me livrar da bicharada que ás vezes infesta os
que burros, mas cheios de genica. São ás centenas esses carrinhos e faze táxis transportando passageiros e sacos com produtos agrícolas de um para outro. Nas aldeias voltaram a aparecer os peditórios para con mesquitas, tal como vi em Samatra. Para assinalar o local onde e: "comissão de angariação de fundos" põem um bidon ou um pneu e bandeira no meio da estrada. A maioria da população é muçulmana e pc rural tem mais fervor religioso. Todas as aldeias têm à entrada faixas de com os desejos de Boas Festas do Idul Fitri (que já acabou mas as faie continuam) e com a data 1.424 H. Creio que o H significa Hégira, a data do calendário islâmico que marca a fuga de Maomé de Meca para Medina.
Na parte ocidental da ilha ainda se vêem aqui e além casas de balínês com os pequenos altares e os típicos muros e portas decoradas. P medida que progredimos para Leste deixam de se ver.
Em Lombok e Sumbaua os preços dos transportes públicos têm d regateados. Normalmente pedem o dobro ou o triplo do verdadeiro custo os indonésios pagam. É necessário saber de antemão quanto custa a pass para poder regatear até conseguir o preço de indonésio. Nos autocar música está sempre no volume máximo o que levou um colega de vi americano a referir-se-lhes como "disco bus", ou seja autocarros/disa Toda a gente masculina fuma desalmadamente dentro e fora dos transi públicos.
Acabou o Idul Fitri mas os passageiros continuam ensonados e n trajecto nenhum que eu não tenha de aguentar com a cabeça de algr meu ombro ou alguma criança com os braços e cabeça em cima das n pernas... Suporto tudo isso em retribuição da amabilidade deles. São pacientes e acomodam-se ás vezes com sacrifício para eu levar os meu. malotes junto a mim. Por razões de segurança nunca me separo deles.
Dormi uma noite em Sumbaua-Besar, capital da parte ocidental d no excelente Hotel Tambora. 0 martírio da berraria que sacode o silên noite, ás primeiras horas da madrugada, vindo em atrozes ondas de sai auto-falantes colocados no alto dos minaretes, continua a massacrar-m como a igreja católica usava antigamente o latim na sua liturgia, aqui é a a língua árabe para os chamamentos à oração e nas rezas. Algumas en de mesquitas são encimadas por frases escritas em caracteres árabes. O guturais da língua árabe em que são gritados os chamamentos e os louv Alá, só agravam o efeito nos nossos ouvidos. Ao meu quarto no Hotel Ta chegavam os gritos estridentes de 4 ou 5 mesquitas! Quando o silêncio pensei que o melhor era aproveitar a espertina e começar o dia cedo. Ac luz para ver as horas; eram 4:45 da manhã e o primeiro autocarro só 5 7,00... não havia nada a fazer senão procurar adormecer de novo.
Li nos jornais que há na Europa um surto de conversões ao islam que no velho continente se estão a fixar milhões de imigrantes muçuir Em Granada foi recentemente inaugurada uma mesquita e Lisboa parece tem várias. Deixo aqui um alerta para as pessoas que residam per mesquitas: - As noites de sono profundo nunca mais vão ser o que eram.
Espero amanhã já acordar em terras de Cristo ao som do sino de i capela ou igreja católica a chamar os fiéis para a missa... Estou ansic chegar à ilha das Flores, descoberta, baptizada e cristianizada por portu
no séc. XVI e que ainda hoje mantém tradições portuguesas, sendo 85% da população, cristã. Espero poder voltar a dormir descansado a noite toda.
Na altura própria não tomei nota de certas coisas e vou agora fazê-lo:
Além da profilaxia semanal com quinino, contra a malária, tomo todos os dias de manhã um dente de alho. Ao ser absorvido pelo sangue espalha-se pelo corpo. Os mosquitos não gostam de picar pele com sabor a alho. É uma mesinha africana, dos portugueses ali radicados. Para não ficar a cheirar a alho, corta-se este em fatiazinhas delgadas e engole-se sem mastigar. Em Ao Nang, na Tailândia, quando jantava em uma esplanada com duas raparigas coreanas de pele muito branca, notámos que os mosquitos só as mordiam a elas e, constantemente davam palmadas nas pernas e braços para matar os mosquitos. Ficaram muito admiradas com o resultado da "profilaxia do alho"... pois em mim nem um só mosquito pousou!
Em Malaca, cansado de andar, entrei na Igreja de São Francisco, para sentar-me e descansar as pernas. Oficiava a missa vespertina um padre italiano. Fiquei muito admirado com a heterogeneidade dos crentes: havia chineses, indianos, malaios, alguns turistas europeus e ainda pretos e mulatos!
Na Malásia há dois grandes grupos étnicos: os malaios, mais numerosos, que dominam a política, e os chineses, pouco numerosos que detêm o poder económico.
SAPE — Este porto situa-se na parte oriental da ilha de Sumbaua e é aqui que se toma o barco para atravessar o estreito e chegar à ilha das Flores. 0 "ferry" avariou e fiquei aqui retido mais um dia à espera que chegue outro barco. Não foi mau que tenha avariado porque o seu aspecto exterior não inspira confiança — a tinta há muito desapareceu e a ferrugem impera por todo o lado. Espero que o que vai chegar hoje de tarde tenha melhor aspecto...
A noite que passei aqui no Losmen Mutiara, foi constantemente interrompida pelo ruído de um animal que pernoitava paredes-meias comigo e cujo cantar, piar, ladrar ou berrar, não consegui identificar... Os primeiros sons que emite são parecidos com um cabrito a berrar; seguem-se sons parecidos com os de uma galinha a chamar os pintos, começando em tom alto e acabando o último "piar" quase imperceptível...
Logo que o empregado (católico das Flores) me trouxe o pequeno-almoço pergunte!-lhe sobre o tal cacarejar. Mostrou-me do outro lado do corredor um vão de escada tapado com platex dentro do qual está escondido uma espécie de sardão ou lagarto, a que chamam Kéko, e que tem como função limpar o hotel de moscas, mosquitos, osgas, baratas, centopeias etc. Estando o bicho inacessível, pois o platex e as tábuas estão bem pregados, perguntei por onde é que metem a comida para o bicharoco? Que não é preciso dar comida pois o bicho vive exclusivamente da bicharada que lá vai ter com ele, atraída não sei porque artes mágicas... A Bayer aqui não se governa e eu estive a matutar que seria muito conveniente acrescentar à minha bagagem uma gaiola com um Kéko para me livrar da bicharada que ás vezes infesta os
Vitor mango- Pontos : 118184
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
OH FURIA, diga la a estes GAJOS a BELEZA EXTRAORDINARIA do TAJ MAHAL ATLANTIC CITY!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
SO A ENTRADA DO HOTEL, tem MAIS MARMORE ITALIANO do que o TAJ MAHAL DA INDIA.
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
UMA das CENTENAS de SUITES do HOTEL -CASINO.
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
A MARAVILHOSA JOGATINA
http://www.trumptaj.com/casino/index.cfm
http://www.trumptaj.com/casino/index.cfm
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
imaginem esta beleza NO seixal A PRODUZIR MILHARES DE EMPREGOS.
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
paginas 89 e 90
sítios por onde
ando... 0 Kéko enchia a barriga e eu evitava besuntar-me com repelente de
insectos...
LABUAN BAJO (Flores) - 0 barco que me trouxe de Sumbaua chegou à ilha das Flores ás 2,00 da manhã. A travessia
entre as duas ilhas demorou 9 horas. 0 Pacífico verdadeiramente pacífico, sem
uma onda, sem uma brisa! Calor
sufocante. Nem ficar de pé, junto da amurada para aproveitar a frescura da
deslocação de ar, alivia o sufoco.
Localizadas entre Sumbaua e Flores, a meio do
estreito que ontem atravessei, ficam as ilhas
Komodo e Rinca, as quais são a principal razão de haver por aqui alguns turistas pois nelas habita o chamado Dragão de
Komodo. E uma bestinha com o formato de lagarto ou sardão, mas que no seu habitat
destas ilhas chega a atingir 130 kg de peso e 4 metros de comprimento. Em Flores
existem também desses bichos mas não atingem essas dimensões.
Devido à crise no turismo, há poucos turistas a
viajar por estas paragens e os barcos que
antes paravam em Komodo quando vinham de Sumbaua para Flores, agora não param e vêm directos. Por isso é preciso voltar para
trás organizando as visitas a
Komodo e Rinca a partir de Flores e do seu pequeno porto Labuan Bajo. O nome Farangue utilizado na Malásia e Tailândia para designar os turistas europeus de pele branca foi substituído nestas
bandas por Bu/é. Na travessia no "ferry" de Lombok para Sumbaua eu era o único Bu/é a bordo e de Sumbaua para Flores só havia dois Ou/és, eu e um
rapaz alemão.
Como Rinca (pronuncia-se Rincha) fica a duas
horas de barco e Komodo a 5 horas,
optei por visitar a primeira e passei o dia a procurar Ou/és para em grupo fretar um barco e irmos a Rinca à procura dos famosos lagartos. As
duas ilhas são desoladas e
semidesérticas e os "dragões" são mais fáceis de encontrar na época seca quando procuram água no leito seco dos:rios. É necessário ir acompanhado de um guia pois tem havido casos de ataque aos
visitantes.
Na minha sortida pela cidadezinha e pelo porto à
procura de companheiros para a
expedição, começaram os meus contactos com a população cristã local, muitos dos
quais se intitulam descendentes de portugueses.
Observei algumas reacções de regozijo dos meus interlocutores quando
os informava da minha nacionalidade. Um deles, um rapaz de 30 anos, exclamou em
latim - Gloria in Excelsis Deo - , quando lhe disse o meu país de origem.... Não consegui arranjar passageiros para
ir a Rinca e assim aceitei o convite
de Juventus Fernandes, para ir tomar uma bebida a sua casa e conhecer a sua mulher e a bebé de 4 meses. A
casota fica a 4 km do centro, numa
zona rural. As paredes são de tiras de bambu entrançadas e a cobertura de zinco. A mulher, católica, descascou um ananás
que comemos no jardim, debaixo de um
cajueiro. Na pequena sala havia como decoração um quadro com o Sagrado Coração de Jesus, outrQ com a última
Ceia e ainda um calendário antigo com
a fotografia do bispo católico de Kalimantan (a parte indonésia do
Borneo).
Enquanto o meu novo amigo almoçava, fui com um
seu vizinho visitar uma gruta com estalactites
e estalagmites onde abundam morcegos dependurados do teto. Completamente
ás escuros receei não sair lá de dentro
porque a pilha do meu guia avariava cone ta mente. 0 guia, orgulhoso do
seu nome latino Kanis, garantia-me que
conseguiria dar com a saída caso a lanterna avariasse de vez, mas eu não
estava muito convencido por causa dos muitos
labirintos. Lá conseguiu, no escuro, reparar a pilha, pondo-lhe um bocado de
papel do maço de tabaco, fazendo pressão sobre a mola... Não ganhei para
o susto!
Este guia tem como principal
actividade trabalhar na agricultura e fiquei surpreendido
por o ouvir falar um inglês correcto e com vocabulário erudito de que
fixei as palavras "animista", para refierìr a religião pré-cristã da
ilha e "antropóloga", a especialização-de uma holandesa que dias
antes acompanhara na visita à gruta. Tanto um como outro dos meus novos amigos
"Portugueses das Flores" falam inglês perfeitíssimo, com vocabulário
rico e estão à altura de entabular uma
conversação fluente sobre vários ramos do saber, seja espeleologia, politica, geografia ou historia...
Eu estava deslumbrado, sobretudo ao compará-los com a gente com quem
tenho contactado nesta travessia da Indonésia!
Perguntei-lhes qual a explicação desta
diferença de cultura e conhecimentos entre os dois grupos
que coabitam estas ilhas, muçulmanos e cristãos... A resposta veio directa e
sem hesitações reconhecendo ambos que a minha
observação estava correcta — A educação da população cristã é feita nas missões
e os muçulmanos estudam nas escolas públicas...
Ontem, na
travessia de Sumbaua para Flores um rapaz muçulmano, muito simpático, procurou a minha companhia. Falava inglês com
dificuldade e. apesar disso é professor
de inglês na escola pública de Labuan Bajo! Não quero chegar a conclusões precipitadas pois não conheço bem os meandros da sociedade local, mas não haverá aqui descriminação religiosa ou étnica? Qualquer dos dois rapazes cristãos está muito melhor preparado para
leccionar inglês do que este rapaz
que conheci no barco, no entanto dedicam-se à agricultura.
..e vem de longe, de uma outra ilha um "professor" mal preparado! (Vim mais tarde a saber que é uma estratégia do
governo central de Jacarta para sufocar as populações cristãs onde elas
estão em maioria, transferindo funcionários públicos, professores, policias
etc., de credo maometano, para a longo prazo os cristãos ficarem em minoria na
sua própria terra).
Orgulhoso da sua filhota de 4 meses, Juventus levantou-a bem alto, com
os braços acima de cabeça, e com uma risada pelo meio como que a rir-se de si. próprio
e das tradições do seu povo, disse-me que a miúda quanto crescer e casar lhe
vai render de dote um búfalo de água e um cavalo... Disse-me ainda que ás
filhas não põem sobrenome ou apelido; apenas o nome próprio porque quando
casarem tomam o nome do marido. Aos filhos sim, põem os apelidos da famlia, que em Flores, os mais comuns são Silva,
Fernandes, Gomes, Sequeira, etc.
Embora os católicos das Flores sejam
fervorosamente religiosos mantêm ainda tradições e crenças animistas vindas da religião anterior que o
povo praticava antes da chegada dos
portugueses. 0 casamento é indissolúvel e casa-se para toda a vida. 0 divórcio não é praticado nem aceite e o meu
" interlocutor mostrou-se chocado
por os -europeus se dizerem católicos e andarem sempre a casar e
descasar...
sítios por onde
ando... 0 Kéko enchia a barriga e eu evitava besuntar-me com repelente de
insectos...
LABUAN BAJO (Flores) - 0 barco que me trouxe de Sumbaua chegou à ilha das Flores ás 2,00 da manhã. A travessia
entre as duas ilhas demorou 9 horas. 0 Pacífico verdadeiramente pacífico, sem
uma onda, sem uma brisa! Calor
sufocante. Nem ficar de pé, junto da amurada para aproveitar a frescura da
deslocação de ar, alivia o sufoco.
Localizadas entre Sumbaua e Flores, a meio do
estreito que ontem atravessei, ficam as ilhas
Komodo e Rinca, as quais são a principal razão de haver por aqui alguns turistas pois nelas habita o chamado Dragão de
Komodo. E uma bestinha com o formato de lagarto ou sardão, mas que no seu habitat
destas ilhas chega a atingir 130 kg de peso e 4 metros de comprimento. Em Flores
existem também desses bichos mas não atingem essas dimensões.
Devido à crise no turismo, há poucos turistas a
viajar por estas paragens e os barcos que
antes paravam em Komodo quando vinham de Sumbaua para Flores, agora não param e vêm directos. Por isso é preciso voltar para
trás organizando as visitas a
Komodo e Rinca a partir de Flores e do seu pequeno porto Labuan Bajo. O nome Farangue utilizado na Malásia e Tailândia para designar os turistas europeus de pele branca foi substituído nestas
bandas por Bu/é. Na travessia no "ferry" de Lombok para Sumbaua eu era o único Bu/é a bordo e de Sumbaua para Flores só havia dois Ou/és, eu e um
rapaz alemão.
