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A crise dos combustíveis

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Mensagem por Viriato Ter Jun 17, 2008 1:42 am

ALERTA, COM ENSINAMENTOS


Mário Soares DN

Na semana passada Portugal - bem como a Espanha, a França e um pouco o Reino Unido - foi surpreendido por um fenómeno novo a que os jornais chamaram, impropriamente, greve dos camionistas. Impropriamente, digo, porque se tratou mais de um lock-out, paralisação e bloqueio ordenados pelos patrões, pequenos e grandes, do que de uma greve dos motoristas contra os patrões, visto que estes aderiram ao lock- out, com receio justificado de perderem os seus postos de trabalho.

A verdade é que essa manifestação colectiva, contra o aumento dos preços do petróleo e do gás, afectou as pequenas e grandes empresas, é óbvio, mas não foi da responsabilidade do Governo - de nenhum dos governos dos países atingidos -, mas sim consequência directa da crise múltipla, energética e alimentar, além de outras, que partindo dos Estados Unidos e da globalização neoliberal, anglo-saxónica e especulativa, afecta agora o mundo em geral e a Europa, carente de combustíveis, em particular.

A paralisação e o bloqueio dos camionistas criaram graves problemas a toda a população, uma vez que são os camionistas que, principalmente, alimentam de produtos frescos - legumes, frutas, leite, ovos, peixe e carne - as grandes superfícies e o pequeno comércio que ainda subsiste. Os consumidores em geral ficaram aterrados com a falta dos combustíveis e, principalmente, dos produtos de consumo quotidiano. Fizeram uma corrida nunca vista às bombas de gasolina e aos hipermercados. Mas também houve muitos que temeram pelo carácter inesperadamente violento, que as manifestações tomaram, forçando os camionistas que não queriam aderir ao lock-out, apedrejando os camiões em que seguiam e mesmo incendiando alguns. Houve um morto, acidental, que obviamente todos lamentaram. E houve outros sectores - como pescadores, agricultores, empresários de viveiros de aves, taxistas, etc. - que se preparavam para se juntar aos protestos e ameaçaram também paralisar. Com a publicidade que foi dada por todas as televisões e rádios às manifestações - que chegaram a competir, em espaço e tempo reservado ao euro-futebol - muitos portugueses chegaram a pensar que estávamos a entrar num período caótico... As pessoas assustaram- -se, com razão...

Perante o silêncio intolerável de alguns responsáveis políticos e de partidos da oposição, como o PSD, começaram os ataques ao Governo por inacção, fraqueza, desorientação. Sem razão, diga-se, em abono da verdade. O Governo - e em especial o primeiro-ministro, o ministro das Obras Públicas, a secretária de Estado dos Transportes e o ministro da Administração Interna, mantiveram o sangue frio, como se impunha, e tiveram a prudência de nunca cortar o diálogo com os manifestantes: a Antram, os empresários mais pequenos e os camionistas por conta própria. Fizeram bem. Chegaram a acordo com os interessados e desmobilizaram os manifestantes, sem cederem no principal. Ou seja: sem conceder subsídios aos interessados para fazer baixar, artificialmente, o preço da gasolina e do gasóleo, como eles pretendiam. Essa era a linha limite, inegociável! Porque equivaleria a pôr em causa o equilíbrio financeiro do Estado - nomeadamente o deficit das contas públicas - que com tão grande esforço foi conseguido. Os governos de Espanha e de França não fizeram melhor. Antes pelo contrário. E reconheçamos que no debate final, no Parlamento, o primeiro-ministro nas suas intervenções e respostas, directas, precisas e claras, convenceu.

Claro que a crise global não é só energética e alimentar - as duas que mais afectam os cidadãos comuns. É também política, financeira, económica, social e ambiental. Uma crise de civilização, estrutural, que teve o seu epicentro na América de Bush - que está a chegar ao fim do seu mandato - e que começa a repercutir-se na Europa e nomeadamente na nossa vizinha Espanha.

Vai chegar cá. Ninguém tenha ilusões. As pessoas conscientes estão a perceber que é inevitável que assim aconteça. Mas é preciso fazer-lhes frente, com coragem, inteligência e bom senso. É, por isso, que todos começaram a manifestar preocupações sociais (que muitos antes não tinham) e ninguém já se atreve a reclamar - como no passado recente - "menos Estado", "mais privatizações de sectores públicos" e a apostar na globalização neoliberal, cujos desastrosos resultados estão à vista.

