Casamentos e funerais Casamentos e funerais Nuno Rogeiro
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Casamentos e funerais Casamentos e funerais Nuno Rogeiro
Casamentos e funerais
Casamentos e funerais
Ontem
O dicionário diz que o verbo "desconversar" significa "deixar de conversar", ou "abandonar o assunto da conversa, fingindo entender o que alguém diz". E quando a gritaria e o insulto fazem esquecer o que se discute. As hostilidades próximas começaram com o Cardeal Patriarca, a dissertar sobre o "perigo", para as portuguesas, de casarem com muçulmanos.
Tratava-se de uma forma, convoluta e indirecta, de promover a defesa da condição feminina no mundo islâmico?
Se sim, óptimo. Por várias razões.
Primeiro, porque, como provaram vários estados "avançados" do Norte de África, Médio Oriente ou da Ásia, o Islão não advoga a inferioridade das mulheres. Em boa verdade, mesmo a poligamia Corânica derivou da necessidade de protecção das viúvas e das órfãs, numa sociedade em que os homens foram dizimados pelas guerras.
Quem visitar a Turquia, muitos países do Magreb, ou a Indonésia, sabe disso.
Depois, porque há cada vez mais consciência, em muitas sociedades muçulmanas "tradicionais" (da Arábia Saudita ao Irão), de que as mulheres precisam, de forma natural e rápida, adquirir direitos civis, políticos, económicos e culturais.
Até há pouco tempo, em várias dessas sociedades, as mulheres não podiam assistir a desportos, guiar, ou empregar-se, sem uma autorização do marido.
As regras sobre adultério possuíam consequências diferentes para os sexos.
Que uma mulher pudesse gerir uma empresa, ou fazer parte de um governo, era tabu.
A mulher era sempre olhada como tentação ambulante, que devia cobrir-se, ao contrário do homem.
Isto tem consequências devastadoras, do direito à família, e muitos grupos locais têm, corajosamente, promovido alterações, que se quereriam mais profundas.
Mas, num mundo decente, cada sociedade tem de decidir por si, sem imposições externas. Não pode é pedir, ao exterior, que se porte como ela. O respeito pela soberania é multilateral.
Se o Cardeal Patriarca queria falar sobre isto, muito bem. Se queria interferir nos mecanismos de afecto, amor, romance e sedução, reconhecimento mútuo e reflexão conjunta, que o casamento devia comportar, terá andado mal. Mas não sou eu que o vou julgar. Não se pense, porém, que algumas palavras mal interpretadas, ou mal proferidas, travam, ou impedem, o iniciado "diálogo entre civilizações". Não é uma conversa "teológica", na medida em que não se trata de criar uma nova religião, por osmose ou partilha, mas é um contacto entre pessoas integrais, que quererão um mínimo comum, da liberdade de culto ao fim das perseguições e dos conflitos ilegítimos.
Uma segunda polémica começou com declarações diversas, de leigos e prelados, sobre os alegados projectos de instituição do "casamento" homossexual. O problema de justiça e equidade é o da equiparação, em direitos civis plenos, entre a união homossexual (que já existe na lei) e o casamento (por definição, um contrato heterossexual).
Não é o da etiquetagem de cada um destes contratos. Se fosse, estaríamos perante um jogo infantil, uma espécie de macaqueamento e birra.
Não se trata assim de chamar "casamento" a dois contratos que são distintos, em função dos contratantes (não em função do objecto, alcance, ou dignidade civil dos mesmos).
Deveremos ter "casamentos" e "uniões de direito". Os primeiros referem-se a dois sexos. Os segundos a um.
Não deitem é fora o bebé com a água do banho.
Nem desconversem.
PS: Para a semana, adopções e eutanásia.
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O dicionário diz que o verbo "desconversar" significa "deixar de conversar", ou "abandonar o assunto da conversa, fingindo entender o que alguém diz". E quando a gritaria e o insulto fazem esquecer o que se discute. As hostilidades próximas começaram com o Cardeal Patriarca, a dissertar sobre o "perigo", para as portuguesas, de casarem com muçulmanos.
Tratava-se de uma forma, convoluta e indirecta, de promover a defesa da condição feminina no mundo islâmico?
Se sim, óptimo. Por várias razões.
Primeiro, porque, como provaram vários estados "avançados" do Norte de África, Médio Oriente ou da Ásia, o Islão não advoga a inferioridade das mulheres. Em boa verdade, mesmo a poligamia Corânica derivou da necessidade de protecção das viúvas e das órfãs, numa sociedade em que os homens foram dizimados pelas guerras.
Quem visitar a Turquia, muitos países do Magreb, ou a Indonésia, sabe disso.
Depois, porque há cada vez mais consciência, em muitas sociedades muçulmanas "tradicionais" (da Arábia Saudita ao Irão), de que as mulheres precisam, de forma natural e rápida, adquirir direitos civis, políticos, económicos e culturais.
Até há pouco tempo, em várias dessas sociedades, as mulheres não podiam assistir a desportos, guiar, ou empregar-se, sem uma autorização do marido.
As regras sobre adultério possuíam consequências diferentes para os sexos.
Que uma mulher pudesse gerir uma empresa, ou fazer parte de um governo, era tabu.
A mulher era sempre olhada como tentação ambulante, que devia cobrir-se, ao contrário do homem.
Isto tem consequências devastadoras, do direito à família, e muitos grupos locais têm, corajosamente, promovido alterações, que se quereriam mais profundas.
Mas, num mundo decente, cada sociedade tem de decidir por si, sem imposições externas. Não pode é pedir, ao exterior, que se porte como ela. O respeito pela soberania é multilateral.
Se o Cardeal Patriarca queria falar sobre isto, muito bem. Se queria interferir nos mecanismos de afecto, amor, romance e sedução, reconhecimento mútuo e reflexão conjunta, que o casamento devia comportar, terá andado mal. Mas não sou eu que o vou julgar. Não se pense, porém, que algumas palavras mal interpretadas, ou mal proferidas, travam, ou impedem, o iniciado "diálogo entre civilizações". Não é uma conversa "teológica", na medida em que não se trata de criar uma nova religião, por osmose ou partilha, mas é um contacto entre pessoas integrais, que quererão um mínimo comum, da liberdade de culto ao fim das perseguições e dos conflitos ilegítimos.
Uma segunda polémica começou com declarações diversas, de leigos e prelados, sobre os alegados projectos de instituição do "casamento" homossexual. O problema de justiça e equidade é o da equiparação, em direitos civis plenos, entre a união homossexual (que já existe na lei) e o casamento (por definição, um contrato heterossexual).
Não é o da etiquetagem de cada um destes contratos. Se fosse, estaríamos perante um jogo infantil, uma espécie de macaqueamento e birra.
Não se trata assim de chamar "casamento" a dois contratos que são distintos, em função dos contratantes (não em função do objecto, alcance, ou dignidade civil dos mesmos).
Deveremos ter "casamentos" e "uniões de direito". Os primeiros referem-se a dois sexos. Os segundos a um.
Não deitem é fora o bebé com a água do banho.
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PS: Para a semana, adopções e eutanásia.
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Re: Casamentos e funerais Casamentos e funerais Nuno Rogeiro
COISAS muito apreciadas PELOS socialistas!!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
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