Como Rinca (pronuncia-se Rincha) fica a duas
horas de barco e Komodo a 5 horas,
optei por visitar a primeira e passei o dia a procurar Ou/és para em grupo fretar um barco e irmos a Rinca à procura dos famosos lagartos. As
duas ilhas são desoladas e
semidesérticas e os "dragões" são mais fáceis de encontrar na época seca quando procuram água no leito seco dos:rios. É necessário ir acompanhado de um guia pois tem havido casos de ataque aos
visitantes.
Na minha sortida pela cidadezinha e pelo porto à
procura de companheiros para a
expedição, começaram os meus contactos com a população cristã local, muitos dos
quais se intitulam descendentes de portugueses.
Observei algumas reacções de regozijo dos meus interlocutores quando
os informava da minha nacionalidade. Um deles, um rapaz de 30 anos, exclamou em
latim - Gloria in Excelsis Deo - , quando lhe disse o meu país de origem.... Não consegui arranjar passageiros para
ir a Rinca e assim aceitei o convite
de Juventus Fernandes, para ir tomar uma bebida a sua casa e conhecer a sua mulher e a bebé de 4 meses. A
casota fica a 4 km do centro, numa
zona rural. As paredes são de tiras de bambu entrançadas e a cobertura de zinco. A mulher, católica, descascou um ananás
que comemos no jardim, debaixo de um
cajueiro. Na pequena sala havia como decoração um quadro com o Sagrado Coração de Jesus, outrQ com a última
Ceia e ainda um calendário antigo com
a fotografia do bispo católico de Kalimantan (a parte indonésia do
Borneo).
Enquanto o meu novo amigo almoçava, fui com um
seu vizinho visitar uma gruta com estalactites
e estalagmites onde abundam morcegos dependurados do teto. Completamente
ás escuros receei não sair lá de dentro
porque a pilha do meu guia avariava cone ta mente. 0 guia, orgulhoso do
seu nome latino Kanis, garantia-me que
conseguiria dar com a saída caso a lanterna avariasse de vez, mas eu não
estava muito convencido por causa dos muitos
labirintos. Lá conseguiu, no escuro, reparar a pilha, pondo-lhe um bocado de
papel do maço de tabaco, fazendo pressão sobre a mola... Não ganhei para
o susto!
Este guia tem como principal
actividade trabalhar na agricultura e fiquei surpreendido
por o ouvir falar um inglês correcto e com vocabulário erudito de que
fixei as palavras "animista", para refierìr a religião pré-cristã da
ilha e "antropóloga", a especialização-de uma holandesa que dias
antes acompanhara na visita à gruta. Tanto um como outro dos meus novos amigos
"Portugueses das Flores" falam inglês perfeitíssimo, com vocabulário
rico e estão à altura de entabular uma
conversação fluente sobre vários ramos do saber, seja espeleologia, politica, geografia ou historia...
Eu estava deslumbrado, sobretudo ao compará-los com a gente com quem
tenho contactado nesta travessia da Indonésia!
Perguntei-lhes qual a explicação desta
diferença de cultura e conhecimentos entre os dois grupos
que coabitam estas ilhas, muçulmanos e cristãos... A resposta veio directa e
sem hesitações reconhecendo ambos que a minha
observação estava correcta — A educação da população cristã é feita nas missões
e os muçulmanos estudam nas escolas públicas...
Ontem, na
travessia de Sumbaua para Flores um rapaz muçulmano, muito simpático, procurou a minha companhia. Falava inglês com
dificuldade e. apesar disso é professor
de inglês na escola pública de Labuan Bajo! Não quero chegar a conclusões precipitadas pois não conheço bem os meandros da sociedade local, mas não haverá aqui descriminação religiosa ou étnica? Qualquer dos dois rapazes cristãos está muito melhor preparado para
leccionar inglês do que este rapaz
que conheci no barco, no entanto dedicam-se à agricultura.
..e vem de longe, de uma outra ilha um "professor" mal preparado! (Vim mais tarde a saber que é uma estratégia do
governo central de Jacarta para sufocar as populações cristãs onde elas
estão em maioria, transferindo funcionários públicos, professores, policias
etc., de credo maometano, para a longo prazo os cristãos ficarem em minoria na
sua própria terra).
Orgulhoso da sua filhota de 4 meses, Juventus levantou-a bem alto, com
os braços acima de cabeça, e com uma risada pelo meio como que a rir-se de si. próprio
e das tradições do seu povo, disse-me que a miúda quanto crescer e casar lhe
vai render de dote um búfalo de água e um cavalo... Disse-me ainda que ás
filhas não põem sobrenome ou apelido; apenas o nome próprio porque quando
casarem tomam o nome do marido. Aos filhos sim, põem os apelidos da famlia, que em Flores, os mais comuns são Silva,
Fernandes, Gomes, Sequeira, etc.
Embora os católicos das Flores sejam
fervorosamente religiosos mantêm ainda tradições e crenças animistas vindas da religião anterior que o
povo praticava antes da chegada dos
portugueses. 0 casamento é indissolúvel e casa-se para toda a vida. 0 divórcio não é praticado nem aceite e o meu
" interlocutor mostrou-se chocado
por os -europeus se dizerem católicos e andarem sempre a casar e
descasar...
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
pagina 91 e 92
Já várias pessoas opinaram de que a população das Flores é 90% cristã e apenas nas. povoações da beira-mar existem alguns muçulmanos. Que. o interior é 100% cristão porque os colonos portugueses que aqui se fixaram no séc. XVI se dedicavam ao cultivo de especiarias e que se instalaram nas terras mais altas e com melhor clima.
Tanto na restante Indonésia como aqui nas Flores tenho procurado evitar falar sobre Timor, por os acontecimentos dramáticos que ali ocorreram estarem ainda frescos e não querer ferir susceptibilidades. Em sítios mais remotos ou quando me parece oportuno tenho até dito, quando me perguntam a nacionalidade, que sou brasileiro, para evitar falar de Timor. Mesmo assim, de vez em quando vem a baila esse tema e tenho constatado que as pessoas mais instruídas são criticas da actuação de Portugal e discordam de Timor se ter tornado independente. Mas aqui nas Flores a opinião é oposta e acham muito bem que Timor, sendo um país cristão, se tenha separado da tutela de um país muçulmano!
<anis, cuja principal ocupação é cuidar da lavra familiar e que nas horas vagas ganha uns trocados acompanhado visitantes à Gruta Batu Cermin, contou-me que tem um amigo muçulmano e que já lhe tem perguntado se Alá é surdo pois não vê outra explicação para gritarem tão alto as rezas e os chamamentos nos altifalantes colocados no cimo dos minaretes!
0 clima mudou muito desde. a ilha de Lombok; é mais quente e mais seco. Dizem-me que toda a parte oriental da Indonésia, incluído Papua e Molucas, tem estas características. 0 que não mudou é a afabilidade do povo e a sensação de segurança que se tem nas ruas, mesmo de noite. Um bom exemplo é o caso de em Bali quando com Adam aluguei uma mota, deixávamos sempre os capacetes em cima do guiador ou nos assentos quando íamos à praia ou tomar uma bebida nalgum café. Mesmo em praias concorridas emque nos ausentávamos por algum tempo, quando regressávamos os capaceteslá estavam no mesmo sítio.
Flores é uma das ilhas mais bonitas da Indonésia e tem uma espectacular cadeia de vulcões, uns activos e outros extintos. Uma dos principais atracções da ilha é o vulcão Kelimuto.
Ontem consegui finalmente integrar-me em um grupo de sete pessoas e alugámos um barco grande para irmos a Rinca ver os "dragões'. Encomendámos comida para a viagem e salmos de madrugada (4 da manhã). Constituíam o grupo um casal austríaco, um casal espanhol de Saragoça, um alemão, um belga e eu próprio. A ilha é um Parque Natural, onde a agricultura foi proibida por causa dos "dragões". A população foi concentrada na orla marítima em duas aldeias e dedicam-se à pesca. O equilíbrio natural e biológico da ilha é feito em função das necessidades dos "dragões" pois vem gente de todo o Mundo para vê-los e essa é a fonte de receita que alimenta a economia local.
Foram inventariados 1.200 "dragões' em Rinca e 1.100 em Komodo. Apenas visitámos Rinca que fica a 2 horas e meia de barco de tabuan Bajo. Para fornecer carne aos "dragões" há na ilha de uma manada de 400 búfalos em liberdade, além de javalis, veados e outros animais de menor parte. A mordidela do dragão não é venenosa mas é portadora de uma quantidade enorme de bactérias, que provoca a infecção rápida da vítima e a sua morte no
curto espaço de alguns dias. Enquanto que os animais mais pequenos são vítimas fáceis pois os "dragões" na corrida podem atingir 20 km por hora e quando abocanham já não largam, para se abastecer de carne de búfalo que peta sua corpulêncla o "dragão" não pode enfrentar, usa um estratagema curioso brando partido das bactérias alojadas na sua cavidade bocal! Aproxima-se silencioso do búfalo e dá-lhe uma mordidela na perna. A ferida infecta e o búfalo morre dentro de uma semana...
Paga-se bilhete para entrar na Ilha e fomos acompanhados por um gula oficial do Parque que leva consigo um pau terminado em forcado para parar o "dragão" se ele atacar algum turista,
Ainda não houve casos fatais com "8uMs" mas alguns pescadores já morreram vítimas de mordidela do "dragão" sobretudo quando dormem a sesta debaixo das árvores. No regresso paramos algumas horas em uma pequena Ilha com um esplêndido banco de corais e todos fizemos apreia. Haviam muitíssimos peixes coloridos e de tamanhos variados, muitos corais e vegetação sub aquática. Gostei mais deste local do que das ilhas Pi-Pi na Tailândia e de longe melhor de que no ano passado em Tobago,
Afinal Flores não é tão desértica como diziam e como a parte ocidental da ilha fazia prever. À medida que caminhamos para o interior e para a parte oriental da Ilha há montanhas mais altas e mais pluviosidade e as encostas e vales quando não têm campos de arroz, café, milho ou• coqueiros, estão cobertas de densos bosques. Embora a época das chuvas já tenha começado, na prática não tem chovido e as caneleiras não têm rebentos novos não tendo por isso a encimá-las aquelas coroas vermelhas que as tomam árvores lindíssimas nas colinas de Samatra.
Flores é uma ilha rural e piscatória. Praticam uma economia de :. subsistência consumindo o que produzem. Com a excepção do café não vejo outras culturas com que possam realizar dinheiro. Por isso está pouco desenvolvida. Quase não há automóveis, nem mesmo nas pequeníssimas cidades que a povoam - Ruteng, Eajava, Ende, Maumere e tarantuka. À medida que caminhamos para Oriente vai aumentando a percentagem de católicos e cada aldeia tem a sua Igreja.
Em Bafava onde pernoitei, quando regressava ao hotel depois de jantar com um casal de turistas espanhóis, fomos interpelados por dois rapazes de tez muito escura e com o cabelo atado em rabo-de-cavalo que pretendiam oferecer os seus serviços de guias para o dia seguinte Aqui as pessoas gostam muito de dar apertos de mão e não há ninguém que não diga o seu nome e pergunte o nosso quando estendem o braço para o tal aperto de mão. Seguindo este ritual os dois jovens lá se apresentaram como Félix do Rosário e Alex da Gomes; que descendiam de portugueses e que eram naturais de Maumere, onde a população é maioritariamente descendente de portugueses_.
Depois de tanto islamismo, mesquitas, Idul-Fitris, cofÓs e cabeças de mulheres cobertas, foi um bálsamo para os olhos ver, à entrada da cidadezinha de Ruteng, uma estátua do Cristo-Rei a enfeitar a rotunda que dá acesso à cidade... Foi uma sensação idêntica à de regressar a casa, avivada mais à frente no trajecto, com a vista de uma imagem de N° Senhora de Fátima, em um
Já várias pessoas opinaram de que a população das Flores é 90% cristã e apenas nas. povoações da beira-mar existem alguns muçulmanos. Que. o interior é 100% cristão porque os colonos portugueses que aqui se fixaram no séc. XVI se dedicavam ao cultivo de especiarias e que se instalaram nas terras mais altas e com melhor clima.
Tanto na restante Indonésia como aqui nas Flores tenho procurado evitar falar sobre Timor, por os acontecimentos dramáticos que ali ocorreram estarem ainda frescos e não querer ferir susceptibilidades. Em sítios mais remotos ou quando me parece oportuno tenho até dito, quando me perguntam a nacionalidade, que sou brasileiro, para evitar falar de Timor. Mesmo assim, de vez em quando vem a baila esse tema e tenho constatado que as pessoas mais instruídas são criticas da actuação de Portugal e discordam de Timor se ter tornado independente. Mas aqui nas Flores a opinião é oposta e acham muito bem que Timor, sendo um país cristão, se tenha separado da tutela de um país muçulmano!
<anis, cuja principal ocupação é cuidar da lavra familiar e que nas horas vagas ganha uns trocados acompanhado visitantes à Gruta Batu Cermin, contou-me que tem um amigo muçulmano e que já lhe tem perguntado se Alá é surdo pois não vê outra explicação para gritarem tão alto as rezas e os chamamentos nos altifalantes colocados no cimo dos minaretes!
0 clima mudou muito desde. a ilha de Lombok; é mais quente e mais seco. Dizem-me que toda a parte oriental da Indonésia, incluído Papua e Molucas, tem estas características. 0 que não mudou é a afabilidade do povo e a sensação de segurança que se tem nas ruas, mesmo de noite. Um bom exemplo é o caso de em Bali quando com Adam aluguei uma mota, deixávamos sempre os capacetes em cima do guiador ou nos assentos quando íamos à praia ou tomar uma bebida nalgum café. Mesmo em praias concorridas emque nos ausentávamos por algum tempo, quando regressávamos os capaceteslá estavam no mesmo sítio.
Flores é uma das ilhas mais bonitas da Indonésia e tem uma espectacular cadeia de vulcões, uns activos e outros extintos. Uma dos principais atracções da ilha é o vulcão Kelimuto.
Ontem consegui finalmente integrar-me em um grupo de sete pessoas e alugámos um barco grande para irmos a Rinca ver os "dragões'. Encomendámos comida para a viagem e salmos de madrugada (4 da manhã). Constituíam o grupo um casal austríaco, um casal espanhol de Saragoça, um alemão, um belga e eu próprio. A ilha é um Parque Natural, onde a agricultura foi proibida por causa dos "dragões". A população foi concentrada na orla marítima em duas aldeias e dedicam-se à pesca. O equilíbrio natural e biológico da ilha é feito em função das necessidades dos "dragões" pois vem gente de todo o Mundo para vê-los e essa é a fonte de receita que alimenta a economia local.
Foram inventariados 1.200 "dragões' em Rinca e 1.100 em Komodo. Apenas visitámos Rinca que fica a 2 horas e meia de barco de tabuan Bajo. Para fornecer carne aos "dragões" há na ilha de uma manada de 400 búfalos em liberdade, além de javalis, veados e outros animais de menor parte. A mordidela do dragão não é venenosa mas é portadora de uma quantidade enorme de bactérias, que provoca a infecção rápida da vítima e a sua morte no
curto espaço de alguns dias. Enquanto que os animais mais pequenos são vítimas fáceis pois os "dragões" na corrida podem atingir 20 km por hora e quando abocanham já não largam, para se abastecer de carne de búfalo que peta sua corpulêncla o "dragão" não pode enfrentar, usa um estratagema curioso brando partido das bactérias alojadas na sua cavidade bocal! Aproxima-se silencioso do búfalo e dá-lhe uma mordidela na perna. A ferida infecta e o búfalo morre dentro de uma semana...