É preciso que se compreenda que, no mundo de hoje, mais do que nunca, o que contam são as pessoas, não as empresas, porque as empresas também dependem das pessoas. Ora, estas - como se tem visto -, se exploradas ou feridas na sua dignidade podem revoltar-se quando menos se espera.

Acontece que os Estados não têm resposta fácil para um tal cenário. Dado que a força bruta funciona mal nas sociedades abertas e democráticas.

Há soluções para as crises que aí estão? Evidentemente que há. É preciso mudar de paradigma, quanto mais rapidamente melhor. O neoliberalismo e o capitalismo de casino estão esgotados. As grandes concentrações de capital, a falta de ética nos negócios, os vencimentos milionários dos administradores dos bancos e das grandes multinacionais e a exploração infame dos outros trabalhadores estão a destruir o capitalismo que conhecemos no passado e que tanto se degradou nas duas últimas décadas. O Novo Capitalismo está a nascer, pela força das coisas, como escreveu Dominique Plihon num livro que tem esse nome. Ou Stiglitz, no seu último livro, Making Globalization Work, ou Soros: The Bubble of American Supremacy, ou mesmo Alan Greenspan, ex-presidente do banco federal americano: A Era da Turbulência, Aventuras num Novo Mundo; ou ainda Moisés Naim, Le livre Noir de l'économie Mondiale - Contrabandiers, Trafiquants et Faussaires; para não falar de Jean-Hervé Lorenzi: La guerre des Capitalismes... É aí que estamos. Na guerra entre os diferentes capitalismos. Em busca de novas soluções que trarão ao mundo mais equidade e mais paz. Menos corrupção e desigualdades. Em busca de soluções em que devem reflectir os políticos responsáveis e, ao mesmo tempo, terem a coragem de ousar pô- -las em prática. Estamos num momento de viragem e o tempo urge. Os acontecimentos não esperam...
Viriato
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A crise dos combustíveis Empty Re: A crise dos combustíveis

Mensagem por Admin Ter Jun 17, 2008 1:46 am

Rui Aguiar escreveu:ALERTA, COM ENSINAMENTOS


Mário Soares DN

Na semana passada Portugal - bem como a Espanha, a França e um pouco o Reino Unido - foi surpreendido por um fenómeno novo a que os jornais chamaram, impropriamente, greve dos camionistas. Impropriamente, digo, porque se tratou mais de um lock-out, paralisação e bloqueio ordenados pelos patrões, pequenos e grandes, do que de uma greve dos motoristas contra os patrões, visto que estes aderiram ao lock- out, com receio justificado de perderem os seus postos de trabalho.

A verdade é que essa manifestação colectiva, contra o aumento dos preços do petróleo e do gás, afectou as pequenas e grandes empresas, é óbvio, mas não foi da responsabilidade do Governo - de nenhum dos governos dos países atingidos -, mas sim consequência directa da crise múltipla, energética e alimentar, além de outras, que partindo dos Estados Unidos e da globalização neoliberal, anglo-saxónica e especulativa, afecta agora o mundo em geral e a Europa, carente de combustíveis, em particular.

A paralisação e o bloqueio dos camionistas criaram graves problemas a toda a população, uma vez que são os camionistas que, principalmente, alimentam de produtos frescos - legumes, frutas, leite, ovos, peixe e carne - as grandes superfícies e o pequeno comércio que ainda subsiste. Os consumidores em geral ficaram aterrados com a falta dos combustíveis e, principalmente, dos produtos de consumo quotidiano. Fizeram uma corrida nunca vista às bombas de gasolina e aos hipermercados. Mas também houve muitos que temeram pelo carácter inesperadamente violento, que as manifestações tomaram, forçando os camionistas que não queriam aderir ao lock-out, apedrejando os camiões em que seguiam e mesmo incendiando alguns. Houve um morto, acidental, que obviamente todos lamentaram. E houve outros sectores - como pescadores, agricultores, empresários de viveiros de aves, taxistas, etc. - que se preparavam para se juntar aos protestos e ameaçaram também paralisar. Com a publicidade que foi dada por todas as televisões e rádios às manifestações - que chegaram a competir, em espaço e tempo reservado ao euro-futebol - muitos portugueses chegaram a pensar que estávamos a entrar num período caótico... As pessoas assustaram- -se, com razão...

