Polícia dinamarquesa procura suspeito do atentado em Copenhaga

Polícia dinamarquesa procura suspeito do atentado em Copenhaga
O ataque provocou um morto e três feridos, durante um debate sobre liberdade de expressão no qual participava o autor das caricaturas de Maomé publicadas em 2007. A primeira-ministra da Dinamarca diz ter polícia mobilizada por todo o país à procura do responsável pelo "ato terrorista".
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Raquel Albuquerque |
20:28 Sábado, 14 de fevereiro de 2015
Polícia dinamarquês vigia o local onde decorreu o ataque em Copenhaga
Polícia dinamarquês vigia o local onde decorreu o ataque em Copenhaga / EPA

A primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, classificou o atentado de Copenhaga deste sábado, que fez um morto e três feridos, como um "ato terrorista". As dezenas de disparos ocorreram num café onde se realizava um debate sobre liberdade de expressão no qual estava presente o artista sueco Lars Vilks, autor das caricaturas de Maomé publicadas em 2007.

"A Dinamarca foi hoje alvo de um ato de violência cínica. Tudo leva a crer que o tiroteio tenha sido um atentado político, e, consequentemente, um ato terrorista", disse Helle Thorning-Schmidt. "Estamos a usar todos os nossos recursos. A primeira prioridade das autoridades aqui e agora é apanhar os responsáveis."

A polícia está mobilizada "por todo o país", segundo disse a chefe do Governo dinamarquês. Durante o dia as autoridades disseram estar à procura de dois suspeitos, mas entretanto corrigiram a informação, dizendo estar em causa apenas um homem. Algum tempo depois do tiroteio, foi encontrado abandonado o carro que usou para a fuga.

No Twitter, a polícia de Copenhaga publicou várias fotografias de um homem, pedindo informações e testemunhas. As imagens foram captadas por uma câmara de vigilância de uma escola, cerca de vinte minutos depois do ataque, segundo explica o jornal dinamarquês "Politiken".

Durante a tarde foi também revelado o perfil - sexo masculino, com idade entre os 25 e os 30 anos, e com cerca de 185 centímetros de altura. "Usava um blusão preto ou azul escuro com calças da mesma cor e eventualmente luvas. Tinha a parte de baixo da cara, até aos olhos, coberta por um lenço de guerrilha amarelo/laranja e vermelho".

A polícia tem vindo a fazer várias publicações no Twitter, dando conta de que continuam as buscas pelo responsável do ataque e que não existem ainda mais informações sobre a sua localização. "Estamos em alerta elevado e haverá uma presença excecional de polícia em Copenhaga durante a noite", escreveram num tweet, anunciando que haverá uma conferência de imprensa no domingo às 10 horas (9h em Lisboa).

Dos disparos esta tarde resultou uma vítima mortal (um cidadão dinamarquês de 40 anos) e os três feridos são polícias que estavam de serviço.

No debate estava também presente o embaixador francês na Dinamarca, François Zimeray. "Eles dispararam para nós do lado de fora. Foi com a mesma intenção do [ataque ao] Charlie Hebdo, exceto que não conseguiram entrar", disse o embaixador à AFP. Momentos após o tiroteio, o embaixador escreveu uma mensagem na rede social Twitter e disse que estava "ileso". Também Lars Vilks escapou ao tiroteio.

"Intuitivamente, diria que houve pelo menos 50 tiros, mas os polícias dizem que foram 200. As balas passaram através das portas e todos se atiraram para o chão", relatou o embaixador.



Ataque "planeado"
Os serviços de segurança e informação da Dinamarca disseram numa conferência de imprensa que "é muito natural" que o ataque tenha sido planeado, dada a presença do cartoonista sueco, que estava sob apertada vigilância desde a publicação das caricaturas onde Maomé aparece com um corpo de cão.

"Tudo aponta para que isto tenha sido planeado e as circunstâncias que envolvem o tiroteio apontam para um ataque terrorista. O ataque prova que a ameaça de terror contra a Dinamarca continua a ser séria.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, reagiu pouco depois do tiroteio, que considerou "um ataque terrorista". "Condeno com a maior firmeza este atentado. A França está do lado das autoridades e do povo dinamarquês na luta contra o terrorismo."

O ministro da Administração Interna francês, Bernard Cazeneuve, deverá viajar "o mais brevemente possível" para a Dinamarca para recolher informações sobre o ataque, informou o presidente francês François Hollande, em comunicado.

Helle Thorning-Schmidt, primeira-ministra dinamarquesa, deixou ainda um apelo ao país. "Vamos ter alguns dias pela frente nos quais a nossa solidariedade será testada."