Paga-se bilhete para entrar na Ilha e fomos acompanhados por um gula oficial do Parque que leva consigo um pau terminado em forcado para parar o "dragão" se ele atacar algum turista,
Ainda não houve casos fatais com "8uMs" mas alguns pescadores já morreram vítimas de mordidela do "dragão" sobretudo quando dormem a sesta debaixo das árvores. No regresso paramos algumas horas em uma pequena Ilha com um esplêndido banco de corais e todos fizemos apreia. Haviam muitíssimos peixes coloridos e de tamanhos variados, muitos corais e vegetação sub aquática. Gostei mais deste local do que das ilhas Pi-Pi na Tailândia e de longe melhor de que no ano passado em Tobago,
Afinal Flores não é tão desértica como diziam e como a parte ocidental da ilha fazia prever. À medida que caminhamos para o interior e para a parte oriental da Ilha há montanhas mais altas e mais pluviosidade e as encostas e vales quando não têm campos de arroz, café, milho ou• coqueiros, estão cobertas de densos bosques. Embora a época das chuvas já tenha começado, na prática não tem chovido e as caneleiras não têm rebentos novos não tendo por isso a encimá-las aquelas coroas vermelhas que as tomam árvores lindíssimas nas colinas de Samatra.
Flores é uma ilha rural e piscatória. Praticam uma economia de :. subsistência consumindo o que produzem. Com a excepção do café não vejo outras culturas com que possam realizar dinheiro. Por isso está pouco desenvolvida. Quase não há automóveis, nem mesmo nas pequeníssimas cidades que a povoam - Ruteng, Eajava, Ende, Maumere e tarantuka. À medida que caminhamos para Oriente vai aumentando a percentagem de católicos e cada aldeia tem a sua Igreja.
Em Bafava onde pernoitei, quando regressava ao hotel depois de jantar com um casal de turistas espanhóis, fomos interpelados por dois rapazes de tez muito escura e com o cabelo atado em rabo-de-cavalo que pretendiam oferecer os seus serviços de guias para o dia seguinte Aqui as pessoas gostam muito de dar apertos de mão e não há ninguém que não diga o seu nome e pergunte o nosso quando estendem o braço para o tal aperto de mão. Seguindo este ritual os dois jovens lá se apresentaram como Félix do Rosário e Alex da Gomes; que descendiam de portugueses e que eram naturais de Maumere, onde a população é maioritariamente descendente de portugueses_.
Depois de tanto islamismo, mesquitas, Idul-Fitris, cofÓs e cabeças de mulheres cobertas, foi um bálsamo para os olhos ver, à entrada da cidadezinha de Ruteng, uma estátua do Cristo-Rei a enfeitar a rotunda que dá acesso à cidade... Foi uma sensação idêntica à de regressar a casa, avivada mais à frente no trajecto, com a vista de uma imagem de N° Senhora de Fátima, em um
Admin- Admin
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Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
[size=18]pagina 93.94,95
nicho numa escarpa rochosa sobranceira à sinuosa estrada, à entrada de Bajava! Nas zonas católicas entre Ruteng e Bajava, vêem-se muitas casas com campas e mausoléus no jardim, no quintal ou no meio da horta. A maioria são pintadas de cor azul-claro ou revestidas de azulejos. Muitas famílias têm o hábito de sepultar os seus defuntos junto das casas e não raro as campas de pedra ou azulejo são utilizadas para os familiares se sentarem a descansar, a conversar ou dormir a sesta.
Na cidadezinha de Ende, ao passear pela beira do mar despertou-me a atenção uma casa de madeira em estilo colonial. Quando apreciava a arquitectura veio de dentro uma voz a convidar-me a entrar. Era o Padre Gabriel Goran da Sociedade do Verbo Divino. 0 edifício alberga um museu dedicado ao mar e ás fainas marítimas da ilha de Lembata de onde o Padre Gabriel é originário. Há ali variadíssimas conchas, ossos de baleia, de golfinho e de outros peixes bem como miniaturas dos apetrechos da faina marítima da referida ilha. De Maio a Outubro, na aldeia de Lamalera na ilha Lembata, ainda se pescam baleias por métodos ancestrais utilizando arpões lançados à mão de pequenas embarcações. Segundo o Padre Gabriel as baleias aproximam-se da ilha vindas do Pacífico Sul e os pescadores abatem cerca de 15 a 17 cada ano, não para comércio mas para sua própria subsistência. 0 museu é obra do Padre Gabriel e da sua nostalgia da terra natal.
A obra social do Verbo Divino mantém próximo de Ende um orfanato com 42 crianças e o bom padre queria que eu adiasse a partida por um dia para me ir mostrar a sua obra. Não foi possível porque o tempo começa a escacear para poder chegar a Manila antes do dia 28 e ali me encontrar com os meus amigos Lucienne e Octávio.
Tal como em todas as ilhas da Indonésia também nas Flores há vulcões por todo o lado, mas o mais famoso é o vulcão Kelimutu, cuja cratera tem 3 lagos, cada um de sua cor. O maior é azul-turquesa, outro é verde azeitona e o terceiro preto. Estas cores são provocadas por diferentes componentes químicos no solo e a cor de cada lago também se altera com o passar dos anos. 0 Padre Gabriel visitou em 1965 o lago que agora é azul-turquesa o qual nessa época era verde-escuro: voltou a visitá-lo em 1981 e já era castanho claro... Parece que os gases emanados da cratera contaminam a água e influenciam a coloração. Dormi na base do vulcão, na aldeia de Moni, que tem um clima mais agradável do que as povoações ao nível do mar. Aluguei uma motocicleta com motorista e subimos 15km até ao alto do Kelimutu. Passámos campos de arroz em socalcos, parámos em umas nascentes de água quente onde uma mulher lavava a roupa enquanto marido e dois filhitos se deleitavam sentados na água morna. No último troço da subida atravessámos uma floresta onde sobressaiam os fetos gigantes. Talvez pelos solos vulcânicos profundos, pelo calor e muita humidade, algumas plantas crescem desmesuradamente. Há bananeiras com 3 vezes a altura das de África ou do Brasil e estes fetos gigantes da encosta do vulcão Kelimutu são, sem exagero, 3 vezes mais altos que os da mata do Buçaco ou que os da Quinta do Jardim da Serra, na Madeira.
Moni é uma aldeia pequenina rodeada de verdura e muita água escorrendo pelas valetas na beira da estrada. Todas as segundas feiras tem mercado de manhã cedo e tirei muitas fotos aos aldeãos e aldeãs vestidos com os típicos Sarongs feitos manualmente em teares. São os tecidos "Ikat" que
todos os visitantes compram para levar como recordação. Há aldeias cuja população se dedica exclusivamente à tecelagem de "Ikat' e são sugeridas aos turistas visitas guiadas para ver os teares em funcionamento.
De Moni segui para Maumere, o maior porto da ilha das Flores, centro de tecelagem de "Ikaf' e importante pólo missionário católico. Encontrei muitas pessoas com apelidos de origem portuguesa tais como Da Silva, Da Gomes, Dc Rosário, Da Costa, Ribeiru, Monteiro etc. Em 1992 um terramoto assolou a ilha e provocou um maremoto com ondas de 20 metros de altura que devastaram a cidade e que causaram a morte a milhares de pessoas.
O Padre Goran informara-me de que 15 km antes de chegar à cidade existe o Seminário católico de Ledalero de onde saiem muitos padres para África e Brasil e que, além de uma excelente biblioteca, tem também um musa com interesse. Fiz pois ali uma paragem, mas por ser o dia 8 de Dezembro, feriado em Portugal e também na zona católica das Flores, museu e bibliotecz encontravam-se encerrados pelo que me fiquei pela portaria, onde fui rodeadc por 7 ou 8 seminaristas com quem fiquei a conversar algum tempo, admirando• me da boa qualidade do inglês em que se exprimiam. Entretanto aproximou-se uma freira que quando soube da minha nacionalidade e do meu apelido exclamou: Aleluia.., eu também sou Da Gomes!
Intrigado por tantos vestígios da presença portuguesa nesta região, atE então por mim completamente ignorados, resolvi voltar ao seminário no dia seguinte para consultar alguns livros que me esclarecessem. Assim, apanhei un motociclo/táxi que me levou a Maumere a procurar hotel onde dormir. Pek caminho, na difícil conversa com o motoqueiro devido ao capacete e
deslocação de ar, lá fiquei a saber que o rapaz era igualmente luse descendente, de apelido Da Cunha... No hotel passou-se história semelhante: recepcionista, de estirpe mais ilustre, chama-se Da Gama... Falou-me das vária: igrejas e fortalezas construídas pelos portugueses na região; das tradições religiosas com origem em Portugal que se mantêm até hoje; dos cântico religiosos em português; das confrarias religiosas e sobretudo da maio influencia do idioma português no dialecto local do que no baassa- indonésia língua oficial do país. Fiquei a saber que nesta zona os dias da semana são segunda, tersa, quarta, quinta, sexta, sabtu e domiggu, que cadeira é cadera, rosário são as contas, cantar dizem bando, trocar dizem tukar, katekese garganta, etc., etc.... Um outro moto/taxista (também de apelido português que do hotel me levou a um restaurante e a quem convidei para a refeiçãc contou-me que ainda se lembra de ouvir o avô dizer "lonche da vista, lonche d corachão"...(esta ênfase nos sons ch confirma "a minha teoria" de que muito dos navegadores e missionários deveriam ser do Norte, (lá de chima) e ainda minha ideia de que a grande ilha Celebes, assim conhecida em todos os atra ocidentais, chegou a este nome por deturpação de marinheiros portuguese com a mesma pronuncia, já que o nome originário da ilha é Sulawesi, nom porque é conhecida em todo o Orienteflonha-se um homem de Viseu (Bifei ou do Minho a dizer Sulawesi e o resumo não será muito longe de Chulabecl ou Chulabes. Daí a Celebes...e um puto
Depois deste banho de Iúsofo.S Maumere, voltei no dia seguinte a Museu/Biblioteca do Seminário deLedt'tde apurei o que se segue:
0 interesse dos portugueses por estas ilhas que constituem o arquipélago indonésio de Nusa Tengara Timur deve-se à madeira de sândalo que existia em abundância em Timor e que os portugueses ali iam carregar quando a monção permitia. O negócio do sândalo era tão rendoso como o das especiarias pois tinha mercadd assegurado ali mesmo na Ásia, sem correr os riscos da longa viagem até a Europa. Usava-se para fins medicinais e cosméticos e era queimado nos templos em rituais religiosos. Ainda hoje nos "Gatas" de Varanasi, à beira do Ganges, os corpos dos defuntos ricos de religião hindu, são cremados com sândalo, enquanto que os pobres limitam-se a deitar para a fogueira uma pitada de serradura de sândalo, sendo a fogueira alimentada com madeira mais barata (de banyan).
Como Timor não tinha bons portos e estas ilhas os tinham de sobejo e ficavam na rota que de Malaca levava a Timor, resolveram instalar-se formando pequenos aglomerados onde invernavam à espera de bom tempo para seguirem para Timor. Alem do mais o mar era rico em peixe, as ilhas férteis e verdejantes e com abundância de água. Os gentios ainda não islamizados eram simpáticos aos portugueses.
A Ilha do Sândalo (Timor) é mencionada em uma carta do primeiro capitão de Malaca, Rui de Brito Patalim, de 6 de Janeiro de 1514: "A Timor quisera mandar e por não ter junco não foram esta monção, lá para o ano, prazendo a Nosso Senhor, irão lá para trazerem o sândalo° As idas ao sândalo a Timor levaram os missionários a interessarem-se pela conversão das gentes da ilha e em 1556 chega o primeiro missionário Frei António Taveira, o qual, passado algum tempo já tem obra feita. Um cronista da época refere que Frei António "tem feito passante de cinco mil cristãos na Ilha de Timor, donde vem o sândalo e na ilha de Ende também tem feito muitos'. A ilha de Ende aqui referida é uma pequena ilha ao largo do porto e cidade actual de Ende, onde conheci o Padre Gabriel Goran, fundador e curador do Museu do Mar, situado junto à praia. Nela existem as ruínas de uma antiga fortaleza portuguesa.
Muitos dos convertidos ao serem baptizados tomavam nomes cristãos e assim, muitos dos nomes portugueses que por aqui se encontram não advêm de serem descendentes de portugueses mas sim de terem tomado nomes lusitanos no acto do baptismo, com frequência adoptando os nomes dos padrinhos e das testemunhas de baptismo, que seriam soldados, madeireiros, comerciantes e dos próprios missionários.
As ilhas que apresentam mais vestígios da influência portuguesa são Flores, Solor, Adonara e Lembata. São separadas por pequenos estreitos e de umas avistam-se as outras. Viajar de barco entre elas é uma experiência inesquecível pois no horizonte perfilam-se vulcões fumegantes. 0 mar entre elas é muito calmo pois trata-se de um quase mar interior, rodeado de ilhas por todos os lados. Falando de Solor o jesuíta Baltazar Dias escrevia em 1559: "Há na mesma ilha muitos christãos que fazem os portugueses que ali residem'; informando ainda que numa ilha grande há mais de 200 cristãos, convertidos por João Soares. "Chama-se este lugar, onde estão os christãos, Labonama, em que entra o Rey da ilha, christão, com todos os grandes'. Labonama é a actual povoação Levahojong na ilha de Solor, próxima da ilha das Flores. Fui visitar Levahojong na companhia de um japonês que trabalha para a TV nipónica. Deseja fazer um filme sobre a pesca artesanal das baleias que ainda se pratica[/size]
nicho numa escarpa rochosa sobranceira à sinuosa estrada, à entrada de Bajava! Nas zonas católicas entre Ruteng e Bajava, vêem-se muitas casas com campas e mausoléus no jardim, no quintal ou no meio da horta. A maioria são pintadas de cor azul-claro ou revestidas de azulejos. Muitas famílias têm o hábito de sepultar os seus defuntos junto das casas e não raro as campas de pedra ou azulejo são utilizadas para os familiares se sentarem a descansar, a conversar ou dormir a sesta.
Na cidadezinha de Ende, ao passear pela beira do mar despertou-me a atenção uma casa de madeira em estilo colonial. Quando apreciava a arquitectura veio de dentro uma voz a convidar-me a entrar. Era o Padre Gabriel Goran da Sociedade do Verbo Divino. 0 edifício alberga um museu dedicado ao mar e ás fainas marítimas da ilha de Lembata de onde o Padre Gabriel é originário. Há ali variadíssimas conchas, ossos de baleia, de golfinho e de outros peixes bem como miniaturas dos apetrechos da faina marítima da referida ilha. De Maio a Outubro, na aldeia de Lamalera na ilha Lembata, ainda se pescam baleias por métodos ancestrais utilizando arpões lançados à mão de pequenas embarcações. Segundo o Padre Gabriel as baleias aproximam-se da ilha vindas do Pacífico Sul e os pescadores abatem cerca de 15 a 17 cada ano, não para comércio mas para sua própria subsistência. 0 museu é obra do Padre Gabriel e da sua nostalgia da terra natal.
