Dois anos da Primavera Árabe
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Dois anos da Primavera Árabe
Dois anos da Primavera Árabe
Tags:
Sudão do Sul, Sudão, Líbia, Tunísia, OTAN, Hosni Mubarak, Muammar Kadhafi , Síria, Egito, Comentários, EUA, Bahrein, Primavera árabe
Há dois anos, foi derrubado o regime do
presidente Zine El Abidine Ben Ali, na Tunísia. O evento marcou o início
das transformações profundas no Oriente Médio e no norte da África,
designadas mais tarde como Primavera Árabe.
Depois disso, as perturbações se
propagaram a outros países. Hoje, seria lícito perguntar: será que estes
acontecimentos levaram ao estabelecimento da democracia e à
estabilidade econômica?
Os peritos se envolvem em
polêmicas sobre a origem desses eventos. Há quem pense terem sido um
resultado de problemas econômicos internos e da ausência de liberdades e
dos mais elementares direitos políticos. Outros apontam para uma
hipótese de a Primavera Árabe ter sido inspirada por forças externas,
que a prepararam com antecedência ainda antes da fase ativa. A verdade
deve estar algures no meio. Seria absurdo negar a desfavorável situação
econômica e a ausência de liberdades e direitos fundamentais. Por outro
lado, seria errado fazer vista grossa aos bombardeios efetuados pela
OTAN na Líbia e ao explícito apoio aos rebeldes sírios por parte de
regimes pouco democráticos.
Se lermos com atenção as
mensagens de embaixadores dos EUA publicadas pelo site WikiLeaks, é
evidente que Washington teve e tem uma relação direta com os eventos
ocorridos na Tunísia, Egito e outros países.
Como é
sabido, os acontecimentos da Primavera Árabe tiveram lugar sob o lema de
democratização e do derrubamento de regimes que se afastaram dos
interesses dos seus povos. Zine El Abidine Ben Ali, Hosni Mubarak,
Muammar Kadhafi e Ali Abdullah Saleh foram afastados do poder e tiveram
que abandonar os respetivos cargos. Resta saber se, depois disso, a
situação mudou para melhor… O perito russo em questões do Oriente
Viatcheslav Mutuzov comenta.
"Se olharmos para os
resultados dos acontecimentos no Iêmen, no Egito, na Líbia e mesmo no
Sudão (porque a Primavera Árabe se iniciou antes dos distúrbios na
Tunísia) veremos que os apelos à democratização e à luta pelos direitos
humanos foram menosprezados. Se analisarmos a nova Constituição egípcia,
constataremos que esta consagra o poder presidencial absoluto, maior do
que tinha antes o antigo presidente Hosni Mubarak. No Iêmen, apesar da
resignação de Saleh, a situação se mantém instável: prosseguem os
massacres e atos bombistas. Estas e outras violações parecem não ter
fim. O Sudão ficou desmembrado em duas partes, o que suscitou mais um
foco da tensão entre o Norte e o Sul. Na Líbia, prosseguem confrontos
esporádicos em várias cidades e as autoridades locais perderam o
controle sobre o país. A Tunísia continua assolada por contradições
internas."
Além disso, não nos devemos esquecer dos
problemas econômicos vividos pelos países da Primavera Árabe que, no
plano econômico e social, perderam mais do que ganharam.
Atualmente,
a Primavera Árabe esta marcando passo em dois países - na Síria e no
Bahrein. Poucos têm prestado atenção ao evoluir da situação naquele
pequeno Estado insular, porque lá se encontra uma base naval dos EUA da
5ª Esquadra. Por isso, no foco da atenção geral permanece Damasco que,
pelos vistos, não se posiciona como aliado dos EUA. Entretanto, o
problema não se resume à questão de lealdade. Os regimes da Tunísia,
Egito, Líbia e Iêmen nunca se opuseram a Washington que, contudo, acabou
por abandonar os antigos aliados em prol de novos desígnios. Hoje, se
coloca a questão sobre o destino de outros países que, por enquanto, se
encontram à margem da Primavera Árabe. Viacheslav Mutuzov prossegue
dizendo:
"Os planos dos neoconservadores
norte-americanos afetam os interesses de praticamente todos os Estados
árabes, inclusive as monarquias do Golfo Pérsico, que possuem vastas
reservas de petróleo e gás. Em termos estratégicos e geopolíticos, esta
região continua sendo uma encruzilhada de civilizações. Por isso, os EUA
tentarão alterar as fronteiras das monarquias não obstante as relações
estreitas com estes regimes."
Segundo acentuou a
concluir o perito, agora os planos estratégicos dos EUA estão a marcar
passo na Síria. A chegada da Primavera Árabe aos outros países da região
dependerá de desfecho do conflito intestino naquele Estado.