Perante o silêncio intolerável de alguns responsáveis políticos e de partidos da oposição, como o PSD, começaram os ataques ao Governo por inacção, fraqueza, desorientação. Sem razão, diga-se, em abono da verdade. O Governo - e em especial o primeiro-ministro, o ministro das Obras Públicas, a secretária de Estado dos Transportes e o ministro da Administração Interna, mantiveram o sangue frio, como se impunha, e tiveram a prudência de nunca cortar o diálogo com os manifestantes: a Antram, os empresários mais pequenos e os camionistas por conta própria. Fizeram bem. Chegaram a acordo com os interessados e desmobilizaram os manifestantes, sem cederem no principal. Ou seja: sem conceder subsídios aos interessados para fazer baixar, artificialmente, o preço da gasolina e do gasóleo, como eles pretendiam. Essa era a linha limite, inegociável! Porque equivaleria a pôr em causa o equilíbrio financeiro do Estado - nomeadamente o deficit das contas públicas - que com tão grande esforço foi conseguido. Os governos de Espanha e de França não fizeram melhor. Antes pelo contrário. E reconheçamos que no debate final, no Parlamento, o primeiro-ministro nas suas intervenções e respostas, directas, precisas e claras, convenceu.

Claro que a crise global não é só energética e alimentar - as duas que mais afectam os cidadãos comuns. É também política, financeira, económica, social e ambiental. Uma crise de civilização, estrutural, que teve o seu epicentro na América de Bush - que está a chegar ao fim do seu mandato - e que começa a repercutir-se na Europa e nomeadamente na nossa vizinha Espanha.

Vai chegar cá. Ninguém tenha ilusões. As pessoas conscientes estão a perceber que é inevitável que assim aconteça. Mas é preciso fazer-lhes frente, com coragem, inteligência e bom senso. É, por isso, que todos começaram a manifestar preocupações sociais (que muitos antes não tinham) e ninguém já se atreve a reclamar - como no passado recente - "menos Estado", "mais privatizações de sectores públicos" e a apostar na globalização neoliberal, cujos desastrosos resultados estão à vista.

É preciso que se compreenda que, no mundo de hoje, mais do que nunca, o que contam são as pessoas, não as empresas, porque as empresas também dependem das pessoas. Ora, estas - como se tem visto -, se exploradas ou feridas na sua dignidade podem revoltar-se quando menos se espera.

Acontece que os Estados não têm resposta fácil para um tal cenário. Dado que a força bruta funciona mal nas sociedades abertas e democráticas.

Há soluções para as crises que aí estão? Evidentemente que há. É preciso mudar de paradigma, quanto mais rapidamente melhor. O neoliberalismo e o capitalismo de casino estão esgotados. As grandes concentrações de capital, a falta de ética nos negócios, os vencimentos milionários dos administradores dos bancos e das grandes multinacionais e a exploração infame dos outros trabalhadores estão a destruir o capitalismo que conhecemos no passado e que tanto se degradou nas duas últimas décadas. O Novo Capitalismo está a nascer, pela força das coisas, como escreveu Dominique Plihon num livro que tem esse nome. Ou Stiglitz, no seu último livro, Making Globalization Work, ou Soros: The Bubble of American Supremacy, ou mesmo Alan Greenspan, ex-presidente do banco federal americano: A Era da Turbulência, Aventuras num Novo Mundo; ou ainda Moisés Naim, Le livre Noir de l'économie Mondiale - Contrabandiers, Trafiquants et Faussaires; para não falar de Jean-Hervé Lorenzi: La guerre des Capitalismes... É aí que estamos. Na guerra entre os diferentes capitalismos. Em busca de novas soluções que trarão ao mundo mais equidade e mais paz. Menos corrupção e desigualdades. Em busca de soluções em que devem reflectir os políticos responsáveis e, ao mesmo tempo, terem a coragem de ousar pô- -las em prática. Estamos num momento de viragem e o tempo urge. Os acontecimentos não esperam...


ahhhhh
ahhh
Olha o Mario
Ele viu tudo
Por acaso a greve maior e decisiva foi aqui na Batalha ..porque é aqui que se fecham as portas para Lisboa
O mario nasceu aqui ( nas Cortes ...

agora ja vi tuddooooooooooooooooooooooo
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