A obra social do Verbo Divino mantém próximo de Ende um orfanato com 42 crianças e o bom padre queria que eu adiasse a partida por um dia para me ir mostrar a sua obra. Não foi possível porque o tempo começa a escacear para poder chegar a Manila antes do dia 28 e ali me encontrar com os meus amigos Lucienne e Octávio.
Tal como em todas as ilhas da Indonésia também nas Flores há vulcões por todo o lado, mas o mais famoso é o vulcão Kelimutu, cuja cratera tem 3 lagos, cada um de sua cor. O maior é azul-turquesa, outro é verde azeitona e o terceiro preto. Estas cores são provocadas por diferentes componentes químicos no solo e a cor de cada lago também se altera com o passar dos anos. 0 Padre Gabriel visitou em 1965 o lago que agora é azul-turquesa o qual nessa época era verde-escuro: voltou a visitá-lo em 1981 e já era castanho claro... Parece que os gases emanados da cratera contaminam a água e influenciam a coloração. Dormi na base do vulcão, na aldeia de Moni, que tem um clima mais agradável do que as povoações ao nível do mar. Aluguei uma motocicleta com motorista e subimos 15km até ao alto do Kelimutu. Passámos campos de arroz em socalcos, parámos em umas nascentes de água quente onde uma mulher lavava a roupa enquanto marido e dois filhitos se deleitavam sentados na água morna. No último troço da subida atravessámos uma floresta onde sobressaiam os fetos gigantes. Talvez pelos solos vulcânicos profundos, pelo calor e muita humidade, algumas plantas crescem desmesuradamente. Há bananeiras com 3 vezes a altura das de África ou do Brasil e estes fetos gigantes da encosta do vulcão Kelimutu são, sem exagero, 3 vezes mais altos que os da mata do Buçaco ou que os da Quinta do Jardim da Serra, na Madeira.
Moni é uma aldeia pequenina rodeada de verdura e muita água escorrendo pelas valetas na beira da estrada. Todas as segundas feiras tem mercado de manhã cedo e tirei muitas fotos aos aldeãos e aldeãs vestidos com os típicos Sarongs feitos manualmente em teares. São os tecidos "Ikat" que
todos os visitantes compram para levar como recordação. Há aldeias cuja população se dedica exclusivamente à tecelagem de "Ikat' e são sugeridas aos turistas visitas guiadas para ver os teares em funcionamento.
De Moni segui para Maumere, o maior porto da ilha das Flores, centro de tecelagem de "Ikaf' e importante pólo missionário católico. Encontrei muitas pessoas com apelidos de origem portuguesa tais como Da Silva, Da Gomes, Dc Rosário, Da Costa, Ribeiru, Monteiro etc. Em 1992 um terramoto assolou a ilha e provocou um maremoto com ondas de 20 metros de altura que devastaram a cidade e que causaram a morte a milhares de pessoas.
O Padre Goran informara-me de que 15 km antes de chegar à cidade existe o Seminário católico de Ledalero de onde saiem muitos padres para África e Brasil e que, além de uma excelente biblioteca, tem também um musa com interesse. Fiz pois ali uma paragem, mas por ser o dia 8 de Dezembro, feriado em Portugal e também na zona católica das Flores, museu e bibliotecz encontravam-se encerrados pelo que me fiquei pela portaria, onde fui rodeadc por 7 ou 8 seminaristas com quem fiquei a conversar algum tempo, admirando• me da boa qualidade do inglês em que se exprimiam. Entretanto aproximou-se uma freira que quando soube da minha nacionalidade e do meu apelido exclamou: Aleluia.., eu também sou Da Gomes!
Intrigado por tantos vestígios da presença portuguesa nesta região, atE então por mim completamente ignorados, resolvi voltar ao seminário no dia seguinte para consultar alguns livros que me esclarecessem. Assim, apanhei un motociclo/táxi que me levou a Maumere a procurar hotel onde dormir. Pek caminho, na difícil conversa com o motoqueiro devido ao capacete e
deslocação de ar, lá fiquei a saber que o rapaz era igualmente luse descendente, de apelido Da Cunha... No hotel passou-se história semelhante: recepcionista, de estirpe mais ilustre, chama-se Da Gama... Falou-me das vária: igrejas e fortalezas construídas pelos portugueses na região; das tradições religiosas com origem em Portugal que se mantêm até hoje; dos cântico religiosos em português; das confrarias religiosas e sobretudo da maio influencia do idioma português no dialecto local do que no baassa- indonésia língua oficial do país. Fiquei a saber que nesta zona os dias da semana são segunda, tersa, quarta, quinta, sexta, sabtu e domiggu, que cadeira é cadera, rosário são as contas, cantar dizem bando, trocar dizem tukar, katekese garganta, etc., etc.... Um outro moto/taxista (também de apelido português que do hotel me levou a um restaurante e a quem convidei para a refeiçãc contou-me que ainda se lembra de ouvir o avô dizer "lonche da vista, lonche d corachão"...(esta ênfase nos sons ch confirma "a minha teoria" de que muito dos navegadores e missionários deveriam ser do Norte, (lá de chima) e ainda minha ideia de que a grande ilha Celebes, assim conhecida em todos os atra ocidentais, chegou a este nome por deturpação de marinheiros portuguese com a mesma pronuncia, já que o nome originário da ilha é Sulawesi, nom porque é conhecida em todo o Orienteflonha-se um homem de Viseu (Bifei ou do Minho a dizer Sulawesi e o resumo não será muito longe de Chulabecl ou Chulabes. Daí a Celebes...e um puto
Depois deste banho de Iúsofo.S Maumere, voltei no dia seguinte a Museu/Biblioteca do Seminário deLedt'tde apurei o que se segue:
0 interesse dos portugueses por estas ilhas que constituem o arquipélago indonésio de Nusa Tengara Timur deve-se à madeira de sândalo que existia em abundância em Timor e que os portugueses ali iam carregar quando a monção permitia. O negócio do sândalo era tão rendoso como o das especiarias pois tinha mercadd assegurado ali mesmo na Ásia, sem correr os riscos da longa viagem até a Europa. Usava-se para fins medicinais e cosméticos e era queimado nos templos em rituais religiosos. Ainda hoje nos "Gatas" de Varanasi, à beira do Ganges, os corpos dos defuntos ricos de religião hindu, são cremados com sândalo, enquanto que os pobres limitam-se a deitar para a fogueira uma pitada de serradura de sândalo, sendo a fogueira alimentada com madeira mais barata (de banyan).
Como Timor não tinha bons portos e estas ilhas os tinham de sobejo e ficavam na rota que de Malaca levava a Timor, resolveram instalar-se formando pequenos aglomerados onde invernavam à espera de bom tempo para seguirem para Timor. Alem do mais o mar era rico em peixe, as ilhas férteis e verdejantes e com abundância de água. Os gentios ainda não islamizados eram simpáticos aos portugueses.
A Ilha do Sândalo (Timor) é mencionada em uma carta do primeiro capitão de Malaca, Rui de Brito Patalim, de 6 de Janeiro de 1514: "A Timor quisera mandar e por não ter junco não foram esta monção, lá para o ano, prazendo a Nosso Senhor, irão lá para trazerem o sândalo° As idas ao sândalo a Timor levaram os missionários a interessarem-se pela conversão das gentes da ilha e em 1556 chega o primeiro missionário Frei António Taveira, o qual, passado algum tempo já tem obra feita. Um cronista da época refere que Frei António "tem feito passante de cinco mil cristãos na Ilha de Timor, donde vem o sândalo e na ilha de Ende também tem feito muitos'. A ilha de Ende aqui referida é uma pequena ilha ao largo do porto e cidade actual de Ende, onde conheci o Padre Gabriel Goran, fundador e curador do Museu do Mar, situado junto à praia. Nela existem as ruínas de uma antiga fortaleza portuguesa.
Muitos dos convertidos ao serem baptizados tomavam nomes cristãos e assim, muitos dos nomes portugueses que por aqui se encontram não advêm de serem descendentes de portugueses mas sim de terem tomado nomes lusitanos no acto do baptismo, com frequência adoptando os nomes dos padrinhos e das testemunhas de baptismo, que seriam soldados, madeireiros, comerciantes e dos próprios missionários.
As ilhas que apresentam mais vestígios da influência portuguesa são Flores, Solor, Adonara e Lembata. São separadas por pequenos estreitos e de umas avistam-se as outras. Viajar de barco entre elas é uma experiência inesquecível pois no horizonte perfilam-se vulcões fumegantes. 0 mar entre elas é muito calmo pois trata-se de um quase mar interior, rodeado de ilhas por todos os lados. Falando de Solor o jesuíta Baltazar Dias escrevia em 1559: "Há na mesma ilha muitos christãos que fazem os portugueses que ali residem'; informando ainda que numa ilha grande há mais de 200 cristãos, convertidos por João Soares. "Chama-se este lugar, onde estão os christãos, Labonama, em que entra o Rey da ilha, christão, com todos os grandes'. Labonama é a actual povoação Levahojong na ilha de Solor, próxima da ilha das Flores. Fui visitar Levahojong na companhia de um japonês que trabalha para a TV nipónica. Deseja fazer um filme sobre a pesca artesanal das baleias que ainda se pratica[/size]
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
paginas 96,97,98
em duas aldeias deste arquipélago. A aldeia mais activa nesta actividade
chama-se Lamalera e fica na ilha Lembata, separada de Solor por um extenso
braço de mar. No ano passado, o japonês Masahito, esteve duas semanas em Lamalera na esperança de que aparecessem baleias para filmar o seu documentário. As baleias não apareceram e Masahito retomou ao Japão de mãos vazias. Regressou agora para tentar outra vez, já que as baleias s6 se dignam aparecer 4 ou 5 vezes em cada ano e portanto é preciso ter paciência e esperar. Adorou a estadia em Lamalera, embora infrutífera, e disse-me que a população é 100% católica e que iá subsistem fortes tratiçaes portuguesas, entre elas o grito "8alecYl, "8aieo"... que toda a população grita quando há sinais de baleias no mar.
Encontrando-nos ambos em Larantuka, principal cidade da ilha das Flores, resolvemos ir juntos a Lamakera na ilha de Solor, por a'outra aldeia baleeira, Lamalera, se encontrar bastante mais longe, na ilha Lembata, e o meu tempo escassear. Tratando-se de uma aldeia istámica onde não existe qualquer tipo de alojamento publico dir gimo-rps ao chefe da aldeia para que nos arranjasse um sítio para dormir. Ficamos em casa do mouro Ibrahim, que foi nosso guia na visita à forta'eza portuguesa ou, melhor diria, ao pouco que dela resta. Os holandeses deram-lhe novo nome, Forte Henricus, tal como fizeram com outras que nos conquistaram no Brasil, em Angola, etc. E um amontoado de pedras ainda com,forma de muralhas desmoronadas. No terreiro interior tem' 4 ou 5 casotas de palha e bambu e uma mesquita pequenina, quase miniatura. Em cima do que resta de um baluarte está um pequeno canhão sem qualquer marca de origem. Outras 7 ou 8 canhões, em bronze, e de épocas mais recentes, estão na aldeia dos caçadores de baleias Lamakera, no cimo de uma colina. Apenas um ostenta o brasão real das quinas. Lamakera fica a 15km das ruínas do Forte Português de Levahojong. Talvez os canhões sejam dela provenientes. A irmã de Ibrahim preparou-nos um saboroso jantar de peixe recém-pescado, com arroz e esparguete e ao pequeno-almoço comemos o que sobrou da véspera. Tudo muito modesto e limpo, com as mulheres da casa trajando roupas tradidor is islâmicas - saias cornprdas e cabeças tapadas.
Lá acordamos ás 3h30 da manhã ao som dos chamamentos e rezas do imã que duraram uma hora; findo este suplicio começou a sinfonia dos galos cuja capoeira era paredes.rveias com o nosso quarto. Para completar o menu musical um "kêko" (sardão-limpador de insectos) grasnava também de meia em meia hora. Ainda mesmo antes de os galos se calarem começaram os tachos e panelas a fazer-se ouvir na cozinha separada do nosso quarto apenas por uma esteira de bambu. Alheia a toda esta actividade sonora, Masahito, aplicava os 110 kg do seu corpo de lutador de sumo, a ressonar desalmadamente... Decididamente as minhas noites em terras de Mafoma são quase sempre neles em claro...
A visita a Solar teve, apesar da noite sem dormir, um saldo positivo. Ainda tive-nos tempo para "snorkling" antes +do jantar. Foi mais uma experiência para saber como vivera, comem e... (não) dormem os mouros...
Para Ibrahirn e família foi muito bom porque receberam um bom reforço de rupias para o seu magro orçamento familiar.
Não foi possível satisfazer o nosso desejo de participar numa caçada ás baleias porque agora não é época própria - os cetáceos só aqu€ aparecem entre
Abril e Outubro. De registar que quando vêem baleias os pescadores gritam "Baleei, Baleo", tal e qual como acontece em Lamalera, na ilha de Lembata, aqui em frente.
Porque pode ser útil para o Otto czernin e-para a organização dos seus passeios 5° Império, fica aqui o endereço de dois bons contactos que poderão acompanhar turistas ou grupos que visitem esta região. Ambos falam bom inglês, estão bem informados e são diligentes: (Ibrahim Ratu Loly = Menanga - Solar /Timur 06271 Flores Tirnur — NTT — Indonésia) e (Petrus Sinyo Da Siiva = Samping PLN Lokea — Larantuka Flotim — NTT Indonésia 86215 =Phone: 0303 21228).
Voltando aos elementos colhidos na biblioteca do Seminário de Ledalero, vimos como João Soares, residente na ilha Solar, provavelmente comerciante de sândalo que ali invernava aguardando a monção para poder ir a Timor carregar madeira de sândalo, tinha, pelos seus próprios meios persuasivos, cristianizado alguns gentios. Em face desta semente ali existente o Vigário de Malaca mandou lá, em 1558 um padre secular com o encargo de visitar o rei e toda ,a sua gente. Mas o padre, em vez de cuidar dos negócios da Igreja, deu-se ao comércio e regressou a Malaca sem sequer ter visitado os cristãos. Em 1563 foram enviados de Malaca os dominicanas António da Cruz, superior, Simão das Chagas, Francisco Aleixo e outro de nome desconhecido. Frei António construiu uma casa com troncos de madeira e folhas de palmeira tudo' envolto por uma tranqueira, feita de troncos de árvores, para defesa. D ataque não tardou. Em 1566, 200 jaus mouros atacaram a cristandade de Frei António. Além dos frades havia mais 8 portugueses e com a ajuda de mais 7 que chegaram num junco conseguiram defender-se, tendo morrido um capitão lusitano. Com esta vitória se confirmou a cristandade da ilha de Solor e 'rnuft s milhares de gentios, pedram o santo tautismo' Desses convertidas deverão descender os cristãos de hoje que habitam o interior da ilha e a parte ocidental virada para a ilha das Flores. Na parte oriental de Solar virada para a ikha Lembata, incluindo a aldeia de pescadores de baleias Lamakera, a população professa o credo islâmico.
Com a experiência deste ataque ao seu reduto feito de troncos, para se defender de futuros ataques dos mouros, Frei Antônio começou, no mesmo ano de 1566, a construção de uma fortaleza de pedra e caí com "'s/nco balua tes, e de tal capacidade, q há muitas no Estado da irndía q não são tamanhas, nem tio .fremi traçadas..."