Tags:
Sudão do Sul, Sudão, Líbia, Tunísia, OTAN, Hosni Mubarak, Muammar Kadhafi , Síria, Egito, Comentários, EUA, Bahrein, Primavera árabe
Andrei Ontikov | 16.01.2013, 15:59, hora de Moscou |
|
EPA |
Há dois anos, foi derrubado o regime do
presidente Zine El Abidine Ben Ali, na Tunísia. O evento marcou o início
das transformações profundas no Oriente Médio e no norte da África,
designadas mais tarde como Primavera Árabe.
Depois disso, as perturbações se
propagaram a outros países. Hoje, seria lícito perguntar: será que estes
acontecimentos levaram ao estabelecimento da democracia e à
estabilidade econômica?
Os peritos se envolvem em
polêmicas sobre a origem desses eventos. Há quem pense terem sido um
resultado de problemas econômicos internos e da ausência de liberdades e
dos mais elementares direitos políticos. Outros apontam para uma
hipótese de a Primavera Árabe ter sido inspirada por forças externas,
que a prepararam com antecedência ainda antes da fase ativa. A verdade
deve estar algures no meio. Seria absurdo negar a desfavorável situação
econômica e a ausência de liberdades e direitos fundamentais. Por outro
lado, seria errado fazer vista grossa aos bombardeios efetuados pela
OTAN na Líbia e ao explícito apoio aos rebeldes sírios por parte de
regimes pouco democráticos.
Se lermos com atenção as
mensagens de embaixadores dos EUA publicadas pelo site WikiLeaks, é
evidente que Washington teve e tem uma relação direta com os eventos
ocorridos na Tunísia, Egito e outros países.
Como é
sabido, os acontecimentos da Primavera Árabe tiveram lugar sob o lema de
democratização e do derrubamento de regimes que se afastaram dos
interesses dos seus povos. Zine El Abidine Ben Ali, Hosni Mubarak,
Muammar Kadhafi e Ali Abdullah Saleh foram afastados do poder e tiveram
que abandonar os respetivos cargos. Resta saber se, depois disso, a
situação mudou para melhor… O perito russo em questões do Oriente
Viatcheslav Mutuzov comenta.
"Se olharmos para os
resultados dos acontecimentos no Iêmen, no Egito, na Líbia e mesmo no
Sudão (porque a Primavera Árabe se iniciou antes dos distúrbios na
Tunísia) veremos que os apelos à democratização e à luta pelos direitos
humanos foram menosprezados. Se analisarmos a nova Constituição egípcia,
constataremos que esta consagra o poder presidencial absoluto, maior do
que tinha antes o antigo presidente Hosni Mubarak. No Iêmen, apesar da
resignação de Saleh, a situação se mantém instável: prosseguem os
massacres e atos bombistas. Estas e outras violações parecem não ter
fim. O Sudão ficou desmembrado em duas partes, o que suscitou mais um
foco da tensão entre o Norte e o Sul. Na Líbia, prosseguem confrontos
esporádicos em várias cidades e as autoridades locais perderam o
controle sobre o país. A Tunísia continua assolada por contradições
internas."
Além disso, não nos devemos esquecer dos
problemas econômicos vividos pelos países da Primavera Árabe que, no
plano econômico e social, perderam mais do que ganharam.
Atualmente,
a Primavera Árabe esta marcando passo em dois países - na Síria e no
Bahrein. Poucos têm prestado atenção ao evoluir da situação naquele
pequeno Estado insular, porque lá se encontra uma base naval dos EUA da
5ª Esquadra. Por isso, no foco da atenção geral permanece Damasco que,
pelos vistos, não se posiciona como aliado dos EUA. Entretanto, o
problema não se resume à questão de lealdade. Os regimes da Tunísia,
Egito, Líbia e Iêmen nunca se opuseram a Washington que, contudo, acabou
por abandonar os antigos aliados em prol de novos desígnios. Hoje, se
coloca a questão sobre o destino de outros países que, por enquanto, se
encontram à margem da Primavera Árabe. Viacheslav Mutuzov prossegue
dizendo:
"Os planos dos neoconservadores
norte-americanos afetam os interesses de praticamente todos os Estados
árabes, inclusive as monarquias do Golfo Pérsico, que possuem vastas
reservas de petróleo e gás. Em termos estratégicos e geopolíticos, esta
região continua sendo uma encruzilhada de civilizações. Por isso, os EUA
tentarão alterar as fronteiras das monarquias não obstante as relações
estreitas com estes regimes."
Segundo acentuou a
concluir o perito, agora os planos estratégicos dos EUA estão a marcar
passo na Síria. A chegada da Primavera Árabe aos outros países da região
dependerá de desfecho do conflito intestino naquele Estado.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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