Na visita aos escombros do forte, o nosso guia Ibrahim tirou do bolso uma fotocópia amarrotada de uma gravura antiga rasgada de um livro holandês que mostrava a fortaleza portuguesa antes da sua ocupação pelos holandeses. Ao observá-la contei três igrejas ou capelas dentro de muras!...
Ao ter conhecimento da construção desta. cidadela opor Frei António, o Vice-Rei da India ordenou que da alfândega de Malaca se pagasse avultada esmola para custear as obras. Em 1599 havia já espalhadas pelas diversas ilhas "quinze igrejas, em q havia mais de troa mil a/ mas chnstârssem contar Ende onde havia mais 3. Ao todo eram 18 igrejas. Na ilha de Solor 5; na ilha de Lamala (actual Adonara) 2; Flores 6; Ende 3.
Seguindo as directrizes do Concilio de Trento, foi fundado um seminário em Larantuka " escolhendo min/nos de melhor feito e hab/lidade °
Segundo os cronistas da Ordem dos Dominicanos, até 1577 haviam sido baptizados 50.000 pessoas.
Depois de Soior, a estação missionária mais importante era a ilha de Ende na costa Sul de Flores, onde havia um forte de pedra, donde foram expulsos os portugueses em 1605 e de novo em 1630, por rebeliões de jaus mouros, mas devem lá ter ficado muitos cristãos, pois que em 1665 foi enviada um expedição de Larantuka em socorro dos "Kapongs" cristãos de Ende.
A presença das missóes e fortalezas cristãs foi sempre contestada violentamente pelos muçulmanos, que estando no terreno há mais tempo, conseguiam incitar as populações contra os portugueses o que provocava frequentes lutas e chacinas de ambos ados. A expansão islâmica nestas ilhas seguiu precisamente a rota que eu venho trilnando nesta viagem, de ilha em ilha, de ocidente para Oriente, começando pelo norte de Samatra (formando-se o primeiro sultanato em Samudera-Pacém que goza da aura de primeira unidade política muçulmana na insullndía), trazido por comerciantes guzarates já islamizados (originários do golfo de Cambaia, próximo das antigas possessões portuguesas de Damão e Diu). Foi-se expandindo para Oriente levado pelos mercadores. Após a conversão dos chefes locais, iam-se formando sultanatos cujos mentores se tornaram de seguida prosélitos radicais que peia força impuseram o novo credo à restante população. Embora na tivessem já passado 6 séculos sobre a imposição pela força do islamismo aos vizinhos da Arábia (no Médio Oriente e no Norte de África), os métodos de conversão utUizados na Insândia continuaram os mesmos e aos vencidos eram dadas 3 alternativas:
a) Conversão imediata
b) Redução à escravatura
c) Execução
A maioria da população optava pea alínea à) mas outros preferiram fugir para leste escorraçados pelo tsunami maometano. Foi o caso dos sacerdotes, prfricipes e da aristocracia hlnduistas que se refugiaram em Bali, formando naquela ilha paradisíaca uma comunidade religiosa hindu-balínesa que se mantém (com dificuldade) até aos nossos dias,
E curioso (e aterrador para a actual Europa do pafiticamente correcto) constatar que tal como os berberes ao serem convertidos ao Islão se tornaram mais fanáticos que os próprios árabes, ao ponto de se sacrificarem como carne para canhão sob o comando de Tarik, na invasão da Península Ibérica, também na Indonésia os recém convertidos se tornavam fanáticos e intolerantes para com as outras religiões fossem elas o budismo, hinduísmo, o recém chegado cristianismo eu as crenças animistas tradicionais. Basta mencionar o caso do herói nacional indonésio Fatahiia, que após convertido ao isiarnismo se tornou o algoz implacável das outras religiões existentes em Java.
De Samatra, o Islão passou a Malaca (fundada em 1396 pelo príncipe fugitivo Parameswara, também ele de Samatra), a .atra, e de ilha em ii#tia para oriente atingindo Makassar no sul da grande ilha Ceiebes (Sulawesi), Molucas, o arquipélago de Sulu e as Filipinas.
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em duas aldeias deste arquipélago. A aldeia mais activa nesta actividade
chama-se Lamalera e fica na ilha Lembata, separada de Solor por um extenso
braço de mar. No ano passado, o japonês Masahito, esteve duas semanas em Lamalera na esperança de que aparecessem baleias para filmar o seu documentário. As baleias não apareceram e Masahito retomou ao Japão de mãos vazias. Regressou agora para tentar outra vez, já que as baleias s6 se dignam aparecer 4 ou 5 vezes em cada ano e portanto é preciso ter paciência e esperar. Adorou a estadia em Lamalera, embora infrutífera, e disse-me que a população é 100% católica e que iá subsistem fortes tratiçaes portuguesas, entre elas o grito "8alecYl, "8aieo"... que toda a população grita quando há sinais de baleias no mar.
Encontrando-nos ambos em Larantuka, principal cidade da ilha das Flores, resolvemos ir juntos a Lamakera na ilha de Solor, por a'outra aldeia baleeira, Lamalera, se encontrar bastante mais longe, na ilha Lembata, e o meu tempo escassear. Tratando-se de uma aldeia istámica onde não existe qualquer tipo de alojamento publico dir gimo-rps ao chefe da aldeia para que nos arranjasse um sítio para dormir. Ficamos em casa do mouro Ibrahim, que foi nosso guia na visita à forta'eza portuguesa ou, melhor diria, ao pouco que dela resta. Os holandeses deram-lhe novo nome, Forte Henricus, tal como fizeram com outras que nos conquistaram no Brasil, em Angola, etc. E um amontoado de pedras ainda com,forma de muralhas desmoronadas. No terreiro interior tem' 4 ou 5 casotas de palha e bambu e uma mesquita pequenina, quase miniatura. Em cima do que resta de um baluarte está um pequeno canhão sem qualquer marca de origem. Outras 7 ou 8 canhões, em bronze, e de épocas mais recentes, estão na aldeia dos caçadores de baleias Lamakera, no cimo de uma colina. Apenas um ostenta o brasão real das quinas. Lamakera fica a 15km das ruínas do Forte Português de Levahojong. Talvez os canhões sejam dela provenientes. A irmã de Ibrahim preparou-nos um saboroso jantar de peixe recém-pescado, com arroz e esparguete e ao pequeno-almoço comemos o que sobrou da véspera. Tudo muito modesto e limpo, com as mulheres da casa trajando roupas tradidor is islâmicas - saias cornprdas e cabeças tapadas.
Lá acordamos ás 3h30 da manhã ao som dos chamamentos e rezas do imã que duraram uma hora; findo este suplicio começou a sinfonia dos galos cuja capoeira era paredes.rveias com o nosso quarto. Para completar o menu musical um "kêko" (sardão-limpador de insectos) grasnava também de meia em meia hora. Ainda mesmo antes de os galos se calarem começaram os tachos e panelas a fazer-se ouvir na cozinha separada do nosso quarto apenas por uma esteira de bambu. Alheia a toda esta actividade sonora, Masahito, aplicava os 110 kg do seu corpo de lutador de sumo, a ressonar desalmadamente... Decididamente as minhas noites em terras de Mafoma são quase sempre neles em claro...
A visita a Solar teve, apesar da noite sem dormir, um saldo positivo. Ainda tive-nos tempo para "snorkling" antes +do jantar. Foi mais uma experiência para saber como vivera, comem e... (não) dormem os mouros...
Para Ibrahirn e família foi muito bom porque receberam um bom reforço de rupias para o seu magro orçamento familiar.
Não foi possível satisfazer o nosso desejo de participar numa caçada ás baleias porque agora não é época própria - os cetáceos só aqu€ aparecem entre
Abril e Outubro. De registar que quando vêem baleias os pescadores gritam "Baleei, Baleo", tal e qual como acontece em Lamalera, na ilha de Lembata, aqui em frente.
Porque pode ser útil para o Otto czernin e-para a organização dos seus passeios 5° Império, fica aqui o endereço de dois bons contactos que poderão acompanhar turistas ou grupos que visitem esta região. Ambos falam bom inglês, estão bem informados e são diligentes: (Ibrahim Ratu Loly = Menanga - Solar /Timur 06271 Flores Tirnur — NTT — Indonésia) e (Petrus Sinyo Da Siiva = Samping PLN Lokea — Larantuka Flotim — NTT Indonésia 86215 =Phone: 0303 21228).
Voltando aos elementos colhidos na biblioteca do Seminário de Ledalero, vimos como João Soares, residente na ilha Solar, provavelmente comerciante de sândalo que ali invernava aguardando a monção para poder ir a Timor carregar madeira de sândalo, tinha, pelos seus próprios meios persuasivos, cristianizado alguns gentios. Em face desta semente ali existente o Vigário de Malaca mandou lá, em 1558 um padre secular com o encargo de visitar o rei e toda ,a sua gente. Mas o padre, em vez de cuidar dos negócios da Igreja, deu-se ao comércio e regressou a Malaca sem sequer ter visitado os cristãos. Em 1563 foram enviados de Malaca os dominicanas António da Cruz, superior, Simão das Chagas, Francisco Aleixo e outro de nome desconhecido. Frei António construiu uma casa com troncos de madeira e folhas de palmeira tudo' envolto por uma tranqueira, feita de troncos de árvores, para defesa. D ataque não tardou. Em 1566, 200 jaus mouros atacaram a cristandade de Frei António. Além dos frades havia mais 8 portugueses e com a ajuda de mais 7 que chegaram num junco conseguiram defender-se, tendo morrido um capitão lusitano. Com esta vitória se confirmou a cristandade da ilha de Solor e 'rnuft s milhares de gentios, pedram o santo tautismo' Desses convertidas deverão descender os cristãos de hoje que habitam o interior da ilha e a parte ocidental virada para a ilha das Flores. Na parte oriental de Solar virada para a ikha Lembata, incluindo a aldeia de pescadores de baleias Lamakera, a população professa o credo islâmico.
Com a experiência deste ataque ao seu reduto feito de troncos, para se defender de futuros ataques dos mouros, Frei Antônio começou, no mesmo ano de 1566, a construção de uma fortaleza de pedra e caí com "'s/nco balua tes, e de tal capacidade, q há muitas no Estado da irndía q não são tamanhas, nem tio .fremi traçadas..."
Na visita aos escombros do forte, o nosso guia Ibrahim tirou do bolso uma fotocópia amarrotada de uma gravura antiga rasgada de um livro holandês que mostrava a fortaleza portuguesa antes da sua ocupação pelos holandeses. Ao observá-la contei três igrejas ou capelas dentro de muras!...
Ao ter conhecimento da construção desta. cidadela opor Frei António, o Vice-Rei da India ordenou que da alfândega de Malaca se pagasse avultada esmola para custear as obras. Em 1599 havia já espalhadas pelas diversas ilhas "quinze igrejas, em q havia mais de troa mil a/ mas chnstârssem contar Ende onde havia mais 3. Ao todo eram 18 igrejas. Na ilha de Solor 5; na ilha de Lamala (actual Adonara) 2; Flores 6; Ende 3.
Seguindo as directrizes do Concilio de Trento, foi fundado um seminário em Larantuka " escolhendo min/nos de melhor feito e hab/lidade °
Segundo os cronistas da Ordem dos Dominicanos, até 1577 haviam sido baptizados 50.000 pessoas.
Depois de Soior, a estação missionária mais importante era a ilha de Ende na costa Sul de Flores, onde havia um forte de pedra, donde foram expulsos os portugueses em 1605 e de novo em 1630, por rebeliões de jaus mouros, mas devem lá ter ficado muitos cristãos, pois que em 1665 foi enviada um expedição de Larantuka em socorro dos "Kapongs" cristãos de Ende.
A presença das missóes e fortalezas cristãs foi sempre contestada violentamente pelos muçulmanos, que estando no terreno há mais tempo, conseguiam incitar as populações contra os portugueses o que provocava frequentes lutas e chacinas de ambos ados. A expansão islâmica nestas ilhas seguiu precisamente a rota que eu venho trilnando nesta viagem, de ilha em ilha, de ocidente para Oriente, começando pelo norte de Samatra (formando-se o primeiro sultanato em Samudera-Pacém que goza da aura de primeira unidade política muçulmana na insullndía), trazido por comerciantes guzarates já islamizados (originários do golfo de Cambaia, próximo das antigas possessões portuguesas de Damão e Diu). Foi-se expandindo para Oriente levado pelos mercadores. Após a conversão dos chefes locais, iam-se formando sultanatos cujos mentores se tornaram de seguida prosélitos radicais que peia força impuseram o novo credo à restante população. Embora na tivessem já passado 6 séculos sobre a imposição pela força do islamismo aos vizinhos da Arábia (no Médio Oriente e no Norte de África), os métodos de conversão utUizados na Insândia continuaram os mesmos e aos vencidos eram dadas 3 alternativas:
a) Conversão imediata
b) Redução à escravatura
c) Execução
A maioria da população optava pea alínea à) mas outros preferiram fugir para leste escorraçados pelo tsunami maometano. Foi o caso dos sacerdotes, prfricipes e da aristocracia hlnduistas que se refugiaram em Bali, formando naquela ilha paradisíaca uma comunidade religiosa hindu-balínesa que se mantém (com dificuldade) até aos nossos dias,
E curioso (e aterrador para a actual Europa do pafiticamente correcto) constatar que tal como os berberes ao serem convertidos ao Islão se tornaram mais fanáticos que os próprios árabes, ao ponto de se sacrificarem como carne para canhão sob o comando de Tarik, na invasão da Península Ibérica, também na Indonésia os recém convertidos se tornavam fanáticos e intolerantes para com as outras religiões fossem elas o budismo, hinduísmo, o recém chegado cristianismo eu as crenças animistas tradicionais. Basta mencionar o caso do herói nacional indonésio Fatahiia, que após convertido ao isiarnismo se tornou o algoz implacável das outras religiões existentes em Java.
De Samatra, o Islão passou a Malaca (fundada em 1396 pelo príncipe fugitivo Parameswara, também ele de Samatra), a .atra, e de ilha em ii#tia para oriente atingindo Makassar no sul da grande ilha Ceiebes (Sulawesi), Molucas, o arquipélago de Sulu e as Filipinas.
98
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Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
paginas 99,100,101
Quanto à cristandade de Solor. e das Flores, como sempre, depois da tempestade vem a bonança e depois da primeira fase tormentosa, escrevia Frei António da Visitação:
"... que parecia Solar outra Malaca. Um templo grande, e formoso na
fortaleza, com sua alampada de prata, mandada fazer na China, de quinhentos cruzados, . e seus altos castiçais do mesmo; os retábulos dourados tudo com muita curiosidade de obra da China."
Em 1613, estando a fortaleza de Solar desguarnecida por estarem os homens ausentes em Timor a carregar os barcos com sândalo, operação que demorava muitos meses, os holandeses cercaram-a tendo-se rendido os portugueses após quatro meses de cerco. Mais de 1.000 pessoas, das quais 30 portugueses ou euro asiáticos e sete frades, deixaram Solor e refugiaram-se em Larantuka. Os holandeses crismaram o Forte com novo nome - Forte Henricus - mas a ocupação durou pouco tempo, apenas dois anos, tempo suficiente para destruirem as igrejas Matriz e da Misericórdia, deixando apenas de pé o altar-mor e a sacristia desta última, para servirem de estrebaria. Arrasaram ainda o convento e causaram danos à fortaleza. As "grandes realizações" holandesas nos territórios que nos conquistaram foram mudar os nomes do que já estava feito: A Fortaleza de Itamaracá no Nordeste do Brasil puseram o nome de Forte Orange (que ainda hoje conserva); ao Forte Malaio feito pelos portugueses em Temate, nas Molucas, igualmente crismaram de Forte Orange; aqui em Solar a fortaleza construída pelos portugueses passou a chamar-se Forte Henricus, ... etc. etc.
O abandono, em apenas dois anos, da fortaleza portuguesa de Solar, pelos holandeses, deveu-se ao facto de a ilha ter parcos recursos e a eles só interessar o lucro... Para reconstruir a fortaleza, Frei Miguel Rangel foi a Macau pedir esmolas, tendo conseguido 700 patacas. Trouxe consigo 7 operários chineses entre os quais um fundidor de canhões. Trouxe ainda um engenho de fazer pólvora, mosquetes e alguns canhões fundidos por Manuel Tavares Bocarra. Padres e cristãos locais trabalharam no restauro da fortaleza que ficou dotada de 15 canhes, um dos quais o primeiro fundido por Bocarro.em Macau, e por ele oferecido. À falta de capitães foram colocados dois padres à frente da fortaleza, com dois condestáveis — um português e outro italiano.
Em 1559 escrevia o jesuíta Baltazar Dias, Provincial da Índia, sobre Solar: "Não moram á borda do mar por causa dos ladrões, habitam por dentro das ilhas.,. Em algumas destas ilhas há alguns feiticeiros, mas tudo é nada. Quantos quiserem fazer cristãos, tantos farão e se lhe não acudirem o tolherem os cacizes (sacerdotes mouras de Guzarete e Mafaca) hão-se de salgar de Mafoma,). A este Solor podem vir de Maluco e ir para Maluca Ali vai ter muita gente da China (seauratr ent compradores de. sándalo)_ Continuamente estão nela portugueses; este ano invemaram lá duzentos e mais portugueses. E este Salor muita sadia., "
Enumerando as igrejas existentes em Solar, Flores e ilhas próximas o cronista refere ainda: "S. Domingos, na ilha de Ende, dentro da Fortaleza, que o Padre Frei Simão Padieco mandou fazer na povoação de ivombas, com cinco baluartes para defesa dos cnstãos que os mouros e os holandeses por ali vão roubar e matar ".
Os protestantes holandeses foram em boa medida responsáveis pelo avanço do Islão na Insuiindia, destruindo a obra conseguida pelos missionários católicos. Grassavam na Europa as lutas religiosas entre luteranos, caivinistas e católicos e os ódios da Europa foram levados para o Oriente. Os protestantes holandeses nutriam mais ódio aos católicos (papistas) do que aos sarracenas, aliando-se com frequência aos sultões mouros para desalojar os portugueses católicos e destruir os templos por eles construidos.
A mentalidade mercantilista característica da expansão holandesa, para quem a obra civiiizacionai e evangélica sempre foram tábua rasa, continua presente nos nossos dias e a prova mais evidente foi a entrega, há escassas décadas, da Papua ocidental cristã e animista, ao jugo maometano de Jacarta. Para proteger os seus interesses econômicos na Indonésia, a Holanda não hesitou em ceder ás pressões de Jacarta e entregar-thes de mão beijada aquele enorme e riquíssimo território com o qual a Indonésia não tem quaisquer afinidades étnicas, religiosas nem geográficas. Vive-se ali, presentemente, uma situação de exploração e opressão colonial que a Europa procura ignorar. Milhares de maometanos, nas precisamente 1.200.000, foram transferidos, nas útümas décadas, das ilhas indonésias para a Papua Ocidental, com a intenção clara de superarem em numero as populações nativas (1.300.000) cristãs e inimistas e poderem assim mais facilmente dominar aquela sua nova coiánia. Estima-se que não será precisa mais de uma década para que o povo papua esteja em minoria na sua própria terra.. Esta barbaridade é perpetrada perante a passividade e o silencio da Europa pela simples razão de a Indonésia ser aliada da América.
A mesma técnica de transferência de populações muçulmanas para zonas de predominância cristã ou hindu, de modo a neutralizá-las e controlá-las, está em curso em vários pontos, nomeadamente em Celebes, nas Molucas, Bali, Banda, Kosovo, Abecásia, ete., etc, sendo o caso mais escandaloso o de Timor Leste, :.. que seria hoje mais um país muçulmano se não tivesse lutado e conseguido a independência e expulsado os javaneses que em apenas 25 anos ali se haviam fixado aos milhares.
A Europa faz tantas cedências ao Islão, a troco de vantagens economicistas ou politicamente correctas, que um dia, infelizmente não muito longínquo, se vai ver em paipos de aranha...
Sobre Solar (que naquela época designava toda a região e não apenas a pequena ilha) outro cronista relata: "E'stas igrejas, até ao ano de 1599, eram 18, as quais estão espalhadas por aquelas ilhas, e em cada uma delas há grandes freguesias e povoaçães de Cristãasjá feitos e outros muitos que cada dia se vão fazendo, com muito trabalho e wígiláncia das padres que os sustentam na fé e defendem cós mauros de 3ava, que ali vêm muitas vezes em suas erraAi?ró9s OS quais; antes que os pa es de 5 Domingos ali entrassem, tinham tomado posse das gentes destas ilhas e muitos tinham feito mouros, os quais os padres tomaram a converter e a fazer cristãos, tirando-os da boca dos lobos, como bons pastores: O'que os mouros sofriam muito mal e faziam muita guerra aos padres e aos mesmos cristãos novamente convertidos
/ 100
e desembarcando nas praias destas llhas salteavam as pop ula!ç es e igrejas e roubavam e matavam quantos podiam, e tornavam a fugir para a sua terra. "
O PORTE PORTUGUÊS NA ILHA ADONARA - É um montão de pedras e ruínas sobre as quais foram construídas algumas casas que constituem hoje a aldeia Adonara Klubagolit. A fortaleza foi construída por portugueses em 1800, num promontório altaneiro 70 metros acima do nível do mar. Não vale o esforço de vir visita-la. Ir lá é uma odisseia. Com interesse tem apenas uma dúzia de pequenos canhões em bronze, um dos quais com data de 1755 da Compagnie des Indes de France. Os casebres têm. um aspecto desolador e a população andrajosa.
Desembarquei em Adónara vindo da ilha de Solor rum pequeno barco de passageiros. A falta de um mapa da ilha procurei indagar da população onde se situava a fortaleza, mas devido à barreira da língua não consegui qualquer informação. Já em desespero de causa procurei o posto da policia, bucolicamente instalado no meio de um coqueiral, bastante afastado do povoado. Depois de mais de uma hora de salamaleques ao comandante do posto lá consegui que me dispensasse um polícia com uma motocicleta e ambos nos metemos ao caminho. Eu nem sequer imaginava a aventura em que me ia meter!... Atravessámos a ilha por carreiros e caminhos de terra batida através de coqueirais, plantações de café e de cacau, por cima de pedras, de troncos caídos, degraus e buracos. U meu guia-polícia suportou estoicamente todo este esforço e o desgaste da sua máquina com cara alegre e satisfeito porque o que paguei pelo frete lhe ia reforçar substancialmente o magro orçamento familiar. Só nos dias seguintes eu saberia os estragos que este acidentado passeio teria sobre a minha saúde, ao ponto de quase me ter feito interromper esta digressão pelo Oriente..,
Sempre com a cabeça inclinada para não ver apenas o capacete metálico do polícia, o meu pescoço suportou os 70 km da expedição pelos trilhos cheios de pedras, buracos e socalcos, mas o esforço foi de tal ordem que ficou dorido e inchado não me permitindo fazer qualquer movimento comi a cabeça, nem engolir e até faiar se tornou penoso passaram já vários dias e para levantar a cabeça tenho de ajudar core as mãos! Ainda por cima estou num barco desconfortável e abafadiço ene unia travessia de 36 horas entre. o Arquipélago de Alor, no oriente da Indonésia, e a cidade de Cupão, capital de Timor Ocidental. Entre os 800 passageiros não há um único "bule', nem sequer um japonês ou coreano que sa.o as outras nacionalidades, além de europeus e americanos, que de vez em quando se vêm por estas paragens. Médico a bordo também não há. .,Comer é impossível porque não consigo engolir e dormir também não porque deitado as dores são insuportáveis. Como não posso virar a cabeça para os lados, quando preciso de fazer esse movimento tenho de virar o corpo todo... Um suplício a acrescentar ao desconforto do barco e à insalubridade do clima. Em chegando a Cupão vou logo ao médico.., se lá chegar!...
KUPANG (Cupão, capital de Tirmor Ocidental) - Como se não bastasse o sofrimento, ainda por cima as condições de habitabilidade do navio não permitem descansar nem dormir por causa do muito calor. São barcos enormes
Quanto à cristandade de Solor. e das Flores, como sempre, depois da tempestade vem a bonança e depois da primeira fase tormentosa, escrevia Frei António da Visitação:
"... que parecia Solar outra Malaca. Um templo grande, e formoso na
fortaleza, com sua alampada de prata, mandada fazer na China, de quinhentos cruzados, . e seus altos castiçais do mesmo; os retábulos dourados tudo com muita curiosidade de obra da China."
Em 1613, estando a fortaleza de Solar desguarnecida por estarem os homens ausentes em Timor a carregar os barcos com sândalo, operação que demorava muitos meses, os holandeses cercaram-a tendo-se rendido os portugueses após quatro meses de cerco. Mais de 1.000 pessoas, das quais 30 portugueses ou euro asiáticos e sete frades, deixaram Solor e refugiaram-se em Larantuka. Os holandeses crismaram o Forte com novo nome - Forte Henricus - mas a ocupação durou pouco tempo, apenas dois anos, tempo suficiente para destruirem as igrejas Matriz e da Misericórdia, deixando apenas de pé o altar-mor e a sacristia desta última, para servirem de estrebaria. Arrasaram ainda o convento e causaram danos à fortaleza. As "grandes realizações" holandesas nos territórios que nos conquistaram foram mudar os nomes do que já estava feito: A Fortaleza de Itamaracá no Nordeste do Brasil puseram o nome de Forte Orange (que ainda hoje conserva); ao Forte Malaio feito pelos portugueses em Temate, nas Molucas, igualmente crismaram de Forte Orange; aqui em Solar a fortaleza construída pelos portugueses passou a chamar-se Forte Henricus, ... etc. etc.
O abandono, em apenas dois anos, da fortaleza portuguesa de Solar, pelos holandeses, deveu-se ao facto de a ilha ter parcos recursos e a eles só interessar o lucro... Para reconstruir a fortaleza, Frei Miguel Rangel foi a Macau pedir esmolas, tendo conseguido 700 patacas. Trouxe consigo 7 operários chineses entre os quais um fundidor de canhões. Trouxe ainda um engenho de fazer pólvora, mosquetes e alguns canhões fundidos por Manuel Tavares Bocarra. Padres e cristãos locais trabalharam no restauro da fortaleza que ficou dotada de 15 canhes, um dos quais o primeiro fundido por Bocarro.em Macau, e por ele oferecido. À falta de capitães foram colocados dois padres à frente da fortaleza, com dois condestáveis — um português e outro italiano.
Em 1559 escrevia o jesuíta Baltazar Dias, Provincial da Índia, sobre Solar: "Não moram á borda do mar por causa dos ladrões, habitam por dentro das ilhas.,. Em algumas destas ilhas há alguns feiticeiros, mas tudo é nada. Quantos quiserem fazer cristãos, tantos farão e se lhe não acudirem o tolherem os cacizes (sacerdotes mouras de Guzarete e Mafaca) hão-se de salgar de Mafoma,). A este Solor podem vir de Maluco e ir para Maluca Ali vai ter muita gente da China (seauratr ent compradores de. sándalo)_ Continuamente estão nela portugueses; este ano invemaram lá duzentos e mais portugueses. E este Salor muita sadia., "
Enumerando as igrejas existentes em Solar, Flores e ilhas próximas o cronista refere ainda: "S. Domingos, na ilha de Ende, dentro da Fortaleza, que o Padre Frei Simão Padieco mandou fazer na povoação de ivombas, com cinco baluartes para defesa dos cnstãos que os mouros e os holandeses por ali vão roubar e matar ".
Os protestantes holandeses foram em boa medida responsáveis pelo avanço do Islão na Insuiindia, destruindo a obra conseguida pelos missionários católicos. Grassavam na Europa as lutas religiosas entre luteranos, caivinistas e católicos e os ódios da Europa foram levados para o Oriente. Os protestantes holandeses nutriam mais ódio aos católicos (papistas) do que aos sarracenas, aliando-se com frequência aos sultões mouros para desalojar os portugueses católicos e destruir os templos por eles construidos.
A mentalidade mercantilista característica da expansão holandesa, para quem a obra civiiizacionai e evangélica sempre foram tábua rasa, continua presente nos nossos dias e a prova mais evidente foi a entrega, há escassas décadas, da Papua ocidental cristã e animista, ao jugo maometano de Jacarta. Para proteger os seus interesses econômicos na Indonésia, a Holanda não hesitou em ceder ás pressões de Jacarta e entregar-thes de mão beijada aquele enorme e riquíssimo território com o qual a Indonésia não tem quaisquer afinidades étnicas, religiosas nem geográficas. Vive-se ali, presentemente, uma situação de exploração e opressão colonial que a Europa procura ignorar. Milhares de maometanos, nas precisamente 1.200.000, foram transferidos, nas útümas décadas, das ilhas indonésias para a Papua Ocidental, com a intenção clara de superarem em numero as populações nativas (1.300.000) cristãs e inimistas e poderem assim mais facilmente dominar aquela sua nova coiánia. Estima-se que não será precisa mais de uma década para que o povo papua esteja em minoria na sua própria terra.. Esta barbaridade é perpetrada perante a passividade e o silencio da Europa pela simples razão de a Indonésia ser aliada da América.
A mesma técnica de transferência de populações muçulmanas para zonas de predominância cristã ou hindu, de modo a neutralizá-las e controlá-las, está em curso em vários pontos, nomeadamente em Celebes, nas Molucas, Bali, Banda, Kosovo, Abecásia, ete., etc, sendo o caso mais escandaloso o de Timor Leste, :.. que seria hoje mais um país muçulmano se não tivesse lutado e conseguido a independência e expulsado os javaneses que em apenas 25 anos ali se haviam fixado aos milhares.
A Europa faz tantas cedências ao Islão, a troco de vantagens economicistas ou politicamente correctas, que um dia, infelizmente não muito longínquo, se vai ver em paipos de aranha...
Sobre Solar (que naquela época designava toda a região e não apenas a pequena ilha) outro cronista relata: "E'stas igrejas, até ao ano de 1599, eram 18, as quais estão espalhadas por aquelas ilhas, e em cada uma delas há grandes freguesias e povoaçães de Cristãasjá feitos e outros muitos que cada dia se vão fazendo, com muito trabalho e wígiláncia das padres que os sustentam na fé e defendem cós mauros de 3ava, que ali vêm muitas vezes em suas erraAi?ró9s OS quais; antes que os pa es de 5 Domingos ali entrassem, tinham tomado posse das gentes destas ilhas e muitos tinham feito mouros, os quais os padres tomaram a converter e a fazer cristãos, tirando-os da boca dos lobos, como bons pastores: O'que os mouros sofriam muito mal e faziam muita guerra aos padres e aos mesmos cristãos novamente convertidos
/ 100
e desembarcando nas praias destas llhas salteavam as pop ula!ç es e igrejas e roubavam e matavam quantos podiam, e tornavam a fugir para a sua terra. "
O PORTE PORTUGUÊS NA ILHA ADONARA - É um montão de pedras e ruínas sobre as quais foram construídas algumas casas que constituem hoje a aldeia Adonara Klubagolit. A fortaleza foi construída por portugueses em 1800, num promontório altaneiro 70 metros acima do nível do mar. Não vale o esforço de vir visita-la. Ir lá é uma odisseia. Com interesse tem apenas uma dúzia de pequenos canhões em bronze, um dos quais com data de 1755 da Compagnie des Indes de France. Os casebres têm. um aspecto desolador e a população andrajosa.
Desembarquei em Adónara vindo da ilha de Solor rum pequeno barco de passageiros. A falta de um mapa da ilha procurei indagar da população onde se situava a fortaleza, mas devido à barreira da língua não consegui qualquer informação. Já em desespero de causa procurei o posto da policia, bucolicamente instalado no meio de um coqueiral, bastante afastado do povoado. Depois de mais de uma hora de salamaleques ao comandante do posto lá consegui que me dispensasse um polícia com uma motocicleta e ambos nos metemos ao caminho. Eu nem sequer imaginava a aventura em que me ia meter!... Atravessámos a ilha por carreiros e caminhos de terra batida através de coqueirais, plantações de café e de cacau, por cima de pedras, de troncos caídos, degraus e buracos. U meu guia-polícia suportou estoicamente todo este esforço e o desgaste da sua máquina com cara alegre e satisfeito porque o que paguei pelo frete lhe ia reforçar substancialmente o magro orçamento familiar. Só nos dias seguintes eu saberia os estragos que este acidentado passeio teria sobre a minha saúde, ao ponto de quase me ter feito interromper esta digressão pelo Oriente..,
Sempre com a cabeça inclinada para não ver apenas o capacete metálico do polícia, o meu pescoço suportou os 70 km da expedição pelos trilhos cheios de pedras, buracos e socalcos, mas o esforço foi de tal ordem que ficou dorido e inchado não me permitindo fazer qualquer movimento comi a cabeça, nem engolir e até faiar se tornou penoso passaram já vários dias e para levantar a cabeça tenho de ajudar core as mãos! Ainda por cima estou num barco desconfortável e abafadiço ene unia travessia de 36 horas entre. o Arquipélago de Alor, no oriente da Indonésia, e a cidade de Cupão, capital de Timor Ocidental. Entre os 800 passageiros não há um único "bule', nem sequer um japonês ou coreano que sa.o as outras nacionalidades, além de europeus e americanos, que de vez em quando se vêm por estas paragens. Médico a bordo também não há. .,Comer é impossível porque não consigo engolir e dormir também não porque deitado as dores são insuportáveis. Como não posso virar a cabeça para os lados, quando preciso de fazer esse movimento tenho de virar o corpo todo... Um suplício a acrescentar ao desconforto do barco e à insalubridade do clima. Em chegando a Cupão vou logo ao médico.., se lá chegar!...
KUPANG (Cupão, capital de Tirmor Ocidental) - Como se não bastasse o sofrimento, ainda por cima as condições de habitabilidade do navio não permitem descansar nem dormir por causa do muito calor. São barcos enormes
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Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
pagina 102
que c€rcu'am constantemente de ilha em ilha, de arquipélago em arquipélago. Em cada porto safem centenas de pessoas e entram outras tantas. LJmite de capacidade é um conceito de que nunca ouviram falar. No navio não há assentos roas apenas centenas de delgados coches de espuma revestida de napa preta, a!tnhados no chão, * uns ao lado dos outros. Como de porto para porto se demoram sempre várias horas os passageirospassam a maior parte do tempo deitados ou a passear no convés. E como no tempo do Vasco da Cama! Não há r taurantes a bordo e é necessário cada um levar as suas próprias provisões e água em, abundância. Como a rotatividade dos passageiros é muita, ,á lixo por todo o lado e apesar das constantes varridas e desinfecç s, baratas, carochas e outras bichos Infestam o chão e as paredes. Numa ocasião em que tentava deglutir alguma vituaiha sentado no delgado colchão, vi algo escuro a mexer-se junto dos meus pés — era um ratinho aproveitando as migalhas que caiam da minha merenda. Ir ao banheiro é um sup'ício! ,{ s salte são quentes mas os banheiros são autentica sauna condimentada com os naturais odores de um compartimento onde vão urinar e defecar centenas de pessoas por hora... A água das torneiras é salgada e as pesadas portas de ferro das retretes indi riduais há muito que não têm fechos e abrem-se e fechamse tem grande estrondo -consoante o bambolear do barco! Cada uma dessas portas pesa no mínimo 100 kg e para entrar na retrete arrisca-se literalmente a vida: é necessária calcular com segurança o tempo que demora a abrir e a fechar, para não se ficar entalado...e esborrachado...
Desembarcámos em Kupang ás 3,00 da manhã e só ás 4,00 estava a caminho do centro da cidade em -um 8no (carrinha de 12 passageiros 'utilizada na' Indonésia para transporte público colectivo), atafulhado com caixas, sacos, malas de viagem e mais 7 ou 8 passageiros: Não eram percorridos 300m da saída do porto quando o motor deixou de funcionar. Os
indonésios são muito pacientes e os passageiros preparavam-se para ficar ali à espera que concertassem a carrinha...
. . Devido ao desembarque de tantos passageiras e ao embarque de outros, apesar do adiantado da hora havia muito movimente na estrada. Lá parei urna rnotoddeta e negociei o preço do transporte até ao hotel Susi. Quando fui buscar as maletas dentro da carrinha para seguir viagem na moto o motorista não as queria deixar levar apontando para o relógio como que a dizer que o concerto da carrinha seria rápido. Coitado estava a ver o negócio ir por água abaixo se os restantes passageiros seguissem o meu exemplo... Com energia dei um puxão à maleta, fiz má cara e ameacei chamar a "poli i"... Encavalitado em cima da moto a caminho da cidade comecei a aperceber-me da conduta duvidosa do gordinho rapaz motociclista que procurava aconchegar o seu corpo ao meu, encostado o seu rotundo traseiro... ás minhas partes dianteiras... Com uma das mãos puxou o meu braço pondo a minha mão em cima do seu ombro com o pretexto aparente de viajarmos com mais segurança, deixando a sua mão sobre a minha acariciando-a por algum tempo... tudo isto a 40km/hora, ás 4,00 da manhã, no meio do descampado que separa Kupang do seu porto... Apesar do cansaço, de 2 noites sem dormir e dte pouco ter comido devido às dores no pescoço e garganta, lá consegui arranjar fôlego para fazer voz grossa e gritar-'he ao ouvido um grito psicológico que o amedrontasse -- " Seu
que c€rcu'am constantemente de ilha em ilha, de arquipélago em arquipélago. Em cada porto safem centenas de pessoas e entram outras tantas. LJmite de capacidade é um conceito de que nunca ouviram falar. No navio não há assentos roas apenas centenas de delgados coches de espuma revestida de napa preta, a!tnhados no chão, * uns ao lado dos outros. Como de porto para porto se demoram sempre várias horas os passageirospassam a maior parte do tempo deitados ou a passear no convés. E como no tempo do Vasco da Cama! Não há r taurantes a bordo e é necessário cada um levar as suas próprias provisões e água em, abundância. Como a rotatividade dos passageiros é muita, ,á lixo por todo o lado e apesar das constantes varridas e desinfecç s, baratas, carochas e outras bichos Infestam o chão e as paredes. Numa ocasião em que tentava deglutir alguma vituaiha sentado no delgado colchão, vi algo escuro a mexer-se junto dos meus pés — era um ratinho aproveitando as migalhas que caiam da minha merenda. Ir ao banheiro é um sup'ício! ,{ s salte são quentes mas os banheiros são autentica sauna condimentada com os naturais odores de um compartimento onde vão urinar e defecar centenas de pessoas por hora... A água das torneiras é salgada e as pesadas portas de ferro das retretes indi riduais há muito que não têm fechos e abrem-se e fechamse tem grande estrondo -consoante o bambolear do barco! Cada uma dessas portas pesa no mínimo 100 kg e para entrar na retrete arrisca-se literalmente a vida: é necessária calcular com segurança o tempo que demora a abrir e a fechar, para não se ficar entalado...e esborrachado...
Desembarcámos em Kupang ás 3,00 da manhã e só ás 4,00 estava a caminho do centro da cidade em -um 8no (carrinha de 12 passageiros 'utilizada na' Indonésia para transporte público colectivo), atafulhado com caixas, sacos, malas de viagem e mais 7 ou 8 passageiros: Não eram percorridos 300m da saída do porto quando o motor deixou de funcionar. Os
indonésios são muito pacientes e os passageiros preparavam-se para ficar ali à espera que concertassem a carrinha...
. . Devido ao desembarque de tantos passageiras e ao embarque de outros, apesar do adiantado da hora havia muito movimente na estrada. Lá parei urna rnotoddeta e negociei o preço do transporte até ao hotel Susi. Quando fui buscar as maletas dentro da carrinha para seguir viagem na moto o motorista não as queria deixar levar apontando para o relógio como que a dizer que o concerto da carrinha seria rápido. Coitado estava a ver o negócio ir por água abaixo se os restantes passageiros seguissem o meu exemplo... Com energia dei um puxão à maleta, fiz má cara e ameacei chamar a "poli i"... Encavalitado em cima da moto a caminho da cidade comecei a aperceber-me da conduta duvidosa do gordinho rapaz motociclista que procurava aconchegar o seu corpo ao meu, encostado o seu rotundo traseiro... ás minhas partes dianteiras... Com uma das mãos puxou o meu braço pondo a minha mão em cima do seu ombro com o pretexto aparente de viajarmos com mais segurança, deixando a sua mão sobre a minha acariciando-a por algum tempo... tudo isto a 40km/hora, ás 4,00 da manhã, no meio do descampado que separa Kupang do seu porto... Apesar do cansaço, de 2 noites sem dormir e dte pouco ter comido devido às dores no pescoço e garganta, lá consegui arranjar fôlego para fazer voz grossa e gritar-'he ao ouvido um grito psicológico que o amedrontasse -- " Seu
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Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
pagina 103
panasca, põe a mão no guiador e leva-me ao hotel Susi, se não chamo a Polisi!! I"
Por inesperada a admoestação surtiu efeito: 0 gordinho rapazote puxou as nádegas para a frente, pôs a mão no volante e dei ou de me assediar sexualmernte... Chegados ao hotel, despachei-o logo, mesmo sem saber se havia um quarto para mim. Por acaso não havia mas o recepcionista do hotel que falava bom inglês, prometeu ajudar-me a arranjar um sitio onde dormir. Contei-lhe as.minhas desventuras de estar doente, cansado, com sono e com fome e que ainda por cima -tinha tido o azar de apanhar aquele motociclista homossexual que me incomodara na vinda do porto... Garantiu-me que o guarde nocturno que me iria levar a outro hotel era "muy macho' e que eu não tinha que recear assédio sexual... Batemos à porta de seis hotéis e pensões e. todos estavam repletos, provavelmente devido ao desembarque de centenas de passageiros do barco que me trouxera. Finalmente consegui um excelente quarto no Hotel Blue Orchid. Eram 5 horas da manhã e por mal dos meus pecados os meus tormentos ainda não tinham acabado. Caí na cama como uma pedra no fundo de um poço, pensando (ingenuamente...) que iria dormir tranquilamente várias horas e recuperar das fadigas, da falta de saúde e dos contratempos por que passara... Puro engano. Passada uma hora, às seis da manhã, batem à porta do quarto para me servirem o. pequeno-almoço que eu não tinha pedido...
Está prestes a terminar a travessia da Indonésia e é hora de fazer o balanço: 0 povo é simples, humildade, afável e muito comunicativo. Sai-se à rua e tanto adultos como crianças, homens e mulheres, todos contendem connosco: "Na//o Mister, h ifa pá -pá' : acompanhados sempre de um sorriso. Podem não saber mais do que uma ou duas frases em inglês mas aproximam-se e perguntam 11Where are you frvm?" Obtida a resposta agradecem - e afastam-se por não poderem prosseguir o diálogo.
Tenho- revelado alguns rolos fotográficos e sempre que vou levantar as fotos e as tiro do envelope para confirmar como ficaram, junta-se logo urna série de pessoas entre empregados e clientes a miram e remiram as minhas fotos sem qualquer tipo de cerimónia ou constrangimento, tecendo os comentários que lhes aprouver. "Olha o vukáo Broma! Isto aqui é em Bali!" Uma foto minha com um artista travesti em uma festa religiosa hindu-balinesa, mereceu uma gargalhada geral e ainda chamaram outros colegas. para ver.. Tudo com a maior naturalidade e sem qualquer maldade!
Quando . escrevo estes apontamentos num jardim, na paragem do autocarro, numa esplanada ou em qualquer sítio público é certo e sabido que várias pessoas se vem sentara meu lado a mirar a escrita, ou ficam de pé, por trás de mim, a-ver o que escrevo. E não se ficam por olhar de longe' Encostam-se e quase metem a cabeça entre os meus olhos e o papel...
. A princípio fiquei mal impressionado mas acabei por cpmpreender que o fazem com respeito e naturalidade levados pela curiosidade. E como quem passa por um- pintor de rua que faz o retrato de alguém, sobre um cavalete. As pessoas param, miram e fazem os seus comentários. Em Moni, na ilha das Flores, no sopé do vulcão Kelimutu, enquanto esperava na beira da estrada pelo autocarro que me levaria a Maumere, entretive-rne a aparar as unhas com
panasca, põe a mão no guiador e leva-me ao hotel Susi, se não chamo a Polisi!! I"
Por inesperada a admoestação surtiu efeito: 0 gordinho rapazote puxou as nádegas para a frente, pôs a mão no volante e dei ou de me assediar sexualmernte... Chegados ao hotel, despachei-o logo, mesmo sem saber se havia um quarto para mim. Por acaso não havia mas o recepcionista do hotel que falava bom inglês, prometeu ajudar-me a arranjar um sitio onde dormir. Contei-lhe as.minhas desventuras de estar doente, cansado, com sono e com fome e que ainda por cima -tinha tido o azar de apanhar aquele motociclista homossexual que me incomodara na vinda do porto... Garantiu-me que o guarde nocturno que me iria levar a outro hotel era "muy macho' e que eu não tinha que recear assédio sexual... Batemos à porta de seis hotéis e pensões e. todos estavam repletos, provavelmente devido ao desembarque de centenas de passageiros do barco que me trouxera. Finalmente consegui um excelente quarto no Hotel Blue Orchid. Eram 5 horas da manhã e por mal dos meus pecados os meus tormentos ainda não tinham acabado. Caí na cama como uma pedra no fundo de um poço, pensando (ingenuamente...) que iria dormir tranquilamente várias horas e recuperar das fadigas, da falta de saúde e dos contratempos por que passara... Puro engano. Passada uma hora, às seis da manhã, batem à porta do quarto para me servirem o. pequeno-almoço que eu não tinha pedido...
Está prestes a terminar a travessia da Indonésia e é hora de fazer o balanço: 0 povo é simples, humildade, afável e muito comunicativo. Sai-se à rua e tanto adultos como crianças, homens e mulheres, todos contendem connosco: "Na//o Mister, h ifa pá -pá' : acompanhados sempre de um sorriso. Podem não saber mais do que uma ou duas frases em inglês mas aproximam-se e perguntam 11Where are you frvm?" Obtida a resposta agradecem - e afastam-se por não poderem prosseguir o diálogo.
Tenho- revelado alguns rolos fotográficos e sempre que vou levantar as fotos e as tiro do envelope para confirmar como ficaram, junta-se logo urna série de pessoas entre empregados e clientes a miram e remiram as minhas fotos sem qualquer tipo de cerimónia ou constrangimento, tecendo os comentários que lhes aprouver. "Olha o vukáo Broma! Isto aqui é em Bali!" Uma foto minha com um artista travesti em uma festa religiosa hindu-balinesa, mereceu uma gargalhada geral e ainda chamaram outros colegas. para ver.. Tudo com a maior naturalidade e sem qualquer maldade!
Quando . escrevo estes apontamentos num jardim, na paragem do autocarro, numa esplanada ou em qualquer sítio público é certo e sabido que várias pessoas se vem sentara meu lado a mirar a escrita, ou ficam de pé, por trás de mim, a-ver o que escrevo. E não se ficam por olhar de longe' Encostam-se e quase metem a cabeça entre os meus olhos e o papel...
. A princípio fiquei mal impressionado mas acabei por cpmpreender que o fazem com respeito e naturalidade levados pela curiosidade. E como quem passa por um- pintor de rua que faz o retrato de alguém, sobre um cavalete. As pessoas param, miram e fazem os seus comentários. Em Moni, na ilha das Flores, no sopé do vulcão Kelimutu, enquanto esperava na beira da estrada pelo autocarro que me levaria a Maumere, entretive-rne a aparar as unhas com
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Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes
pagina 104 e 105
102
um corta-unhas. Aproximou-se um camponês que falava razoavelmente Inglês (educado em Missão) e depois de um pouca de conversa pediu-me emprestado o corta unhas pelo que interrompi a minha operação de manicura e emprestei-lho. Cortou ali todas as unhas das duas mãos, seguiram-se as unhas dos dedos dos pés e voltou a dar um retoque em todas as unhas e a cortar as peles... e eu
espera para prosseguir com o meu próprio corte!
Para os turistas ocidentais o custo de vida na Indonésia é uma verdadeira bagate#a. Comida, transportes e alojamento são baratíssimos. 0 custe de vida é inferior ao da Tailândia e da Malásia, mas não se vê miséria. Apenas em Jacarta vf algumas favelas. Por todo o resto do país as casinhas são razoáveis embora por vozes feitas com materiais tradicionais. A população masculina fuma desalmadamente mesmo os muito jovens. Têm o culto do tabaco e estão permanentemente com o cigarro na mão, fumando um após outro. Fumam em todo o lado seja nos transportes públicos, restaurantes ou em recintos exíguas. Ë confrangedor ver as pessoas assim a envenenarem-se desta maneira. Acho que é u -n caso de saúde pública. Em contrapartida é raro ver-se uma mulher fumar.
À medida que se avança de ilha em ilha para Oriente, a pele da população vai-se tornando mais escura e o tipo étnico malaio vai gradualmente sendo substituído pelo tipo do aborígene da Papua e da Austrália com cabeio em carapinha e a peia deixa de ser castanha, típica dos maiaios, para
aproximar da cor dos pretos da Guiné. Dizem-me que em tempos remotos era comum ;rem a Papua fazer razias e trazer escravos que com o andar dos tempos se miscigenaram com o resto da população,
Quanto à presença da Holanda durante três séculos e meio quase se não nota que aqui estiveram. Nas cidadezinhas pequenas que é onde se poderia notar mais essa influência tanto no traçado urbanístico como na arquitecti.ira das casas, nada faz recordar a Holanda. Quando comparo com Angola, Moçambique, Brasil, Goa, Guiné. S. Tomé, etc., em que as cldadeznhas tinham sempre uma atmosfera própria com uma praça central, com a coreto ao meio e dos lados a Igreja, a Câmara Municipal, a cinema etc., onde à noite se juntavam as pessoas nos cafés e esplanadas, acho que nós fizemos muito melhor obra apesar de autores ingleses e holandeses passarem a vida a vangloriar-se e a denegrir a acção de Portugal e da Espanha nos seus antigos impérios. Quando me lembro de Benguela, parati, Pangim, oçamedes, Quelimane etc. . etc. (podia acrescentar mais uma centena ou duas) e recordo os belos passeios e avenidas na beira do mar, as árvores com os seus troncos caiados de branco, à portuguesa, e comparo com o que os holandeses aqui fizeram penso que sorvos uns parvos com a mania da autocrítica, sempre prontos a afirmar que os outros é que são os bons e nós... sempre os piores!
Recapitulando a travessia da Indonésia, só me vem à ideia uma única cidadezinha aprazível: Bukit Tingi em Samatra. Todas as outras são ruas compridas em que se não tirou proveito da frente do mar nem das belezas naturais... Bali é um caso à parte e as becas urbanizações e conjuntos ajardinados que as envolvem são coisa recente; pós indústria turística.
Dá-me ideia de que os bolandesês vieram aqui apenas com intuitos mercantilistas, sacar o máximo e fazer o menos... Enquanto que para Portugal a colonização foi um projecto nacional em que multas -vis uma parte se
sacrificava pela outra (veja-se o caso de Frei Rangel ir a Macau pedir dinheir para restaurar a fortaleza de Solor e de a alfandega de Macaca cobrar imposto extras para o mesmo fim, ou ainda a ajuda do Brasil na reconquista de Angd. aos holandeses), para a Holanda as colónias foram durante muito tempo ur negócio da Companhia das Ìndias Holandesa (a tenebrosa V.O.C.), que tinha o seus accionistas que reclamavam dividendos e não estavam interessados en construir nações, erigir património ou evangelizar. Veja-se o destino que i V.O.C. deu a Maurício de Nassau, quando ele quis, no Recife, seguir as pisada, dos portugueses, erigindo fortalezas e teatros... Os accionistas queriam "g idas' e não construir nações! Correram com ele...
Vale a pena fazer alguns comentários sobre a segurança dos turistas nz Indonésia. Depois dos mortíferos ataques bombistas, perpetrados por maometanos, em Bali e Jacarta, a vinda de visitantes ficou reduzida ao mínimo. A pouco e pouco tem recuperado mas está longe dos números de antes. Por outro lado, alguns focos de instabilidade são empolados pelas TVs e assustam as pessoas. Em Achém, no oeste de Samatra, que os papagaios das nossas televisões, e os escribas da nossa imprensa chamam agora de Ac h, os fundamentalistas islâmicos querem separar-se e formar um estado independente. No Sul da fha Ceiebes (Sulawesi) maïoritariamente muçulmano há fricções com o Norte cristão. Em Mutukku (Malucas) a mesma coisa. Em Irían Jaya que agora voltou a chamar-se Papua, a população nativa papua quer a independência antes que a imigração dirigida por ]acarta que ali tem fixado milhares e milhares de maometanos, os faça ficar em minoria na sua própria terra. Na fronteira com Timor-leste, que os jornais daqui chamam Timur-Timur ou Tim-Tim, a Indonésia tem ali 1.000 soldados a guardar a fronteira. Tenciono passar a fronteira depois de amanhã e ver com os meus próprios olhos o que ali se passa.
Apesar destes potenciais focos de instabilidade sinto que o país é seguro e em nenhuma ocasião senti correr algum risco, fosse em Jacarta, Samatra, Lombk ou Flores. E faço coisas que na América Latina não faria, como passear a noite nas cidades ou deambular sozinho por praias desertas,,.
-Há dois anos veio à ilha das Flores um grupo excursionista português, de vinte e tal pessoas. Vieram especialmente para ver a procissão de 6a feira santa em Larantuca, -na qual são utilizados ornamentos, vestuários e alfaias medievais, há murta desaparecidas em Portugal. Além da procissão na capital Larantuka, há ainda idênticas procissões, quiçá ainda mais castiças por terem lugar em locais afastados, menos susceptíveis de ser influenciados pela modernidade. São eles Lela e Sikka, aldeias próximas de Maumere, a aldeia de Konga em frente da ilha com o mesmo nome e Wureth na Ilha de Acionara. Nesta ultima os cânticos são ainda em portuc ês antigo...
A Ilha de Solor parece ter sido "descoberta" por António de Abreu que por ordem de Afonso de Albuquerque tinha partido da Indta à procura das Mbiucas.
Por Solor se designava o conjunto de ilhas (Flores, Ende, Adorara, Lembata) 'aos Portuguezes frequenta vão aqueles portos com as suas embarcaçâ s, mas com a (afta de Malaca(tomada pelos holandeses), doo
102
um corta-unhas. Aproximou-se um camponês que falava razoavelmente Inglês (educado em Missão) e depois de um pouca de conversa pediu-me emprestado o corta unhas pelo que interrompi a minha operação de manicura e emprestei-lho. Cortou ali todas as unhas das duas mãos, seguiram-se as unhas dos dedos dos pés e voltou a dar um retoque em todas as unhas e a cortar as peles... e eu
espera para prosseguir com o meu próprio corte!
Para os turistas ocidentais o custo de vida na Indonésia é uma verdadeira bagate#a. Comida, transportes e alojamento são baratíssimos. 0 custe de vida é inferior ao da Tailândia e da Malásia, mas não se vê miséria. Apenas em Jacarta vf algumas favelas. Por todo o resto do país as casinhas são razoáveis embora por vozes feitas com materiais tradicionais. A população masculina fuma desalmadamente mesmo os muito jovens. Têm o culto do tabaco e estão permanentemente com o cigarro na mão, fumando um após outro. Fumam em todo o lado seja nos transportes públicos, restaurantes ou em recintos exíguas. Ë confrangedor ver as pessoas assim a envenenarem-se desta maneira. Acho que é u -n caso de saúde pública. Em contrapartida é raro ver-se uma mulher fumar.
À medida que se avança de ilha em ilha para Oriente, a pele da população vai-se tornando mais escura e o tipo étnico malaio vai gradualmente sendo substituído pelo tipo do aborígene da Papua e da Austrália com cabeio em carapinha e a peia deixa de ser castanha, típica dos maiaios, para
aproximar da cor dos pretos da Guiné. Dizem-me que em tempos remotos era comum ;rem a Papua fazer razias e trazer escravos que com o andar dos tempos se miscigenaram com o resto da população,
Quanto à presença da Holanda durante três séculos e meio quase se não nota que aqui estiveram. Nas cidadezinhas pequenas que é onde se poderia notar mais essa influência tanto no traçado urbanístico como na arquitecti.ira das casas, nada faz recordar a Holanda. Quando comparo com Angola, Moçambique, Brasil, Goa, Guiné. S. Tomé, etc., em que as cldadeznhas tinham sempre uma atmosfera própria com uma praça central, com a coreto ao meio e dos lados a Igreja, a Câmara Municipal, a cinema etc., onde à noite se juntavam as pessoas nos cafés e esplanadas, acho que nós fizemos muito melhor obra apesar de autores ingleses e holandeses passarem a vida a vangloriar-se e a denegrir a acção de Portugal e da Espanha nos seus antigos impérios. Quando me lembro de Benguela, parati, Pangim, oçamedes, Quelimane etc. . etc. (podia acrescentar mais uma centena ou duas) e recordo os belos passeios e avenidas na beira do mar, as árvores com os seus troncos caiados de branco, à portuguesa, e comparo com o que os holandeses aqui fizeram penso que sorvos uns parvos com a mania da autocrítica, sempre prontos a afirmar que os outros é que são os bons e nós... sempre os piores!
Recapitulando a travessia da Indonésia, só me vem à ideia uma única cidadezinha aprazível: Bukit Tingi em Samatra. Todas as outras são ruas compridas em que se não tirou proveito da frente do mar nem das belezas naturais... Bali é um caso à parte e as becas urbanizações e conjuntos ajardinados que as envolvem são coisa recente; pós indústria turística.
Dá-me ideia de que os bolandesês vieram aqui apenas com intuitos mercantilistas, sacar o máximo e fazer o menos... Enquanto que para Portugal a colonização foi um projecto nacional em que multas -vis uma parte se
sacrificava pela outra (veja-se o caso de Frei Rangel ir a Macau pedir dinheir para restaurar a fortaleza de Solor e de a alfandega de Macaca cobrar imposto extras para o mesmo fim, ou ainda a ajuda do Brasil na reconquista de Angd. aos holandeses), para a Holanda as colónias foram durante muito tempo ur negócio da Companhia das Ìndias Holandesa (a tenebrosa V.O.C.), que tinha o seus accionistas que reclamavam dividendos e não estavam interessados en construir nações, erigir património ou evangelizar. Veja-se o destino que i V.O.C. deu a Maurício de Nassau, quando ele quis, no Recife, seguir as pisada, dos portugueses, erigindo fortalezas e teatros... Os accionistas queriam "g idas' e não construir nações! Correram com ele...
Vale a pena fazer alguns comentários sobre a segurança dos turistas nz Indonésia. Depois dos mortíferos ataques bombistas, perpetrados por maometanos, em Bali e Jacarta, a vinda de visitantes ficou reduzida ao mínimo. A pouco e pouco tem recuperado mas está longe dos números de antes. Por outro lado, alguns focos de instabilidade são empolados pelas TVs e assustam as pessoas. Em Achém, no oeste de Samatra, que os papagaios das nossas televisões, e os escribas da nossa imprensa chamam agora de Ac h, os fundamentalistas islâmicos querem separar-se e formar um estado independente. No Sul da fha Ceiebes (Sulawesi) maïoritariamente muçulmano há fricções com o Norte cristão. Em Mutukku (Malucas) a mesma coisa. Em Irían Jaya que agora voltou a chamar-se Papua, a população nativa papua quer a independência antes que a imigração dirigida por ]acarta que ali tem fixado milhares e milhares de maometanos, os faça ficar em minoria na sua própria terra. Na fronteira com Timor-leste, que os jornais daqui chamam Timur-Timur ou Tim-Tim, a Indonésia tem ali 1.000 soldados a guardar a fronteira. Tenciono passar a fronteira depois de amanhã e ver com os meus próprios olhos o que ali se passa.
Apesar destes potenciais focos de instabilidade sinto que o país é seguro e em nenhuma ocasião senti correr algum risco, fosse em Jacarta, Samatra, Lombk ou Flores. E faço coisas que na América Latina não faria, como passear a noite nas cidades ou deambular sozinho por praias desertas,,.
-Há dois anos veio à ilha das Flores um grupo excursionista português, de vinte e tal pessoas. Vieram especialmente para ver a procissão de 6a feira santa em Larantuca, -na qual são utilizados ornamentos, vestuários e alfaias medievais, há murta desaparecidas em Portugal. Além da procissão na capital Larantuka, há ainda idênticas procissões, quiçá ainda mais castiças por terem lugar em locais afastados, menos susceptíveis de ser influenciados pela modernidade. São eles Lela e Sikka, aldeias próximas de Maumere, a aldeia de Konga em frente da ilha com o mesmo nome e Wureth na Ilha de Acionara. Nesta ultima os cânticos são ainda em portuc ês antigo...
A Ilha de Solor parece ter sido "descoberta" por António de Abreu que por ordem de Afonso de Albuquerque tinha partido da Indta à procura das Mbiucas.
Por Solor se designava o conjunto de ilhas (Flores, Ende, Adorara, Lembata) 'aos Portuguezes frequenta vão aqueles portos com as suas embarcaçâ s, mas com a (afta de Malaca(tomada pelos holandeses), doo
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